Hermione – LEO! LEO! LEO!

Leo – O que foi, garota? Que desespero é esse?

Hermione – Xiu, xiu.

Leo – ...

...

Leo – Dá pra você me explicar?

Hermione – Sabe que barulho é esse?

Leo – Eu não tô ouvindo nada.

Hermione – Exatamente. É silêncio. Estamos finalmente livres daquela maluca.

Leo – Dá pra ver que você considera mesmo a sua amiga.

Hermione – Amiga uma ova.

Leo – E ela tá no submundo.

Hermione – Se não quiser não precisa voltar não. Mas falando sério, tem como esse dia ficar melhor?

Finnick entra pela porta da frente – Haha, bom dia! *sorri*

Hermione – Meu paizinho do céu. *desmaia*

Leo – Hein?

Finnick – Ah, isso sempre acontece. Vai um cubo de açúcar? *tira vários do bolso*

Leo – Pra que eu ia querer isso, estranho?

Finnick – É, eu tô aqui pra falar com o Haymitch. Ele tá por aí?

Leo – Tá no escritório dele. Bêbado. Ou dormindo. Ou os dois.

Do outro lado...

Trin, trin...

Haymitch – Alô?

Leo – Então Haymitch, seu paciente de hoje falou que te conhece. E a Hermione desmaiou só dele ter entrado aqui.

Haymitch – Finnick. Manda entrar e traz a desmaiada junto.

Finnick e Hermione entram.

Haymitch – Finnick, quanto tempo. Como vai a vida?

Finnick – Bem, até.

Hermione – Você conhece esse cara? *ainda boquiaberta*

Haymitch – Ah, é uma longa história. Mas então, por que você veio aqui hoje?

Finnick – Annie falou que podia ser uma boa ideia. E eu topei. *sorri*

Hermione – MEU DEUS! *babando*

Haymitch – Tá, e você aceitou a ideia da sua namorada maluquinha?

Finnick – Ei, não fala mal dela. *faz cara de dó*

Hermione – ME LEVA COM VOCÊ!

Haymitch – Hermione se você não calar a boca vai trocar de lugar com o Leo.

Hermione – Ah, foi mal.

Haymitch – Então podemos começar? Conte-me seus problemas.

Finnick – Como você sabe eu fui o vencedor de uma edição dos Jogos Vorazes na qual eu prendi todo mundo numa rede e sai enfiando um tridente neles.

Hermione – Epa.

Finnick – Era isso ou morrer, então eu tive que fazer uma escolha. *olha para o horizonte com tristeza*

Hermione – HAYMITCH MEU CORAÇÃO TA DISPARADO O QUE EU FAÇO?

Haymitch – Vou emprestar o tridente dele e enfiar na sua guela. Continue, Finnick.

Finnick – Bem, então eu tive que fazer uns serviços sujos ou então o Snow ia matar as pessoas que importavam pra mim.

Hermione – Serviços sujos? Que tipo de serviços sujos?

Finnick – Bem, ele me forçava a vender o meu corpo e...

O nariz de Hermione começa a sangrar e ela desmaia de novo.

Haymitch – Ok, vamos ignorar essa parte e deixar ela assim.

Finnick – Aí como todo vencedor dos Jogos eu tive que virar mentor. E quando isso aconteceu, eu acabei conhecendo a Annie. E apesar de todos os amantes que eu fui forçado a ter e fingia amar de verdade para que o Snow ganhasse mais dinheiro e me deixasse em paz, nenhum deles foi tão verdadeiro quanto a Annie. *respira fundo*

Hermione – Meus ovários estão explodindo nesse momento.

Finnick – Annie era uma garota legal. Mas apesar de vivermos em um lugar cheio de carreiristas, ela era extremamente inocente. Ela via a droga de vida que estava levando como se fosse uma coisa muito bonita. Era uma garota que sabia aproveitar as coisas mais simples.

Haymitch – E você dava valor nisso por estar rodeado de pessoas fúteis?

Finnick – Exatamente. Eu fiquei próximo dela o máximo de tempo que consegui, porque sabia dos terrores dos Jogos e o que podia acontecer com ela. Eu não acreditava que aquela menina frágil podia vencer qualquer coisa. E então veio o dia em que eu tive que me despedir dela. Eu sentia que nunca mais iria vê-la. *seca uma lágrima*

Hermione – OWWWWWWWNT!

Haymitch – LEO!

Hermione – VOCÊ NÃO OUSE! Agora eu quero ouvir até o final.

Finnick – O negócio é que por sorte teve aquele terremoto que destruiu boa parte da arena e aí Annie sobrou como a única ainda viva. Eu fiquei tão feliz em saber disso. Fui correndo encontrá-la, porque precisava contar meus sentimentos verdadeiros.

