Xeque-Mate escrita por Mechini


Capítulo 7
Capítulo 7 - Funâmbulo


Notas iniciais do capítulo

E ai? Tudo bem com vocês?
Amanhã tem mais um capítulo gostosinho pra vocês.



Boa leitura, beijos ❤️

P.S: Tem link hoje também. Gostaram desse formato?



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Eu senti um arrepio percorrer meu corpo.
—O que está acontecendo aqui?_ perguntou uma garota.
O nome dessa garota era Viviane, ela era a aluna de nossa turma que administrava tudo, desde reuniões até ideias para musicais de finais de ano; conhecíamos por “Líder”, mas nunca a havia visto interferir em briga alguma.
—Foi apenas um mal entendido._ falei, arrumando o cabelo.
Os olhos de Ludmila tinham um brilho fugaz de revolta, vingança e sobretudo de teatro.
—Ela me agrediu._ anunciou Ludmila, fingindo chorar.
Abri a boca surpresa e pirei.
—Ficou maluca? Bati em sua cabeça com muita força?_ falei alto._ Você quem começou a me bater e eu não ia apanhar, Ludmila.
—Foi você quem começou sua luzer!_ falou Ludmila.
Voltamos a discutir, com Diego me segurando e Andrés segurando Ludmila; havia muitos murmúrios a nossa volta, comentando a confusão. Eu sentia as lagrimas escorrendo de meus olhos de tanta raiva que eu sentia; Diego as limpava e dizia para mim para que eu me acalmasse.
Eu estava calma, só havia um problema em toda aquela briga: Eu poderia ser expulsa do Studio. Eu lutara tanto para realizar esse meu sonho, eu mentira para meu pai, para todos que estavam a minha volta; eu briguei com a vida, eu cai, eu me feri, mas sobretudo lutei, nunca desisti e eu não podia acreditar que depois de um pequeno erro, tudo fosse acabar assim.
—Ei?_ gritou Viviane._ Eu quero saber qual foi o motivo da briga.
Leon...
Nem eu nem Ludmila admitiríamos que nossa briga fora por causa de Leon; de certa maneira, o tema “Leon” encheu o livro que eu poderia suportar das provocações de Ludmila. Nunca fomos colegas de sala, nem muito menos amigas; em certos momentos eu poderia até dizer que fomos inimigas mortais, mas eu nunca gostei desse termo, então preferia dizer que nossos cabelos apenas não podiam ficar no mesmo espaço.
—Foi por causa de um arranjo na música que a Ludmila fez_ inventei.
Ludmila comprou minha mentira.
—Ela nunca aceita nada que eu faço!_ reclamou Ludmila.
—Qual o professor que pediu a tarefa?_ perguntou Viviane.
—Pablo_ eu e Ludmila dissemos em um uníssono.
—Então vocês duas conversarão com ele e ele irá avaliar o que fará com vocês duas._ disse Viviane.
O sinal tocou naquele momento e desejei todo aquele dia começasse de novo para não cair na bobeira de brigar com Ludmila; mas de uma coisa eu já estava cansada de saber: o tempo não volta.
Viviane bateu na sala de Pablo e ele autorizou a nossa entrada, eu estava morrendo de medo, minhas mãos tremias em um ritmo tão acelerado que eu tive que cruzar os braços para disfarçar um pouco toda minha angustia; Ludmila passava as mãos pelos braços, na tentativa de “apagar” alguns dos arranhões causados por minhas unhas.
Viviane olhou para mim e para Ludmila.
—Fiquem aqui fora e comportem-se como gente.
Viviane entrou na sala de Pablo, para conversar com ele sobre o que havia acontecido. Eu tentava controlar ao máximo as minhas emoções, mas por mais que eu tentasse, não conseguia, fracassava e por fim, lágrimas grossas escorregaram por meus olhos. Para minha surpresa, quando olhei para Ludmila, ela também estava chorando.
Ela sorriu triste.
—Pode até não parecer, Violetta_ começou ela _, mas eu dou muito valor ao Studio... Eu adoro cantar e dançar; a música e a dança são como minhas únicas linguagens de expressão._ ela fez uma pausa longa._ Eu tenho medo de que eu seja expulsa do Studio e que você ocupe o meu lugar.
—Ludmila, eu jamais poderia ocupar o seu lugar. Todos aqui dentro, temos um lugar especial, cada qual tem um talento em comum, mas em intensidades diferentes, em proporções diferentes._ falei._ Eu também tenho muito medo que me expulsem do Studio; eu fiz tantas coisas para estar aqui hoje e agora eu vejo que nenhuma delas foi o suficiente, pois em poucos segundos, eu e você perdemos o nosso sonho.
