I can't say goodbye escrita por Cat


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, boa leitura.



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24 de dezembro de 2013

Hoje é meu aniversário e véspera de natal, mas a única coisa que vem na minha cabeça agora é a minha vontade de bater no meu lindo irmão mais velho que resolveu me acordar com um barulho muito irritante: o som de uma colher de pau se encontrando, brutalmente, com uma panela. O engraçado é que ele faz isso todo ano no meu aniversário.

- sabe, não sei como esqueço de trancar minha porta mesmo sabendo que você sempre faz isso no meu aniversário. – disse me sentando na cama vendo meu lindo irmão sentado no chão com a panela na cabeça.

- você fez isso esse ano, Emma. O que me faz lembrar que eu tenho que te matar por ter me feito sair de casa uma hora dessa da manhã para pular sua janela.

- não creio, Liam Alexander Mendes saindo uma hora dessa só para pular a janela do quarto da irmã? Nossa, tá de parabéns, mas achei muito desnecessário. – disse rindo e deitando de novo.

- fiz isso só porquê é você. – ele falou se levantando do chão e vindo se deitar na cama. – feliz 16 anos, pirralha. Que fique mais inteligente a cada ano que passe, e que consiga entrar para Harvard.

- obrigado. – disse o abraçando. – onde está meu presente? – perguntei me sentando e olhando para ele.

- está com Sophia que está na porta do seu quarto esperando que eu abra a porta. – ele respondeu ainda deitado.

- Alex. – disse tacando uma almofada nele.

- o que foi? – perguntou se sentando.

- você deixou a nossa irmãzinha de três anos esperando na porta? – disse me levantando e indo abrir a porta, só pude ver ela com uma panela e uma colher de pau na mão.

- não se atrev... – ia continuar mas ela me interrompeu, começando a bater a colher na panela.

- FELIZ ANIVERSÁRIO, IRMÃ. – os dois gritaram para mim.

- legal, mas onde está meus presentes? – perguntei me deitando na cama novamente.

- vá comprar. – respondeu Sophia, o que resultou com o Alex segurando a risada.

- está muito atrevida, não?

- não. – ela me respondeu de novo, mas dessa vez ela respondeu indo para de baixo das minhas cobertas.

- isso mesmo, Sophia. Tem que mandar ela ir comprar o presente, está certa.

- Alex. – o repreendi.

- o que? – ele perguntou se deitando na cama, deixando Sophia entre nós dois. – qual é, Emma? Sophia é só uma criança, não sabe de nada.

- sabe de nada inocente. – Sophia disse tirando a cabeça do cobertor.

- viu? – disse me referindo a resposta que ela tinha dado.

- deixe de ser chata, Em. – meus irmãos falaram pra mim.

- chato são vocês. – disse me levantando e indo na direção do banheiro.

- parabéns pra você. – Alex começou a cantar pra mim em quanto escovava os dentes.

- ALEX, PARE DE FILMAR, ESTOU OCUPADA. – disse assim que me virei e vi que ele estava gravando, provavelmente fazendo um vine.

Alex é uma das pessoas que eu mais amo no mundo, porem odeio quando ele fica fazendo vídeos meus enquanto faço coisas constrangedoras, por exemplo: quando estou escovando os dentes. Ele faz vídeos e posta no seu canal do YouTube, assim como eu, mas ele começou a fazer isso quando ficou famoso no vine.

- MÃEEE. ALEX TA FAZENDO VINE MEU ESCOVANDO OS DENTES. – gritei saindo do banheiro.

- É MENTIRA, MÃE. – gritou de volta. - pare de me dedurar, sua chata. – essa parte ele falou só para mim.

- PAREM DE BRIGAR, CRIANÇAS. VAMOS NO SHOPPING COMPRAR PRESENTES DE NATAL, ENTÃO SE APRONTEM. – minha mãe gritou de volta, provavelmente na cozinha.

