O Vírus Isaac escrita por Star


Capítulo 2
Capítulo 2 - Madame Marlene




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A sala de recepção vermelha e roxa da Sede de Assuntos Paranormais e Alimentos do Oceano da Madame Marlene está vazia. Um macaquinho de brinquedo grita e sacode um par de maracas amarelas quando eu passo pela porta, fazendo um escândalo enorme. Pipa, a recepcionista que tem sete piercings espalhados nas sobrancelhas, bochechas e nariz, acena pra mim de trás do balcão, com o pincel de um esmalte verde brilhante da cor do seu cabelo.

— Ei, Sofia! Rápido, pega uma revista dessas pra mim!

Eu levo pra ela uma das revistas sobre celebridades de três meses atrás que ficam perto do aquário de lagostas – fazer previsões e falar com os mortos não dá tanto dinheiro assim, então às vezes Marlene e Pipa também funcionam de delivery de frutos do mar. Pipa arranca um pedaço da capa da revista, decapitando uma modelo, e passa por cima da poça de esmalte que ela derramou no balcão, com cuidado pra não esbarrar nas unhas úmidas e do tamanho de canivetes.

— Ainda não inventaram um esmalte pra canhotos, dá pra acreditar?! – Ela bufa, melando tudo de verde. Pipa é uma entusiasta da teoria da dominação destra. Ela vai pra passeatas com cartazes e uma vez até jogou berinjela na casa do prefeito.

— Gostei da cor – eu digo, apesar de preferir o rosa da semana passada. Eu li em algum lugar que a tinta de cabelo pode causar contaminação por enxofre e fazer um tumor do tamanho de uma tangerina no seu cérebro. Pipa disse que se um buraco realmente aparecer ela vai usar pra guardar os esmaltes. – Vai sair hoje?

Toda vez que a Pipa tem um encontro ela passa pelo menos duas horas pintando as unhas. Uma vez ela disse que é muito chato quando um policial bonitinho vai tirar as suas digitais e as suas unhas estão com esmalte descascando, porque passa má impressão. Minha mãe disse que se um policial está tirando as suas digitais você já tem má impressão suficiente.

— Vou sim, o Pureza ficou de passar aqui depois do expediente. Se ele demorar duas horas pra aparecer outra vez, vou usar minhas lindas unhas pra cortar o pescoço dele.

— Esse é aquele que cospe fogo?

— Não, esse era o Fumaça. Um babaca. Pureza é o que curte tacar fogo em bonecos gigantes de papel machê. Outro babaca.

Por algum motivo desconhecido pela ciência, Pipa tem essa atração estranha por caras piromaníacos e com nome de personagens malvados de desenho animado que fazem bullying com o protagonista.

— Pelo menos se alguma coisa der errada você pode ameaçar eles com um extintor de incêndio e uma mangueira.

— Ha. Ha. Ha. Engraçadinha. Tá fazendo o que aqui tão cedo? E cadê aquele seu amigo gatinho? Ele pode sair comigo mais tarde, se quiser.

Por acaso, a super estranha e indefinida atração da Pipa também inclui o Isaac. Foi uma péssima ideia ter trago ele aqui. Mesmo que tenha sido legal descobrir que nas nossas vidas passadas eu era um traficante de água fermentada e ele era uma das garotas Miss Bumbum Universo.

— Vim pra uma conversa rápida – eu digo, ignorando de propósito o comentário assanhado dela, porque eu não sou obrigada a passar de cupido pro imbecil do meu vizinho desertor e pra recepcionista que tem uma ordem de restrição da capital pra ficar longe de feiras e hortifrútis — A Marlene tá trabalhando hoje? Preciso de uma consulta urgente, assunto sério, calamidade total.

— Tá sim, pode entrar direto que hoje o movimento tá fraco – Pipa balança um dos braços cheios de rabiscos pra porta ao lado, coberta por cortina vermelha.

O braço da Pipa é todo coberto por frases em algum outro idioma com letras que parecem fios de macarrão compridos e bem enrolados. Ela nasceu em alguma das milhares de ilhas do Sul e veio morar por aqui há uns cinco anos atrás, então todas as verdades gravadas nela são em outra língua. Pipa devia mentir a beça.

