Xeque-Mate escrita por Mechini


Capítulo 6
Capítulo 6 - Desavenças


Notas iniciais do capítulo

OOOOI, GENTE! Que saudadezinhas de vocês ❤️
Voltei e agora vocês podem ficar tranquilinhos porque a história vai fluir agora. Eu resolvi uns problemas aqui e achei a história original. Assim, vocês vão continuar sofrendo por Violetta huehuehue. Boa leitura, amores ❤️

P.S: Dessa vez, eu trouxe um novo formato (tem um link no meio do texto). Ouçam a canção a partir do momento que eu coloquei senão não fará o menor sentido! BEIJOS DA TIA ❤️



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568529/chapter/6

Elas ficaram vermelhas, vermelhas mesmo de terem interrompido. Leon me soltou, embora eu ainda quisesse ficar ali, eu tinha que sair. Leon ficou de mãos dadas comigo e eu pude ver realmente que as meninas tinham se arrependido de entrar na sala naquele momento.

                _Desculpem-nos_ pediu Francesca._ É que pensamos que a sala estivesse vazia e por isso não batemos.

                Eu mordi o lábio, corada e encostei-me ao peito de Leon.

                _Interrompemos algo?_ perguntou Cami com um sorriso malicioso.

                Leon não queria magoá-las, mas eu também era muito sincera.

                _Sim_ eu disse ao mesmo tempo em que Leon disse “não”.

                Ambas riram.

                _Desculpe_ disseram a mim e virou-se para Leon_ que bom, então!

                Todos riram. Marco entrou na sala e começou a se alongar e Francesca ficou olhando-o com ares de apaixonada; seus olhos ganharam um brilho incomum, seus dedos tremiam suavemente; dei uma cotovelada na costela de Leon suavemente para que ele olhasse para Fran; ficamos Cami, eu e Leon olhando para ela.

                _Fran, vá falar com ele._ aconselhei.

                Ela olhou para mim, espantada, surpresa e com raiva.

                _Ficou maluca?_ perguntou Fran.

                _Alguns homens gostam de mulheres decididas_ assinalou Leon, encorajando-a.

                Ela olhou entediada para ele.

                _”Alguns” não inclui ele._ disse fazendo uma vozinha chata.

                Leon me segurou pela mão e andamos até Marco.

                _Olá_ disse Leon em um tom amistoso._ Eu sou Leon e você deve ser...?_ disse ele sugestivamente.

                _Marco_ disse o rapaz estendendo a mão para que Leon a apertasse.

                Trocaram um aperto de mão.

                _Essa é minha namorada, Violetta_ disse Leon, gesticulando para mim.

                Marco também estendeu a mão para mim e eu apertei-a.

                _Prazer, Violetta_ disse.

                _O prazer é todo meu._ assinalou Marco sorrindo._ Eu acompanho o trabalho de vocês pela internet; pelo u-Mix._ disse ele.

                _É um “U-Mixista”, então?_ perguntei em tom divertido.

                _Sim_ disse ele gargalhando.

                _Então deve conhecer nossas amigas_ disse Leon, gesticulando para Fran e Cami.

                Francesca e Camila se aproximaram, Fran veio vermelha e um sorriso e um olhar que queria matar Leon, Leon não se intimidou com o sorriso  e o olhar de Fran e continuou conversando com Marco.

                _Olá, sou Camila, mas me chame de Cami, se quiser_ disse Cami, sorrindo.

                _Prazer, Cami_ disse ele apertando a mão dela.

                Francesca veio andando devagar e parou corada, bem a frente dele. Ele pareceu muito surpreso e sua boca ficou aberta, por um minuto, não demonstrou reação, nem ele, nem Fran; eu e Leon nos olhávamos confusos.

                _E você,_ disse Marco_ deve ser a gloriosa Francesca_ disse ele._ É um enorme prazer conhecê-la_ disse ele._ eu sou seu maior fã! Tenho pôsteres seus espalhados no meu quarto, suas canções no meu celular e suas fotos no computador... Enfim!_ disse ele rindo._ Sou seu fã número um_ disse ele sorrindo.

                _Prazer, Fran_ disse Francesca apertando a mão dele.

                Ele olhou meio eufórico para ela.

                _Posso te dar um abraço?_ perguntou.

                Aquela era a nossa deixa! Cami, eu e Leon saímos de sala e quando olhei sobre meu ombro, Francesca e Marco estavam abraçados. Eu ri. Leon fazia de tantas coisas impossíveis, possíveis que eu mal acreditava na existência dele! Ele era demais.

