“...Mas é só te ver
Pra enlouquecer
Faço tudo que você quer
Vou me arrepender depois
Mas eu não resisto a nós dois...”

Wanessa Camargo- Nao resisto a nos dois.

Yona

Despertei com a luz do sol tilintando sobre a cortina e batendo em meu rosto, fazendo um ir e vir constante de feixes de luz em minhas pupilas fechadas. Abri os olhos, lembrando-me dos acontecimentos da noite anterior. Lembrei-me que fui dormir antes de Jacob chegar e de Billy perguntando-me onde ele poderia estar. Nao contei a ele que deixei o filho sozinho na estrada por conta de uma discussão.

A proposito, o motivo da discussao, o pedido de desculpas de Jacob, quase me tiro o sono. Pensei muito sobre aquilo. Repassei varias vezes em minha cabeça modificando o final. E se eu estivesse o escutado? O que teria acontecido? Seria mais das palavras desperdicadas de Jacob ou poderia ter sido serio? Nao sabia o que pensar... Eu poderia ter cometido um grande erro, ou ter dado o passo certo ao interrompe-lo. Algo dentro de mim me pertubava. Eu nao sabia se estava fazendo a melhor escolha em relacao a Jacob.

Levantei-me, amarrando meu cabelo com uma liguinha que havia ali e troquei minhas roupas, de qualquer jeito. Olhei os sapatos de Leah jogados num canto do quarto. Eu tinha que devolve-los e contar a ela que seu vestido estava jogado aos trapos em algum lugar da estrada para Port Angeles. Abaixei-me para pega-los e quando os levantei, um papel pequeno e mal dobrado caira no chao. Eu sabia muito bem o que era. Peguei-o, abrindo-o. 2579421513- David. Agora escritos com minha caligrafia. Sim, eu havia anotado para nao esquecer.

“ Qual e Yona? Estou te pedindo desculpas!... Voce nao esta pensando em ligar, esta?” A voz de Jacob falava em minha cabeca, enquanto flashes de ontem a noite irrompiam em minhas lembrancas. Soquei o papel no bolso. Eu nao sabia se era a escolha certa. Mas pelo menos tinha que tentar. O motivo de estar tentando esquece-lo nao era mais por causa de Bella, ou pelo que Jacob havia feito. Meu motivo era outro. E era alimentado por medo. Medo de gostar dele ate quando ele sofresse seu imprinting. Medo das consequencias. Medo de sofrer e nao ser forte o suficiente para superar. Eu sabia que se continuasse a alimentar esse sentimento por ele, nao aguentaria ve-lo vidrado por outra garota de forma tao intensa e infinita. Nao queria gostar dele, vendo-o se desprendendo de Bella e amando outra pessoa que nao seria eu. Entao, para evitar o que poderia acontecer, eu tinha que esquece-lo! Certo? Qualquer garota faria isso tambem.

Seth acabava de sair do lado de fora quando cheguei a porta de sua casa.

– Ah! Oi Seth! – disse, puxando-lhe a bochecha . Como eu achava aquele menino fofo!

– Oi Yona! – respondeu entendiado por eu estar apertando sua bochecha igual faz uma tia velha.

– Vim ver Leah!- disse, dando passos ate a porta.

– Entra ai! Ela esta la dentro. Toda Bobinha... – O garoto revirou os olhos.

– Bobinha porque? – eu queria saber, ja tendo a certeza de que isso tinha alguma coisaa haver com ontem a noite.

– Ai ai ai... – Seth virou as costas. Ai ai ai era sua resposta. – A proposito Yona – ele se virou para mim, caminhando de costas. – Ja viu Jacob hoje?

– Nao!... Deveria? – a pergunta me soou proposital.

– Nao, nao... So perguntando! – Seth deu uma risadinha suspiciosa antes de se virar de novo e seguir seu rumo.

Nao dei bola. Queria mesmo era saber sobre Leah, por onde esteve e porque estava bobinha.

Ela ja me esperava dentro de casa. Os bracos cruzados, me encarando.

– Seth nao e um idiota? Eu nao estou bobinha! – disse sisuda, seguindo para a cozinha.

– Bobinha com o que? – segui-a curiosa.

Ela nem precisou responder. Mal entrei na cozinha e me deparei com um buque de flores em cima da mesinha. O buque mais lindo que eu ja vira em toda minha vida. Nao era do tipo cliche, e era isso que o deixava encantador. As flores se colocavam uma a uma, delicadamente nas cores vermelha, branco e rosa, harmonicamente distribuidas em rosas, margaridas e cravos, respectivamente.