***

- mãe, Josh nos chamou para ir na casa dele almoçar, os meninos estão lá hoje. – disse quando eu acabei de ler a mensagem que o mesmo tinha acabado de me mandar.

Josh e eu somos melhores amigos desde criança, mas agora ele mudou de cidade e quase não nos vemos.

- seu pai está chegando hoje, filha, acho melhor não. – respondeu minha mãe, sem tirar os olhos da estrada.

- vamos só dar uma passada lá, mamãe, por favorzinho. – implorei a minha mãe.

- só se seu irmão levar.

- Alex, você está tão lindo hoje. – disse tentando fazer chantagem nele.

- então eu era feio? – ele perguntou entrando no jogo.

- não, é que você está mais magro.

- então eu era gordo? – estava me segurando para não rir.

- como você está difícil hoje em? – disse me emburrando.

- então eu era fácil? – ele disse fingindo indignado.

- vai a merda. – disse não prestando atenção na palavra feia que eu tinha acabado de falar.

- Emma, olha os modos, sua irmã está no carro. – repreendeu minha mãe.

- desculpa. – disse me arrependendo.

- eu levo. – Alex quebrou o silencio que havia se estabelecido no carro após eu ter levado uma bronca.

- leva pra onde, criatura? – perguntei confusa.

- para a casa do seu namoradinho. – respondeu o mesmo.

- Josh não é meu namorado, só é meu amigo.

- ta, não importa, mas eu levo.

***

É maravilhoso reencontrar os amigos, mas eu tinha que ir para casa para o meu almoço de aniversário e para encontrar meu pai. Assim que me despedi de todos sai da casa do Josh, acompanhada do meu irmão, que me ajudava a carregar os presentes que havia ganhado.

- todos no porta mala? – perguntou Alex assim que eu dei o ultimo presente para ele.

- pelo visto, sim.

- então vamos.

- okay. – disse entrando no carro.

Enquanto Alex dirigia eu parei para observa-lo. Ele cantava uma música horrível, que foi feita para o filme ‘as branquelas’. Ele algumas vezes tirava o olhar da estrada e olhava para mim e um leve sorriso aparecia no rosto dele, e o sorriso era lindo assim como todos os outros. Meu irmão tem 16 anos, assim como eu, mas ele faz 17 dia 3 de janeiro.

Ele sempre se importou tanto comigo, e eu sempre com ele. Eu não sei o que seria de mim sem ele, não gosto nem de pensar o que seria de mim sem ele.

- chegamos. – Alex disse me tirando dos meus pensamentos.

- me ajude a tirar os presentes e levar para dentro. – e assim ele fez, me ajudando com os presentes que meus amigos tinham me dado.

- Emma, eu comprei um presente pra você, mas eu ia pegar ele hoje de manhã, porem você me fez ir na casa dos olhos azuis, então eu vou buscar ele agora. Pega – ele disse me entregando um envelope branco. – esse é o primeiro presente, vou buscar o segundo.

- obrigado. – disse pegando o envelope da mão dele. – eu te amo, Alex.

- eu também te amo, pirralha. – ele falou me abraçando, e eu não sei porque, começamos a chorar. – pare de chorar, você está me fazendo chorar.

- minha nossa, por que estamos chorando? – disse não querendo me soltar dele, como se fosse acontecer algo ruim com ele.

- eu não sei. Mas agora entre que eu vou buscar seu segundo presente. Eu te amo, pequena. – assim que me soltei dele, veio um aperto no meu coração, e uma lagrima escorreu do meu rosto lentamente.

Entrei em casa e subi as escadas correndo, pegando meu computador e entrando no YouTube e colocando uma música qualquer para tocar. E abri o envelope que meu irmão havia me dado.

(n/a: coloquem Human da Christina Perri)

“Irmãzinha, tenho que te falar que você foi a melhor coisa que já entrou na minha vida. De todos os presentes que podia ter recebido, você foi o melhor presente de natal de todos.

