O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 7
Um encontro, um dragão e eu me transformo em uma propaganda apocalíptica do Mc Donalds


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoal! Tudo muito bom? Tudo muito bem?
Primeiro, desculpem a demora pra postar esse capítulo, mas eu estava meio atolado com a faculdade (apesar de ser período de férias, tenho aulas por mais um tempinho) e eu tinha que terminar mais um capítulo, antes de postar.
Recapitulando brevemente, David foi para o Acampamento Meio-Sangue, onde conheceu Percy e os outros. Depois, ele conheceu Lucy Honesun, filha de Apolo e já ficou meio caidinho por ela. Seus amigos dizem para ele tentar se aproximar da garota. Então... o que vai acontecer? Leiam e nos vemos lá embaixo! Boa leitura!



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Na manhã seguinte, repassei o plano mais de mil vezes na minha cabeça, me lembrando do que Jason havia me dito.

– Cara, é simples. Vá encontrá-la no campo de arco e flecha. Vocês treinam um pouco, e chama ela pra andar pelo acampamento.

– Tá certo. Mas e depois? – eu perguntei, nervoso. Não acredito que estava realmente levando aquele plano adiante.

– Depois? Inventa alguma coisa. – disse Percy. – Se vira!

Engoli em seco. O que eu poderia fazer? Teria que pensar nisso depois.

– Mas e se a Lucy não estiver lá?

– David, ela é filha de Apolo. – falou Percy. – Ele usa arco e flecha. Os filhos dele, praticamente, vivem naquele campo.

E de fato, lá estava ela. Lucy acertava o alvo a cada disparo, sempre na mosca. Eu podia ter ficado lá só assistindo, o dia inteiro. Mas ela me viu antes.

– Ei, David! – ela disse sorrindo, afastando a mecha loura de cima do olho. – Veio praticar também?

Eu pisquei, confuso... quem era David, mesmo? Ah, sim, era eu. Tentei organizar minha mente, que mais estava parecendo a bagunça matinal no chalé de Hermes. Quanto tempo eu levei pra formular uma frase completa?

– É... sim! – e isso foi o melhor que consegui. Acho que estava melhorando na arte de falar em situações assustadoras, porque quase deixei escapar sons que mais pareciam resmungos de um macaco.

– Então, porque não me mostra o que sabe fazer? – ela disse, rindo da minha (mais do que certa) cara de tonto.

Eu estava nervoso, mas consegui disparar uma flecha, acertando o alvo dois anéis mais para fora do que Lucy. “Droga!”, pensei. “No outro dia eu acertei no segundo anel de dentro!”.

– Nada mal, David! – Lucy disse, se apoiando em meu ombro. – Mais um pouco de prática e vai acertar direto. Tenta assim.

Lucy me ensinava a usar o arco de maneira correta, puxando e empurrando meus braços e meu tronco. “Fica frio!” me forçei a pensar. “Fica frio! Fica frio! FICA! FRIO!!”. Ficamos assim pelo que pareceu pouco mais de uma hora, quando ambos ficamos sem flechas. Eu me sentei na grama para tomar um ar, e juntar “trinta segundos de coragem insana”. Era hora de continuar com o plano!

– Ei, Lucy. – eu começei. – Quer dar uma volta?

– Uma volta? Para quê? – ela perguntou. Claro que ela queria um motivo. Porcaria!

– Ah... sei lá... só pra bater um papo, relaxar um pouco. Esse tipo de coisa.

Ela ficou me encarando, de braços cruzados e com a cabeça pendendo para um lado, como se eu fosse algum tipo de obra de arte moderna bizarra, que ela não conseguia compreender.

– David Willer... – ela disse, pausadamente. – Está me chamando... pra um encontro?

– Bem, se quiser chamar assim... – eu ri, mais tranquilo. Juntar aquela “coragem insana” pra falar com Lucy tinha sido mais desgastante do que eu havia imaginado.

Lucy me olhou de cima a baixo mais um pouco, e abriu um sorriso de canto.

– É... porque não?

Me levantei tão rápido e animado, que mais parecia que a grama tinha me acertado com um choque elétrico! Lucy Honesun estava mesmo aceitando sair comigo!

– Certo, então... aonde você quer ir? – eu perguntei.

– Tanto faz, eu acho. – ela disse, rindo. – Não é o rapaz que devia pensar nesse detalhe?

