The Last Taste - Season 2 escrita por Henry Petrov


Capítulo 1
The Awakening


Notas iniciais do capítulo

OI SEUS LINDÕESBom, olá pra você que tá lendo agora. Como tá meio óbvio no título, essa é a continuação, beleza? Tem uma primeira temporada de 40 capítulos e, cá estamos nós, de volta com a segunda temporada de The Last Taste! Olha, a sinopse não ficou a das melhores, sei disso, mas essa temporada promete. Não sei vocês, mas esses vinte dias sem postar me pareceram um ano, mas tudo bem. Nessa segunda temporada, eu espero muito que vocês gostem, espero mais favoritos do que a primeira temporada, mas enfim. Espero que vocês gostem. Bom, era só isso. Boa Leitura (:



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Meus ouvidos estavam o mais apurados quanto eu podia. Meu olfato e sentidos estavam acentuados e na constante procura por qualquer sinal de presença sobrenatural, mas eu não senti nada.

Se fosse de minha escolha, o último lugar em que eu procuraria seria num beco. Mas lá ocorrera o último ataque. Ao longo das paredes, havia grandes lixeiras e caixas, sem falar no forte cheiro de enxofre, chorume e fezes. Um beco pode ser em Londres, mas ainda é um beco.

–Ousado, vir aqui.

Virei–me o mais rápido possível.

Um homem, de blusa preta e calças jeans, me observava de braços cruzados. Seus cabelos pretos e lisos lhe davam um ar de poder.

–Quem é você? – perguntei, preparando–me para o ataque.

–Uriel. – disse ele, colocando as mãos nos bolsos. – E vim avisá–lo que isto não pode continuar.

Suspirei. Era a quarta vez que um anjo aparecia para me dizer que deveria parar de recrutar.

–Não importa o quanto o seu mestre precise de soldados, não permito que inocentes sejam machucados. – ele continuou. A nobreza pingava de suas palavras.

–Você é um anjo. – disse, estreitando os olhos. – Meio–Anjo, Meio–Humano. Seu nome com certeza não é Uriel. Assim como você provavelmente não sabe meu nome.

Ele ergueu uma sobrancelha.

–Meu nome na verdade é John, mas isso não me importa. – ele falou, dando alguns passos a frente, o hálito frio fugindo de suas palavras. – A mim coube esse nome pois meu mestre o deu para mim. E não, não sei quem você é ou estou interessado em saber.

–Então quando você voltar para sua casa celestial, mande um recadinho para ele: Ele não é Deus. – disse, sorrindo. – Ah, e diga que foi Peter Roman quem mandou.

Antes que o desespero tomasse conta dele, pulei do chão e caí sobre John, quebrando seu pescoço antes que ele tivesse qualquer chance de revidar. Ele caiu “morto” no chão, como um boneco cujas pernas foram cortadas.

Cutuquei–o com o pé. Suspirei, olhando para os lados.

–Isso é que não pode continuar.

Então, andando, voltei para casa.

–Nada?

–Nada.

Kaitlyn jogou seu livro sobre a mesinha de centro, sentando–se para me observar.

–Tudo que achei foi um anjo convencido. – falei, deitando no divã.

Ela ergueu uma sobrancelha.

–Miguel chegou nele primeiro. – disse, cortando suas esperanças.

Kaitlyn era uma menina legal. Expulsa de casa depois de sair do armário, virou vendedora de roupas em uma loja de Londres. Recrutei–a uma semana depois de chegar à Europa. Foi uma das minhas poucas aquisições. Junto a ela, encontrei Gale, Will e Sarah. Descobri Kaitlyn quando a vi ser atropelada, mas se levantar sem arranhão algum. Era um demônio, assim como eu. Gale, depois de uma explosão em uma boate e ele foi o único a se manter de pé. Testemunhas juraram ter isto asas nele, só para constar. Gale era um anjo. Will tinha catorze anos, descobri seu Poder depois que ele foi revelado como o único sobrevivente em um ataque dentro de sua casa. As autoridades alegaram ter sido uma tentativa de assalto, da qual apenas o menino sobrevivera. De acordo com as informações que reuni, o menino tinha constantes confrontos com ambos pais e irmãos. Vamos dizer que ele tinha uma droga de vida. Vai saber como do nada, facas são atiradas e apenas Will sobrevive. Will, pelo que pude deduzir, era um bruxo. Sarah sobreviveu a uma superdose, tipo, bem overdose mesmo. Fumou demais, ninguém sabe como ela sobreviveu. Eu sabia: era uma bruxa. E antes que pergunte, ela não tinha um pingo de química com Will.

