O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 13
O presente de Leo


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! De novo! É, dois capítulos seguidos, isso mesmo. Vamos ao que interessa!

David partiu em missão, acompanhado de Percy, Leo, Lucy, Annabeth, Jason e Piper. O objetivo deles é chegar até Washington, e descobrir o que está acontecendo na "Casa dos Imortais", onde estão outros herdeiros de titã.
O que será que vai acontecer?



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– Então... como vamos para Washington? – perguntou Leo, enquanto descíamos do outro lado da Colina Meio-Sangue. Ele fuçava nos bolsos e no cinto de ferramentas, como se procurasse algo. – Quero dizer, não cabemos todos nas costas de Festus.

– Não precisamos. – disse Jason. – Pedi uma ajuda a Frank e Reyna, no Acampamento Júpiter. Deve chegar a qualquer minuto.

No momento em que eu ia perguntar o quê chegaria a qualquer minuto, uma caminhonete preta vinha em nossa direção, estacionando bem à nossa frente. Um homem, em torno de seus vinte anos, e vestindo uma camiseta roxa, desceu do carro.

– Meu nome é Simon. A pedido dos pretores Frank Zhang e Reyna Avilla Ramírez-Arellano, vou acompanhá-los até certo ponto em seu caminho.

O espaço era suficiente para todos nós. Nos despedimos de Nico antes de entrarmos no carro.

– Boa sorte. – Nico disse para mim, quando apertamos as mãos. – Vamos investigar tudo que pudermos sobre a Casa dos Imortais e avisar se descobrimos algo.

– Obrigado, cara.

Ele deu um meio sorriso.

– Ei, David! – Nico me chamou, quando me virei para o carro. – Para o caso de você esquecer, lembre que não são nossos pais que nos definem, mas sim nossas ações.

Eu assenti sorrindo, fazendo sinal de positivo com o polegar. Todos nos acomodamos na caminhonete, menos Leo.

– Leo, vamos logo! – chamou Jason, no banco do carona.

– Nem vem, cara. – ele disse, com ar travesso. – Só voo de primeira classe, no Festus. E podemos ficar de tocaia lá em cima, caso algo aconteça.

Rimos do comentário de Leo, mas a ideia era boa. E isso nos daria um pouco mais de espaço no carro. Festus logo alçou voo, enquanto Simon dava a partida no carro e seguíamos pela estrada.

*****

– Isso é sério? – perguntou Percy, pela quinta vez.

– Eu acho que sim. – eu respondi, pela quinta vez. – Dá pra relaxar? Não parece ser nada demais.

– Eu sei, eu sei! – ele retrucou. – É que depois de tudo o que já enfrentamos, isso parece... sei lá... muito fácil?

Simon havia nos deixado na Penn Station, em Nova Iorque. Lá haviam trens de hora em hora para Washington, e estávamos na fila para comprar as passagens do grupo.

– Cara, se a sorte parece estar do nosso lado, que tal se a gente simplesmente aproveitar? – eu disse a Percy.

– É que a sorte não costuma estar do nosso lado. – ele respondeu.

Queria perguntar o que exatamente isso poderia significar, mas éramos os próximos na fila, de modo que deixei a pergunta pra depois.

Voltamos para Lucy e os outros, com as passagens em mãos. Assim como Percy, todos estavam tensos, olhando para os lados a cada minuto, como se esperassem algum ataque, absolutamente do nada. “Será que eu é que estou calmo demais?”, eu pensei. Talvez eu devesse mesmo ficar mais atento aos arredores, mas nada ali parecia ameaçador para mim, de nenhuma forma.

Logo deu o horário do nosso trem, e fomos para o embarque. Todos ainda estavam tensos, o que me fez pensar ainda mais sobre o comentário de Percy, sobre a sorte não estar do lado dos semideuses. Eu não sabia até onde iam os nossos problemas, mas era certo que coisa boa não ia ser.

– Os assentos não são numerados, então que tal ficarmos aqui? – eu perguntei, enquanto me sentava em um dos bancos. Estávamos no último vagão que, curiosamente, estava vazio, com excessão de nós.

