Gabriella Montez: Você se lembra no jardim de infância, quando conhecia uma criança e não sabia nada sobre ela, e então depois de 10 segundos vocês estavam brincando como se fossem melhores amigos, porque você não precisava ser nada além de você mesmo?

Troy Bolton: Sei.

Gabriella Montez: Cantar com você fez com que eu me sentisse assim.

– High School Musical.

Passei a aula toda pensando no Pedro, não entendi porque, tentava me concentrar mas sempre me perdia em pensamentos com ele,como que apenas em alguns minutos ele invadiu minha cabeça desse jeito? Sera que ele gostou de mim?

Não me importava, ele me fez sentir bem, com ele eu não era um Zero,nem um Seis, eu era apenas eu, ele não me perguntou o que eu era, ou que dominio tinha, ele simplesmente falou comigo. E eu precisava falar com ele de novo.

O sinal bateu e fui pro intervalo, comecei a procurar ele, não sabia o que iria falar quando o encontrasse, só queria achar ele. Não estava o achando, então decidi ir para o jardim escutar música, porque eu já estava parecendo uma maníaca desesperada.

Mas no meio no caminho eu o encontro, sorrio instantaneamente, até que vejo Jade grudada no seu pescoço, meu sorriso morreu no ato. O que ele estava fazendo com ela?

Os dois sorriam, como eu fui boba, me iludindo, como que ele iria gostar de alguém como eu? Realmente me socializar não era uma boa ideia, mal o conheci a alguns minutos e já estava me sentindo amiga dele,ou pior, cogitando a ipotese dele querer algo comigo,afinal eu fiquei boba com aquele beijo na bochecha. Me confundi,talvez mais cedo ele só deveria ter sido simpático comigo porque também sou inicianda, mas de todo modo pros outros eu ainda era um Zero.

Teria que passar por eles, ótimo, valeu aí destino! Eu já estava passando para fora da linha de visão dela até que a mesma me nota.

– E ai Zero! Sabe minha empregada foi despedida, e como você também é um Zero, pensei que gostaria de saber que tem vaga viu.- ela disse irônica com um sorriso vitorioso nos lábios. Em qualquer situação normal eu sairia dali, mas hoje não, já estava cansada dessa situação.

–Nossa, você é babaca assim ou fez curso no Pronatec? - devolvi no mesmo tom,algumas pessoas ao redor gritaram "bóoooo" "se fosse eu não aceitava".

– Quem você pensa que é pra falar assim comigo?-se soltou do pescoço de Pedro que me olhava em choque.

– Eu acho que sou Karina Duarte, porque?

– Ah não, eu acho que você é um Zero que esta tão desesperada por atenção que decidiu fazer um barraco para atrair algumas delas- escuto os outros novamente gritarem "bóooo"- e acho também que você é so uma anormal que nem consegue ter amigos porque não tem como ficar perto de você.

– E eu acho que você ta pedindo para mim esquentar essa sua cara de tucano!- digo arisca.

– Ha ha ha.- diz pausadamente -Já se olhou no espelho garota? - começo a ficar nervosa, olho rapidamente para cima e vejo o tempo se fechar instantaneamente, às luzes dos refletores da escola se acendem - Você é uma ridícula, olha suas roupas, olha pra você. E essas luvas ai, são para que? Não quer pegar micróbios? - dito isso ela tira uma luva das minhas mãos.

– ME DEVOLVE!- grito e escuto três trovões seguidos, estou perdendo o controle.

– Sinto te informar, você é o micróbio. Deve ser por causa disso que sua mãe morreu, não aguentou viver com alguém como você.- agora ela acertou fundo,cerro meus punhos tentando evitar oque viria. Não tenho forças para responder.

– Viu só gente? A Zero não sabe o que fazer!

Todos começam a rir de mim, e agora me sinto como uma bomba, preste a explodir, devo estar parecendo um pimentão. Continuo cerrando o punho com força e ouvindo os trovões cada vez mais fortes, alguns já notaram, mas continuam rindo de mim mesmo assim.

Até que olho para Pedro, ele me olha com pena, como se eu fosse um animal.Não aguento,abro a mão e explodo. A energia cai, e os raios começam a cair no meio do pátio.

Tudo esta escuro,só se ilumina uma fração de segundo quando um raio cai,parece noite, mas sem a lua e as estrelas para iluminar,todos estão desesperados. Encontro Jade olhando para todos os lados tentando achar uma saida, olho diretamente pra ela e indico que o raio deve cair ao seu lado. Eu perdi o controle, mas pela primeira vez não me importo. Ele cai e ela grita assustada correndo para o outro lado. Estava pronta pra mandar mais um ao seu lado até que escudo a voz da Diretora.

– O QUE ESTA ACONTECENDO AQUI?

Paro o que ia fazer e me acalmo, a energia volta e o tempo se abre como se nada tivesse acontecido.

–ANDEM, FALEM LOGO!- gritou, até que Pedro se prontifica.

– A Jade e a Karina estavam brigando quando de repente começou a cair uns trovões, raios,relâmpagos, sei lá, aqui no pátio.

– As duas para a diretoria. - ela diz já mais calma indo em direção a diretoria e eu a acompanho.

Sento e ela começa.

– Então, pode começar a falar Karina.

– Bem, eu estava andando normalmente pelo patio quando a Jade me parou e começou a me provocar,- respondo calmamente- ela sempre faz isso, me disse coisas terríveis a respeito de mim e da minha mãe que morreu enquanto eu ainda era um bebê.

– Jade, como teve coragem?!

– Como tive coragem?! Diretora, você não viu oque ela fez? Ela quase matou todos nós! - até que cai sua ficha, ela acha que eu não tenho poderes - Aé, me esqueci, você é um Zero, é tão incapaz que nem tem como fazer isso.

Pela primeira vez fico feliz em ela achar que eu sou um Zero, se não essa altura do campeonato eu já estaria expulsa.

– Bom diretora, ela também me ofendeu, e ameaçou bater em mim.- fez cara de vitima, que lacraia.

–Não quero saber, isso que não se repita. Jade, você vai levar uma suspensão. - sorrio vitoriosa-E você Karina uma advertência.

Bom, é melhor que a suspensão, mas meu pai não vai gostar nada de saber dessa advertência.

– O QUE ? NÃO É JUSTO! - Jade interrompe nervosa.

– Também acho que não é justo falar da mãe dos outros, mas você falou não foi? Então, acho melhor você se calar antes que eu fale com a sua. Estão dispensadas, amanhã me traga a advertência assinada K, e Jade te vejo sexta.

Saímos em direção as últimas aulas sem trocar uma palavra. O que é ótimo pra mim.

A aula termina e eu vou para casa tentando arrumar um jeito de explicar a situação pro meu pai, não vai ser nada fácil.Decido que devo contar só amanhã para ele, antes de ir pra escola, assim, não vai ter muito tempo para bronca que eu vou levar.

Quando abro a porta de casa vejo meu pai vendo uma reportagem sobre o ocorrido no intervalo. Fudeu! Subi bem devagarinho as escadas tentando não fazer barulho, fui em direção ao meu quarto e escuto sua voz atrás de mim.

– Aonde você pensa que vai ? - gelo na hora.