Holy Sins escrita por itsinthewaterb, posledozhdya


Capítulo 3
II




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            - Vai lá na sede? Tem certeza disso, Anita? - Adele estava certa de que aquilo era burrice, e talvez fosse, mas por algum motivo Anita sentia que precisava saber mais do rapaz, sentia que precisava conhecer aquele anjo, e ao mesmo tempo sentia que já o conhecia; estava confusa.

            - Ele é um anjo, Adel! - procurou explicações para o que iria fazer. - Preciso saber do ponto fraco dele e tudo mais ... Eu nunca matei um anjo forte desse jeito. - pronto, Adele ia cair.

            - Tudo bem, qualquer coisa te aviso, eu cuido de tudo, pode deixar. - sorriu, abraçando a irmã. - Ah, e vê se não arruma encrenca por aí! - riu, enquanto a irmã descia as escadas correndo.

 

 

***

 

            Ela odiava aquele lugar, odiava as pessoas, odiava o ambiente, e acima de tudo, odiava como era tratada ali. Como estava indo pro centro da cidade, ela achou melhor ir de moto, seu xodó, vermelha e cheia de desenhos de caveiras, a sua cara. Em pouco tempo estava em frente daquele prédio cinza e sujo, horrível por fora. Desceu da moto, guardou o capacete e meteu as chaves no bolso do casaco de couro. Ela sabia que, no instante que entrasse ali, iria começar a carnificina. E começou. Todos os palavrões, todas as frases de mal gosto e piadinhas de sempre. Ela preferia não escutar, tentava fechar a mente para aquele monte de baboseiras, tentava ignorar o animal dentro de si, outra vez furioso e pronto para atacar. Mas as vozes não pediam licença, elas entravam, a chicoteavam sem nenhuma piedade, e quando Anita estava quase se convencendo de que era mesmo tudo aquilo, um vulto de óculos e sorridente a abraçou.

 

            - Any! - ele riu.

            - Otto. - ela respondeu, sorrindo, e aceitando o abraço do amigo, uma salvação e tanto, ela quase havia se condenado.

            - Você não vinha aqui há tanto tempo ... Como estão indo as coisas? - ele puxou uma cadeira, fazendo sinal para ela se sentar, ela obedeceu, respirando fundo e tentando resgatar a sanidade que ainda lhe restava.

            - Não sinto muita necessidade de vir aqui, todos são avisados de suas missões em casa mesmo. Mas hoje vim buscar informações sobre um serviço que eu tenho que fazer ... - comentou, não sabia porque contava as coisas aos pedaços, um pedaço à Adele, outro à Otto, talvez fosse sua maneira de esconder as coisas sem parecer que estão escondidas.

            - Eu não recebo missões há um tempo ... Ainda estou naquela minha pesquisa ... - ele olhou para os colegas, se certificando que ninguém estava prestando atenção, e abaixou o tom de voz. - Sobre os Ets. - sorriu. Anita também. Ele era um bom rapaz, mas jamais havia visto sequer um ET e continuava com a obsessão, ela queria acreditar assim nas coisas que ela não via, pelo menos uma vez. Talvez se ela anotasse tudo que acha de bom nos outros e tentasse mudar, ela conseguisse ser uma humana melhor, talvez ela conseguisse ser aceita pelo pai.

            - Entendo ... Nada ainda? - perguntou sorrindo, Otto era uma ótima companhia, pena quem nem todos o encarassem assim.

            - Consegui, novas pistas, aparições, estou quase conseguindo contato ... - seus olhos brilhavam como os de uma criança quando ganha um doce.

            - Claro, quando conseguir me avise, quero mesmo sair pra jantar com um deles. - ela brincou, piscando o olho direito para Otto, ele colocou a língua para ela e riu também. Foram interrompidos por uma voz feminina.

            - O senhor Richard já pode atende-la, Senhorita Anita. - a secretária chamou-a, entrando outra vez na sala do pai de Anita. Na Organização, só Senhor Richard Louvain para ela.

            - A gente se vê, Otto. - ela se levantou da cadeira, mandando beijo para o rapaz que acenou em resposta.

 

            Caminhou até a porta, com um certo ar de respeito, mas depois que ela foi fechada  deixou-se relaxar um pouco, jogando o casaco na cadeira e sentando-se em seguida. Fitou o homem de cabelos grisalhos outra vez, seu olhar era firme e penetrante, o olhar de sempre. Anita sentiu que precisava tomar cuidado com o que dizia, o olhar do pai arranca qualquer tipo de segredo.

 

            - O que quer agora, Anita? - voltou a olhar uns papéis, como se fizesse pouco caso da garota ali, ela mordeu o lábio inferior, raiva.

            - Tudo que for possível descobrir sobre a minha missão. - afirmou, sem se alterar, estava ficando boa nessa coisa de esconder os sentimentos.

 

            E o silêncio pairou por uns instantes, um silêncio ensurdecedor, e instantes que pareceram horas, até que Richard entregou um papel à Anita, sem nem olhá-la. Pegou o telefone sobre a mesa, levando-o ao ouvido.