Gale era quieto e sério. Não gostava muito de brincadeiras. Will era muito cheio de vida, corajoso, ativo e inteligente. Entretanto, ao perceber a situação em que se encontrava, tornou–se calado e tentou se tornar mais sério e responsável possível. Kaitlyn... Nossa, Kaitlyn era extremamente amável. Era o tipo de pessoa que você não tinha coragem de discutir, pois:

1) Ela sempre estava certa

2) Você sempre sairia perdendo

3) Ela sempre te faria sentir humilhado

Sarah era meio rebelde, mas isso dava ao fato de que passou a vida como uma menina exemplar e, quando quis mudar um pouco, os pais não aceitaram, o que a estimulou a mudar mais. Uma dica: Quanto mais as pessoas te isolarem de uma coisa, mais você vai querê–la. É a vida. E Sarah era assim. Ela saía de vez em quando para ficar com drogados e arranjar uma boa erva. Eu não gosto de drogas. Nunca fui muito de ficar doidão, mas nunca julguei Sarah. Sempre a deixei sob seu próprio julgamento. Faça o que quiser, mas sofra as consequências sozinha. Era assim que eu agia com ela.

Bom, eram só eles. Quatro jovens. Bom, na verdade, Kaitlyn era cerca de dois anos mais nova do que eu, mas tinha um dom de interpretar nossas expressões que era incrível. Ela costumava jogar na minha cara coisas que eu não tinha coragem de admitir. Gale era um ano mais novo do que eu. Estava no seu primeiro ano da faculdade. Já mencionei que eu já tinha 20 anos na época? Enfim, ele não era muito de amizade. Costumava trancar–se no seu quarto e não sair, a não ser para comer ou sair para as aulas. Sarah tinha dezessete. Costumava ir à escola, até que começou a fumar e não tive a menor curiosidade em saber por onde andava. Dei–lhe liberdade. Will se tornou um menino difícil de lidar. Ele estava no nono ano, tinha catorze anos e estava ficando insuportável. Ele estava em constante confronto comigo. Tínhamos, vamos dizer, ideias contrárias sobre como levar a vida. Ele achava que eu deveria entrar para a faculdade, eu dizia que ele deveria calar a boca. Ele dizia que Sarah deveria ficar mais em casa, por perto, eu dizia que ele estava sendo idiota e que Sarah não merecia viver engaiolada. Ele achava que eu deveria arranjar um emprego, eu achava que deveria jogá–lo no lixo mais próximo, pois ele tinha completo conhecimento da situação em que estávamos.

Bom, a situação era: eu estava em uma missão. Depois de quebrar 5 drogas de selos, na esperança de trazer Deus de volta para que ele me devolvesse minha vida normal, quebrei minha cara, comprei um Kinder Ovo que veio sem surpresa dentro e agora estávamos sendo chantageados por um arcanjo para recrutar um exército inteiro para uma guerra que seria declarada. Sabe Miguel e Lúcifer? Pois é: Éramos nós contra os dois, que estavam um contra o outro. Não sabia se àquela altura, eles já teriam conhecimento de que havia um terceiro time, mas estávamos fazendo o nosso melhor para arranjar um exército até o início da guerra. Não éramos muitos na época, então fomos obrigados a seguir sozinhos em cada continente.

–Sophie conseguiu mais um. – chegou Gale

Ele jogou o celular para mim. Uma mensagem estava aberta: “Consegui mais uma. Nina. Ansiosa para amanhã. Soph.”

–Pelo menos ela tem sucesso. – disse, encarando o teto. – Eu não consegui quase nada em oito meses.

–Quatro recrutas é nada? – perguntou Gale, sentando no sofá e apoiando os cotovelos nos joelhos.

Hesitei.

–Vocês não são bem os Argonautas, sabe? – disse

–Will é bom com facas. – disse Kaitlyn.

–Por favor, Will é uma criança. – reclamei. – Não vou deixá–lo lutar.

Kaitlyn suspirou.

