Burning Love escrita por B Targaryen


Capítulo 10
Perguntas sem respostas.


Notas iniciais do capítulo

Por favor não me odeiem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568313/chapter/10

Quando minha consciência voltou, eu abri os olhos e estava em um carro de novo. Não era ruim, tinha um cobertor ao redor de mim, me mantendo aquecido. Não consegui manter os olhos abertos por muito tempo, mas não conhecia as vozes ao meu redor, mas acho que estavam me levando pro hospital. Então perdi a consciência de novo.

(...)

No momento que abri os olhos de novo, a primeira coisa que vi foi um teto branco e embaçado. A dor tinha passado, mas agora eu me sentia cansado e enjoado. Quando virei o rosto pro lado, não tem palavras pra explicar o alívio que eu senti quando vi Bruno.

Ele abriu um sorriso quando me viu olhar pra ele, eu o encarei sem dizer nada. Queria desabar, chorar e contar o que aconteceu, mas eu não podia, tinha que ser forte.
—Onde a gente ta? – me forcei a perguntar, bem baixo.
—No hospital. Você se meteu numa roubada das grandes ontem. Tudo bem, eu não vou te fazer falar agora. – ele não parava de falar e, embora minha cabeça doesse, era bom ouvir a voz dele. Eu não queria que ele parasse. – Ontem de noite, quando ligaram pra mim, porque você estava no hospital, cara, eu fiquei desesperado. Eu pensei que você fosse morrer.
—Eu também pensei que eu fosse morrer. – brinquei.
—Charlie, a Natasha... – ele começou, mas eu interrompi.
—Ela ta aqui?
Ele fez que sim com a cabeça.
—A noite toda. Ela não quis vir aqui com você desacordado porque pensou que fosse invadir sua privacidade.
—Eu quero ver ela. – falei. Merda, o que eu to fazendo?
—Agora?
—Agora.
—Vou chamar ela entao.
Ele saiu andando devagar e me deixou sozinho.
Enquanto isso, uma enfermeira chegou lá, disse que o nome dela era Emma. Era velha e gordinha, loira e não parava de sorrir, parecia ser do tipo de pessoa amável que você quer ter por perto. Me fez algumas perguntas e me deu uma injeção,fez algumas coisas então fechei os olhos e fingi que estava em outro lugar. Eu não gostava daquilo. Antes de ela sair, me perguntou se eu queria uma coberta, e eu disse que sim. Estava frio, ou pelo menos eu estava com frio.

Quando Natasha chegou lá, eu estava com vergonha, mas ela abriu um sorriso pra mim que fez toda a dor valer a pena. Eu esperava que ela me perguntasse coisas que eu não queria responder, ou dissesse coisas que eu não queria ouvir, mas ela não fez isso. Natasha chegou do meu lado, bem perto e passou a mão no meu rosto. Eu a puxei pra perto e fechei os olhos, sentindo o calor do abraço dela. 

—Foi tão horrível, Natasha. Eu to assustado. - falei, baixo. 

—Está tudo bem agora, Charlie. Você vai ficar bem. - ela correu os dedos pelo meu cabelo devagar e sussurrou num tom tão doce que eu quase acreditei. Natasha ficou lá comigo até eu cair no sono e estranhamente, apesar de todos os avisos, apesar de eu ter sido dito pra ficar longe, nada se comparava ao conforto de estar com ela novamente.  

(...)

Eu fiquei alguns dias lá no hospital, na maior parte do tempo sozinho, o que era uma merda, mas meio que me ajudou a resolver o que eu queria da minha vida naquele momento. Bom, eu não ia me afastar da Natasha só porque seja-lá-quem quer que eu faça, mas eu também não vou contar pra ninguém o que aconteceu. Talvez descubram sozinhos, mas eu não vou contar. Porque se eu contar pra polícia, bom, provavelmente o cara vai ser preso, mas aí as pessoas vão saber e vão falar sobre isso, e eu não quero ser só “o idiota que apanhou por causa de uma garota”. E eu não queria que Natasha soubesse, de jeito nenhum, embora eu sei que ela vai acabar descobrindo. Ela não vem muito ao hospital porque aqui é um daqueles lugares em que não se pode fumar, e fumar é o que Natasha mais faz. Eu não culpo ela. E eu definitivamente não estou bonito: meu olho está inchado, não consigo dormir aqui, porque sempre tem barulho: bebês chorando, gente falando, o tempo todo, e a comida daqui é horrível, eu acho que eu emagreci uns dez quilos. Ainda não olhei as cicatrizes nas minhas costas, mas Bruno disse que está horrível. Ele vem aqui toda noite e passa a noite comigo.

Eu fiquei quase uma semana no hospital, mas pareceram anos. Quando eu voltei, Natasha estava me esperando sentada no sofá da minha casa. Ela tinha um sorriso no rosto e eu não sabia dizer se ela estava feliz por me ver ou se estava zoando com a minha cara. Então ela fez a coisa mais inesperada: Ela veio correndo, e me abraçou forte e me segurou como se não me visse há anos. 

Eu ri.

Karol estava lá também, ela colocou o braço ao redor do meu pescoço e bagunçou o meu cabelo como se eu fosse o irmãozinho dela, olhei Bruno, que estava distraído olhando Karol de um jeito que eu nunca vi ele olhar pra outra garota. Ele me viu e sorriu. Eu estava em casa agora.

Sentei no sofá e nós quatro assistiu um filme e, quando acabou, Karol estava deitada no colo de Bruno enquanto eu e Natasha ainda estávamos nos recuperando da aposta que, cada vez que alguém dissesse a palavra “trepar” no filme, a gente podia dar um tapa na cara um do outro. Injusto, eu acabei de sair do hospital.

