Não é como se eu fosse aquelas meninas bobinhas que nunca viram garotos bonitos na vida, mas, por deus, aquele menino não era bonito, ele era perfeito.

Cada centímetro de seu corpo exalava perfeição, o cabelo escuro hipnotizante, os lindos olhos azuis... Percebo que estou encarando-o, mas não consigo evitar. É só quando ouço ele me chamar, que consigo desgrudar os olhos desse garoto que nem ao menos conheço.

Droga, Amy, tinha que ter esbarrado nele? A primeira pessoa realmente bonita que você conhece nessa droga de escola, e já chega esbarrando?

O garoto não parece ter se importando, porque começa a rir e fala:

– Você é a Wrenemy, certo? Te vi hoje na aula de inglês. Meu nome é Matt.

Ele abre um sorriso, e eu quase desmaio.

Fico parada e volto a encara-lo, então percebo que deveria estar respondendo, tentando transformar aquilo em uma conversa.

– Amy, meu nome, sim, quer dizer, pode me chamar de Amy.

– Certo, Amy. Então... Você deve ter conhecido o diretor hoje, não é? Ele parece meio maluco, mas depois de um tempo acaba melhorando, ele é até legal.

Ele está tentando puxar assunto? Comigo?

– Conheci, na verdade achei ele engraçado, me contou sobre os pés de galinha da tia dele.

– Com todo aluno novo é a mesma história. - ele ri - Amy, eu estou com um pouco de pressa, mas vai ter uma festa ali em casa, na proxima sexta, e ia ser muito legal se você fosse.

Espere. Agora ele está me convidando para uma festa?

Ele pega a mochila, tira de lá um papel e me entrega. Observo o objeto por um instante, é escrito a mão, tem o endereço e horário da festa.

Tiro os olhos do convite para responder Matt, mas olho para cima e não vejo ninguém.

De jeito nenhum vou a esta festa.

Quando chego em casa, vou pra cozinha e decido fazer alguma coisa pra comer. Pego pão, e passo geleia e manteiga de amendoim.

Estou quase terminando o lanche, quando meu irmão entra na casa. Digo oi, mas ao invés de me responder, ele segue reto e sobe as escadas, se trancando em seu quarto.

Jeremy realmente ficou estranho dês de que papai se foi.
Guardo as coisas na geladeira e subo. Entro em meu quarto, estou começando a me acostumar com isso tudo.

É só quando me jogo na cama, que me lembro do convite de Matt, e de repente sinto uma vontade enorme de ir.

Mas então volto a razão:

De jeito nenhum que eu vou nessa festa, não conheço ninguém! E nunca fui muito de festas mesmo...

Meu telefone começa a tocar, pego e reviro os olhos, Lilith. Atendo no segundo toque.

"Aaaamyy" minha amiga diz na voz mais esganiçada possível "adivinha quem está na frente de sua casa? Euuzinhaaa aqui, então é bom você descer agora!"

Desço as escadas, e abro a porta. Um criatura loira pula em cima de mim.

– Amy! Meu Deus, estava morrendo de saudade!

– Também senti sua falta Lil...

– Quarto. Me conte tudo., Agora.

Já estou cansada desta mania de lilith de falar pausado, mas não digo nada.

Subo as escadas e levo minha melhor amiga até meu quarto, sento na cama e percebo que não a nada importante para contar. Então pergunto a Lili como ela chegou até aqui sozinha, numa terça-feira, enquanto seus pais estão trabalhando.

Ela olha para mim e fala:

– Eu estava sem roupa, sabe como é, e peguei o carro para vir até aqui e fazer compras.

– Você está me dizendo que seu pai emprestou o carro para você fazer compras?

– Bom... Na verdade eu meio que falei para ele que você estava entrando em depressão por ter se mudado, e que realmente precisava de uma amiga para superar o bullying que estão fazendo em sua escola nova.

Não consigo conter um sorriso.

– Você é louca.

– Mas foi uma boa desculpa! E antes que você diga qualquer coisa: eu já fiz as compras Amy, porque sei que você não gosta. Eu já disse que eu sou suuuuuuper querida, não é?! E passei aqui porque, como uma ótima melhor amiga, decidi ver como você estava antes de voltar para casa.

Ela senta ao meu lado na cama, e eu, muito atrasada, percebo que o convite da festa caiu no chão. Claro, não demora nem um minuto para Lil encontrar o papel.

Ela pula encima de mim e dá um gritinho.

– Meu Deus Amy, você tem que ir!

– Nunca.

– Se você acha que não vai nessa festa está enganada.

– Não vou!

– Arg! Então tá!

Ok, isto está estranho. Esta é mesmo a minha Lilith? Porque ela NUNCA desistiria de ganhar uma discussão, muito menos sobre uma festa.

Passamos o resto da tarde assistindo a um dos nossos filmes preferidos, Grease. Quando chegou a hora de Lil ir embora, eu queria implorar para ela ficar, não fazia ideia de que estava sentindo tanta falta de minha melhor amiga.

– Amy. Quinta a noite na sua casa. Festa sexta. Sem discussão.

Dito isto, ela bate a porta na minha cara e eu fico ali parada por uns dois minutos.

É... Esta é minha Lili.