Era Natal. Luzes em todo lugar, pinheiros enfeitados com laços e bolas coloridas, são as árvores de Natal, planos sobre a noite que estava por vir, pessoas falando aqui e ali o que farão para a ceia da tão esperada meia-noite.

Ninguém pareceu notar no cadáver pendurado no único pinheiro não decorado da vila. Talvez tenha sido por isso, as luzes de Natal ofuscaram aquela árvore. A árvore-forca.

Aquele corpo não fora deixado lá por acaso, era um lembrete. A regra era clara: os criminosos levados à forca deviam permanecer lá por um dia inteiro, seu corpo exposto à vergonha, humilhado. Era um aviso às pessoas, para que soubessem o que aconteceria à honra de alguém que viesse a cometer crimes tão terríveis que fosse colocada na árvore-forca.

Mas, com as festividades de Natal, não tirariam aquela pessoa dali dentro de um dia, demoraria mais até que os guardas terminassem de comer e confraternizar com suas famílias e amigos.

Família e honra não eram coisas com que Lucy precisasse se preocupar. Era sozinha no mundo e mal falada em sua vila. Todos falavam que ela era uma promiscua, uma mulher da vida, uma prostituta. Mas mal sabiam essas línguas que Lucy só havia se entregado a um homem em toda sua vida. E ela o observava agora.

Estava sentada próxima a um poço, olhando fixamente para a árvore-forca, a uma distância segura para observar o Jacques, que era o nome do defunto que pendia sem vida no pinheiro.