– Leah! – fui incapaz de dizer qualquer outra coisa, impactada com toda a beleza exuberate daquele buque.

– Eu sei! – ela disse tentando conter um sorriso.

– De quem voce ganhou? E lindo!

– Bem, conheci um rapaz ontem. Nos conversamos por horas, Yona, ele e realmente um sonho! E agora ele me aparece com isso!

Eu nunca habia visto tanto brilho nos olhos de Leah. Um sorriso aberto e vivido, como minha amiga nunca tinha dado. Nao importava quem era o principe, mas ele estava fazendo muito bem a Leah.

Ficamos conversando por horas. Contei a ela sobre o numero que tinha no bolso e que estava pensando em ligar. Devolvi-lhe as maquiagens e o sapato, pedindo desculpas pelo vestido que eu havia estragado. Leah nao se importou, tanto que nem perguntou como estragou. O que fora um alivio, pois nao toquei no nome de Jacob.

Leah estava tao feliz que me animei ainda mais a por fim na historia de Jacob. Eu ligaria para David. Os meninos do bando nao eram para nos. Eles sao escravos do imprinting. E ele quem fazia a escolha de quem os meninos iriam amar. E eu e Leah estavamos fora dessa.

Olhei-a mais uma vez. A felicidade de Leah por estar sendo desejada mais uma vez era evidente. Esbanjando um sorriso e os brilhos nos olhos que qualquer pessoa iria querer tambem. Eu nao queria chegar ao ponto a que chegou a historia de Sam, Emily e Leah. Nao aguentaria. Foi por isso que quando me despedi dela, o primeiro telefone que achei na Reserva, a caminho de volta para casa, eu peguei. Disquei o numero, receiosa. E se ele nao se lembrasse de mim, o que eu faria? Respirei fundo, quando o telefone deu o primeiro toque. Segundo, terceiro... no quarto, eu ja nao tinha mais o que respirar.

– Alo? – uma voz grave respondeu.

– Oi...David? – perguntei, segurando o telefone com as duas maos, para que ele nao escorregasse da minha mao tremula.

– Oi! Eu estava esperando voce ligar. – respondeu.

– Ta zoando... E serio? – perguntei. Eu nem havia falando meu nome.

– Serio, ue! Nao e a moca de ontem a noite? Yona nao e?

– E... – eu nao sabia o que dizer. Correspondeu todas as minhas expectativas.

– Ta vendo, eu nao esqueci o seu nome! Chegou bem em casa ontem?

– Sim... – sorri. Como era atencioso...

– Nos podiamos marcar alguma coisa... O que vai fazer amanha?

– Provavelmente nada.

– Conhece Seattle?

– Nao.

– Quer conhecer?

- Sim!

Ele riu.

- Ta bom! Disse que mora na Reserva, posso te buscar ai se quiser!

- Claro. Se nao for muito incomodo.

- Nao... claro que nao! – David riu novamente. – Passo para te buscar amanha as dez da manha, tudo bem? Onde posso te encontrar?

- Em frente a praia, tem uma lojinha. Eu estarei la. – pensei rapido.

- Tudo bem! Voce vai gostar de Seattle, eu acho!

- E! Entao agente se ve amanha.

- Combinado! Ate amanha.

- Ate... Beijo.

Desliguei.

Agora era pra valer.

Quando ja chegava proximo a garagem de Jacob, aturdida em pensamentos, aflita, refletindo se tinha tomado a decisao certa, acreditando no fundo que sim e me sentindo mais leve por agora ter dado o passo final para concluir minha meta, uma moto que vinha atras e que eu mal havia percebido seu barulho, acelerou o suficiente para me ultrapassar e derrapar em minha frente. Levei um susto capaz de causar infarto em quem tem problema de coracao. Meu meus batimentos continuaram costantes, quando vi quem era o engracadinho, autor da brincadeira.

- Voce tinha razao! Era a gasolina. – Jacob mantinha um sorriso cinico no rosto.

- Palhaco! – xinguei-o primeiro pela brincadeira. – Ta vendo? Mas voce e o bonzao, nao esqueceria de colocar gasolina na sua moto, nao e? – critiquei, superior, desviando a moto, deixando-o para tras.

- Eu nao esqueci de colocar gasolina. – ele disse, descendo da moto e a empurrando para me acompanhar. – A gasolina estava batizada.