                _Uau!_ sussurrei admirada à ele.

                Ele sorriu inocentemente, mas havia uma pontinha de presunção naquele sorriso.

                _O que foi, Vilu?

                _Você é um ótimo cupido_ assinalei rindo.

                Ele passou o braço por minha cintura e me apertou suavemente contra o corpo dele enquanto andávamos; Angie estava me esperando na porta do Studio, com meu pai ao lado; primeiramente, ele ficou perplexo ao ver a mão de Leon em minha cintura, mas Leon recusou-se a tirar a mão dali, mesmo com meu pai olhando-o daquela maneira...

                _Olá_ eu disse sorrindo, simpática.

                _Oi_ disse Angie sorrindo, radiante.

                _Violetta?_ meu pai chamou._ Tem uma coisa muito importante que eu vou fazer hoje e você terá que ficar em casa à tarde sozinha_ disse ironizando a palavra sozinha.

                Eu franzi o cenho.

                _Aonde vai pai?_ perguntei.

                _Não sei, mas eu preciso ir._ disse.

                Olhei para Angie curiosa, ela deveria saber do que se tratava, mas ela também iria com papai naquela tal aventura misteriosa; eu ficava distribuindo olhares entre os dois, Angie ficava olhando para meu pai e meu pai ficava olhando para o chão; quer fosse o que seria deveria ser algo sério, muito sério.

                Meu pai se abaixou e deu um beijo na minha testa, Angie me deu um beijo na bochecha e saíram. Olhei um tempo com o cenho franzido para o chão, tentando compreender o que estava acontecendo, mas nada vinha a minha mente; respirei fundo e olhei para Leon.

                _O que foi?_ perguntou ele, passando a língua pelos lábios.

                _Vamos ficar sozinhos..._ refleti em voz alta, quase sem voz.

                Ele me deu um sorriso malicioso que me arrepiou; depois o sorriso dele se tornou mais brando, até um sorriso mais brincalhão e começou a rir.

                _Eu preciso ir embora_ refleti.

                _Para onde vamos?_ perguntou ele.

                Eu sorri. Fofo...

                _Eu preciso fazer algumas coisas de garotas_ expliquei.

                Ele fingiu uma careta, depois se aproximou de mim e disse ao meu ouvido.

                _Está me evitando?

                _Não_ menti.

                Eu não queria ficar longe de Leon, mas eu sabia que Olga e Ramalho tinham ido viajar e que a casa estava uma bagunça tremenda. Eu teria que organizar tudo; inclusive o fato de trabalhar meu psicológico para que eu conseguisse ficar sozinha com ele... Sem aprontarmos nada.

                Leon virou a cabeça de lado e olhei bem eu seus olhos.

                _Vejo a mentira cintilando nesses olhos méis_ disse ele, sério.

                _Qual é seu problema?_ me irritei._ Não acredita em mim?

                _Violetta._ reprimiu ele._ O que está acontecendo?

                _Você não acredita no que eu digo a você._ eu disse gesticulando, furiosa._ Se eu disser que vou para minha casa, você quer me levar; se eu disser que estou sem voz, você quer provas!_ gritei.

                Alguns alunos do Studio olharam para nós. Eu sabia que eu deveria estar muito, muito vermelha, porque eu sentia que minhas veias queimavam e meu rosto estava febril, parecia que eu ia ter um ataque cardíaco de tanta raiva; minhas mãos tremiam de tanta raiva.

                _Fique calma, Violetta_ pediu Leon, também em tom nervoso.

                _Por hora, eu quero ficar sozinha_ assinalei e olhei subjetivamente para a mão dele que estava em minha cintura.

                Ele retirou-a de lá.

                _Então, até_ falou ele dando as costas.

                _Tchau_ sussurrei.

                Virei às costas e fui embora. Eu estava cabisbaixa, brigar com qualquer pessoa fazia isso comigo e eu me sentia mal, muito mal; quando estava andando esbarrei em alguém e desta vez me segurei em uma arvore para não cair; olhei para a pessoa e vi quem era. Diego.

                _Me desculpe_ falou ele, me ajudando a soltar a arvore.

                Ele olhou meu rosto e me perguntou, segurando minha mão.

                _O que aconteceu?

                Eu balancei a cabeça em sinal negativo.

                _Não foi nada demais._ falei.