– Tá, me pegou nessa.

Não tinha nada no Acampamento que ela já não conhecesse, então ficamos apenas andando por aí, perguntando coisas aleatórias um sobre o outro.

– E... qual é a sua cor favorita? – eu disse.

– Amarelo. E a sua?

– Verde. Tá, e de onde você é?

– Brooklyn. E você, David?

– Hm... essa é uma pergunta meio difícil.

– Por que?

– Bem, minha família vive nos subúrbios de Nova Iorque, mas eu não sei exatamente de onde eu vim.

– Como assim?

– É que eu sou adotado. Não sei nada sobre quem realmente sou.

– Ah! Desculpe...

– Não tem problema. Eu meio que já superei isso. Mas, voltando ao assunto... por quantas escolas passou até vir para cá?

– Não lembro bem... acho que umas quatro.

– Então eu ganhei. Tive seis escolas, contando aquela onde conheci Ress.

– Quem disse que estávamos competindo nisso? E por quê todas essas perguntas?

– Nada. Eu só queria saber mais de você. – eu disse, sorrindo. Posso ter me enganado naquele momento, mas acho que Lucy ficou corada. Só um pouco.

Ficamos andando pelo Acampamento a tarde toda (usei os truques que Travis me ensinou e peguei alguns morangos “emprestados” dos campos), e nos sentamos perto do lago de canoagem, enquanto o sol se punha.

– Foi uma tarde incrível. – eu comentei.

– Foi mesmo. Obrigada pelo passeio. – disse Lucy.

– Passeio? Achei que você tinha dito que era um encontro.

– Não fique tão convencido, só porque lhe dei uma chance, David.

– Tudo bem, tudo bem. – eu disse, rindo e erguendo as mãos em sinal de rendição.

Ficamos olhando o pôr-do-sol por mais um tempo (ou melhor, Lucy olhava o pôr-do-sol. Eu estava olhando para ela), até que ouvimos um barulho alto, como um tipo de rugido, só que mais... artificial. Corremos de volta ao meio do Acampamento, e o sol já tinha se posto quando nos juntamos ao enorme grupo de campistas, todos olhando embasbacados para uma figura gigante e metálica, descendo do céu.

De repente, todos os campistas começaram a gritar em comemoração. Inclusive eu. Só tinha ouvido falar dele, por Percy e os outros, mas não tinha como confundi-lo. O herói que se sacrificara para impedir a volta da deusa Gaia; o garoto que havia projetado e criado o Argo II, e levara Percy e seu grupo até a Grécia; o mais famoso filho de Hefesto, que tinha consertado e domado o dragão autômato, Festus. Leo Valdez.

Jason e Piper passaram por mim e Lucy, com Percy, Annabeth e Nico logo atrás. Eu nem conhecia Leo, mas não pude deixar de ir com eles. Leo descia do dragão de bronze, que rugia e cuspia fogo, e abriu os braços para os amigos.

– Ei, pessoal! Sentiram minha falta? – ele disse, com um sorriso travesso no rosto. E nem precisou de respostas, porque Piper o abraçou com tanta força que quase levou os dois ao chão. Todos ali explodiram em mais vivas.

– Leo... Val... – Piper dizia, entre soluços. – Seu... gran... idiota!

– É muito bom te ver também, Piper. – ele disse, debochado. Ele mal se levantou e Jason, Annabeth e Percy integraram o abraço em grupo.

– Seu.... seu... – tentava dizer Annabeth.

– Se fizer isso outra vez, juro que te acerto com um raio, cara! – exclamou Jason.

– Só depois que eu afogar ele! – disse Percy.

– Como tem passado, garoto da água?

– Não me chame de garoto da água, Valdez!

– Porque não voltou antes?! – gritou Piper. – Sabe o quanto ficamos preocupados?!

– Foi mal, eu até queria voltar mais cedo – Leo tentava se explicar – , mas ela quis ver boa parte do mundo, antes de me deixar escolher o próximo destino. Tem ideia de por quantas floricultras eu passei? Ainda devo ter pólen em partes do corpo que eu nem sabia que tinha.

Ela? – perguntou Jason.

De repente, uma voz se fez ouvir, das costas de Festus.

– Leo Valdez! Vai me deixar sentada aqui até quando?