- Serio? – achei estranho, nao era comum encontrar por aqui, postos que adulteravam seus combustiveis.

- Serio. Depois que voce me largou ontem, toda nervosinha – abri a boca para me defender, mas ele se impos, para que eu nao o interrompesse. – Tentei descobrir o que estava errado, foi quando me lembrei que antes de buscar a princesa, eu tinha parado para abastecer.

- Eu ja disse que se voce nao quisesse me buscar, nao precisava ter ido! – disse.

- Posso continuar?

- Continua ue! – dei de ombros.

- Nao, deixa... Voce nao se importa. – Jacob entrou na garagem, empurrando a moto ate o fundo.

- Fala ue. To ouvindo! – segui-o.

Ele me olhou para ter certeza de que eu estava interessada, antes de continuar.

- Entao, percebi que so podia ser alguma coisa com a gasolina. Fiquei puto! Minhas vontade era de retornar ao posto e fazer o cara engolir a porcaria que ele me vendeu. Mas quem teve que fazer isso foi eu.

- Bebeu gasolina? – interrompi-o mais uma vez, rindo de proposito.

- Nao! – Jacob exclamou exaltado. Pegando um pano e limpando o barro do banco. – Tenho uma mangueira, aqui dentro do banco. Pensei em ir no posto mais proximo e comprar um galao, mas quem disse que eu havia levado a carteira? Gastei tudo que eu tinha comprando gasolina estragada! Tive que deixar a moto escondida no meio do mato, e buscar so hoje.

Ri mais uma vez.

- Que besta. – desdenhei, dando as costas. – Vou la pra dentro. Tenho que arrumar uma coisa.

- Nao! – Jacob parou imediatamente de fazer o que estava fazendo. – Espera ai!

- Que? – encarei-o, esperando. – Fala, Jacob! – apressei-o.

Nao queria ter que ficar sozinha ali com ele.

Jacob desviou os olhos, virando a cabeca para a moto, passando o dedo sobre a logomarca da Harley.

- Por que faz isso, droga! – disse num tom quase inaldivel.

- Faco o que? – aproximei-me dele, esperando por uma resposta mais esclarecedora.

- Fica tentando ficar longe de mim.

As palavras me atingiram em cheio.

- Nao faco isso. Eu tenho que arrumar uma coisa la dentro. Menti.

- Nao tem nao! – Jacob desafiou-me, jogando o pano no chao com intensidade. – Voce... voce fica se forcando a fazer as coisas! Fica ai, tentando se afastar, tentando frequentar lugares que nunca foi, agindo de forma que nunca agiu.

Minha indignacao era tamanha diante a sinceridade de Jacob. De alguma forma, Jacob sabia exatamente o que eu pretendia.

- O que? Vai comecar de novo? Ja disse que voce nao tem nada haver com isso. E eu gosto de dancar, ta legal? Qual o problema? Vai ficar me policiando agora? E a ultima vez que eu vou te dizer, Jacob, voce ja esta me tirando do serio! Nos dois vamos se atacar qualquer dia desses. PARA! Voce- nao- tem- nada- haver- com – isso. – disse bem devagar cada palavra, meu humor tinha ido embora.

- Ah nao? – ele aumentou o tom de voz. – Para voce com isso! Acha o que? Que eu nao sei? Acha que eu nao percebi ontem, Yona, voce pousando a cabeca nas minhas costas.

- Cala a boca! – exasperei.

- Me segurando apertado, como se eu fosse seu. – ele se aproximou, tentei empurra-lo, mas ele continuou avancando para cima de mim. - Aposto que se derretou toda quando eu apareci para te buscar.

– Para, Jacob!- eu queria explodir, mas nao em loba e sim em lagrimas. De raiva. De mim. Por ter demostrado minhas fraquezas a ele. Por Jacob ter sacado que o que eu estava fazendo era proposital para esquece-lo.

– Eu sei muito bem que esta tentando me ignorar. Mas voce nao vai conseguir. Sabe por que? Porque ainda gosta de mim. – ele cutucou meu ombro, com o dedo indicador.

As palavras soaram como uma ofenca para mim, enquanto Jacob me encarava, vitorioso por ter me desvendado. Me sentia agora, totalmente vulneravel a ele. Porque ele tinha razao. Eu tentava reprimir o desejo que sentia por ele, despertado pela sua descoberta e por sua proximidade de mim. Eu podia sentir a forca que me puxava para ele, facilmente roubando meus sentidos e me confundindo as ideias.