Ludmila sorriu brevemente.
—Sabe, Violetta? Eu nunca gostei muito de você, seu jeito, sua voz, sua maneira de dançar... Dos meninos que você conquistou... Sabe eu nunca fui sua fã._ ela deu os ombros._ Mas nunca fui porque te invejo.
Eu tentei conter minha surpresa! Uau! Ludmila me invejava!
—Eu também te invejo você é tão bonita, canta e dança tão bem e sempre consegue tudo o que quer._ falei.
Nós duas rimos.
—Sabe Ludmila? Você não é tão chata quanto eu pensei_ disse.
—Você também..._ ela estava prestes a dizer não, mas parou. Ludmila jamais daria o braço a torcer._ Valeu._ disse ela.
Viviane saiu da sala e deixou a porta aberta para que entrássemos. Pablo estava sério, muito sério. Estava sentado sobre sua mesa, olhando para nós com um olhar questionativo. Olhei a minha volta. A sala de Pablo era muito bonita, tinha duas estantes na parede que ficava de frente à janela, em uma dessas estantes, haviam fotos dele, particulares e dos alunos. Eu pude ver algumas fotos dele com a Angie, Jackie, Beto, Antônio e muitas fotos de nós, os alunos.
Na outra estante, estavam livros muito grossos, sobre história da música, biografias sobre dançarinos, vídeos com danças... Havia um grande material para o seu trabalho. Sua mesa estava muito organizada, tinha uma pilha de papeis no canto direito e ao lado da pilha, uma porta trecos com canetas.
A janela estava aberta, revelando lá fora um dia muito chuvoso, no qual, as arvores eram empurradas pela força absurda do vento, mas a janela estava aberta, deixando uma corrente de ar frio entrar e me fazer tremer devido ao frio que eu sentia por minhas roupas molhadas.
—Sentem-se_ ordenou Pablo.
Ludmila sentou-se na cadeira ao lado de Pablo e eu me sentei ao lado dela; observamos Pablo se sentar em uma cadeira a nossa frente e pegar em na pilha de papel sobre a sua mesa uma folha e escrever em letras bem legíveis: “Violetta Castillo” e “Ludmila Ferro”.
—Podem me dizer o que aconteceu?_ perguntou ele, cruzando os braços no peito.
—Nós brigamos por causa de seu exercício._ anunciou Ludmila.
Ele olhou para mim, duvidoso.
—O que houve Violetta?
Eu pressionei os lábios um contra o outro e suspirei.
—Ludmila está certa. Brigamos pelo exercício.
—É porque eu fiz um arranjo e ela não concordou, mas ela não concorda com absolutamente nada do que eu faço!_ falou Ludmila.
Suspirei.
—O objetivo desse exercício que eu passei foi que vocês interagissem; fizessem um trabalho em grupo, porque teriam que ver o ponto de vista do outro._ ele fez uma pausa curta._ Eu vou dar uma suspensão de uma semana para vocês duas.
Ele pegou as folhas com nossos nomes e escreveu as advertências e disse, entregando-as à nós, depois de deixar uma copia em nosso arquivo.
—É uma pena que tenha que ser assim_ lamentou._ Vocês duas são tão talentosas e estão desperdiçando seu talento com isso, brigas inúteis.
Olhei no papel as datas de suspensão. Uma semana.
—Mas Pablo, daqui a uma semana será os testes de final de semestre letivo e não teremos tempo de ensaiar_ assinalei.
Pablo deu os ombros.
—Terão que resolver esse problema, sozinhas._ disse ele.
Saímos da sala dele e lá fora, Cami, Fran, Marco e Brodwey estavam me esperando, mas ninguém estava esperando Ludmila, ela em um primeiro momento pareceu triste, mas saiu como um furacão mal humorado.
—E aí? Qual foi a advertência?_ perguntou Cami, séria.
—Uma semana de suspensão_ falei triste.
—Vamos te passar toda matéria e os exercícios_ disse Fran_ não se preocupe, passa rápido.
Marco olhou para trás e viu que Beto se aproximava da sala de música e disse:
—Eu realmente lamento Violetta, mas agora temos que ir._ disse apontando Beto.
—Tchau, Vilu_ disse Fran indo com Marco.
—Até, amiga_ disse Cami indo embora com Brodwey.
Eu fui até o meu armário pegar o diário, a bolsa, quando me virei esbarrei em Diego e deixei o diário cair. Ele abaixou-se educadamente e pegou o diário e entregou em minhas mãos. Sorriu, de uma maneira mais educada do que gentil e quando viu que não retribui seu sorriso, parou de sorrir e tentou fazer uma brincadeira comigo.
