O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 16
Eron e... Bob?


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoal? Tudo em cima? Tudo na paz?
Bem, estou acelerando o máximo que dá nas postagens (terminei o capítulo 20 agora), então vamos logo ao que interessa!

No capítulo anterior, após uma luta contra Hedi, David e os outros seguem em viagem para Washington. Durante uma pausa, David consegue usar seu poder de congelar o tempo conscientemente, pela primeira vez. Enquanto comentava com seus amigos como tinha feito, uma lança dourada quase atinge o rapaz!
Quem está atacando? Qual o motivo? Quanto tempo até finalmente chegarem à cidade? Por que estou fazendo tantas perguntas?!



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Aquele rapaz me olhava com tanta fúria que, se olhares matassem, eu estaria sendo fuzilado, triturado, queimado e jogado em um depósito de lixo. A lança não me acertou por muito pouco e esse fato, sem dúvida, deixou o cara ainda mais irritado.

– DAVID MATT WILLER!! – ele gritou. Ele sabia meu nome completo? Boa coisa não era. – Eu vou matar você!!

Ele saltou do topo da árvore de onde estava, pousando com maestria. Se eu não soubesse que ele era problema, eu estaria batendo palmas. Então todos nós sacamaos nossas armas pra encarar o récem-chegado.

– Saiam da minha frente. – o garoto disse, frio. – Meu assunto é com ele.

Por um segundo, ele demorou o olhar em Percy.

– Percy Jackson, outro responsável pela minha desgraça. – ele disse. – Cuido de você depois.

– Espera aí! Você conhece o Percy também? – Leo perguntou. Não soube dizer se ele estava nervoso ou irritado pelo estranho não saber quem ele era. – E mais importante, quem é você?!

Ele encarou Leo com desprezo.

– Cale a boca, semideus desprezível. Vou matar vocês também, depois que terminar com David.

Ele estendeu a mão e fez uma feição estranha, como se tentasse se concentrar desesperadamente em alguma coisa. De repente, a lança dourada que havia jogado voou de volta para sua mão. Ele a girou nos dedos e a apontou para mim.

– Diga adeus, Herdeiro de Cronos.

Ele correu em minha direção, pronto pra me empalar com a lança. Liberei a foice do relógio e golpeei sua barriga com o cabo, fazendo-o perder o ar e soltando a lança. Ele caiu no chão apertando o abdôme, e tossindo sem ar. Por um segundo pensei se não era algum truque, afinal foi tão fácil que foi... bom, patético. O cara se levantou com esforço, buscando a lança. Mas Piper foi mais rápida e a pegou antes que pudesse chegar muito perto.

– Diga logo. Quem é você e o que quer com a gente? – ela perguntou. Eu poderia desconfiar que Piper estivesse usando o tal charme pra obrigá-lo a falar, mas algo naquele tom de autoridade passava uma ideia nem um pouco charmosa.

– Meu nome... Eron... – ele disse com dificuldade. – O ex... Jápeto...

Ele tossiu uma última vez e apagou.

*****

– Que fazemos com ele? – perguntou Jason. Eron estava desmaiado há pelo menos uns vinte minutos.

– Levamos ele conosco? – sugeriu Lucy.

– Cê tá brincando, né? – Percy retrucou. – Você ouviu que ele quer arrancar o meu couro e o do David?

– E você acha que ele tem chance? – respondeu Leo. – O cara é tão fraquinho que lidar com ele é mais fácil que tirar doce de criança.

Isso era um ponto a favor de Leo. Seja lá o que Eron quisesse comigo e com Percy, dávamos conta de mantê-lo na linha, tão simples quanto dar um passo para frente. Outro pensamento martelava na minha cabeça.

– Por que ele disse que você era parte da desgraça dele, Percy? – perguntei.

– E eu é que sei? Nunca vi esse cara antes.

– E quem é “Jápeto”? – Lucy perguntou. – Ele mencionou esse nome, antes de desmaiar.

Isso pareceu despertar uma memória em Percy e Annabeth, que se entreolharam.

– Jápeto... – disse Annabeth. – Ele...

– Bob? – Percy disse, confuso. Ou melhor, confundindo a todos nós.

– Percy, do que estão falando? – eu perguntei por fim.