Então eu tive uma ideia maluca.

—Natasha. – eu falei baixo.

—O que foi? – ela respondeu. Eu fiz um gesto com a cabeça apontando pra Bruno e Karol

—Quer passar a noite aqui? – perguntei

—Ta maluco? Minha irmã nunca deixaria.

—É que eu tenho uma ideia.

—Vá em frente. Tenta.

—Bruno. – eu gritei.

—O que foi? – ele disse

—A Natasha pode passar a noite aqui?

—É o que? Cê ta doido? – ele respondeu.

—A Karol vai ficar aqui hoje?

—Vai. – ele respondeu espontaneamente. Eu conseguia ouvir a risada abafada de Natasha. Eu olhei pra Karol e depois pra Bruno.

—Então, algum argumento...? Alguém...? – silêncio – Então a Natasha fica.

Quando eu voltei pra perto da Natasha, ela me beijou. E depois nós rimos, sem motivo.

Nós dois fomos pro meu quarto.

—Muita coisa aconteceu no mundo enquanto você tava fora, sabia? – ela disse enquanto sentava na minha cama, bagunçando mais do que já estava.

—Ei! Não é como se eu tivesse morando na lua, ok?

—Ta, mas você perdeu muita coisa.

—Tipo o que?

—A festa do Matt.

—E você foi?

—Claro que fui! Eu fiquei drogadona aquela noite. – eu soltei uma risada

—Você não foi, né?

—A festa foi adiada porque os pais do Matt voltaram antes do planejado da viagem. Mas a festa foi remarcada pra... amanhã. Você vai?

—Não.

—Mas você disse que ia!

—Eu to todo fodido e você quer que eu vá em festas? Na piscina? Eu nunca mais vou numa piscina de novo. E deixar as pessoas me verem ser camisa?

Ela pareceu confusa.

—O que?

Merda, eu não tinha contado pra ela sobre as cicatrizes!

—Nada. – eu falei

—Qual é, Charlie! Você não vai me contar?

Balancei a cabeça indicando que não.

E então eu me senti culpado. Por estar com ela ali depois do que aquele cara me disse. Por não contar pra ela. Quer dizer, se fosse ao contrário, eu ia querer que ela me contasse.

—Charlie. – ela disse, me puxando de volta pra realidade. – Tudo bem. Eu não ligo.

Ela deu de ombros.

—Que horas são? – eu perguntei. Ela olhou no celular e riu. – O que foi? – ela virou o celular e me mostrou a tela de bloqueio: uma foto nossa no telhado. 

—Cara, são 1:30 da manhã. – eu falei.

Ela deu de ombros.

—Amanhã é sábado.

Então meu telefone tocou. Uma mensagem. Natasha estava tão distraída que nem percebeu.

Eu te disse pra ficar longe dela. P.S: Natasha não é quem você pensa que é.

Eu estava assustado. Como ele tem meu número? E "ela não é quem eu penso que é"? E então eu pensei "Foda-se, eu amo ela. Foda-se. Foda-se se isso me matar. Foda- se se ela não for quem eu penso que ela é. Foda-se, eu amo essa maluca."

O telefone dela tocou. Ela estava sorrindo mas a expressão dela mudou drasticamente quando ela olhou pro telefone.

—Charlie, eu vou ali atender. - ela disse e saiu correndo.

Ela estava no corredor, e eu podia muito bem ter ouvido a conversa dela escondido, mas, sabe como dizem : "um relacionamento é baseado em confiança".

E daí eu comecei a pensar na hipótese de ela estar me traindo, se é que podia ser considerado traição. Acho que pode, quer dizer, a gente ta namorando, não ta? Só que eu confiava nela, então a ideia passou rápido.   

Foi quando ela entrou no quarto, chorando, e eu não sabia o que tinha acontecido.

—Charlie. - ela disse, o rímel escorria pelo rosto dela -Charlie, tira a blusa.

Ela sabia.

Eu não queria, mas eu fiz. Ela me virou e passou a mão nas minhas cicatrizes. Ela chorava muito. Ela me virou e olhou em meus olhos

—Eu sei quem fez isso com você. - ela disse, entre soluços. Então ela sentou na beirada da minha cama - A culpa é minha, Charlie. A culpa é toda minha. Ai meu Deus.

—Não... - eu disse. Eu tinha muitas coisas pra dizer, mas ela me interrompeu.

—Você NÃO TA entendendo. A culpa realmente é minha. - ela recomeçou a chorar. Eu abri a boca pra falar alguma coisa, mas ela me interrompeu. Ela me beijou. Chorando. E lágrimas insistentes escorriam pelo meu rosto. E então se afastou. Me olhou e parou de chorar. Seu rosto tinha ganhado uma seriedade estranha e isso me assustava.

—Você não pode nunca mais me ligar, me procurar, bater na porta da minha casa, ou me ver de novo. Você entendeu?

Não. Eu não entendia. Eu estava tonto. E minha cabeça doía.

—O que significa? - eu perguntei, baixo.

—SIGNIFICA QUE EU TO TERMINANDO COM VOCÊ, CHARLIE! - ela gritou. E então voltou a chorar - Isso é pro seu bem, Charlie...

—Eu fui esfaqueado por causa de você, Natasha.

—E eu não quero que nada pior aconteça. - ela me beijou. - Eu te amo, Charlie.

E então ela saiu pela porta.

E me deixou lá.

Sozinho e de coração partido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Burning Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.