O Herdeiro do Titã escrita por Rodrigo Kira


Capítulo 11
A Casa dos Imortais


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tudo legal? É, eu sei, faz um tempo que não posto. Mas eu posso explicar! É que eu fui viajar com a minha família e a gente quase não parava em casa, de modo que eu mal consegui fazer um capítulo. Mas cá estou eu novamente, pronto pra continuar.

No último capítulo, David, um semideus de Cronos e com o poder de parar o tempo, recebe uma profecia falando sobre o Herdeiro do Titã. Agora, ele terá que desvendar o segredo de seu passado, para descobrir o que deve fazer com seu futuro.



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Meus ossos pareciam ter derretido, mas me forcei a ficar de pé. Rachel deve ter notado a tensão através da mensagem de Íris.

– Pessoal, está tudo bem?

– Sim, Rachel. – disse Quíron. – Apenas...

– Não me diga. – ela falou. – Já começou, certo?

Quíron apenas assentiu com a cabeça.

– E quem é? – perguntou Rachel.

A contragosto, levantei a mão.

– Meu nome é David e... – as palavras pesavam para sair. - ... sou o herdeiro de Cronos.

– Viram?! Ele admite! – exclamou Clarisse, com raiva. – É uma ameaça e temos que acabar com ele!

– Pelo amor dos deuses, você quer calar essa boca e se acalmar? – disse Nico, perdendo a paciência.

– Perdeu a cabeça, di Angelo?! – Clarisse parecia a ponto de quebrar a mesa em duas. – A profecia diz que “o mundo ou um coração irá se quebrar”. Se acabarmos com ele aqui e agora é fim de história!

Alguns conselheiros pareciam considerar a ideia de Clarisse. Será que se eu morresse, todos ficariam seguros? “Não quero causar problemas para ninguém... Mas também não quero morrer.”, pensei.

– Está errada. – disse Annabeth, me tirando de meus pensamentos. – Matar David não é a resposta.

– Do que está falando, Chase? – Clarisse disse, cada vez mais furiosa. – Use a lógica! Não é isso que você faz? Se cortarmos essa erva daninha, não teremos que lidar com os perigos de uma infestação!

– Estaremos fugindo. – Annabeth a cortou. – E todos sabemos que não se pode fugir de uma profecia. Elas acontecem, de um jeito ou de outro.

Clarisse ficou sem fala.

– Annabeth tem razão. – disse Quíron. – O que devemos fazer agora é decidir quem irá para a missão.

– Missão? – eu perguntei. – Tipo, sair do Acampamento?

– Exatamente. – respondeu Jason. – Então, temos que decidir quem vai.

– Acho que você e eu estamos incluídos nessa, cara. – disse Percy. – A profecia fala de “mar” e “céu”. Se isso é uma referência aos semideuses, então somos nós, filhos de Poseidon e Zeus.

– Seguindo esse raciocínio, então temos filhos de Hefesto, Apolo, Atena e Afrodite. – disse Piper. – Seis semideuses... não, sete, se contarmos David como o Herdeiro do Titã.

– Sete outra vez? – Nico disse, e parecia bem perturbado. – E para onde iremos dessa vez?

– Para a Casa dos Imortais. – eu disse, chamando a atenção de todos. – É pra lá que temos que ir.

– Como sabe? – perguntou Jason.

– Por que é lá que estão aquelas pessoas. – respondi, como se soubesse daquilo a minha vida inteira. – E foi lá que eu nasci.

*****

– Muito bem – disse Percy, depois da reunião. – , e você sabe chegar nessa “Casa dos Imortais”?

– Pensando bem, não faço a menor ideia. – eu respondi. – Sempre que tento lembrar de onde fica ou que tipo de lugar, minha cabeça começa a doer e não consigo pensar em nada.

– Então como sabe que esse lugar existe? – perguntou Nico. – Digo, além dos seus sonhos.

Expliquei a eles sobre a carta dos meus pais adotivos e do cesto de dormir. Foi absurdamente constrangedor, ainda mais depois que todos começaram a rir até ficarem sem ar.

– De qualquer forma – eu disse, bastente irritado. – , a minha única pista da Casa dos Imortais está... inacessível.

Nico me encarava, pensativo.

– E se formos falar com Clóvis? – ele disse por fim. – Como filho de Hipnos, ele entende de problemas de memória.

– Pode dar certo. – comentou Jason. – Istó é, se você conseguir manter o cara acordado por mais de trinta segundos.

– Mas ele pode descobrir por que não consigo lembrar da Casa dos Imortais? – perguntei.

– Provavelmente. – disse Nico.

– Então me leve até ele.

Fui com Nico até um dos chalés. O lugar era quente, com cortinas cobrindo as janelas e uma lareira aconchegante. Um tipo de galho pingava uma água esbranquiçada em um vaso.

– Não toca nessa coisa. – advertiu Nico. – Água do rio Lete, o rio do esquecimento. Algumas gotas disso e adeus memórias.

Assenti e me afastei dos galhos. Nos beliches, algumas crianças dormiam profundamente... parecia tão bom que fiquei tentado a pegar um travesseiro e dormir em qualquer lugar ali. Nico foi até um dos garotos adormecidos e lhe deu um empurrão com o pé, fazendo-o cair da cama.