                _Foi demais sim_ contra atacou ele._ Para tirar o sorriso mais lindo do mundo da garota mais fascinante do mundo, foi sim.

                Eu sorri.

                _É que eu briguei com o Leon_ falei andando.

                Diego continuou andando ao meu lado e pensou durante poucos segundos em algo que pudesse me consolar e fiquei feliz em saber que podia dividir aquilo com alguém que não me julgasse afinal, ninguém ou quase ninguém me entendia.

                _E o qual foi a razão da briga?_ perguntou ele.

                Eu respirei fundo e olhei para ele.

                _Desconfiança.

                Diego riu.

                _Do que está rindo?_ perguntei séria.

                _De uma piadinha particular_ falou ele, sorrindo.

                _E ao que se refere essa piadinha?_ perguntei em tom de deboche.

                Ele olhou para mim, incrédulo com o tom de deboche em minha voz.

                _Era sobre perder as pessoas._ esclareceu.

                Mordi o lábio e parei por um momento de andar, mas depois ainda voltamos a andar.

                _Não é uma piada_ afirmei._ É péssimo perder as pessoas que a gente ama_ falei, engolindo seco.

                Ele suspirou.

                _Sei disso.

                Eu olhei para ele e sabia que atrás dele havia uma história triste, talvez como a minha... Eu queria perguntar o que havia acontecido, mas não conseguia, uma vergonha muda apareceu e eu não podia nem olhar nos olhos dele, que já tinha vontade de desviar o olhar e de sair correndo.

                _Eu vi sua prova de dança no Studio hoje_ afirmou ele, sorrindo.

                Abri minha boca surpresa e também fiquei vermelha.

                _Como conseguiu?_ Perguntei.

                Ele sorriu malignamente e depois um sorriso misturado com malicia apareceu.

                _A Ludmila me ajudou.

                _Como assim: “a Ludmila me ajudou”?_ perguntei, citando.

                Ele sorriu, colocando a mão esquerda no bolso, porque a direita, estava segurando a minha.

                _Nós já nos conhecemos.

                Eu sorri para ele.

                _Eu gostaria muito de saber dessa história se a Ludmila não estivesse envolvida._ falei.

                Ele me olhou por um momento serio e depois riu.

                _Pelo que eu pude perceber, quando vocês se encontram, pega fogo!_brincou.

                _Sim, sim_ ri demais.

                _Mas é diferente de quando eu encontro você... Nosso fogo é diferente._ falou ele, erguendo nossas mãos entrelaçadas para olhá-las.

                Tirei delicadamente minha mão da dele.

                _Eu ainda tenho namorado._ falei.

                _Eu sei_ lamentou ele, triste._ Por enquanto_ sussurrou.

                Aquele “por enquanto” me deu medo.

                _Por hora, só amigos._ falei.

                Estávamos já na porta de casa e paramos um diante do outro para conversar.

                _Como a senhorita quiser._ falou, fazendo curta reverencia.

                Eu gargalhei.

                _Agora eu tenho que entrar, mas obrigada por tudo._ falei sorrindo._ Por me escutar e por me fazer rir._ toquei o nariz dele com o dedo indicador.

                _Sempre as suas ordens_ disse ele.

                Sorri corada, aproximei-me dele.

                _Posso te beijar?_ perguntou ele.

                Apontei com o dedo indicador minha bochecha e ele sorriu. Ele beijou minha bochecha de modo estalado depois me olhou docemente e eu li em seus lábios “só mais um!”. Eu ri enquanto ele beijava minha bochecha do outro lado, da mesma maneira.

                _E será que eu poderia te dar um abraço?_ perguntei.

                _Eu posso dar o que você quiser Violetta._ disse ele.

                Meu coração palpitou repetidas vezes e pensei que ele fosse sair do peito e ficar em minhas mãos. Aquilo era lindo demais, mas eu não podia me enganar, eu estava frágil pela briga que tivera com Leon. Minhas pernas ficaram tremulas e eu tive que desviar o olhar do dele.

                _Tchau, Diego_ falei.

                Ele abriu os braços e me deu um abraço muito forte, eu fiquei sem respirar; ele me soltou e me deu outro beijo na bochecha e saiu andando. Tive dificuldade em achar minha chave em meio a bagunça que estava minha bolsa, minha cabeça girava e eu tinha vontade de sair correndo.

                Abri a porta de casa e como pensei, ela estava uma bagunça. Fiquei confusa entre arrumar ou não, tanto fazia já que Leon não iria lá a casa, pelo menos por enquanto; eu havia sido bem clara em relação à que eu o procuraria caso quisesse.