Suas risadas viraram as minhas. Quando tenho alguma decisão lembro-me de você e sempre te coloco na frente delas. Dentro desse envelope tem a minha carta de aceitação para a faculdade de direito em Los Angeles, mas eu não poderia ir e ficar com você na minha cabeça, não poderia ir e ficar pensando que eu estou deixando um pedaço de mim para trás.

Dentro desse envelope também tem um exame que eu fiz por causa das minhas constantes dores de cabeça na nuca, papai e nem mamãe sabem que o resultado saiu, muito menos nossa pequena Sophia, só você, mas na realidade não queria que ninguém soubesse, muito menos você.

Hoje é seu aniversário, e o melhor presente que eu sei que você iria querer era sua câmera. Poxa vida, se eu não desse essa câmera a você sei que iria encher meu saco até minha morte, por isso vou te dar o melhor presente de todos, e além dela eu fiz um vídeo de dedicatória para você, ele está no meu canal no YouTube, espero que goste.

Parabéns, pirralha, hoje é seu dia.

xxLiam Alexander Mendes.”

Eu apenas joguei essa carta para os lados enquanto as lagrimas já escorriam do meu rosto, e comecei a procurar o exame. Ele estava logo atrás da carta de aceitação da faculdade.

No início o exame falava nada de importante, mas no final estava lá, escrito que ele está com quatro tumores no cérebro, e que seria difícil ele conseguir remover eles, já que descobriu muito tarde a existência deles.

Meus soluços não podiam mais ser controlados, muito menos as lagrimas. Desci as escadas correndo, com a esperança de que assim que eu chegasse no andar de baixo, Alex estivesse lá com o seu sorriso no rosto, mas não, a única coisa que eu encontrei foi minha irmã assistindo televisão e meu pai penteando o cabelo da mesma. Corri para a cozinha e assim que cheguei lá, pude ver minha mãe conversando no telefone, e até mesmo um cego conseguiria ver que ela estava chorando.

- tudo bem, vamos para o hospital imediatamente. – após ela falar isso meu coração só apertou mais.

- mãe, me diz que não é o A-Alex. – minha voz saiu tremula, e o choro só aumentou por ter pensado que algo poderia ter acontecido com ele.

- filha, e-eu lamento. – minha mãe já estava chorando igual a mim. Após ela ter dito isso, eu caí no chão e comecei a chorar.

- HARRY. – escutei minha mãe gritar sentando-se ao meu lado e me acompanhando no choro.

- papai está no escritório, mamãe. – Sophia disse entrando na cozinha, e quando nos viu chorando fez uma cara de preocupada. - por que estão chorando? Hoje é seu aniversário, Em. Não pode chorar. Vou chamar o Liam para te acalmar. – eu escutar Sophia falando que ia chamar o Alex meu choro só aumentou, só ela o chamava assim, só ela estava calma.

Levantei do chão aos prantos e corri para o escritório do papai. Entrei sem bater e meus olhos o procuraram, procuraram por ajuda.

- filha? Está tudo bem? – meu pai perguntou se levantando de sua cadeira, eu apenas corri e o abracei. Meu choro só aumentou, se isso era possível.

- pai, o-o Al-alex. – eu não conseguia nem falar.

- o que aconteceu? – pude perceber que meu pai entrou em desespero.

- duas coisas. Uma eu não sei, mamãe que sabe, mas é um acidente, e-eu tenho cer-certeza. – disse tentando me acalmar.

- e qual é a outra? – pude ver lagrimas escorrendo dos olhos do meu pai.

- os exames dele saiu, e el-ele e-está com qua-quatro tumores no cérebro. - pude ver meu pai entrando em desespero.

- Harry, vamos no hospital agora. – minha mãe entrou na sala do meu pai com os olhos e nazi vermelhos, mas ela não está mais chorando.

- filha, fique em casa com sua irmã. – disse meu pai.