Percy se sentou à minha frente, Annabeth ao lado dele. Lucy sentou ao meu lado (fica frio... fica frio... olha pela janela...). Do outro lado do corredor, ficaram Jason, Piper e Leo (que cismou que queria ir com Festus, mas concordamos que um dragão de bronze não ia caber no vagão).
– Ele pode voar por cima do trem e nos manter avisados de qualquer perigo. – disse Jason, tentando acalmar Leo, que nem teve tempo de protestar, pois o trem logo partiu.

*****

Já devíamos estar viajando há uns trinta minutos. Aparentemente, tínhamos o vagão todo só para nós, de modo que ficamos andando pra cima e pra baixo.

Jason e Percy ficaram conversando sobre que tipo de arma eles usariam contra monstros aleatórios (“Você está desarmado, no deserto e vem um ciclope. O que você faz?”, “Atiro areia no olho dele e corro até a Contracorrente voltar pro meu bolso”). Parecia um daqueles jogos pra ver quem dava a resposta mais absurda.

Annabeth e Piper discutiam sobre a profecia. O que iríamos enfrentar, quem iria morrer, e coisas assim. Uma conversa bastante saudável entre duas adolescentes.

Leo e eu ficamos jogando cartas com um baralho que ele tirou do cinto de ferramentas (não sei porque alguém guardaria um baralho em um cinto desses, mas enfim). Apesar de prometer que não usaria os ensinamentos dos irmãos Stoll, eu estava mandando muito bem. Leo podia ser bom máquinas, dragões autômatos e até com garotas imortais incapazes de assumir um relacionamento, mas definitivamente não era bom com jogos de cartas.

Tinha acabado de ganhar mais uma rodada, quando Lucy passou por nós, indo para os fundos do vagão. Acenei e dei um sorrisinho bobo, mas ela só virou a cara. Novamente, uma flechada na testa teria sido bem melhor. Voltei para o jogo de cartas, agora sem um pingo de vontade de vencer Leo. Desci a mão e mostrei minhas cartas, deixando Leo de queixo caído.

– É, eu venci outra vez. – eu suspirei com o ânimo de alguém preso em uma aula eterna e muito tediosa. Leo notou meu súbito desânimo depois de quinze vitórias seguidas, pois me olhou como se eu fosse uma de suas máquinas com defeito.

– Acredite, ela vai com a sua cara. – ele disse por fim.

– Tá doido? – eu respondi. – Não viu o gelo que ela me deu?

– Não. Mas vi como ela olha pra você. – Leo parecia não ter notado que o gelo estava, não só na ausência de fala, mas também nos olhos de Lucy. – Vai lá, fala com ela.

– Tá brincando, né? – eu disse, incrédulo. – Diz que é brincadeira.

– O que você tem a perder?

Tentei pensar em alguma coisa... orgulho? Não, isso não valeria de nada nessa situação. Esperança? Eu era herdeiro do ser mais cruel do universo, então já não tinha muitas esperanças no estoque. Eu queria discutir, mas sabia que não teria a menor chance.

– Faz assim... – propôs Leo. – Vai falar com ela, e na volta eu te entrego uma coisinha bem legal. Independente da conversa ser boa ou não.

Não era exatamente uma barganha, mas Leo não largaria do meu pé até que eu concordasse. Me levantei e segui para a porta dos fundos do vagão. Olhei por cima do ombro e Leo fez sinal de positivo com o polegar. Dei um tapa na minha testa, pensando em como poderia ser mais ridículo. Respirei fundo e fui para o espaço aberto, no fim do vagão.

Lucy olhava para os trilhos e a paisagem que deixávamos para trás, o cabelo voando constantemente para o seu rosto.

– E aí? – eu tentei dizer, com um sorriso simpático. Lucy só virou a tempo de me encarar e voltou a olhar o horizonte.

– Ah, é você. – É, tudo estava indo maravilhosamente bem. Mais do que nunca, queria saber como controlar o tempo. Não pra fugir daquele momento azedo, mas pra congelar o tempo de Leo e jogá-lo no rio mais próximo que eu encontrasse.

– Então... no que está pensando? – resolvi ignorar totalmente o gelo de Lucy. Se eu queria que as coisas voltassem a ser o mínimo que eram antes de eu ser reclamado, teria que estar pronto a fazer absurdos.

Lucy não respondeu. Andei até o lado dela e me apoiei no guarda-corpo e fique encarando o horizonte.

– Sabe, eu ainda sou o mesmo cara que você conheceu naquele dia. – eu disse, meio distraído. – Tá, sou o herdeiro do monstro mais terrível da história do mundo, mas ainda sou aquele cara.