                Joguei-me no sofá e liguei a televisão. Não havia nada passando de útil na TV, desliguei-a e subi para o quarto. Decidi que limparia a casa e fiquei a tarde toda limpando ela e cantando. Vez ou outra me empolgava com os vídeos que eu ouvia de nós cantando no U-Mix e começava a dançar.

                Anoiteceu e tomei um banho, fui até a cozinha e decidi preparar estrogonofe para mim. Eu não cozinhava muito, não era surpresa para ninguém; então procurava em três, quatro lugares os ingredientes. Terminei o jantar e preferi comer na cozinha, a mesa parecia menor e eu me sentia menos sozinha.

                Peguei meu celular. Havia uma foto minha e de Leon, com Fran e Cami no protetor de tela e fiquei cinco minutos nos olhando e depois desbloqueei a tela, eu tinha duas mensagens; meu coração palpitou loucamente, pensando que uma delas poderia ser de Leon, abri a primeira.

                Era uma mensagem da operadora, dizendo que Fran tinha ligado, mas não deixara recado. Naquela noite, eu não estava a fim de conversar com ninguém; era a única alternativa que eu tinha, pelo menos por hora; se eu falasse com alguém magoaria a pessoa. A outra era uma mensagem de Angie me perguntando se estava tudo bem.

                Eu respondi a Angie brevemente e fui dormir. A casa estava muito silenciosa e comecei a chorar. Eu não tinha medo de ficar sozinha, nunca tive, mas agora era diferente. A solidão não se resumia à estar só, mas sim de não ter ninguém com quem compartilhar algo.

                Não me recordo de quando consegui dormir, mas a canção que acalmou meu coração foi a canção que tocava na caixinha de música da mamãe, a bailarina se movia com toda delicadeza e seus círculos eram feitos com tanto glamour que arrancou de mim um sorriso.

                Durante a noite, eu acordei assustada e olhei para a bailarina. Uma sombra se projetava na janela e eu fechei meus olhos com força e abri-os novamente, em uma tentativa de espantar a ideia da minha cabeça de que tivesse alguém me observando. Eu engoli seco e abri os olhos. A sombra ainda estava diante de minha cama. “É só a sombra da bailarina” repetia a mim mesma.

                Poderia até ser a sombra da bailarina, considerando o fato de que a lua cheia lá fora entrava pela janela e estava atrás da bailarina; mas a sombra não tinha o tutu que a bailarina usava e os cabelos da sombra estavam curtos, muito curtos.

                Eu tive medo de acender a luz do quarto e me deparar com alguém, mas quem quer que fosse a pessoa que estivesse em meu quarto, sabia que eu a estava vendo e se não tentara nada até agora, provavelmente, não tentaria agora; lentamente, levei minha mão até o interruptor e liguei a luz.

                A sombra sumiu pela janela aberta. Eu estava ofegante de medo e fechei a janela do meu quarto com muita dificuldade, minhas mãos tremiam tanto que eu tive que me concentrar para passar o pino entre a pequena abertura que tinha.

 *Ouçam essa canção enquanto leem: https://www.youtube.com/watch?v=x8lclSdyipE *
                           Eu não sabia se ligava para a polícia, se ligava para o meu pai ou para... Leon. Eu tinha muita vontade que Leon estivesse a uma parede de distância, que estivesse acordado e que pudesse dormir comigo, me fazer rir de toda aquela situação e de me convencer que eu era uma sonâmbula, que estava dormindo ou rir e dizer que eu estava começando a ficar pirada.

                Mas, eu não podia perturbá-lo com meus problemas. Ligar para o meu pai não era uma opção, considerando o fato de que ele viria correndo para casa, achando que sua garotinha precisava de ajuda. Sim, eu precisava, mas não queria assumir; aquela era a primeira vez que eu ficava sozinha em casa e não queria estragar tudo com algo tão bobo assim.

                Obriguei-me a pensar que aquela era a sombra da bailarina de outro perfil e que eu não podia sequer imaginar que fosse alguém, afinal, ninguém entraria por todas as portas trancadas e entraria por uma janela no segundo andar. Minha casa poderia parecer o que fosse, mas algo era fato: era muito alta.