Ele me encarou hesitante por uns minutos.

– Jápeto, O Empalador. Ele era um titã contra quem lutei, há alguns anos. Eu o fiz cair nas águas do Rio Lete, o que tirou todas as suas memórias. Quando me viu e perguntou quem ele era, eu disse “Você é meu amigo... Bob”.

Bob? – Leo perguntou. – Você rebatizou um titã com o nome de Bob?

– Cale a boca, Valdez. – Percy retrucou, com amargura na voz. Aparentemente, falar sobre Bob (ou Jápeto) era algo bastante delicado para ele. Mas precisávamos saber a verdade.

– O que aconteceu com ele? – perguntei.

– Depois da guerra contra Cronos, em Nova Iorque, Nico conseguiu um trabalho para ele, como zelador no Mundo Inferior.

– De titã a faxineiro de Hades? – Leo disse. – O cara não deu sorte.

– Mandei você ficar calado! – Percy exclamou.

– Calma, foi só uma brin... – Leo começou.

– Leo, melhor que fique quieto, por enquanto. – disse Jason, que acenou para que Percy continuasse. Ele assentiu e terminou a história.

– Quando eu e Annabeth caímos no Tártaro, Bob nos encontrou e nos levou até as Portas da Morte, para que saíssemos pela Casa de Hades. Mas havia tantos monstros e outros titãs ali que era impossível passarmos. Então, Bob resolveu distraí-los para que escapássemos.

Ao lado de Percy, Annabeth começava a soluçar.

– Quando estávamos quase chegando às Portas, Bob recuperou sua memória. E apesar de lembrar quem realmente era, ele escolheu algo diferente. Disse que não era como seus irmãos. Ele se sacrificou por nós.

Annabeth começou a chorar. Piper teve que segurá-la para que não desabasse por completo.

– E como Eron entra na conversa? – perguntou Jason, evitando olhar para aquela Annabeth tão fragilizada.

– Não sei. – Percy disse por fim. – Bob era um cara legal. Não sei como pode ter relação com um cara como Eron.

Repassei tudo o que havia acontecido nesses últimos momentos. Um cara chamado Eron que estava de alguma forma ligado a Bob, o titã. A relação com Bob o deixou com raiva de Percy, e até aí fazia sentido. Mas por que ele queria me matar? Eu não conheci Bob.

Então me lembrei das palavras de Hedi, antes de eu transformá-lo em pó amarelo. “Fomos instruídos a impedi-lo a qualquer custo. O senhor não deve voltar para a Casa dos Imortais”. Agora eram dois que haviam tentado me impedir de chegar a Washington. O que só deixava mais claro que eu tinha que ir para lá o mais rápido possível.

– Mas não podemos, simplesmente, largar ele aqui. – eu disse, olhando para o corpo inconsciente de Eron.

*****

Seguíamos andando pela estrada, indo para a cidade. Festus voava vários metros acima de nós. Pelo que deve ter sido a milésima vez, olhei por cima do ombro, na direção em que deixamos Eron ainda inconsciente, apoiado em uma árvore, enrolado em um cobertor e com um pouco de comida e água.

– Acham que foi a melhor escolha? – disse Annabeth. – Aposto como ele vai vir atrás de vocês novamente.

– Tá dizendo que devíamos ter cortado o mal pela raiz? – perguntei. – Matá-lo ali, a sangue-frio?

– De jeito nenhum! Só não estou certa de que foi uma boa ideia deixá-lo com comida e água, para que se recuperasse e viesse atrás de nós.

– Todos concordamos que não podíamos largar ele, de qualquer jeito. – disse Piper.

– Eu sei. – Annabeth respndeu. – Mas ainda assim, estou com um pressentimento de que vamos vê-lo outra vez.

Todos paramos para encarar a direção onde Eron, provavelmente, ainda estava desacordado. Por fim, me voltei a olhar para frente.

– De qualquer modo, vamos logo. Tenho certeza de que encontraremos respostas em Washington, na Casa dos Imortais.

Descobrir quem era Eron. Mais uma tarefa na minha lista de “O que fazer na Casa dos Imortais”.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Foi legal? Foi um saco? Já sacaram quem é o Eron (admito que tá fácil)? Comentem e nos vemos no próximo capítulo!