Eu realmente não estava no melhor dos meus dias. Eu esperava ter pelo menos cem recrutas em oito meses, mas eu não conseguira nem metade disso. Kaitlyn era adulta demais, era uma ótima psicóloga, mas eu tinha minhas dúvidas sobre suas habilidades de batalha. Will era sério e concentrado. Mas muito infantil. Não aguentaria dois dias de guerra. Sarah era muito relaxada. Gale era minha única esperança. Gale tinha o corpo de um guerreiro. Mas eu não tinha coragem de julgar, não estava podendo escolher, julgá–los. Era tudo o que eu tinha e era tudo o que eu faria.

–Bom, mas não foi tudo uma falha épica. – disse Kaitlyn. – Talvez Sarah consiga encontrar alguns para nos juntar.

Encarei–a.

–Ou não. – ela murmurou, amedrontada.

–Peter, isso tem que parar. – disse Gale. – Estamos sendo idiotas.

–Ah, lá vem. – resmunguei, cobrindo os olhos com o braço.

–Eu estou dizendo, não tem como ela recusar. – reclamou Gale, sério. – Se a Rainha imaginar que tem um grupo de anjos e demônios se preparando para o Apocalipse, ela não vai ter outra escolha a não ser nos fornecer armamento e exército.

–Gale, entende uma coisa. – sentei no divã e fitei–o. – Armas e humanos não vão nos salvar. Não vão nos salvar. O que vai nos salvar é mais de nós, mais Anjos, Demônios, Bruxas e Nephirims para o nosso lado. Isso sim vai ajudar. Vocês não tem pais não, ou o quê?

–Nossos pais não querem saber desse tipo de coisa. – contestou Kaitlyn. – Os meus fingem que eu não existo, os de Gale moram no Canadá, os de Sarah são mais religiosos que o Papa. Os de Will...

Fuzilei–a com o olhar.

–Ainda acho que os humanos podem ser de grande ajuda. – anunciou Gale, cruzando uma perna sobre a outra.

–Concordo com Gale.

Will desceu as escadas com desleixo. Revirei os olhos.

–Serio, Will? – disse.

–Sério, Peter. – ele respondeu.

Ele desceu as escadas e parou no espaço entre o sofá e o divã.

–Não estamos na posição de escolher nossos aliados. – ele falou, sério. – Os humanos podem não ser muita coisa, mas são muitos, são um maior número. Miguel e Lúcifer não esperam que busquemos ajuda dos humanos, tampouco se rebaixarão a tentar uma aliança com eles.

–Will... – comecei, mas ele me interrompeu.

–Peter, presta atenção. – ele cortou, irritado. Ergui minhas sobrancelhas, impressionado com sua ousadia. – Você é nosso líder. Estou cansado de vê–lo ir e vir de mãos abanando! Nossas vidas estão em jogo, ok?! Precisamos de toda a ajuda que conseguirmos! Se você não tomar as medidas necessárias, eu mesmo as tomarei!

Kaitlyn engoliu seco. Gale saiu da sala.

–Nem quero ver. – resmungou para Kaitlyn.

–Não lembro de ter perguntado sua opinião, William. – retruquei, levantando do divã, sentindo o tsunami se formar em minhas palavras. – Não sei se você sabe, estou fazendo o que é melhor para nós! E é melhor você abaixar o tom quando estiver falando comigo rapazinho, porque como você muito bem colocou: O LÍDER SOU EU! Se digo que não haverá aliança nenhuma com os humanos, não haverá!

Respirei fundo, tentando me controlar.

–Agora some da minha frente.

Seu punho se fechou e pude ver o fogo em seus olhos. Relutante, subiu para seu quarto.

–Não dói ser gentil, sabe? – Kaitlyn repreendeu, observando–o subir as escadas com raiva. – Ele só quer ajudar.

–Não o quero se metendo nas minhas decisões. – respondi.

–Não é esse o problema. – disse Kaitlyn, agarrando o livro em volta de seus braços. – De nós quatro, por mais inacreditável, é o seu predileto. È o mais perto que você tem de um filho.

–Não me analise. – contestei, com a indignação exposta em meu rosto.

Ela riu e saiu da sala.

–Estou certa. – ela falou, por cima do ombro. – Sabe disso.

E me deixou, repetindo mentalmente as palavras ditas por Will.