                Se alguém tivesse pulado como eu havia visto, estaria com uma perna quebrada lá em baixo e quando eu fechei a janela, não havia ninguém na rua, apenas a janela da casa dos Dominguez estava acesa e eles deveriam ter ficado de olho em mim por meu pai e se tivessem visto alguém, ligariam para meu pai e ele já teria me ligado.

                Desci para a cozinha e tomei um copo de água bem gelado, quando subi para meu quarto, minha mão tremula roçava o corrimão da escada e quando fui abrir a porta do meu quarto, minha mão tremeu na maçaneta e um arrepio percorreu meu corpo. Eu queria dormir, mas não em meu quarto.

                Olhei para a porta ao lado da minha. O quarto de hospedes. Eu girei a maçaneta do quarto de hospedes e uma lágrima escorreu por meu rosto; estava tudo tão organizado, de manhã, Leon havia arrumado o quarto e sentei-me na cama.

                Minha mão apalpou o travesseiro, tudo tão macio e deitei nele. O perfume tão gostoso de Leon pareceu me dominar e eu não pude conter as lágrimas. Eu o amava como jamais amaria ninguém; nós éramos um amor que nasceu de uma vingança e esses amores eram os melhores.

                O quarto cheirava a Leon e eu sentia muita falta de abraçá-lo e beijá-lo, de estar com ele... Eu fora uma boba, ele apenas se preocupava comigo, mas eu não o compreendia e achava quase impossível que ele sempre me compreendesse, mas ele me respeitava.

                Eu adormeci naquela noite e acordei pela manhã com os raios de um novo dia entrando pela janela e me cegando. Fui até o meu quarto e peguei uma roupa, não era a mais bonita que eu tinha, mas eu me vestia de acordo com meu humor e decididamente, eu não estava nem um por cento, humorada.

                Não tomei café e fui direto para o Studio. Começou a chover e eu acabei mais uma vez esbarrando em Diego, ele me pegou quando escorreguei na lama e me levantou delicadamente. Olhei em seus olhos, havia uma felicidade franca demais, e seus cabelos estavam molhados e pingavam água, assim como os meus.

                Ficamos embaixo de uma árvore no Studio.

                _Olá_ cumprimentou ele.

                Olhei para ele.

                _Anda me seguindo?

                Ele franziu o cenho confuso.

                _Por que eu te seguiria?

                Suspirei.

                _Não sei_ admiti.

                Ele riu.

                _Geralmente sou eu que quando viro tenho que te segurar para não cair._ disse brincalhão._ Geralmente eu me viro e boom!_ disse ele fazendo onomatopeia_ Lá está você.

                Revirei os olhos.

                _Desculpe a infeliz coincidência._ falei andando na chuva.

                Ele veio ao meu lado andando no mesmo ritmo.

                _Não parece que dormiu bem essa noite._ concluiu depois de olhar meu rosto.

                _Não foi a melhor noite da minha vida, mas estou bem_ admiti.

                Ele refletiu por um segundo.

                _Não sei se vai funcionar, mas é a primeira vez que eu faço isso._ afirmou.

                Ele me parou em baixo de uma arvore cheia de flores e sorriu para mim e começou a cantar:

                “Y es que yo soy así
                Mi vida es alocada
                Sin red y voy a mil
                Mi ley es doble o nada
                Y es que yo soy así
                Con solo una mirada
                Vas a quedar de mi
                Por siempre enamorada.”

                Sorri, corada.

                _Sua voz é absurdamente linda._ falei._ Por que não tenta entrar para o Studio?

                Ele olhou para mim com um sorriso de deboche.

                _Eu sei que não consegue ficar sem mim._ disse ele presunçoso.

                Eu suspirei e revirei os olhos.

                _Você é muito metido!_ constarei._ Eu só te disse isso porque você tem uma voz linda e aqui no Studio você poderia se tornar um artista._ Abri minha bolsa atrás de um papel falando sobre o Studio, como entrar, como funciona, quantas turmas, professores... Dando todos os detalhes._ Dá uma olhada e mais tarde, você me liga para me dizer o que decidiu._ peguei o pulso dele e uma caneta azul e escrevi meu número e meu nome embaixo.

                _Obrigada_ falou ele._Está tão ansiosa para que eu te ligue assim?_ disse, mostrando sugestivamente o pulso.

                Mordi o lábio de raiva.

                _Tchau, Diego.

                Dei as costas e ele me segurou pelo pulso. Estávamos na escadaria do Studio e ficamos parados, vendo os outros alunos entrarem todos secos. Fiquei morrendo de raiva de ter me esquecido de colocar o guarda chuva dentro da bolsa!