—Achei bastante original que a Violetta_ disse gesticulando para mim_ tenha um diário violeta, muito criativo.
Eu passei por ele, nem respondendo a sua brincadeira e ele me segurou pelo braço e me olhou fixo nos olhos. Olhei para mão dele sugestivamente e ele afrouxou um pouco a força com a qual segurava meu braço; mas ainda continuou segurando meu braço.
—Qual foi o castigo?_ perguntou ele.
—Suspensão_ suspirei.
Ele franziu o cenho e disse.
—Por quanto tempo?
—Uma semana._ eu disse.
—E o que eu lhe fiz?
—Você não fez nada; eu sou quem bateu na sua amiguinha e eu sou quem levei suspensão e fui eu, eu e eu_ falei tirando a mão dele do meu braço.
Voltei a andar, muito furiosa comigo mesma.
—Eu não acredito_ disse ele, andando ao meu lado em passos rápidos._ Está diferente hoje._ falou ele.
—Não estou não._ dei os ombros, negando._ Fale para sua amiguinha que quero distância dela._ disse.
—Ela não é minha amiga_ assinalou ele.
—Então como é que vocês se conheceram?_ perguntei parando de frente a ele.
Meu celular tocou e atendi.
—Alô? Violetta?
O identificador de chamadas dizia que era o meu pai.
—Oi, Papai_ falei sorrindo._ Tudo bem?
Ele fez uma meia pausa silenciosa.
—Pai?_ chamei.
—Violetta, quando eu voltar, daqui a um mês, precisaremos conversar urgentemente. Amo-te querida_ ele ouviu algo e me disse:_ A Angie manda beijos.
—Também te amo._ eu disse pressionados os lábios um contra o outro._ Mande outro beijo para Angie.
—E o Studio, filha?
Engoli seco. Eu tinha certeza de quando a Angie voltasse para o Studio saberia da minha suspensão, mas acreditei que naquele momento, seria melhor omitir aquela suspensão, pelo menos, eu não o preocuparia; ele ficaria furioso se soubesse, provavelmente me colocaria de castigo e iria tirar satisfações com o Pablo.
—Está bem, Pai_ falei.
—Que bom, filha_ eu podia ouvir o sorriso em sua voz._ Tchau, até mais.
—Tchau_ sorri.
Desliguei o telefone e eu e Diego estávamos a um quarteirão de chegar em minha casa; ele olhou para mim, sugestivamente.
—Era o meu pai._ falei.
—Ele não está aqui em Buenos Aires?_ perguntou Diego.
—Não, está viajando._ falei.
Ele sorriu, sombriamente.
—Está sozinha em casa.
Soou-me em um primeiro momento como uma pergunta e eu só respondi que não estava, por medo dele, eu disse que eu estava em casa com o advogado do meu pai e a empregada de nossa casa. Eu então percebi que não era uma pergunta e sim uma afirmação; gelei e um arrepio percorreu minha espinha.
—Mentirosa._ disse ele com um ar de sorriso intenso.
Abri a boca para protestar, mas eu não conseguia.
—Como sabe disso?_ perguntei.
Ele me olhou brincalhão.
—Eu não te espionei essa noite, se é o que você quer saber._ falou ele.
Aquilo me deu uma vertigem medonha.
—Você me contou_ prosseguiu ele.
https://www.youtube.com/watch?v=gXb6lr2t1bw
Eu bem podia ter dito à ele, porque as vezes eu ficava meio descontrolada ao falar, e eu podia muito bem ter tagarelado para ele o desnecessário ou ele poderia estar mentindo. Não acreditava que alguém tivesse invadido meu quarto naquela noite, era muito estranho, mas a maneira que ele disse que não tinha me espionado me deu um arrepio na espinha, parecia que ele sabia mesmo que eu havia visto alguém.
—Ah_ falei por fim, depois de um longo silêncio.
Estávamos de novo no portão de minha casa, como no dia anterior. Eu tive medo de estar sendo perseguida por Diego, então, não tomei nenhuma iniciativa quanto a dar um beijo ou um abraço nele; eu queria muito, mas me faltava coragem.
—E meu abraço?_ perguntou ele, quando lhe dei as costas.
Ele me abraçou por um longo tempo e depois me deu um beijo na bochecha. Retribui-lhe o beijo e entrei em casa, eu estava com medo, mas respirei fundo. A casa tinha um aroma que eu conhecia, embora estivesse faminta, não se comparava com o cheiro de comida alguma... Joguei a bolsa sobre o sofá e subi a escada, passei pelo quarto do meu pai, deixei a porta aberta, constatando se não havia ninguém.
Abri todas as portas da casa, mas para minha surpresa, a porta do quarto, onde ficavam as coisas da mamãe estava aberta e o cheiro do perfume dela vinha do quarto. Subi a escada devagar, com uma vassoura em mãos, mas quando cheguei lá em cima, não havia ninguém.