— Se precisar ir ao banheiro me avisa antes que eu te acendo um incenso — ela diz, voltando a pintar as unhas gigantes. — Ainda não conseguimos outra empregada e acho que tem um bicho morando do lado da privada, mas ele se assusta com fumaça.

Madame Marlene às vezes diz que tentou traduzir uma das frases das bochechas da recepcionista e descobriu que ela matou dois caras usando um garfo e acetona, mas Pipa continua sendo uma das pessoas mais legais que eu conheço. Apesar de uma vez ter me pedido pra entregar uma calcinha perfumada com um bilhetinho de saudades pro Isaac.

A sala de Madame Marlene não tem janelas, então é escura mesmo que mal passe de meio dia, iluminada apenas por um lustre velho que fica piscando e zumbindo o tempo inteiro bem em cima da mesa redonda. Todas as paredes são enfeitadas com quadros antigos de pessoas que pareciam ter muito dinheiro, papéis de bingo e calendários antigos. O último ainda é de 2097.

Madame Marlene está sentada no extremo oposto da mesa, toda redonda, com uma bandana roxa enrolada na testa e deixando aparecer o cabelo branco curtinho como grama recém-cortada. Ela parece um cotonete inchado.

— Bem-vinda, alma amante das artes ocultas. – A voz dela é grave e alta como uma professora tentando fazer com que todo mundo cale a boca. Seus dedinhos enrugados e cheios de anéis apontam pra única outra cadeira. – Senta-te e diga o que tu queres de meus trabalhos.

— Sou eu, a Sofia, madame – digo, me sentando.

Madame Marlene coloca os óculos de armação redonda que ficam pendurados no seu pescoço e parecem tampas de panela de vidro.

— Sofia, meu docinho! – Ela sorri mostrando os três dentes de ouro. Ela arrancou os antigos porque ficaram escritos com verdades que ela não queria ver sempre que fosse escovar os dentes. – O que está fazendo aqui essas horas? Quer falar com o papa de novo? – ela sussurra, toda confidente – Ou é aquele probleminha das melecas brancas outra vez?

Madame Marlene olha preocupada pra mim como se fosse minha avó, e talvez seja mesmo. Quando era mais nova — às vezes ela conta, cheia de orgulho, referindo-se ao tempo em que “seu traseiro era tão firme e redondo quanto uma maçã fuji” — ela passava tanto tempo bêbada que fazia novelas inteiras e tinha filhos sem nem se lembrar de nada. Desde esse dia passei a achar ela e minha mãe muito parecidas. Minha mãe não gostou muito quando eu disse que ela provavelmente era adotada.

— Não, minhas melecas vão bem, obrigada. O que aconteceu é pior. Muito pior. – Eu faço uma pausa dramática, porque é isso o que as pessoas fazem quando querem parecer sérias, mas não podem imitar a voz da mãe da outra pessoa porque não sabem como uma mamãe cotonete iria soar. – Uma verdade errada apareceu escrita em mim.

Madame Marlene estreita os olhos, bem intrigada, e mesmo assim a lente dos óculos a deixa com a cara tão esbugalhada que mais parece um peixe vestido de cartomante. O que é uma ideia bem legal pro cardápio da delivery. Vou falar com a Pipa depois.

— Você tem certeza disso, criança?

— Bastante, madame.

— Onde está?

— Bem nas costelas.

— Quando apareceu?

— Ontem de noite.

— Você andou por algum cemitério?

— Não, madame.

— Está grávida?

— Nem do Espírito Santo.

— Abriu um caixão?

— Já faz algum tempo.

— Roubou algo do defunto? Misturou água benta com vinagre? Viu luzes piscando entre três e cinco e quinze da madrugada? Leu algum livro no idioma proibido das terras perdidas? Fumou incenso? Desenterrou um baú antigo? Construiu casa em cima de um cemitério indígena?

Eu vou fazendo que não enquanto Madame Marlene lista todas as 1001 maneiras de se zangar uma alma penada. Em algum momento ela para, tira os óculos de aumento e me olha muito desconfiada, franzindo as sobrancelhas grossas e pretas como pernas de tarântula.