– Opa! Só um segundinho, flor-do-dia! – Leo exclamou em resposta. Ele voltou até Festus e ajudou uma garota a descer. Ela tinha longos cabelos trançados e usava um tipo de vestido branco. – Pessoal, quero que conhecam a minha... namorada... Calipso!

O acampamento inteiro ficou mudo. Entendo que o fato de Leo simplesmente voltar dos mortos, era chocante, mas parece que ele simplesmente voltar dos mortos, e com uma garota... bem, acho que aquilo, sim, era inesperado.

– Não sou sua namorada, Leo Valdez! – disse Calipso, mas eu percebi que ela só estava fazendo birra. Notei que Percy havia dado um passo a frente.

– Calipso? É você, mesmo?

– Percy... – Calipso encarava Percy. – Há quanto tempo...

Annabeth ficou do lado de Percy, e segurava sua mão com força. Talvez, força demais.

– O que foi, Cabeça de Alga? – ela disse, claramente irritada. – Algum problema?

– A-Annabeth?! Não! Nenhum problema! – Percy estava claramente nervoso. Na verdade, com aquele tom de voz, Annabeth devia ter deixado todo o acampamento nervoso. – Eu só estou feliz porque Calipso conseguiu deixar Ogígia!

– Sei... acho bom. – respondeu Annabeth. Mas ela não me pareceu convencida.

Todos começaram a rir do ataque de ciúmes de Annabeth. Notei que Leo estava me encarando.

– Ei, e quem é esse aí?

– Ah, sim! Leo, este é David. – disse Jason. – Campista novo.

Eu me adiantei para cumprimentar Leo.

– É um grande prazer. – eu disse. – Jason e os outros falam sempre de você. Eu já estava querendo conhecê-lo!

– Claro que estava! – disse Leo, apertando minha mão. – Falando sério, quem não gostaria de me conhecer?

Todos voltamos a rir. Mas quando fui cumprimentar Calipso...

– Fique longe de mim!! – ela gritou, apavorada e se escondendo atrás de Leo.

– Ei, Calipso, o que foi? – disse Leo, abraçando-a. Ela parecia uma criancinha assustada, como se eu fosse um tipo de bicho-papão.

– Esse garoto... – disse Calipso. – Tenho medo dele...

– Medo... de mim? – eu disse, totalmente confuso.

– David, cara, você conhece a Calipso? – perguntou Percy, colocando a mão em meu ombro.

– Não. Pelo menos, acho que não.

– Nós nunca nos vimos. – disse Calipso. Ela ainda estava abraçada a Leo, e parecia um pouco mais corajosa. – Mas tem algo nele... alguma coisa que me apavora.

Todos começaram a me encarar, como se eu fosse algum tipo de bomba nuclear humana, a ponto de explodir e varrer todas as formas de vida de Long Island para o Mundo Inferior.

– Acalmem-se, todos! – disse Piper. Não sei bem o porque, mas eu simplesmente relaxei. – Estamos falando do David. Ele está aqui só há alguns dias e nem foi reclamado ainda. Como ele pode ser apavorante?

Os campistas começaram a cochichar entre si, como se considerassem as palavras de Piper. Parecia até que eu estava sendo julgado em um tribunal.

– Pipes tem razão. – disse Jason. – Leo, nós conhecemos o David alguns meses depois de você ter morrido, ou desaparecido, sei lá. E nunca aconteceu nada.

– Calipso, tem certeza do que está dizendo? – perguntou Leo. – Ele não me parece nem um pouco perigoso.

Em resposta, uma Calipso que não parava de tremer só ergueu a mão, apontando para mim. Todos me encararam e, de repente, prenderam a respiração. Eu começei a piscar, como se não estivesse enxergando direito. Sem dúvida, eu não estava enxergando direito... porque estava tudo em tons de vermelho e amarelo?

– D-David... – eu ouvi a voz de Lucy. – Olhe para cima...

Eu olhei, o que, é claro, foi uma má ideia. Mas entendi porque todos estavam tensos. Em cima da minha cabeça, havia um tipo de mini-holograma de uma ampulheta cruzada por uma foice, que me fazia brilhar em vermelho e amarelo.

Eu havia sido reclamado.


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Notas finais do capítulo

Nossa! Esse capítulo, sim, teve fortes emoções, não acham? Sou suspeito pra falar, já que eu que escrevi, então me digam o que acharam! Agora já escrevi doze capítulos, então assim que eu tiver tempo para fazer o décimo terceiro, eu posto o próximo!