                _Eu não mereço nem um beijo ou um abraço?_ perguntou indignado.

                _Tchau_ eu disse descendo dois degraus da escada.

                _Não vai se livrar de mim tão fácil_ afirmou ele.

                Ele me levou até lá dentro e me deu um último abraço bem em frente a janela da sala, eu dei um último beijo na bochecha dele e entrei na sala. Todos me olharam de cima abaixo. Eu estava um lixo! Meu cabelo estava horrível e minha roupa um pouco suja, mas eu via mesmo era a curiosidade em relação ao Diego nos olhos de todo mundo, para minha surpresa, até nos olhos de Ludmila.

                Angie obviamente não daria aula, então teríamos aquela aula vaga. Percorri com os olhos a sala, mas constatei que Leon não estava ali; senti uma pequena tristeza e me sentei ao lado de Cami e Fran.

                _Olá, meninas. Vocês viram o Leon hoje?_ Perguntei.

                _Não, ele não veio por que..._ Cami estava falando e Francesca deu um beliscão nela.

                Eu percebi e falei no mesmo instante.

                _Onde ele está?_ falei mordendo o lábio nervosa.

                _Em lugar nenhum_ falou a Fran._ É que a língua da Cami que é muito longa!_ falou Fran.

                Eu sabia que ele deveria ter feito uma tortura psicológica forte com elas para que elas não me dissessem nada; eu o conhecia muito bem, bem até demais e sabia como ele podia convencer as pessoas muito facilmente, eu tive vontade de perguntar para elas e dizer que eu não contaria nada a ele, mas eu sabia que pela boca das duas, nada sairia.

                _Eu vi foi aquele gato contigo!_ falou Cami me dando uma cotovelada fraca na costela.

                _Quem era?_ perguntou Fran.

                _É apenas um amigo_ falei, desviando o olhar.

                Cami riu.

                _Qualquer um que visse vocês dois diriam que rola mais do que uma amizade aí. Vocês ficam bem juntos, parecia que ele tinha te enfeitiçado, pela maneira como você sorria; o jeito que ele te abraçava..._ disse Cami rindo.

                _E o Brodway?_ perguntei.

                O sorriso de Cami desapareceu.

                _Ele quer voltar comigo, mas eu não quero... Ah sei lá! Eu não confio nele como antes... É como se entre nós houvesse um penhasco enorme e qualquer um de nós que der um passo vai cair e se ferir; e eu me sinto mal com isso, porque eu queria estar com ele; ele me fazia rir e era além de namorado, um amigo incrível_ suspirou ela._ Aí! O que eu faço meninas?_ perguntou ela.

                _Não sei, Cami_ falei._ Fran?

                Francesca parecia estar em outro universo paralelo porque ouvia o que falávamos, no entanto, não prestava atenção, ela estava olhando para Marco, sorrindo. Ele retribuía o sorriso com a mesma intensidade e de vez em quando piscava para ela.

                _Fran?_ tentei de novo.

                _Francesca!_ gritou Camila.

                Fran deu um pulo na cadeira com o susto e virou-se para Camila, tão boba, tão boba que eu acreditei que se alguém viesse e quebrasse um vaso na cabeça dela, ela diria: “Ah, obrigada, foi muito gentil de sua parte!”.

                _O quê, Cami?_ perguntou Fran.

                _Poxa! Eu estou falando com você!_ disse indignada, Camila;

                _Me desculpe_ disse Fran._ Do que estamos falando?

                Camila ficou chateada e nem respondeu. Ficou durante um bom tempo fazendo biquinho.

                _De nada não_ falou Camila, enrolando com um dedo um cacho em seu cabelo.

                _Você e o Marco estão namorando?_ perguntei, sorrindo.

                Francesca sorriu, corada e desviou o olhar para Marco.

                _Sim, agora nós estamos. A melhor coisa que aconteceu foi Leon nos apresentar eu serei eternamente grata a aquele idiota meu._ falou Francesca rindo.

                Eu senti uma ponta de ciúmes e fiquei com os lábios apertados.

                _Seu?_ repeti.

                Ela riu.

                _É mais meu do que seu_ garantiu.

                _Quem é a namorada sou eu_ lembrei.

                Ela me olhou incrédula.

                _Quem é a melhor amiga dele sou eu.

                _Você também é minha melhor amiga._ lembrei rindo.

                Francesca chamou Cami.

