Peeta estava dentro da mansão observando a chuva cair, já eram quase nove horas, viu o carro se aproximando e ficou tenso, sabia que era Katniss chegando, continuou olhando mesmo a contra vontade, foi quando surpreso a observou sair correndo do carro, com uma face que nunca tinha visto antes.

Parecia que aquela era outra mulher, ele não pode se conter e saiu da casa se molhando e indo ao encontro daquele rosto que parecia sofrer, sentir uma dor tão intensa, tão triste... Ele correu quando ela escorreu e sentiu todo o carinho que tinha por ela quando a pegou nos braços a impedindo de cair.

Ela se aconchegou em seu braços e Peeta por um minuto sorriu, mas logo ficou tenso e correu para dentro de casa com ela, a colocou no quarto e chamou médicos e funcionários para ajuda-la, saiu dali tremendo, foi para o próprio quarto tentando imaginar o que tinha acontecido para tê-la abalado daquele jeito.

Os braços que tinham tocado o corpo da mulher tremiam, ele enraivecido deu um soco na parece sentindo a mão doer, era como a simples visão dela naquela noite tivesse feito o efeito que ela tinha sobre ele crescer, era ainda mais intenso do que no dia anterior e ele não conseguia entender, não quando parecia que finalmente tinha a esquecido, tinha passado toda a química que sentia por ela.

—_ Senhor Mellark, ela acordou.

—_ Obrigada por me avisar, eu vou vê-la.

Ele estava sem camisa, calças secas de malha que pertenciam ao pai dele, colocou a toalha nos ombros e foi até o quarto de Katniss, entrou e a viu na cama, encolhida, de bruços, costa pra ele.

—_ Katniss... Você está bem?

Era como se nada tivessem tido, nenhuma resposta pode ser escutada, ele ficou preocupado e andou até ela, sentou ao lado dela na cama, quando a puxou para se virar para ele sentiu um choque, uma corrente elétrica o percorrer, ignorou e ficou chocado vendo o rosto da mulher banhado em lagrimas.

—_ O que... Que aconteceu? Dói em alguma parte?

Ela não falou nada, então ele a levantou um pouco e fez o que mais gostaria de fazer, a abraçou, aquele corpo frágil e delicado se arrepiou todo ao entrar em contato com o abdome nu de Peeta, ela se afastou e limpou o rosto.

—_ Eu... Estou bem.

Ele então voltou a realidade que por um instante pareceu esquecer, não deixou a dor transparecer mas o semblante consternado se foi dando lugar a um olhar duro feito gelo, indiferente.

—_ Você deve ter pego um resfriado, não seja irresponsável andando na chuva, você não pode se dar ao luxo de adoecer agora.

Katniss que até aquele momento só tinha espaço pra choro ficou revoltada e começou a encarar aquele homem, levantou da cama e andou até a porta, chegando lá a abriu e deu espaço para o homem.

—_ Você pode por favor sair?

Ele então começou a rir, quando suas palavras saíram eram cheias de ironia.

—_ Não vai tentar me seduzir hoje?

Ele falou chegando perto da porta e a puxando para bem perto de si, a garota ficou chocada e então sentiu a corrente elétrica percorrer seu corpo também, ficou muda, ele começou a se aproximar muito devagar, ambos já podiam sentir a respiração quente do outro, Katniss não tinha reação e Peeta a desejava tanto que foi quase impossível não lhe beijar.

Mas ele apenas desviou o caminho dos lábios dela e deu-lhe um beijo no pescoço, depois avançou até o ouvido dela onde falou o mais docemente possível.

—_ Não vai conseguir me ter também... Mamãe.

Ele começou a rir e a soltou do seu aperto, a garota quase caiu, então ele saiu do quarto deixando uma Katniss muito confusa para trás.

—_ Que diabos foi isso?

Ela voltou para cama, tomou um comprimido para prevenir a gripe e deitou-se sem mais lagrimas naquela noite, ainda tentava raciocinar a respeito do que tinha acontecido.

Peeta voltou para seu quarto, vestiu uma camisa e saiu, estava em fogo, teria que se resolver, ligou para Glimmer e naquela noite dormiria com ela.

Ao amanhecer Katniss até pensou que poderia ter sonhado com tudo o que havia acontecido com relação a irmã, mas estava rodeada por coisas caras, uma grande cama e um homem ao seu lado, se assustou e levantou num pulo da cama.

—_ O que aconteceu meu amor? Já levantou?

Ela ficou muda, era um homem que nunca tinha visto antes, tinha 37 anos de acordo o que a irmã lhe contará e era lindo, cabelos negros, um rosto limpo e um porte atlético.