Olhei entre as roupas que estavam no armário dela e não dei por falta de nada. Eu naquela manhã deveria ter esquecido a porta do quarto dela aberta; sentei-me em frente ao espelho e peguei uma escova de cabelo e comecei a deslizá-la por meu cabelo até achar o liso perfeito, pus um pouco de perfume de mamãe em mim e quando me olhei no espelho percebi uma foto.
Eu era apenas uma bebê, indefesa, pequena e sem qualquer entendimento do mundo; estava no colo de minha mãe e meu pai estava segurando uma de minhas mãos. Era um parque lindo, muito bonito mesmo, a foto deveria ter sido tirada na época da primavera porque estávamos sentados sobre um tapete de flores silvestres naturais.
Eu nunca descobri se meu pai sabia da existência daquela foto, eu e ele quase nunca conversávamos sobre minha mãe; por tantos conflitos entre nos dois que esse assunto já havia causado; mas eu gostaria muito de saber tudo sobre aquela foto; eu sempre entrava ali e nunca tinha visto essa foto em parte alguma.
Na noite anterior, limpei todo o andar, e não encontrei aquela foto; agora, quando do nada ela aparecera... Poderia ter sido um engano meu, mas eu era muito boa fisionomista e não esquecia fotos, pessoas e objetos com tanta facilidade. Arrepiei-me. Será que alguém tinha colocado aquela foto ali? Mas como? As portas e janelas estavam trancadas! Como então?
Desci e esquentei o resto do jantar do dia anterior. Abri a geladeira e sorri quando percebi que só havia suco de morango... Leon. Meu sorriso ficou mais livre e peguei o telefone e liguei para ele de novo, estava ansioso, ele não havia retornado a ligação, o que não era comum, vindo dele.
Caiu em sua voz pedindo para que eu deixasse recado.
https://www.youtube.com/watch?v=Y3rGz8eLMRc
—Leon, aqui é a Violetta. Por favor, preciso falar com você. Quando ouvir essa mensagem me liga._ falei._ Beijo, te amo.
Desliguei o telefone e olhei as horas no visor do celular. Era uma hora da tarde, esse era o horário de almoço de Leon, então era para ele estar “disponível”... Ou talvez ele não quisesse ouvir minhas ligações... Falar comigo.
Peguei a bolsa e tranquei a casa. Eu ia atrás de Leon. Andei pela cidade até chegar à casa dele. Era uma casa muito bonita, tinha grandes janelas de vidros e paredes altas; um sobrado lindo, meio azul, com uma porta de madeira maciça logo na entrada, eu passei pelo jardim, tomando cuidado para passar apenas pelas pedras estrategicamente colocadas.
Cheguei à porta e apertei a campainha. Em pouco tempo uma senhora de cabelos meio grisalhos e lisos, presos em um coque elegantíssimo, com uma saia preta colada, até a altura dos joelhos e uma blusa branca de seda mais solta; usava um salto de uns 10 centímetros; atendeu-me.
—Olá, bom dia._ eu disse sorrindo.
—Bom dia_ disse ela sorrindo._ Em que posso ajudá-la?
—Poderia me informar se o Leon está em casa?_ perguntei.
Ela sorriu.
—Você é namorada dele... A Ludmila, não?
Engoli seco, tentando controlar a raiva de ser confundida com a Ludmila, mordendo o lábio.
—Não, se ele estiver diga que, por favor, a Violetta está aqui e precisa falar com ele.
Ela sorriu, educada.
—Se quiser entrar e esperar, ele deve chegar em pouco tempo._ anunciou ela, me dando espaço para passar pela porta.
Eu entrei e pedi licença. A casa era linda; logo que entrei sai em um corredor, nesse corredor havia muitas fotos em família e algumas de Leon quando era pequeno. Eu ri, ele era tão fofo! Suas bochechas tinham aquelas covinhas que ainda hoje apareciam, seus olhos tinham um brilho que identifiquei que era açúcar; seu cabelo tinha o mesmo corte.
Eu poderia dizer que o nosso filho seria assim, quando a gente tivesse um...
Logo, passamos pela sala; havia uma televisão muito fina sobre uma estante e ao lado dessa estante, estavam alguns livros em estantes de madeira maciça, de muitos temas, mas notei bastante livros acadêmicos à respeito de economia e alguns sobre musica.
Os sofás estavam um em frente à televisão e o outro ao lado da janela que irradiava o sol da tarde, para dentro do ambiente; e havia uma mesa de vidro, ao lado da porta da sala, com retratos de família; e havia algumas partituras sobre a mesa de centro.