Hermione – Me fala que de onde você veio existem mais do tipo, porque eu queria um pra mim.

Haymitch – Contenha-se, mulher. Você tem namorado.

Finnick – Mas assim que eu a vi, percebi que tinha alguma coisa errada. Ela já não falava coisas com muito sentido, parecia meio alheia às coisas. A única lembrança da antiga Annie nela era o brilho nos olhos. Isso estava intacto. Mas ao mesmo tempo eu já não tinha mais como me declarar. Precisava esperar que ela voltasse ao normal.

Haymitch – E se ela não voltasse?

Finnick – Eu ia continuar esperando do mesmo jeito.

Haymitch – Interessante. Mas e daí?

Finnick – Bem, aí teve a edição 75 dos jogos em que eu e ela fomos sorteados pra ir um contra o outro. Sorte que a Mags pediu pra ir no lugar dela. Eu gostava bastante da Mags também...

Hermione – Vish, tem outra na história?

Finnick – Não, Mags era como uma mãe pra mim. E ela se sacrificou pra me salvar.

Hermione – Ownt, que fofa.

Finnick – Na minha entrevista pra essa edição, eu fiz um poema pro meu verdadeiro amor. Enquanto os clientes da Capital achavam que ele foi feito pra eles, minha verdadeira inspiração era Annie.

Hermione – Haymitch, eu quero casar com esse homem.

Haymitch arranca uma folha do bloco e enfia na boca de Hermione – Pode continuar.

Finnick – Teve os jogos, muita gente morreu, eu sobrevivi na sorte, mas ao mesmo tempo Annie foi raptada, o que me deixou muito desesperado. Eles torturaram ela pra tentar achar informações sobre nós, o que era bem inútil. Depois o pessoal do distrito 13 conseguiu salvar ela e foi aí que eu finalmente pude contar pra ela sobre o meu amor e tal.

Hermione – Ah, que final lindo.

Finnick – É, tirando a parte que eu fui enviado numa missão suicida e tive a cabeça arrancada por um jacaré mutante.

Hermione – Hein?

Finnick – E ainda deixei a Annie grávida... Eu não podia ter morrido lá. Mas ao mesmo tempo eu não sabia sobre o bebê...

Haymitch – E sobre os seus amigos, Finnick? Como se sente?

Finnick – Não é como se eu tivesse muitos. A minha mais antiga é a Johanna, sem dúvida. Ela é muito engraçada, apesar da maioria das pessoas achar que ela é só uma doida varrida. E a Katniss, ela é legal também. Meio fria pra uma garota em chamas, mas é legal. Eu até cheguei a ficar meio amigo do Peeta, mas zoaram com a cabeça do cara e ele acabou se ferrando com isso.

Haymitch – Finnick, acho que eu sei qual é o seu problema. Você tem a Síndrome do Vampiro.

Finnick – O quê?

Hermione – Ai, caramba. Agora eu sei como aquela Bella se sente.

Haymitch – Não, você não é um vampiro. O negócio é que você olha no espelho e não se vê. Você vê um nada, um vazio. Tá tão preocupado com os problemas que ainda nem teve que esquece de pensar no agora. Ficou pensando nos Jogos e não se declarou pra Annie. Ficou pensando nos seus Jogos e não se declarou de novo. Ficou pensando no fim da guerra e, apesar de ter se declarado, não aproveitou o tempo que ainda tinha pra passar com ela. No fim você acabou morto e ela grávida. Parece até Cidade de Deus. Outro bom nome pra uma doença, deixa eu anotar aqui... *puxa papel e caneta*

Finnick – Caramba, Haymitch... Acho que você tem razão. Mas como eu me livro disso?

Haymitch – É bem simples. Você vai precisar ocupar a sua mente com outras coisas. Precisa ver outras pessoas que estão numa situação bem pior, mas ainda assim aproveitando a vida. Pra que você pare de reclamar e seja feliz de verdade por trás desse sorriso falso. Eu tava pensando em você trabalhar aqui...

Hermione – POR FAVOR! POR FAVOR, FAZ ELE TRABALHAR AQUI!

Haymitch – Tá vendo? *aponta* É com esse tipo de incompetente que eu tô trabalhando no momento.

Finnick – É, acho que pode ser, Haymitch.

Haymitch – Muito bem, seu expediente começa agora. Vai na quitanda ali da esquina e compra pra mim umas três garrafas de licor. *joga o dinheiro*

Finnick respira fundo – Você não muda mesmo.

Odair, Finnick

Diagnóstico: Síndrome do Vampiro

"Eu juro que não entendo as suas piadas, Haymitch."