Lucy deu um risinho com meu comentário idiota. Certo, agora estávamos indo bem. Ficamos em silêncio novamente por mais um tempo.

– Está bem, me desculpe! – Lucy exclamou. Me chocou mais o fato de ela ter começado a falar comigo, do que a fala em si.

– Hein?

– Me desculpe ter sido uma idiota com você. – ela virou a cara para o outro lado, para que eu não a encarasse. – Mas essa coisa toda... me deixou... nervosa... eu não sei...

Não deu pra segurar. Começei a rir.

– D-do que está rindo?! – Lucy disse constrangida.

– Desculpa. Não resisti. – eu disse me acalmando. – Mas... você achou mesmo que eu estava chateado por você se negar a falar comigo?

– Bem... foi...

– Tá brincando?! – voltei a rir. – Eu pensei que você estava brava comigo!

– E por que eu estaria brava? E dá pra parar de rir?! – Lucy estava ficando vermelha. Não acredito em como ela podia ficar tão bonitinha assim.

– Se não estava brava comigo, o que era então?

– Eu... estava com medo, tá bem? – ela disse, depois de alguns instantes.

– Medo? De mim? – eu tentei encarar Lucy, mas ela se negava a me olhar. Voltei a olhar para o horizonte. – Não te culpo por ter medo de mim. Afinal, até eu tenho medo.

– Hein? – ela finalmente me olhou nos olhos. – Como pode ter medo de si próprio?

– Sendo mais preciso, tenho medo do que posso fazer. – eu disse, cobrindo olho esquerdo. – A ideia de não saber controlar esse poder me apavora. Tenho medo de usar esse poder sem querer ou de forma errada e fazer o que os titãs querem que eu faça, mesmo que por acidente. Então, acredite quando digo que ninguém tem mais medo de mim do que eu mesmo.

Lucy ficou me encarando mais um pouco.

– De qualquer forma, me desculpe.

– Tudo bem. – eu disse. O sol estava se pondo, tingindo o céu de laranja. Se não estivéssemos em uma viagem para salvar o mundo, aquele seria o momento perfeito.

– Melhor voltarmos para dentro. – disse Lucy. – Os outros vão ficar preocupados.

Segui Lucy para dentro do vagão. Voltei a me sentar com Leo, com um grande sorriso e ela se juntou a Piper e Annabeth (mas não sem antes se virar para mim e dar um último sorrisinho). De repente, a ideia do fim do mundo pareceu tão insignificante.

– É... pelo visto foi uma ótima conversa, senhor David. – Leo me tirou de meus maravilhosos pensamentos.

– Cale a boca, Valdez.

– Bem, promessa é promessa. – ele mexeu novamente nos bolsos, como fazia quando saímos do Acampamento Meio-Sangue. – Onde está? Eu deixei em algum lugar por aqui... ah, aqui está!

Leo tirou um pequeno embrulho de um dos bolsos do cinto de ferramentas. Me perguntei quanta tralha ele escondia ali.

– Comecei a trabalhar nele há alguns dias. Queria ter entregue quando saímos em missão, mas eu não estava achando.

Peguei o embrulho e abri. Um relógio de pulso funcional, feito em bronze celestial. Cabia direitinho no meu pulso (nem sei como Leo sabia essa medida, mas achei melhor não perguntar. Há coisas que é bom a gente não saber).

– Leo... obrigado, cara! É incrível!

– Produtos Leo Valdez. O melhor para semideuses. – ele falou com voz de comercial de TV. – E ainda tem uma surpresa especial.

– Surpresa?

– Caso a gente se meta em encrenca, o que é certeza que vai acontecer, gire o relógio duas vezes para a esquerda. E veja a mágica rolar.

Eu estava bastante curioso pra saber o que era, mas sabia que era melhor não descobrir aquilo também. Pelo menos, não naquele momento. Só quando estivéssemos com problemas.

E como que atendendo ao meu pensamento, o trem simplesmente parou, e a porta do vagão foi escancarada. Resumindo, estávamos com problemas.


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Notas finais do capítulo

E é isso aí! O que acharam? Gostaram? Odiaram? E a reconciliação entre David e Lucy, foi boa?
Comentem aí e nos vemos nos próximos capítulos!



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