—Fique a vontade, ligarei para ele e direi que você está aqui.
Ela ligou para ele e disse:
—Tem uma moçinha absurdamente linda, aqui; esperando para falar com você_ disse ela, seus olhos se voltaram para mim_ Qual é seu nome mesmo, querida?
Eu sorri.
—É Violetta, diga que é a Vilu.
—Chamada Violetta, a Vilu_ disse ela. Ela ouviu brevemente e depois disse:_ Estamos te esperando então, querido.
Ela desligou o telefone e ficou encostada no portal da porta, observando-me.
—Eu não te reconheci_ anunciou ela meio vermelha._ você foi a semifinalista do U-Mix, não foi?_ perguntou-me.
—Sim, fui eu_ disse corada, sorrindo.
—Meus parabéns_ ela disse sorrindo._ Eu gostei muito de quem você é, mas houve uma coisa que você fez que bem... Eu não gostei nada_ disse ela, com uma aparência meio triste._ Quando você se envolveu com aquele rapaz... O espanhol_ ela tentava se recordar do nome dele, mas meu coração já pulava como pipoca na panela só da menção a Tomas._ Tomas.
Eu abaixei a cabeça corada.
—Foi um erro, eu amo o Leon e quero ficar com ele até o final dos dias da minha vida... Quero casar com ele, ter muitos filhos_ percebi que aquele assunto começava a me emocionar_ quero que eu possa olhar nos olhos dele durante toda a eternidade e ver que o homem pelo qual eu me apaixonei esteve ao meu lado a vida inteira quando eu precisei; quero que quando eu estiver velha o bastante e não possa dançar ou me mover com a mesma facilidade e estivermos os dois sentados em uma cadeira de balanço, rodeados por nossos netos... Eu possa contar a eles que nossa vida foi tranquila, que realizamos todos os nossos sonhos_ eu chorava e a moça também_ Eu o amo, mas não sei se ele poderá me perdoar... Eu o amo, se eu o visse ainda agora, me jogaria nos braços dele e diria o quanto eu o amo e que ele é a pessoa mais importante da minha vida e que quero me casar com ele.
https://www.youtube.com/watch?v=rJABBmAMXnY
Estávamos eu e a governanta com a maquiagem borrada e eu sorri, depois de limpar as últimas lágrimas; ela tinha se desencostado do beiral da porta e fez um rosto muito surpreso ao ver que Leon e Lara estavam entrando juntos pela porta, também reparei e com os olhos mais cheios de lágrimas, fiz sinal de silencio para ela.
—Não diga que eu vim, diga que a senhora confundiu uma garota qualquer comigo. Não quero que ele saiba que eu vim até aqui porque me preocupo com ele; eu o amo, mas não suporto vê-lo com ela. Obrigada._ eu disse sorrindo._ Tem alguma porta dos fundos para que eu saia sem que eles me vejam?
Ela me guiou por outro corredor com mais fotos do Leon e da família deles e chegamos a uma espécie de cozinha. Haviam armários embutidos por toda a cozinha e ao lado da geladeira, havia uma pia de mármore preta, com um escorredor e varias louças empilhadas como a torre de babel sobre ele; uma mesa ao centro; tudo em tons de preto.
Eu adorara a cozinha, mas agora não era um momento para apreciar aquilo tudo, era bonito sim, mas eu só queria ir embora e esquecer de que vira Leon indo para sua casa com Lara; passei pela porta dos fundos quando escutei a voz aveludada de Leon, dizendo que havia chegando a casa.
—Paulina?_ chamou Leon ao entrar em casa.
A governanta, Paulina, fechou a porta entre nós duas e eu corri, descontrolada pelo jardim. As lágrimas corriam pelo rosto e eu tinha uma espécie de raiva e de dor dentro de mim e tudo o que eu queria era que todos escutassem o que eu tinha prá dizer; “Tudo o que sinto, todos vão escutar!” disse a mim mesma.
Era uma tarde muito movimentada aquela, em Buenos Aires, e havia muitas pessoas na rua e eu só queria encontrar alguém que pudesse conversar, que eu pudesse desabafar; eu olhava em todos aqueles rostos, mas eu não reconhecia nenhum e em todos que eu busquei, eu não encontrei quem eu mais queria: Leon.


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Notas finais do capítulo

E ai? Leonetta chegou ao fim? :(
Deixem seus comentários.

Até a próxima ❤️



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