O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 23
O Quarto de Alice


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Sei que demorei muito mas estou ocupado com a faculdade (4º de graduação e não posso dar mancada) e continuar está sendo um desafio, pois preciso ter ideias pra continuar e fechar as lacunas. Bem, mas vamos dar uma recapitulada...
David e seu grupo chegaram à Casa dos Imortais e foram recebidos pelos Herdeiros de Titãs. Eles querem que David chegue até o último salão, para concluir algum plano dos titãs. Mas para passar por cada sala, alguém do grupo do Acampamento Meio-Sangue acaba ficando para trás.
Leo, Jason, Annabeth e Percy já foram. Restaram Lucy, David e Piper. Quem será o próximo a segurar uma luta para que o resto siga em frente? E o que os titãs planejam?

Leiam e descubram! Nos vemos lá embaixo!



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Empaquei outra vez, andando no corredor. Agora éramos só eu, Piper e Lucy. Por mais que eu tentasse, a dúvida e o medo estavam se espalhando dentro de mim, mas não era por estarmos em número cada vez menor ou por estarmos correndo risco de morrer. Eu já estava acostumado com essa parte.

O medo era de descobrir o que estava no fim de nossa trilha. A cada salão que passávamos, era um salão mais perto daquilo que os herdeiros de titã queriam que eu encontrasse. Daquilo que poderia salvar nossas peles ou despertar a fúria dos titãs sobre o mundo.

– Ei, David. Ainda está aí? – Lucy tocou em meu braço, me trazendo de volta ao mundo real.

– Ah! S-sim, estou bem. – eu disse, na maior mentira. – Vamos continuar.

Eu não podia me entregar ao medo. Não podia. Não agora. Meus amigos estavam se arriscando nisso tudo por minha causa, então eu tinha que terminar com essa encrenca.

Nós três seguimos em direção à porta seguinte, mas minhas pernas não paravam de tremer, por mais que eu tentasse me manter firme.

Passamos para o quarto seguinte.

*****

– Alguém aqui precisa podar o jardim... – Piper disse e eu era obrigado a concordar.

Há dois segundos, a gente estava em uma mansão mal-acabada e agora estávamos na floresta amazônica. Samambaias, insetos, árvores e outras plantas pequenas cobriam cada canto do quarto. A alta umidade tornava o ar pesado e quente, e uma névoa fina corria pelo piso.

– Existe algum “titã do mato”? – perguntou Lucy.

– Não seja mal-educada! – uma voz feminina veio do meio das plantas. Aquela garota, Alice, apareceu de trás das árvores seguida por... pássaros e coelhos? – Oi, David!

– Oi... – eu respondi. Depois que apareceu da primeira vez, eu não sabia se Alice tentaria cortar minha garganta ou me sufocar em um abraço. E não sei dizer qual opção seria pior.

– Ei, por que tem duas garotas com você? – ela perguntou, aparentemente irritada. – Eu sou noiva do David! Fiquem longe dele!

“Essa conversa outra vez, não!”, pensei.

– Que história é essa? – eu perguntei. – Eu nem te conheço!

– Ora, eu sou herdeira de Réia, a titã da fertilidade. – ela disse. – E Réia era casada com Cronos. Então...

– Então acha que vai ser a mesma coisa aqui? – eu deduzi apontando para nós dois.

– É! – ela respondeu rindo.

“Danou-se!”, pensei. “Ela é completamente maluca!”

– Então... – Alice falou, com um sorriso meigo, o que deixava tudo bem assustador. - ... vocês podem ir embora.

Ela fez um movimento com a mão e um monte de cipós se prenderam em Lucy e Piper, levantando-as do chão.

– Ei! O que é isso?! – gritou Lucy.

– O que está acontecendo?! – gritou Piper.

Eu olhava a tudo aquilo aturdido, e me voltei para Alice.

– O que você fez?!

– A minha patrona é titã da fertilidade. – Alice respondeu sorrindo. – Tudo o que cresce forte e saudável responde à mim. Plantas, animais, monstros, tudinho.

– Monstros? Então aquela manada de monstros que nos atacou antes foi coisa sua!

– Isso mesmo. Mas não queria que acertassem em você. – Alice disse. – Só achei que podia me livrar da semideusa, mas você dificultou um pouco, David.

– Solta elas! – exclamei.

– Por que, David? – Alice respondeu. – Não precisamos delas. Na verdade, todos os semideuses que vieram com você vão morrer, mesmo.

Outra vez, tive uma explosão de raiva. Girei o relógio, e cortei as plantas ao redor com a foice, libertando Piper e Lucy.

– Ah?! David, o que está fazendo? – exclamou Alice.

– Eu não sei quem você é, nem porque precisam de mim. – eu falei com a voz mais dura que consegui. – Mas não vai ferir meus amigos. Seja lá o que estiverem planejando, eu vou dar um jeito de impedir.

Atrás de mim, pude ouvir Piper sacando a adaga e Lucy preparando o arco.

– Você quer... ajudar semideuses? – Alice murmurou, sem nenhum riso dessa vez. – Vai trair a gente? Vai me trair?!