                _O que foi, Francesca?_ falou Camila.

                Francesca sorriu.

                _Eu acho que você deve voltar com o Brodway.

                Camila abriu um sorriso radiante e gargalhou.

                _Obrigada, meninas.

                Camila andou até Brodwey e começaram a conversar; de longe eu pude distinguir que se cumprimentaram de maneira comum, como amigos, mas já pelo meio da conversa, li nos lábios dos dois diversas vezes a palavra: “Amor”. Francesca levantou-se e foi ficar com Marco.

                Eu estava sozinha. Talvez se Leon estivesse ali, eu pudesse conversar com ele, dizer que eu estava preocupada com ele, que o amava, que gostaria muito que ele me desse o perdão dele e sobretudo, queria desabafar com ele, dizer o que havia acontecido na minha casa mais cedo.

                Eu abri minha bolsa em busca do celular para ligar para Leon e disquei o número. Uma garota sentou-se ao meu lado, mas nem me dei ao trabalho de cumprimentá-la ou ver quem ela era; Leon não atendeu a nenhum toque do telefone e me arrepiei ao ouvir a voz aveludada dele e reconfortante, pedindo para que eu deixasse um recado.

                _Oi, Amor. Sou eu, a Violetta_ engoli seco_ Eu queria te pedir desculpas por tudo o que eu disse ontem; eu sei que você me ama e para você o que importa é que eu esteja segura e que esteja feliz; por incrível que pareça_ eu conseguia ouvir um sorriso em minha voz_ você me trás felicidade e ainda me trás segurança; muito obrigada por isso._ suspirei._ Eu sei que talvez meu pedido de desculpas não seja o suficiente para você, mas eu espero que seja; porque eu te amo. Sinto sua falta. Queria muito que você estivesse aqui...

                Andrés passou diante de mim e eu segurei seu pulso, puxei-o para mais perto e disse:

                _Andrés, você sabe onde o Leon está?

                Andrés deveria muito bem saber onde Leon estava, no entanto, eu achava que era pouco improvável que ele contaria, mas de qualquer maneira, não teria custo algum em tentar.

                _Não posso dizer nada_ afirmou ele.

                _Obrigada_ disse._ Agora pode ir embora._ falei sorrindo.

                Ele pareceu confuso.

                _Embora para onde?_ perguntou ele.

                _Qualquer lugar_ falei engraçada.

                _Agora eu estou confuso!_ falou ele._ É prá ir prá embora ou para qualquer lugar?

                Eu ri.

                _Para qualquer um que você quiser.

                 Sai da sala para beber água e quando me virei, Diego estava sentado no pátio com um caderno em mãos; andei até ele com um sorriso. Ele pareceu não me ver, pois estava muito concentrado escrevendo algo, passei ao lado dele, mas ele não meu viu. Estava de costas para mim e eu tampei seus olhos com as minhas mãos.

                _Quem é?_ perguntei.

                As mãos dele ficaram sobre as minhas e foram apalpando as minhas mãos. Ele pegou em um anel que estava em minha mão e foi tateando.

                _Mãos tão macias e esse anel..._ falou._ Só pode ser a mão da minha Violetta.

                Eu ri.

                _Ponto_ falei.

                Sentei-me ao seu lado no banco e olhei o seu caderno sugestivamente. Eu pude ver um sorriso muito bonito se formando em seu rosto, apreciei durante alguns segundos sua caligrafia tão bonita, sua letra tão redonda e tão clássica; achei-a tão linda.

                _Estou escrevendo uma música._ respondeu ele.

                Eu sorri.

                _E como se chama?_ perguntei, afastando delicadamente a mão dele de cima do nome e li “Yo Soy Así”._ Gostei do nome._ assinalei._ E fala de você, a letra._ afirmei e depois corrigi._ Provavelmente_ acrescentei.

                Um ar de sorriso apareceu em seus lábios.

                _Não, não fala só de mim._ ele fez uma pausa média._ Fala sobre você também.

                Eu abri minha boca para protestar, engoli todas as coisas horríveis que eu provavelmente diria a ele e eu corei; eu tive vontade de sair correndo dali, mas eu apenas tinha duas alternativas: Ficar sozinha e pensar em Leon ou ficar com Diego e pensar em como aquilo estava confundindo à ele.

                _Está confundindo as coisas_ assinalei, engolindo seco.

                Ele sorriu.