Talvez ele estivesse certo. Eu estava sendo irracional. Ainda mais, gritando com o menino daquele jeito. Eu podia ouvir seus soluços vindos de seu quarto, mas eu sabia que ele não permitira que eu entrasse. Will era uma criança, um menino de catorze anos, mas que tinha um espírito corajoso. E isso me assustava. Eu tinha medo de que um dia, sua valentia o fizesse dar um passo maior do que a perna, levando a sua morte. Will tinha muito a aprender, mas o básico já sabia. Ele tinha coragem e não se sentia no direito de chorar, por isso se escondia. Kaitlyn, por mais que eu não quisesse admitir, estava certa. Will era, dos quatro recrutas, o que mais cruzava os meus pensamentos, o que mais me preocupava, mas ainda sim era o que eu tinha sentimentos fortes. Sentimentos bons, camuflados de raiva e impaciência, mas, ainda assim, fortes e impossíveis de negar. Por um instante, peguei–me imaginando se eu trataria meus filhos como tratava Will. Will era o mais próximo que eu tinha de um filho. E tinha medo de falhar com ele.

Mas minha cabeça não tinha espaço para isso. Eu tinha de ter foco nos recrutas, no trabalho a ser feito antes da Grande Batalha. Eu não sabia o que ia acontecer, quando ia acontecer, mas eu sabia que estava perto e eu deveria estar pronto para quando começasse. Eu tinha medo que aqueles quatro jovens não tivessem estômago ou emocional para suportar uma batalha. E o pior de tudo era que meu dever era impedir que falhassem. Eu deveria torná–los guerreiros, torná–los capazes de lutar contra um exército. Mas a medida que as semanas passavam, eu me sentia cada vez mais incapaz de realizar tal tarefa e pensar em como Sophie, Hanna, Olsen e Paris deveriam estar maravilhosos nas suas, me dava raiva. Eu queria ser bom como eles, queria recrutar um por semana, mas tudo que eu conseguira fora dois recrutas a cada 4 meses e nem começara seu treinamento.

Fui ao meu quarto. Estávamos morando em uma velha mansão. Era antiga e abandonada, localizada no interior da Grande Londres. Tinha tudo para suprir nossas necessidades: quartos suficientes, iluminação, água quente... E de graça. Só não tinha comida. Isso, tínhamos de pegar por nós mesmos. Kaitlyn era vendedora de uma loja, enquanto Sarah trabalhava de recepcionista em um consultório de um cirurgião plásticos, o que já era antes de recrutada. Gale era bolsista, Will e Sarah desistiram da escola, então dava para segurar as despesas. Outra coisa que eu detestava também era ser dependente do dinheiro e do trabalho das meninas. Eu passava a maior parte do meu tempo correndo atrás de pistas sobre onde estariam supostos recrutas, mas a maioria das vezes, era perda de tempo. Alguns humanos, de algum jeito, tomaram conhecimento da guerra e faziam tudo em seu poder para se alistarem a um dos exércitos. Bom, quando descobriam que eu estava do lado do terceiro time, daquele condenado a perder, eles sempre perdiam o entusiasmo e tentavam me jogar para um canto. Às vezes, eu dava as costas e voltava para casa. Às vezes.

Mas no mais, estava sendo uma experiência um tanto divertida, cuidar daqueles jovens. Bom, eram todos quase da minha idade, mas, ainda assim, eu os via como artefatos preciosos que eu devia cuidar. Will era um “eu” mais novo, que eu ignorava e tentava calar, mas eram dele as palavras que mais doíam. Gale era um irmão mais novo, a quem eu ajudava nos estudos e conversava sobre coisas banais, isto é, quando ele me deixava entrar no quarto. Bom, exceto a parte de ir atrás de seres sobrenaturais para formar um exército contra o Apocalipse e ter que treiná–los em pouco tempo. Sem falar que tinha de lidar com seus surtos emocionais e seus dramas pessoais, o que, ironicamente, eu não suportava mais. Drama adolescente.

Pensando nas palavras de Will, adormeci, sabendo que no dia seguinte, Sophie faria do meu intestino pequenas fatias de linguiça e daria para os porcos enquanto eu assistia.

Acordei no outro dia me sentindo exausto. Mas eu não podia me dar o luxo de estar cansado. Naquele dia, eu voaria de volta pra casa. Casa é um apelido, porque casa mesmo, eu não tinha mais. Há oito meses, eu não via Sophie ou Hanna, vivendo na companhia daqueles meninos sem rumo. A luz do Sol me acordara, mas eu não tinha um pingo de vontade de me levantar. Minha cabeça repousava tranquilamente no travesseiro e eu não queria perder aquela sensação de preguiça matinal. Então, jogaram um balde d'água na minha cara.

Gritei um palavrão.

–Acorda! – gritou Kaitlyn, rindo da minha cara toda molhada. – Está parecendo um bêbado!