—_ Bo-om dia... E-eu vou na coz-zinha.

Falou gaguejando e saiu correndo do quarto. Na sala não tinha ninguém, mas a mesa do café estava montada, andou até a cozinha e ouviu o alegre conversar das empregadas, gostou das risadas e silenciosamente entrou ali, vendo duas mulheres divertidas conversando com uma garota pequena na ponta do balcão.

—_ Nossa menina está tão bonita, quantos anos você faz hoje?

—_ Deixa disse mãe, ela está completando doze, já é uma mulher, dona Mellark.

As duas riram e a garota corou.

—_ Não sou dona, não fale assim comigo Portia, eu não gosto... Me faz lembrar daquela mulher.

Falou a garota contraindo o olhar, as duas riram e quando a mais velha delas se virou e deu de cara com Katniss ficou pálida como papel.

—_ Dona Katniss... Você estava aqui, na cozinha, desculpe, eu não sabia que já tinha descido senão eu teria ido lhe atender.

—_ Não... Não precisa se preocupar.

Katniss falou de forma simpática mas parecia que as mulheres tinham visto o diabo na sua frente, estavam nervosas como se esperassem serem demitidas a qualquer momento. Nesse instante a porta que dava a saída da cozinha foi aberta e o rapaz loiro adentrou por ela, estava chegando em casa.

—_ Bom dia as mulheres que mais a... Katniss, acordada tão cedo?

Falou o rapaz surpreso, novamente preso a mascara de indiferença quando perto dela, foi até a garotinha que estava ainda no balcão de cabeça baixa e a abraçou.

—_ Feliz aniversária Clove.

—_ Eu... Eu acordei... Como é aniversário da Clove eu pensei em fazer panquecas pra ela, você gosta?

Katniss falou como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo, mas tanto as duas empregadas quando a garota e Peeta a encararam perplexos.

—_ E você sabe cozinhar algo? Não tente fazer nada que pode danificar as suas unhas, da minha irmã cuido eu. – Peeta falou duro olhando pra mulher com superioridade. – Você quer sair comigo pra comer algo fora Clove?

A garota apenas negou com a cabeça, Peeta nada disse, apenas se despediu das outras duas e de Clove e saiu da cozinha, ao passar por Katniss ficou encarando-a, a garota tremeu sobre o olhar dele.

—_ Então, vocês podem me ajudar a cozinhar algo pra Clove? Você quer me ajudar Clove? – Katniss falou simpatica, mas nenhum efeito surgiu disso, ela lembrava claramente de todas as informações que Jennifer passou, e sabia que a garota estava fazendo aniversário, 12 anos naquele dia. – Eu sei fazer panquecas realmente muito boas, tenho certeza que gostara.

Depois de um pouco de insistência, mais por medo do que por querer, todas ajudaram Katniss a fazer panquecas, teria sido divertido se Jennifer já não tivesse deixado uma impressão naquelas pessoas, elas não esperavam coisas boas de Katniss, esperavam que a qualquer momento ela voltasse ao normal e fosse a mesma vaca de sempre.

—_ Estava muito gostoso.

Foi o que a pequena Mellark falou antes de sair da cozinha já cheia e voltar para o quarto.

—_ Vamos tirar tudo agora dona Katniss... Pode deixar.

—_ Eu ajudo a limpar, nada mais justo quando fui eu que ajudei a sujar.

Katniss falou rindo enquanto Portia e Maggie se olhavam intensamente pensando o que ela tinha tomado pra ficar daquele jeito. Quando ela terminou de limpar ficou incomodada sentindo olhos sobre si, quando se virou Gale estava lá, com um sorriso grandioso no rosto.

—_ Minha mulher acordou com toda disposição hoje.

—_ Oi... Querido. – Ela falou realmente desconfortável. Gale se aproximou dela a beijando, Katniss a contra vontade o correspondeu.

—_ Você está tão... Radiante hoje, o que aconteceu?

—_ É o aniversário de Clove, vamos levar ela pra sair a noite?

—_ Hoje a noite? Querida, você esqueceu que hoje temos o baile beneficente dos Loren?

—_ Baile? Mas isso não tem sempre? O aniversário da sua filha é só uma vez ao ano.

Ela falou seria, Gale ficou realmente surpreso, não pode falar nada, ela o deixou na cozinha e subiu as escadas sozinha, olhou os corredores e as portas tentando adivinhar onde era o quarto do bebe, lembrava dos rostos das pessoas mas não lembrava absolutamente nada da casa, foi quando sentiu uma mão em sua cintura a puxando para dentro de um dos quartos.