                _Violetta, eu entendo muito bem que me quer apenas como um amigo, mas eu quero algo mais contigo_ falou._ Eu acredito que como a sua vida é, você nunca se apaixonou por uma amiga, no seu caso amigo, que também estivesse com outra pessoa, mas quero que você saiba que eu gosto muito de você.

                Faltavam alguns minutos ainda para que batesse o sinal, mas a maioria da nossa sala estava toda no pátio, Cami e Fran estavam com os namorados e eu não queria ficar “segurando vela”, não era do meu feitio. Ludmila e Naty vinham em nossa direção.

                _Olá, Dieguinho!_ falou Ludmila sorrindo.

                _Esse é aquele que me disse?_ perguntou Natalia, baixinho.

                _É sim, Naty. Agora vai buscar uma água mineral prá mim, em temperatura ambiente e sem gás. Vai logo!_ disse ela para Naty.

                Naty saiu correndo em meio às pessoas do corredor atrás do que Ludmila pedira.

                _E terminou com o meu Leon?_ perguntou ela olhando para mim.

                Eu dei um sorriso com deboche.

                _Não me faça rir, Ludmila! O Leon nunca foi seu._ eu disse sorrindo.

                _Ele ainda é! Nós ainda somos as estrelas desse Studio e você é apenas uma luzer com quem ele se diverte Vilu!_ disse ela gesticulando._ Você não presta e depois que ele perceber, ele vai voltar correndo pros braços da Ludmi! Ele vai perceber que não pode trocar o Universo_ disse gesticulando para si mesma_ por uma luzer como você.

                Eu me levantei e sorri para ela.

                _Eu não sou um objeto para que ele me troque, mas se diz assim; quer dizer que ele já te trocou querida e se já te trocou; o objeto nessa história é você_ sorri, triunfante.

                Diego aplaudiu. Ludmila se aproximou de mim.

                _Acho que se esqueceu quem é que manda nesse Studio!_ assinalou ela.

                _É o Antônio, que é o dono_ eu disse calmamente, mas por dentro eu queria esbofetear a cara daquela loira_ e o Pablo, que é o diretor.

                Ela riu, sem humor.

                _Errado, Vilu!_ disse erguendo as mãos._ Sou eu.

                Eu não me lembro de quem começou a briga, eu só me lembro que eu e Ludmila começamos a trocar tapas e xingamentos uma com a outra, meu sapato voou a uma distancia tremenda e eu conseguia arrancar com as mãos tufos de cabelo de Ludmila. Todos gritavam: “Briga, briga!”, exceto Cami, Fran, Brodway, Maxi, Marco e Andrés.

                Diego me segurou pela cintura e me puxou com força para trás e Andrés fez o mesmo com Ludmila; Diego me prendeu firme ao seu corpo e disse ao meu ouvido: “Fique calma, Vilu; fique calma...” ,mas tudo o que eu queria era dar uns bons tabefes na cara daquela riquinha mandona.

                Abraçada em Diego, avaliei uns primeiros danos: Eu tinha a marca de uma mordida no braço, marcas de alguns tapas e sobretudo tinha arranhões das unhas de Ludmila; eu ri quando vi a quantidade absurda de cabelo loiro que havia em minhas mãos. Ludmila parecia ter uma dor de cabeça muito forte, mas eu não liguei afinal, eu também estava.

                Ela também tinha em mãos meus cabelos e uma alça de sua blusa foi descosturada quando eu puxei; seu cabelo estava todo desorganizado e torto, porque eu arrancara em diversas quantidades e em todos os lugares; a maquiagem dela estava horrível, havia rímel um pouco abaixo do olho.

                _Pode me soltar, Diego_ disse._ Eu já estou mais calma_ falei.

                Ele me soltou e quase cai, sorte que ele me segurou. Um dos saltos do meu pé quebrou-se e sentei-me no banco e tirei os sapatos. Eu senti raiva por eu ter brigado com Ludmila, meu pai sempre me ensinou que a violência física não ajuda em nada e naquele momento, eu tinha cedido à tentação de bater nela.

                _Ludmila, me desculpa_ pedi.

                Ela olhou para mim, com os olhos ardendo de raiva.

                _Você vai pagar caro, muito caro por isso._ disse ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? O que vocês acham? E essa briga Leonetta? Onde estará o Leon? Como a Ludmila irá se vingar? Violetta está gostando de Diego? E Diego conhece Ludmila de onde? Aguardem até amanhã para saber mais! Um beijão amores, até mais! ❤️



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Xeque-Mate" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.