— Você tem usado drogas, querida?

— Não, madame.

— Tem certeza de que não está usando agora mesmo?

— Tenho, madame.

— Diga, quantos dedos tem aqui?

— Três.

Ela dá um gritinho.

— Errado!

— Você não tem o mindinho, madame.

— Então o que é isso?

— Acho que é um quiabo.

Madame Marlene coloca os óculos e dá uma longa encarada confusa no dedinho verde meio murcho, desiste de tentar identificar o que deveria ser e o coloca de lado junto do pião do sobrenatural que a gente usa pra falar com os antigos papas, que eram caras bem legais. Giovana já me explicou uma vez porque os últimos três acabaram explodidos por rebeldes, mas ainda não faz muito sentido pra mim. O que alguém poderia ter contra um idoso bonzinho usando vestido?

— É um caso muito interessante mesmo, minha filha.

Madame Marlene cruza os dedos gordinhos que parecem banana enlatada e que quase não encaixam por causa de todos os anéis pra esconder as suas verdades rabiscadas, me levando a sério da forma que a situação merece e sem botar no assunto nenhum hamster safado e gordo como minha irmã fez. Isso é profissionalismo. Na sua cara, Gi.

— Em todos meus anos de magias ocultas não me lembro de algo assim ter acontecido. O que apareceu escrito, exatamente?

É claro que eu não posso falar o que está nas minhas costelas. Madame Marlene não iria entender. “Eu quero que você fique”. A cada vez que penso nisso a frase parece mais absurda. Por isso eu arregalo os olhos o máximo que posso e sussurro, abrindo as narinas.

— O mal, madame.

Ela me encara, muito concentrada.

— Tem certeza que não esteve sonâmbula? Ou que não tem sentido algo de estranho no seu corpo?

Tenho coisas estranhas pelo corpo desde que me entendo por gente. Como quando eu tinha cinco anos e percebi pela primeira vez que meu nariz escorria muito mais do que o das outras crianças e fiz meu próprio testamento deixando minhas bonecas e meus sabres de luz pro Capitão Roedor – e nada pra Giovana –, porque, obviamente, eu era uma jovem fadada.

Talvez eu realmente tenha alguns sintomas diferentes nas últimas semanas. É, muita coisa tem acontecido. Ah, meu deus, como eu fui idiota. É óbvio que meu corpo estava dando sinais de que está apodrecendo. Eu vou morrer muito.

— Na verdade tem, sim – eu digo. — Acho que meu estômago está ruim. Eu sinto um embrulho nojento às vezes. Tipo dor de barriga. Só que sem querer ir ao banheiro.

Como quando eu e Isaac temos trabalho em dupla de matemática espacial e ele senta tão perto de mim que posso sentir o seu cheiro de sabonete e descobrimos que somos burros demais pra ajudar um ao outro.

— Às vezes, também – eu continuo — meu coração acelera e bate tão rápido que parece que vai sair de dentro de mim e descer a rua pulando até formar um trio elétrico em uma ilha tropical.

Como quando eu roubei e ameacei quebrar o cavaquinho metido do Isaac – que ele, muito besta, chama de ukulele — porque ele estava se achando muito engraçado zoando a minha síndrome de melecas pálidas completamente séria e mortal e ele me caçou pela quadra de futebol e pelos oito andares da escola.

— As minhas mãos suam. Eu fico inteira suada.

Como quando Isaac e eu jogamos futebol nas aulas de educação física e ele disse rindo que garotas não sabem jogar. Eu acabei errando meu chute supersônico que deveria acertar o fazedor de filhos dele, mas pegou no nariz de um garoto da reserva do time masculino que eu invadi. Nós precisamos carregar o moturombo de 90 quilos até enfermaria, com o suvaco fedorento dele no meu ombro e o babaca do Isaac rindo que garotas não sabem mirar no outro lado.

— Tudo acontece de uma vez só, madame. É uma bagunça enorme dentro de mim.

— Quando esses fenômenos geralmente acontecem, minha filha?

— Pela manhã. Ou sempre quando estou na escola.