– Eu nao sinto mais nada por voce! – tentei manter os olhos fixos nos dele.

– Mentira! Sua mentirosa. – Jacob sinuou as palavras contra mim, de maneira ofenciva, dasafiando os limites da minha paciencia.

Nao exitei ao abrir bem a palma da mao e crava-lhe no rosto. O atrito de minha mao contra sua bochecha provocou um estralo agudo. O cortorno dos meus dedos eram claramente visiveis na pele morena. Jacob levou os dedos de leve sobre a pele, erguendo os olhos para me encarar.

Eu estava preparada para o que viesse a seguir. Pronta para me defender da furia do lobo marrom que possivelmente surgiria a qualquer momento.

– Sua...

Jacob sussurou e num movimento rapido, que eu nao fui capaz de capitar, segurou-me, tentei me livrar debatendo minhas maos e bracos, mas Jacob os segurou empurrando-me contra a parede, derrubando uma estante que havia pregada ali.

– Diz Yona! – ele gritou, tentando me manter grudada sob a parede. – Vamos ver se consegue mentir agora.

Empurrei-o, mas Jacob me voltou, prensando-me.

– Nao! – guni. – Idiota! – tentei me libertar, mas Jacob me prensou mais uma vez, colocando os bracos contra a parede e aproximando-se do meu corpo, para que eu evitasse de fugir mais uma vez.

– Diz! Quero ouvir voce dizendo que nao sente mais nada.

O rosto de Jacob estava tao proximo, que eu podia sentir seu halito quente em meu rosto. A boca entre aberta mostrava claramente a intencao dele para me pressionar a dizer. Eu tinha que continuar negando. Mas eu nao conseguiria mais resistir, nao com Jacob tao proximo, apertando seu corpo contra o meu daquela forma. Nao agora.

Encostei meus labios aos dele. Jacob sorriu enquanto eu o beijava, ele ja tinha sua resposta. Segurou meu rosto com as duas maos, forcando com rudez os labios dele aos meus. Mais uma vez estava entregue a ele, como se nada existisse e dessa vez, ainda mais. Jacob deslizou as maos sobre minhas costas, parando- as entre a risca da costura do meu short com minha pele, puxando minha pelvis para ele, enquanto sua lingua deslizava em meus labios, adentrando minha boca e encontrando a minha. Meu corpo relaxava a medida que a onda de prazer aumentava, beijando-o com intensidade. Jacob ainda tentou me instigar ainda mais, afastando a boca da minha, evitando que eu o beijasse, enquanto eu deixava claramente que o queria, puxando com sede de seu beijo, sua boca para mim. Jacob me sustentou em seu colo, fungando meu pescoço e o beijando deliberadamente devagar, fazendo me arrepiar.

Foi entao que meu juizo resolveu me cobrar a consciencia, relembrando a mim que amanha as dez horas, David viria me buscar.

- Espera...

- Xiii, para de falar, Yona! – Jacob sussurrou, antes de me calar com mais um beijo.

Poderiamos ter ficado horas ali se beijando, se nao fosse o juizo, que de uma forma ou de outra sempre da um jeito de acalmar o sangue fervendo. E dessa vez, foi o barulho da cadeira de rodas de Billy, que se anunciou, avisando que era hora de sossegar. Jacob me colocou no chao, correndo para tras da moto, deslizando no chao de terra e pegando o pano que estava jogado. Teria sido uma cena engracada em qualquer outro momento, menos naquele. Eu me recompus a tempo de Billy aparecer na porta.

- E ai, pai? – Jacob tentou parecer natural.

Billy olhou de um lado para outro, cada um de nos. Eu nao pude encara-lo nos olhos.

- Tudo certo? – perguntou, suspeitando que algo estava errado.

- Táá! – respondemos em unissono.

- Huum! – ele passou os olhos mais uma vez por nos. – Jacob, o cano da pia da cozinha esta pingando de novo. Pode me dar uma mao?

- Claro! – Jacob levantou-se, prontuoso. Arrumando a calca, discretamente.

Eu fiquei parada, olhando-os.

- Vem tambem Yona. Assim voce aprende tambem. – disse Billy para mim.

Eu nao sabia o porque seria util para mim saber arrumar uma pia. Mas obedeci. Nao seria muito natural que eu ficasse parada ali, ainda sem reacao.