- o que? – perguntei e as lagrimas ainda escorriam pelo meu rosto. – ele é o meu irmão, e eu preciso vê-lo.

- sua irmã tem que ficar com alguém. – falou minha mãe.

- Josh. – falei encontrando a solução.

- okay, mas nos encontramos lá.

- tudo bem. – disse saindo do escritório e indo para o meu quarto.

Comecei a procurar uma roupa, acabei pegando uma regata e um short, não está tão ruim para ir ao hospital. Peguei meu celular e 20 dolas e sai com minha irmã de casa.

- Emma? – foi a primeira coisa que o Josh falou assim que abriu a porta.

- Josh, me desculpa está incomodando, mas tem como ficar com a Sophia? Eu preciso ir no hospital, mas depois te explico.

- tudo bem, boa sorte.

- obrigado.

- tchau irmã. – Sophia disse olhando para mim.

- Soph – me abaixei e comecei a falar. – não importa o que aconteça, vai ficar tudo bem, vou ficar sempre com você. – disse a abraçando.

- deixe de ser boba, sempre vamos está juntas, eu você, mamãe papai e Liam. – assim que ela disse o nome do nosso irmão pude sentir as lagrimas voltarem a escorrer pelo meu rosto. – não chora, Em. Eu te amo. – Sophia beijou minhas lagrimas e eu a abracei forte.

- e-eu também te amo. Agora fique com o titio Josh que eu vou voltar para te buscar mais tarde.

- okay.

***

O transito estava insuportável, e assim que o taxi parou eu o paguei e sai correndo para dentro do hospital, pude avistar de longe minha mãe chorando com meu pai.

- Responsáveis por Liam Alexander Mendes? – um homem, o que eu aposto que era o médico, perguntou chegando na recepção, automaticamente nós três levantamos.

- como ele está, senhor? – perguntei me aproximando.

- você é a namorada dele? – idiota.

- não, sou a irmã.

- wow. Me desculpe, senhora. Vai ser uma notícia chocante para todos. – pude ver a tristeza no olhar do médico. Não. Não. Não.

- ele, e-ele, não pode ser. – comecei a andar em círculo e chorar de novo. – co-como?

- ele tinha que fazer uma cirurgia, mas ela não teve sucesso. – entrei em desespero agora. Tinha que ser no meu aniversário? Tinha que ser com o meu irmão?

- NÃO. – eu estava em negação, não consegui aceitar.

- senhor, mas o que aconteceu? – minha mãe perguntou tentando ser forte.

- foi um acidente de carro. – pude ver que meu pai estava chorando. – no carro tinha isso. – ele disse mostrando uma câmera profissional, meu choro não podia mais ser controlado, ele morreu voltado pra casa, voltando para entregar meu presente. – um camião acertou o Impala, e foi na porta do motorista, o que acabou o acertando também.

Eu não conseguia mais escutar nada, sai dali o mais rápido possível. Eu simplesmente não consigo aceitar isso, é tudo minha culpa, tudo culpa do meu presente bosta. Peguei meu celular e disquei o número que estava na minha discagem rápida.

- como você pode? – tinha ido para a caixa postal. – você não pensou em como eu ia ficar sem você, Liam Alexander Mendes? Você não pensou se eu iria ficar em negação sim o não? Sabe, tudo isso é minha culpa. Se não fosse pelo meu presente nada disso teria acontecido. E sobre a faculdade, acabei que nem te deu os parabéns. – comecei a tremer. – e sobre os tumores, venceríamos isso juntos, Alex. Sophia tenta ajudar, mas ela nem sabe o que realmente está acontecendo, o que me faz sentir pena dela, pois ela vai sofrer. – comecei a pensar na minha irmã. – sabe, eu não precisava de presente, só de ter você me acordando e batendo a colher na panela já teria me feito feliz, na verdade me fez feliz. Eu te amo, Alex. Nunca vou te esquecer.


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