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Ártemis não tinha direito de fazer aquilo, foi ela que me beijou.

Você poderia ter parado, mas não se aproveitou da situação.

Me aproveitei ??

Sim, você sabe que sim.

Argg, foda-se.

Apolo passou as mãos pelos fios loiros, porque aquilo estava mexendo tanto com ele, tirando seu sono, noite após noite, era só mais um beijo, de mais uma deusa qualquer, não, não era mais uma deusa e não era mais um beijo, era Ártemis, era o beijo de Ártemis.

Mas por que era tão diferente, tão certo e tão errado, por que ele queria mais ??

Perguntas e mais perguntas eram o que preenchiam a cabeça do deus das artes e da medicina, nada era certo, e tudo por causa de um beijo sem mais nem menos de sua irmã gêmea.

– Ártemis abre a porta, a gente tem que conversar.

O deus escutou um não manhoso do outro lado, e não ligando para o mesmo se tele transportou para dentro do quarto, queria respeitar ela, queria que ela abrisse de livre espontânea vontade, mas isso nunca iria acontecer, e ele nem sabia direito o porquê dele querer respeitar a privacidade dela.

Ártemis estava sentada na pequena e redonda mesa que tinha na varanda de seu templo, olhou desinteressadamente para o deus e voltou seu olhar para a lua.

Ela fica ainda mais ... foco Apolo

– Nós precisamos conversar – disse firme enquanto puxava a cadeira a frente dela – você não pode chegar no meu templo dizendo que quer falar comigo e me beijar dar um tapa na cara e fingir que eu to errado, foi você que me beijou ...

Ártemis o encarou sem sentimento algum expressado.

Fria e distante como ... como a Lua

– Você não levou o tapa por me beijar, você levou o tapa por se aproveitar ... – ela deixou a frase morrer.

– Haa então você assume que me beijou ?? – perguntou o deus com um ar infantil assumindo o rosto bronzeado com um pouco de olheiras pelas noites anteriores mal dormidas.

– Sim Apolo, quando se passa a eternidade negando – Ártemis pigarreou, obviamente tentando achar as palavras certas – os desejos, é normal você ter um momento de fraqueza.

O loiro tentou esconder a animação, conseguindo.

– Você se sente atraída por mim ??

– Por favor – Ártemis bufou indignada – você é o símbolo da perfeição masculina, eu posso até ter nojo de homens, principalmente de você, mas ainda sou mulher ... – e de novo a deusa deixou a frase morrer, dando o assunto por encerado.

Eles permaneceram em um silencio tenso por um longo tempo.

Ártemis rezando pra alguém aparecer e tirar eles daquele momento constrangedor e Apolo se remoendo para fazer mil perguntas para a deusa.

Por que ela tinha tanto nojo dele ??

Por que ela tinha beijado ele ??

Por que ela era tão fria e distante ??

Mas se contentou em fazer outra pergunta, diferente das que rodeavam sua mente.

– Por que ?? – soltou o deus, sua voz saindo em um fino sussurro, sem nem mesmo ele permitir, enquanto quebrava o silencio e não conseguia terminar a frase

– Por que o que ?? – rebateu Ártemis.

– Fez o juramente – mais um sussurro não requerido – Por que você fez o juramento ?? – repetiu mais convicto.

Ártemis enrijeceu.

– Ahh você sabe eu – sua voz foi baixando de tom conforme a mentira – eu perdi a única pessoa que eu amei e que me encanou.

Órion, sempre seria ele, sempre seria aquele caçador, que abusou dela, sempre, sempre seria ele – conclui o deus percebendo que sua mão estava fechada em punho em cima da mesa, e sem nem ter porquê.

– Sinto muito – respondeu sincero enquanto olhava para a lua, tão linda, tão perto, mais ainda assim tão longe, soube então o motivo de não ter dormido depois do beijo, soube por que era diferente.

– Bom eu tenho que dormir – disse a deusa meio hora depois, quebrando o silencio que se instalou novamente – e não, eu não quero que você durma comigo.

Ela conclui desdenhado o sorriso malicioso que surgiu na face do deus.

– Boa noite Moon, eu ...eu acho ... eu acho que te amo – sussurrou mas Ártemis não ouviu, já estava dentro do quarto com a porta da varanda fechada.

Quando Apolo voltou para seu quarto, tudo o que ele queria era dormir, sabia que demoraria para conseguir, agora sabia o motivo e sabia que estava fadado a um amor que não era reciproco.

Afina Ártemis sempre amaria, Órion, e ele nunca poderia mudar isso.

– Nossa é uma pena que você seja o deus do amor e saiba de tudo Apolinkis – entoou uma voz enjoativa a sua costa.

– O que você quer dizer com isso Afrodite ??

– Que ela te ama, mas ainda não percebeu que te ama – disse a deusa animada – você só precisa se abrir com ela Polito, vou indo que Ares está esperando por mim, kissus de morango.

E deixando cheiro de rosas e um Apolo mais confuso do que nunca para trás Afrodite desapareceu numa fumaça rosa.

– Mas ...

Apolo desistiu se jogando na cama deixou seus pensamentos se voltarem ao beijo de certa ruiva, ele não devia sentir isso por sua irmã, era errado e doentio, mas agora era a sua sina, olhar sua irmã todos o dia, lembrar dos lábios dela e ter a certeza de que nunca a iria ter.

E com esses pensamentos o deus das artes deixou ser levado para o mundo de Hipnos, aonde poderia finalmente ter o amor de Ártemis.

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