Espera, é óbvio! A minha escola! Madame Marlene é um gênio! Eu sempre soube que aquele lugar estava me matando aos poucos. Estou claramente com alguma alergia à tinta barata das paredes que intoxicou meu organismo. Deve ser o amianto, eu sempre ouvi falar mal de amianto nos ebooks de medicina da minha irmã.

— E você suspeita que eles ocorram com mais frequência quando alguém específico está por perto? – Marlene continua.

Eu quero falar da parede e da tinta que além de ser de um tom de marrom horroroso provavelmente também envenena os pobres coitados que vão ser o futuro da nação, mas penso um pouco, procurando um único culpado. O professor de matemática? Ele coloca a gente pra fazer prova ouvindo música clássica, o que é bem coisa de psicopata e poderia estar interferindo minhas ondas psíquicas. Ou a professora de artes que perseguiu a mim e Isaac atirando giz de cera porque estávamos atrapalhando a aula dela com meus gritos de socorro enquanto Isaac tentava arrancar o cavaquinho metido do meu corpo frio e sem vida? Um giz podia ter me causado um traumatismo craniano sério e ter bagunçado meu organismo. Ou o time de futebol masculino? Nos jogos sempre tem brigas por causa dos pontos e alguém sempre acaba caindo na porrada. O alguém geralmente sou eu. Posso ter deslocado meu sistema nervoso em algum desses jogos.

Não consigo ter certeza de quem pode ser o mais culpado pela minha morte eminente. O Isaac saberia dizer. Aquele filho da mãe convencido sempre tem uma resposta pra tudo e sempre tá por perto, mesmo. Aliás, por que ele nunca mostra nenhum sintoma? Ele deveria estar contaminado também. Será que é por isso que ele vai viajar, afinal? Ele vai atrás de algum médico estrangeiro exótico que mora com pavões adestrados que fazem tai chi no alto de uma montanha do Grande Norte? Safado.

— Sofia?

Aquele desgraçado. Fugindo pra fronteira do norte pra se encontrar com gurus mágicos com pavões de ouro enquanto eu definho sozinha. Tomara que um daqueles pavões morda o seu traseiro.

— Você já esteve fora do ambiente comum, com essa pessoa, e sentiu as mesmas vibrações? – Madame Marlene me pergunta séria, as sobrancelhas pretas dando ênfase aos seus olhos azuis como sorvete de viagra.

Isaac e eu estamos sempre juntos, na verdade. Não quero contar isso pra Madame Marlene porque, sinceramente, não preciso de mais uma fêmea alucinada e cheia de hormônios ululantes pra ficar me enchendo o saco insinuando absurdos sobre esse garoto. Não é nada demais, principalmente porque ele mora do lado da minha casa desde quase sempre. Ou morava, se esse diabo do plano dos pavões mágicos do norte virar realidade e ele resolver se iniciar como um guru da cura também, desistir de usar calças e ir alimentar passarinho pro resto da vida. É bem a cara dele. Ele odeia calças.

Ok, foco, Sofia. Alguma vez eu fiquei enjoada com Isaac por perto? Eu sempre fico enjoada quando almoçamos juntos, mas provavelmente tem muito mais a ver com a comida da minha mãe parecer um feto alienígena. Aliás, espero que um dia os gurus abram o Isaac pra estudo e entendam como ele consegue gostar tanto daquela gororoba materna radioativa. E quanto ao coração acelerado? Soa como principio de infarto pra mim. Como quando amarramos dois quilos de linguiça nas nossas bicicletas e andamos pelo parque até que todos os cachorros e donos furiosos do bairro nos seguissem correndo por cinco quilômetros, tudo porque Isaac disse que eles precisavam de mais exercício. Meu coração batia como as asas de um beija-flor dentro do meu peito toda vez que um cachorro faminto de dois metros raspava os dentes no pneu da minha bicicleta e Isaac olhava pra trás e ria, gritando “mais rápido, Sofá! Mais rápido!” sem parar.

Afinal, esses meus sintomas esquisitos — que eu definitivamente preciso listar para mais tarde fazer uma carta que ajude o pessoal do hospital com a minha futura biópsia —, eles sempre estão lá, também. Ou estavam. Até ontem à noite, quando Isaac apareceu lá em casa, sem nem pedir comida, e com as passagens novas pra me mostrar.