 

            - Próximo compromisso, Senhora Green. - Anita pegou o papel, e sem nem olhar para trás, pegou seu casaco e saiu soltando fumaça dali. Ele fazia isso de propósito?

 

            Caminhou até o lado de fora daquele prédio horrendo, e ficou fitando o papel, e as informações que haviam dele. “Nome: Christian Davis, Idade aparente: 18 anos, Idade do término do crescimento: 23 anos, Raça: Anjo” Haviam mais outras descrições, que ela ignorou por completo, e um endereço logo abaixo, o endereço de sua casa, o lugar que ela já havia estado. Resolveu ir lá outra vez, não tinha idéia do que faria depois com o garoto que ela queria conhecer porque tinha a impressão de já tê-lo visto, e também queria matar, para poder provar ao pai que era boa o suficiente para ser considerada humana.

 

 

***

 

            Vazia, era como a casa estava, sem nenhum movimento, nenhuma luz, nenhum sinal daquele anjo. Anita tentava imaginar aonde achá-lo enquanto pensava em o que iria fazer quando o encontrasse, a confusão era sua parceira sempre, nunca a abandonava. Ela bufou, cansada, foi quando viu um grupo de amigos caminhando pela rua, festejando... Claro! O festival. Ela se levantou dos degraus da porta da frente da casa do rapaz e saiu correndo, seguindo o grupo.

 

            Estava quase tropeçando nos próprios pés, odiava andar e agora corria, corria por um anjo, um anjo chamado Christian. Foi quando quase caiu que percebeu que estava sozinha, enquanto havia uma multidão à sua frente. Um emaranhado de pessoas e de pequenas barracas formava um grande caldeirão, fervente, fervente em calor humano. E havia o calor de um anjo ali.

 

            Ela atravessou toda aquela droga de festival, estava quase desistindo, quando avistou uma figura de cabelos brilhantes e olhos claros. Era ele! Sentiu seu coração disparar, o esforço finalmente valeu à pena. Estava tão vidrada naquele vulto perfeito que não viu quando esbarrou em um outro cara, e ele começou a segui-la. Foi só o cheiro forte de álcool que conseguiu fazê-la se virar e perceber, agora não era só um, e sim um grupo, 4 homens, seguindo-a descaradamente. Anita apressou o passo, tentando encontrar outra vez o anjo, mas quando se deu conta, havia perdido ele de vez, e estava em um beco sem saída, com aqueles caras parados na única saída. Aquele gosto do medo estava em sua boca outra vez, suor. Mas ela não estava com medo, bom, não deveria estar, eles eram só humanos ...

 

           - É um espetáculo, concorda? - um dos brutamontes disse pro outro, que afirmou com a cabeça e riu. Patéticos.

            - E podemos fazer o que quisermos. - o outro sorriu. Anita sentiu um calafrio  percorrer seu corpo, que droga era isso? A raiva fervia, borbulhava, preenchia seu rosto, manchado pelo suor. Onde estava o anjo?

            - Por que vocês não calam as bocas malditas e não se mandam? - ela quase gritava, vomitando as palavras com um horror imenso. Todos riram. O maior se aproximou, tentando agarrá-la pela cintura. Ela sentiu outra vez o cheiro de álcool.

            - Ssshhiiu, gracinha, não queremos ninguém para atrapalhar... Não é? - o sorriso mostrava os dentes amarelos, e a luz que batia contra os olhos do rapaz revelava a natureza de seus pensamentos. O ódio atingiu o ponto de ebulição.

 

            As asas negras se abriram como um leque, o contorno de seus olhos começou a ficar negro, enquanto os olhos se pintavam completamente de um vermelho sangue. Todos os rapazes se assustaram, mas o que estava mais perto sorriu, mesmo assustado, como um pequeno aviso de “Eu volto pra te buscar.” e saiu correndo com os outros.

 

            Ela sentiu um baque, os joelhos haviam achado o chão, seus lábios estavam secos e as asas enormes e negras balançavam vagarosamente, cansadas. Ela suspirou e se levantou, escondendo as asas outra vez.

 

            - Rasgou a blusa, Anita. Mais uma ... - comentou consigo mesma, tentando esquecer tudo aquilo. E decidiu ir pra casa, deixaria o anjo para outra hora.

 


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Notas finais do capítulo




Letty: é, acho que um capítulo por semana não é ruim... não dá pra reclamar que demora pra postar, certo? :B
afinal, tem alguem lendo essa fic mesmo? 3 reviews no prólogo, nenhuma no capítulo um... mas segundo o Nyah, 35 pessoas lendo Oõ
mas ok, ok... não vou reclamar u.u'
capítulo 2 postado, esperamos que gostem *__*

Bia: cadê os reviews, seus monstrinhos de água doce? ò.Ó ainda estamos esperando, er u.ú
escrever não cai a mão, se cair existe super bonder é pra isso -q
enfim, espero que quer ler goste. '-'



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