A Casa Ao Lado escrita por LittleAliceTrain, Jeane


Capítulo 6
Sonho


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei um bocado pra escrever. Eu estou no terceiro ano, entendam. Esse ano ta sendo péssimo. Eu não pretendo abandonar A Casa Ao Lado, mas também não prometo postagens regulares.

Amo vocês.
Sua, etc.
Little Train.



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Acordo com a minha cabeça dolorida e pesada. O quarto esta na penumbra, nenhuma luz entra pela janela aberta. Faço força e me sento na cama. Não me lembro de muita coisa. Lembro de falar com a Liz pela manhã e depois... nada. O relógio ao lado da cama marca as três horas da manhã. A casa esta silenciosa, todos devem estar dormindo. Me sinto como se tivesse apagado por horas, como aconteceu na primeira vez que fiquei de porre. Também não consigo me lembrar de absolutamente nada do dia anterior. Me sinto exausta.
Pego um pijama limpo da gaveta e me dirijo ao banheiro tentando fazer o minimo de barulho possível. Tomo um banho rápido e volto para o quarto. O sono não volta comigo. Me deito e tento pensar no que esta acontecendo. Não me lembro de voltar pra casa, na verdade, não me lembro nem de ter saído. Apesar de forçar minha mente ao máximo, também não me lembro do conteúdo da conversa que tive com Liz. É como se um dia inteiro da minha vida simplesmente tivesse passado num borrão. Resolvo pegar um livro para esperar pelo sono, mas não consigo me concentrar nas palavras. Percebo que uma chuva fina cai la fora e assim como a chuva lenta, um pensamento volta a minha cabeça. Caleb... Algo me diz que ele não é uma boa pessoa, que eu não devia confiar nele. O grito estranho na noite passada, ele me escoltando de volta pra casa, a pergunta não respondida e seu modo quando foi embora apenas confirmam meus instintos.
Desisto do livro. Procuro meu ipod, seleciono uma musica aleatória e encaixo os fones nos ouvidos. Muito lentamente, minhas pálpebras pesam e finalmente mergulho novamente no sono.

...
E eu sonho.
Estou correndo para o jardim. Ouço passos apressados atras de mim. Estou descalça e meus pés estão em carne viva, mas mesmo assim corro o mais rápido que posso. Assim que entro no caminho rochoso do jardim, as arvores se movem e formam uma barreira me prendendo em uma especie de clareira. Esta escuro e os passos cessaram. Ouço uma risada, depois um grito. O chão começa a girar e eu caio no chão de pedra, ralando meus joelhos. Quando tudo para, as arvores se movem novamente e os galhos curvos criam um portal. Me levanto e caminho até ele e o atravesso. Desemboco em um quarto mal iluminado, construído de pedra crua. Imediatamente o portal se fecha as minhas costas.
Descubro a fonte da risada. Há uma garota a minha frente e ela esta rindo histéricamente. Reconheço-a como sendo a garota da casa vizinha. Ela se vira e anda na minha direção, mas parece não notar a minha presença. mesmo assim, me espremo na parede dura que ates fora um portal.
Ela se vira e olha para a parede oposta a minha que esta coberta pela penumbra
– Não sabe de nada? - ela ri novamente - A sua mentira me enoja, sabia?
Não há resposta, só um soluço fraco.
– Agora esta chorando!? - exclama.
Ela vai até o outro extremo da sala e entra na penumbra, ela faz alguma coisa e em seguida alguém solta um grito. Ela gargalha de novo. Ela volta e pega um castiçal e acende suas velas numa tocha na parede. Quando volta, o horror me atinge: uma garota esta amarrada a uma cadeira. Seus olhos estão arregalados e seu rosto esta molhado pelas lagrimas. A garota encontra meu olhar e o sustenta.
–Me ajude - ela sussurra.
A garota é Elizabeth.

...

Acordo sobressaltada, com meu coração disparado. Meu pijama esta coberto de suor. O dia já amanheceu e esta calor. A janela ainda aberta sopra uma brisa quente e rançosa com cheiro de mato em decomposição. Me levanto rapidamente e saio correndo do meu quarto, entro no corredor e em seguida no quarto de Liz, sem ao menos bater na porta. A cama esta imaculadamente arrumada. Saio e vou até o banheiro. Nada de Liz. Desço as escadas correndo até a cozinha. Mamãe e Papai estão tomando o café da manhã tranquilamente. Quando me veem se assustam.
– Aonde esta Elizabeth? - pergunto tentando recuperar o folego.
– Querida, você esta bem? - Pergunta meu pai cauteloso.
– Sim, sim, estou. Aonde está Liz? - insisto.
Os dois trocam um olhar preocupado. Meu pai se levanta e vem até mim.
– Achei que isso já tinha parado faz tempo, Zoey. - ele me diz.
– Isso o que? - falo encarando-o.
– Essa conversa sobre Elizabeth.
– Pai, onde ela esta? Tive um sonho horrível e... Por que você não me responde?
– Você sabe, querida. Isso já era pra ter parado a muito tempo. Quer que marcamos uma consulta para você? Tem uma psicologo ótimo...
– Psicologo? Por que eu iria precisar de um? Eu só quero saber onde minha irmã esta! - As lagrimas começam a descer dos meus olhos.
Minha mãe se levanta da mesa e me abraça.
– Querida... Liz não existe. Ela é só fruto da sua imaginação. Vocês eram grandes amigas quando você era criança. Achei que tinha superado...
– Elizabeth é o que? Não, mamãe. Liz é sua filha. Você não pode ter se esquecido dela!!! não pode!
Me desvencilho do seu abraço. Ela me lança uma olhar que mistura pena e preocupação. Mais lagrimas rolam dos meus olhos.
– Pai... ela não.. n-não pode estar falando a verdade - digo em meio de um soluço - m-me diga que você sabe o que eu estou falando, pai. Onde ela está?
Meu pai me envolve com os braços e afaga meus cabelos de maneira carinhosa.
– Sinto muito, meu amor.

Me solto dele também e subo as escadas correndo de volta. Entro no quarto de Liz, completamente arrumado e sem decorações, bem diferente do que eu me lembrava. Abro o guarda roupa ele me encara vazio. verifico as gavetas do criado mudo. Também vazias. Encaro a cama feita e me jogo nela e escondo minha cabeça nos travesseiros tentando buscar desesperadamente qualquer resquício do cheiro da minha irmã, mas não encontro nada. Me encolho nos lençóis e deixo o medo me consumir. Grito e choro até sentir os braços de meu pai me envolver e me levar para o meu próprio quarto. Ele não diz nada e se senta sobre a cama. Ele me embala como a um bebê.
– Sinto muito, querida – diz por fim.
– Okay – me obrigo a dizer.


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Notas finais do capítulo

E é isso. Desculpem qualquer erro, ok.
Sim, A Liz sumiu... NOT SPOILER!



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