– Clóvis! Acorda logo!

– Hm? Que horas são? – perguntou o récem-acordado Clóvis.

– Não importa. – Nico me puxou e me colocou à frente do garoto. – Precisamos que David se lembre de um lugar chamado Casa dos Imortais, mas tem alguma coisa bloqueando. Pode ajudar?

Clóvis me encarou, me olhando de cima a baixo, com um bocejo particularmente longo.

– Acho que sim. Tente fechar os olhos, como se fosse dormir.

Eu obedeci. Parecia bastante estranho, mas acho que eu já estava acostumado àquela altura.

– Tente lembrar desse lugar. – ouvi Clóvis falando.

Busquei a imagem da Casa dos Imortais na minha mente, nas lembranças do meu sonho. Via a mansão vitoriana, o vale esquisito. Tentei ir mais fundo, nas memórias de quando eu era menor. A dor começou e me forçou a parar.

Abro os olhos, deitado no chalé de Hipnos, com Nico e Clóvis me encarando.

– Cara, você apagou por quase meia-hora. – disse Nico, com os braços cruzados. Meia-hora?! Eu jurava que não tinha sido mais do que cinco ou sete minutos!

– Agora entendi o que você quis dizer com “bloqueio”. – falou Clóvis, coçando a nuca. – Tente de novo. Mas dessa vez, não resista. Deixe tudo fluir.

– Como assim? – perguntei.

– Essa dor que você sente... esse bloqueio... é uma parte de você que não quer acessar essas memórias. – Clóvis explicou. – Como se estivesse com medo do que pode encontrar.

Assenti, embora estivesse confuso. Eu queria descobrir do onde eu vinha e ao mesmo tempo não queria? Isso era possível? Bem, eu não ia descobrir se ficasse nervoso. Fechei os olhos novamente e respirei fundo. “Deixe fluir”, repeti em pensamento. “Deixe fluir”.

Estava vendo a Casa novamente. Sentia a dor querendo me conter, mas me forçei a relaxar. De repente, o mundo das minhas memórias começou a se mover muito depressa. Eu estava deitado, até que alguém me tirou de onde eu estava, às pressas e me colocou em outro lugar. Fui levantado e começei a me mover, enquanto ouvia uma respiração ofegante, pela corrida. Estava sendo carregado para algum lugar.

Estavámos indo cada vez mais rápido, e eu ouvi uns barulhos estranhos ao longe, como se fossem patas de criaturas batendo no chão. Estávamos sendo caçados.

– Fique calmo, querido! – uma mulher falou. – Vai ficar tudo bem!

A corrida parava de tempos em tempos, enquanto a mulher tomava fôlego e se escondia, para então correr novamente. Seja lá o que estivesse atrás de nós, sempre nos encontrava novamente. De repente, uma luz estranha surgiu de algum lugar e passamos por ela, como se fosse um portal. Do outro lado, vi uma torre branca muito alto antes que passássemos por outro portal.

– Manhattan! – gritou a mulher.

Passamos pelo portal e ela continuou correndo por mais algum tempo, até que chegamos ao que parecia uma construção com paredes azuis e uma luz acima da porta. Fui colocado no chão e pude ver o rosto da mulher. Cabelos castanhos e olhos verdes, iguais aos meus. Muito bonita e, apesar do rosto preocupado, pude ver todo o amor e carinho em seus olhos.

– David, querido – ela disse – , agora vamos ter que nos separar. Você vai ficar bem.

Não queria me separar dela. Finalmente a estava vendo, depois de tanto tempo! Tentei alcança-la, mas meus braçinhos mal conseguiam sair do cesto de dormir. Ela sorriu com tristeza, tomando minhas mãos entre as dela.

– Seja forte, David. – ela disse, com lágrimas nos olhos. – Você merece mais do que aquele lugar.

Ela olhou rapidamente para trás e outra vez para mim.

– Eu te amo, David! Adeus!

Ela sumiu da minha vista. Queria que ela voltasse. Começei a chorar, mas ela não voltou.

*****

Me sentei subitamente, ofegante, como se tivesse tido um pesadelo. Não, aquilo era pior que um pesadelo. Aquilo era uma lembrança. Foi real. Mesmo sem vê-los, sabia que Nico e Clóvis estavam logo atrás de mim.

– Quanto tempo? – perguntei.

– Três horas. – Nico respondeu. – Tive que acordar Clóvis cinco vezes.

Me levantei e saí do chalé, com Nico em meu encalço.

– Ei! Mas então? Descobriu alguma coisa?

– Sim. – eu disse, lembrando da torre branca. – Descobri a entrada para a Casa dos Imortais. Eu e minha mãe passamos por lá, quando ela fugiu de lá.

– Sua mãe?

– Minha mãe biológica. Foi ela que me tirou de lá.

Nico ficou quieto por alguns segundos. Talvez ele entedesse dos sacríficios que os pais fazem pelos filhos.

– E... onde é? – ele perguntou por fim.

Respirei fundo e me virei para encará-lo.

– No Monumento Washington.


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Notas finais do capítulo

E aí, galerinha? O que acharam? Comentem, por favor! Agora, assim que eu tiver escrito mais, vocês terão novos capítulos!



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