—_ Olha como você parece particularmente tentadora hoje.

Ela reconheceu imediatamente aquele perfume.

—_ O que você pensa que está fazendo? Me solte!

—_ Você está agitada Kat... O que aconteceu? Acordou hoje querendo ser uma mulher descente? Não acha que é tarde demais? Todos já sabem que você não presta, meu pai é o único homem idiota o suficiente para ainda estar com você.

—_ Me larga Peeta! Eu não te devo satisfações.

Ele ficou tão furioso com a verdade daquelas palavras que a puxou ainda mais para si e a beijou, ela de inicio relutou, se debateu contra o peito dele, mas então sentiu algo dentro de si mudar, aquele era um momento que acontecia uma vez na vida, um encontro de almas que as pessoas passavam a vida buscando, para aqueles dois, naquelas circunstancias, aquilo estava acontecendo.

A garota levantou as mãos e se agarrou ao pescoço de Peeta, o beijo que tinha começado bruto estava agora calmo, puro, como se o mundo tivesse parado para eles, ambos arrepiados, naquele instante Peeta não se importou com nada, pensou que poderia até perdoar aquela mulher por toda a raiva que tinha lhe feito passar, mas isso durou pouco, Katniss que estava entregue finalmente se lembrou, era errado, não podia, era a vida da irmã que estava estragando, mordeu o lábio inferir de Peeta e se soltou dele.

Ambos estavam ali, pertos um do outro, arfando, um clima tenso e ao mesmo tempo uma corrente parecia chamar eles dois um para o outro, como dois oposto numa corrente elétrica.

—_ Não chegue perto de mim, se não tem respeito por mim pelo menos tenha pelo seu pai. – Ela falou arfando, se arrumou o máximo que pode e saiu do quarto, no mesmo instante que Portia passava por ali, a garota como sempre, fingiu que não percebeu que Katniss saia da porta do quarto de Peeta, o filho do esposo dela.

—_ Portia, você pode me levar até... Meu filho.

—_ Claro senhora, vamos.

Ela achou estranho o pedido, mas não falou nada, por algum motivo idiota ela estava simpatizando com a mulher mais horrível da casa naquele dia.

Ao adentrar no quarto Katniss ficou encantada, era todo enfeitado com azul, andou até o berço e ali estava o filho da irmã, era lindo, quando pegou o bebe no colo sentiu o mundo a sua volta girar, era uma criança linda, um garotinho que tinha os olhos da mãe, seus olhos, sentiu lágrimas, nem percebeu quando alguém adentrou o quarto.

—_ Katniss? Que milagre você por aqui.

Katniss olhou para trás e não reconheceu a mulher, sabia que Jennifer tinha falado dela, mas simplesmente não conseguia lembrar seu nome.

—_ Eu vim... Ver o meu filho.

—_ Ah... Eu sempre fiquei em duvidas se você sabia que ele era seu filho, afinal nunca deu atenção a ele, nem quando ele era ainda menor do que isso. – Falou a mulher, que assim como todos naquela casa, exceto Gale, a olhavam com... Desprezo nos olhos, ou algo muito parecido com isso. – O que você está aprontando, querida? Meu sobrinho me falou que você o convenceu a sairmos todos para comemorar o aniversário de Clove.

Sobrinho! Então ela lembrou, Effie.

—_ Effie eu gosto do meu filho assim como todos nessa casa, e logico que quero comemorar o aniversário de Clove.

—_ Não ache que sou burra garota, você não vai me enganar, o que me impressiona é depois de tanto tempo você querer tentar agora, o que mudou Katniss?

A garota ficou sem palavras encarando a mulher loira, ela não falou mais nada, apenas saiu do quarto da criança deixando Katniss segurando seu pequeno sobrinho com um sorriso no rosto. Não se importava em como a irmã tinha vivido até aquele momento, apenas... Queria cuidar daquelas pessoas.

Longe dali, Jennifer sorria enquanto era chamada pelo seu verdadeiro nome, estava com a tia e com Prim, tinha mentido pra Katniss que tinha ido embora, mas sabia que em algum momento a irmã iria começar a desconfiar, então faria tudo para parecer uma boa pessoa enquanto isso.

Mentiu pra aquela família que tinha conseguido um ótimo emprego na Califórnia que poderia estudar finalmente ganhando meia bolsa, sabia que usando a faculdade como desculpa nem a tia e nem Prim falariam nada, pois ambas tinham um peso na consciência por a garota ter desistido daquilo, ficaram tristes mas sabiam que Jennifer /Katniss era madura e inteligente o suficiente para não se meter em problemas, então aceitaram, assim ela fez seu desfecho perfeito.