Então ouvi um som estranho, como algo deslizando sob a neblina que cobria o chão.

– Não pode, David. – Alice murmurou outra vez. – Não pode!

Ao nosso redor, montes de trepadeiras começaram a se erguer ao nosso redor, como serpentes enormes, todas sob o comando de Alice. O jogo tinha virado outra vez e estávamos em desvantagem. As plantas começaram a se entrelaçar, e nos atingir como chicotes.

– Corram! – eu gritei, ao mesmo tempo em que tentava abrir caminho, cortando as trepadeiras.

Fugimos pelo meio da floresta do quarto de Alice, nos arranhando nos galhos das árvores e tropeçando nas raízes, e transformei a foice em relógio. Com o ar quente e úmido, a corrida foi ainda mais desgastante e não aguentamos mais do que cinco ou sete minutos. Nos escondemos entre alguns arbustos, com a respiração pesada.

– Ela é louca! – Lucy sussurrou, ofegante.

– Você acha? Como foi que notou? – eu perguntei, limpando o suor da testa.

– Temos que dar um jeito de sair daqui. – disse Piper. – Esse lugar inteiro é território dela.

“É inútil. Não podem fugir de mim.”, a voz ecoou por entre as árvores. “Eu comando tudo aqui. Tudo aquilo que vive e cresce responde a mim”.

Como que provando o que tinha acabado de dizer, as raízes dos arbustos se levantaram à nossa volta, nos prendendo como em uma rede de pesca. Alice apareceu caminhando por entre as plantas do quarto.

– Não tem pra onde ir. – ela disse com uma voz baixa e fria.

“Droga! Agora já era!”, pensei. Minhas mãos estavam presas e não tinha como eu girar o relógio. Piper e Lucy não estavam em uma situação melhor. “É só a Alice mandar e essas raízes esmagam a gente!”

Por mais que eu tentasse, não conseguia me mover um centímetro que fosse e as raízes pareciam nos segurar com cada vez mais força. A pressão era tanta que já podia sentir minhas mãos e pernas ficarem dormentes.

– Vou matar essas semideusas e levar você pra última sala, David. – ela disse.

Duas trepadeiras se levantaram, prontas pra atingir Lucy e Piper, então fechei os olhos e tentei congelar o tempo. Fiquei gritando “pare”, sem parar dentro da minha cabeça, mas a pressão no olho não vinha.

– Está tentando usar seu poder, David? – Alice perguntou. – Não vai conseguir assim. Nossos dons são movidos pela nossa concentração. A menos que esteja perfeitamente calmo e focado, não vai conseguir usar sua habilidade.

Fala sério, eu não conseguia congelar o tempo por que estava em pânico? As plantas estavam nos prendendo com força, as trepadeiras iam acabar com Lucy e Piper, e eu não conseguia ajudar. E desceram como chicotes contra as garotas.

– Parem! – Piper gritou. Achei por um segundo que ela estivesse desesperada, mas subitamente as trepadareiras pararam.

– O quê? – Alice disse, em choque.

– Soltem a gente! – Piper exclamou outra vez, e as raízes que nos prendiam nos soltaram. Nos levantamos rapidamente e recuamos alguns passos, encarando Alice.

– Como fez isso, semideusa?! – Alice disse, azeda.

– Você pode comandar seres vivos... – Piper começou. - ... mas, eu também levo jeito com as palavras.

Alice estava se irritando de verdade e tentou atiçar outras plantas a nos atacarem, mas Piper as fazia parar ou eu e Lucy as cortávamos. Podia até parecer que as coisas estavam equilibradas, mas a verdade é que ainda estávamos perdendo. Estávamos tão ocupados nos defendendo que não conseguíamos chegar perto de Alice de nenhuma forma, enquanto ela só precisava dar um comando e as plantas atacavam sem parar e desgastando nossas forças.

Calor, umidade, um ataque incessante de plantas controladas por uma lunática... tudo isso levaria a um resultado lógico.

Derrota.

Uma das trepadeiras se enrolou no meu tornozelo e me ergueu de cabeça para baixo. Minha foice escapou das minhas mãos.

– David! – Lucy exclamou.

– Eu estou bem! – respondi. – Se defendam aí, que eu me viro!

Foi o que eu disse, mas a verdade é que eu não tinha a menor ideia do que fazer. Minha foice estava no chão e a faca estava na mochila, na porta do quarto.

De repente, ouvimos o som de algo se movendo rápido, cortando-o e eu caí ao lado da foice. Ao olhar pra trás, vi que uma lança dourada tinha atingido a raiz da trepadeira, arrebentando-a. E, embora só tenha visto uma vez, eu conhecia bem aquela lança.

– DAVID!! – e conhecia bem aquela voz.

Todos olhamos para cima, na direção da voz. E lá estava ele, com a mesma cara mal-humorada e até mais acabado do que antes.

Eron.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Por que o Eron voltou? Será que eles vão sair dessa? Será que Alice vai casar com David? Assim que eu escrever mais... vocês terão todas as respostas!
Até mais, meu pessoal!