POV NATHÁLIA

Eu só queria ele pra mim, como as ondas são do mar...

Minha vida era tão mais fácil antes dessa mudança toda... Não digo mudança apenas por que me mudei de casa e já moro nesse bairro á cinco meses, mas porque a mudança maior aconteceu dentro de mim... Eu não posso ter me apaixonado justamente pelo namorado da minha irmã. Literalmente eu era muito mais feliz quando não amava...

– Nathália? – meu pai me chama.
– Oi Pai! – respondo.
– Ta fugindo de novo, o que ta fazendo na despensa? – meu pai me olha preocupado.
– Pensando... – respondo com um olhar distante.
– Filha, sinto que você não está feliz. – meu pai se senta ao meu lado me abraçando – Você não está feliz com o bairro novo?
– Não é pelo bairro, aliás, se fosse pelo bairro não seria um problema. É que... – penso muito antes de responder – É que... Ai pai, só estou sensível hoje, e quero ficar só. Obrigada pela preocupação mesmo assim.

Loucura minha pensar que se eu não consigo admitir nem pra mim o que sinto pelo meu melhor amigo, conseguiria falar pro meu pai. Desculpa seu Téo, mais não é dessa vez...
Saio de casa, já que passou da minha hora de ir para o colégio, talvez eu chegue pra segunda aula.

POV ALAN

Eu só queria ela pra mim como as nuvens são do céu...

Um garoto da minha idade deveria ser mais feliz, só acho...
Meu, não sei o que ta pegando, mas tem uma mina que não sai mais da minha cabeça, e o pior de tudo é que ela é minha melhor amiga, e ex-cunhada. Na verdade acho que esse papo de melhor amigo, foi o mais próximo que eu consegui chegar de tudo o que eu realmente quero. Aquele cabelo imenso, loiro, perfumado, aqueles olhos grandes e azuis, aquela boca rosada, aquela pele... Acho que to ficando maluco! Toda vez que alguém me perguntava qual o tipo de garota que me encanta, é a imagem dela que vem na minha cabeça. Mas, de práxi, era obrigado a dizer “Que ela seja igual minha namorada”, quando na verdade eu deveria citar todos os motivos de não querer estar mais com Renata. Nem sei porque demorei tanto pra terminar com ela, quando ela morava longe parecia tudo perfeito, mas agora que ela se mudou pro meu bairro, e passamos a conviver, comecei a conhecê-la de verdade, é uma ótima pessoa, tem tudo o que um cara precisa, mas pra minha namorada? Acho que me precipitei... Acho que durou pelo medo que tenho de ficar só, ou porque acho que poderia fazê-la sofrer, se bem que todos sabem que não nos gostávamos o tanto que deveríamos. Mas enfim, acabou e estamos bem assim. Opa celular tocando...

POV NARRADOR

Alan corre pra atender o telefone. É sua “Best”.
N: Cadê você?
A: Aonde?
N: Esqueceu que tinha que me devolver meu cartão de memória? Ta no seu carro (sim ele dirige mesmo sendo menor de idade, ganhou o carro de presente de aniversário antecipado), e vem logo porque eu to mais que atrasada.
A: Calma aí gatinha.

Alan sai correndo ao encontro de Nathália.

– Onde você estava queridinho? – diz Nathália séria.
– Em casa, me perdi...
– Como? – pergunta Nathália confusa.
– Esquece... Está aqui seu cartão... Ótimas músicas! Obrigada linda!
–De nada.
– Tenho te notado distante. – ele a encara como se quisesse desvendar um mistério através daquele olhar.
– Talvez seja melhor assim... – Nathália fala baixo mas Alan ouve.
– COMO ASSIM? – Alan diz indignado.
– É isso Alan, minha irmã é muito ciumenta e... Eu acho melhor a gente se afastar. Eu não quero problema.
– Você como minha melhor amiga deveria saber que entre eu e sua irmã não rola nada sério.
– Ah, eu percebo mesmo, aliança, viagens, namoro de mais de 5 meses, com direito a pedido de namorado oficial... Realmente. – Diz o ironizando –Eu com certeza não denominaria “Relacionamento sério” uma relação como a de vocês.
– Como eu disse: “Não rola nada sério”, porque terminamos ontem. E quer saber? To muito bem. Há muito tempo tem alguém rondando meus pensamentos, e essa pessoa não é sua irmã. Acredite. – Alan diz deixando Nathália extasiada.
– E quem... É, quer dizer... Olha, não vou ficar aqui pra ouvir, estou atrasada. – diz desconcertada, não sabia se ficava feliz, curiosa, ou mais confusa.
– Isso você tem razão, não vai chegar nem pra última aula.
– QUE DROGA ALAN! – ela sai correndo pra casa.

POV NATHÁLIA

Quem será a da vez? ...
Vou pego meu violão e começo a tocar e canto:

“When you cried I'd wipe away all of your tears

When you'd scream I'd fight away all of your fears

And I held your hand through all of these years

But you still have all of me”