Eu abri a porta e ele estava parado do lado de fora, com as mãos nos bolsos do seu casaco de moletom horrível com cor de vômito de gato. “Ei, Sofá, adivinha só?” ele disse, usando o apelido estúpido que me deu, porque é isso que você faz quando vai dar uma notícia absurda e quer evitar que a outra pessoa atire sapatos femininos pontiagudos na sua cabeça. “Eu vou te deixar em paz por um tempo.”

— Na verdade, não – respondo. — Foi pior. Bem pior. Eu senti meu coração diminuir e ficar mais devagar. Ao invés de suar, eu senti frio. Primeiro nas pontas dos dedos e depois pelos braços, pelo peito, até que tudo ficou gelado dentro de mim. Foi como se tudo dentro de mim se soltasse. Como se fosse deixada vagando pelo espaço. Sozinha.

Madame Marlene bate com a mão na mesa, fazendo pular o quiabo e o pião do sobrenatural. Ela se reclina na sua cadeira com a cara de quem finalmente descobriu porque as pessoas odeiam tanto idosos de saia.

— Era o que eu desconfiava, meu docinho! Era o que eu desconfiava! Coisa séria, seriíssima. Caso dos graves. Faz tempo que não vejo acontecer.

É óbvio que, a esse ponto, até eu já entendi tudo. Não sobre velhinhos e roupa de passeio. Sobre o Isaac, é claro. Não sou tão burra assim, galera. Por favor. Mamãe criou uma moça esperta e madura. Diferente da cabeça-de-bagre da Giovana. Eu só precisava das perguntas certas pra entender o que se passava comigo. Por isso eu adoro Madame Marlene, ela sempre me ajuda a achar as respostas que eu preciso. Como, por exemplo, que eu definitivamente tenho sintomas e que eles estavam se manifestando já faz um tempão.

— Minha filha, você está amaldiçoada – ela diz, apontando um dedo gordinho com quatro anéis pra mim. – Maldição das brabas, das piores possíveis! Tem muita energia negativa pesando nas suas costas.

Madame Marlene fala muito empolgada sobre a urucubaca pesada que algum espírito ruim jogou pra cima de mim, provavelmente em uma noite de lua cheia, balançando as ancas nuas no frio da meia noite enquanto oferecia pros deuses três quilos de abóbora batida numa dança ritualística com o entoar de uma gaita. Eu escuto com muito carinho, porque adoro muito essa mulher e estou realmente feliz por ter entendido o que aconteceu comigo.

É claro que eu também acredito em maldições e espíritos, mas, algumas vezes, essa simplesmente não é a resposta certa. Como, por exemplo, agora. Eu agradeço a Madame Marlene e carimbo meu cartão de visitas com a Pipa na recepção. Mais duas consultas e eu ganho um kit de exorcismo.

Ainda é bem cedo quando eu saio da Sede de Assuntos Paranormais e Alimentos do Oceano. Eu preciso dizer que me sinto até aliviada por ter entendido o que está acontecendo comigo e o que significa essa mensagem nas minhas costelas. “Eu quero que você fique”. Posso até ver algum sentido na conversa chata da Giovana sobre entender o que acontece com o meu corpo. Até que ela nem é tão boba assim. Deve ser a parte dos genes que a gente divide.

Está claro, óbvio, evidente, que o Isaac me passou algum vírus. Sempre soube que a culpa de tudo era daquele babaca melequento, mesmo.


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Notas finais do capítulo

A Pipa é uma das minhas personagens favoritas!
Você já foi em uma cartomante? Ou alguém já fez alguma previsão pra você? Esse ano eu tombei com uma feira de ciganos lindíssima no Arpoador e uma cartomante jogou o baralho tarôt pra mim e disse que eu iria fazer uma viagem pro exterior e engravidar ainda esse ano. Já é dezembro e eu não vi nem o cheiro das minhas passagens pro Marrocos ou da minha primogênita Aurora. Ainda bem que não fiz o enxoval.



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