–Culpa sua. – retruquei, com a voz rouca, sentando na cama. – Que horas são?

–Sete e meia. – ela respondeu, simplesmente.

–Sete!? – exclamei, correndo para o banheiro. – Que horas é voo?

–Oito. – disse ela, encostando–se na porta enquanto eu lavava o rosto e escovava os dentes. – Gale e Will estão jogando basquete na grama e Sarah está fazendo telefonemas para cobrir nossa ausência.

–Eles vão suar. – reclamei, em meio à espuma em meus dentes. – Manda Gale e Will entrarem, não quero que Sophie os vejam suados.

–Por favor, daqui que cheguemos aos Estados Unidos, eles terão secado. – ela bufou.

Uma vez que eu estava completamente acordado, pude ver Kaitlyn com clareza. Ela usava uma longa calça de linho e uma blusa branca. Seus cabelos loiros estavam extremamente lisos e pendurados em seu ombro.

–Uau.

Ela estreitou os olhos, indignada.

–Sete e meia!

Ela bateu palmas, me apressando.

Já disse que detesto viajar de avião?

Não é nem por medo de altura. É pelo simples fato de ter que passar horas sentado em uma cadeira, com uma mulherzinha irritante andando de um lado para o outro do avião, dizendo coisas que a maioria das pessoas não dá a mínima.

Will, pelo contrário, estava superanimado. Ele pulava de um lado para o outro no aeroporto, colando seu rosto em vitrines de souvenires, como uma criança animada com seu novo brinquedo. Kaitlyn, de vez em quando, parava em um daqueles quiosques para dar uma olhada em camisetas e calçados. Ela sempre me pedia opinião, mas eu nunca dava atenção e acabava levando um tapa no ombro. Gale e Sarah agiam normalmente. Gale já viajara de avião, seus pais eram canadenses. Sarah, de vez em quando, observava os turistas atrapalhados ou, de algum jeito, esquisitos.

Chegara a minha vez na fila do Check–In. Hora de colocar a mentira a prova.

–Passaportes, por favor. – disse a moça.

–Você sabe guardar um segredo? – sussurrei.

Ela me olhou assustada.

–A CIA não gosta que eu conte às pessoas sobre isso. Têm medo do que pode acontecer caso essa história chegue à mídia.

Olhei para os lados, tentando parecer discreto.

–Essas crianças fazem parte de um programa de proteção a testemunhas. Eles sabem de coisas que só a Interpol tem acesso. – falei, observando qualquer reação que indicasse perigo. – Bom, elas não têm passaporte, tampouco eu tenho algum direito legal sobre elas.

–Só um momento. – ela disse, pegando o telefone.

Ela demorou alguns instantes. Não ouvi o que ela dizia, sua voz estava baixa.

Então ouvi um grito.

–Peter!

Ao me virar, descobri que não sabia mentir.

Gale subia uma escada rolante que descia (idiota), tentando fugir dos seguranças que haviam sido acionados. Kaitlyn lutava, sem sucesso, contra os policiais, mas estava ficando difícil. Sarah, por sua vez, estava ao meu lado, com as mãos à boca, aterrorizada.

–O que você fez? – gritei para a recepcionista.

Em poucos minutos, sua cabeça rolava para o chão, enquanto eu usava seu colete azul para enxugar o sangue em minha boca. Lambi os beiços, enquanto minhas presas se recolhiam.

Antes que eu me preparasse para protegê–los, os seguranças voaram para o alto, ficando suspensos no ar. Eles tentaram alcançar suas armas, mas elas se dissolveram em água.

–Não é possível. – disse Sarah, apontando para uma loja.

Diante da porta, estava Will, parado. Seus olhos estavam fixos nos seguranças, sua íris pulsando com um brilho verde de Poder. Ele ergueu a sua mão lentamente. As pessoas se aglomeravam para ver de perto. Então, com um leve movimento, ele quebrou os pescoços de cada um dos cinco seguranças que levitavam no nada. Aos poucos, ele foi fechando seu punho e pude ver sangue escorrer pelos olhos, orelhas e boca dos homens. Corri para o menino.

–Will!

Sacudi–o, tentando tirá–lo do transe. Ele piscou. Os corpos mortos caíram com um baque.

–Peter? – ele perguntou, seus olhos voltando ao seu tom escuro.

E assim, desmaiou em meus braços, exausto e esgotado.


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Notas finais do capítulo

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