O Escolhido escrita por Nandapqsim


Capítulo 2
Pare esse ônibus!


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui esta outro cap da fic, eu disse que só ia postar uma vez na semana mas fiquei muito animada ao ver os comentários e saber que tem gente acompanhando, então boa leitura!



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Júlia: Eu sempre cuidei de mim sozinha!

Carlos: E pelo visto não deu muito certo.

–Amores possíveis.

Meu dia se passou normal como sempre,a escola era sempre uma monotonia, não tinha nada de novo de se esperar.

Cheguei em casa e notei que meu pai não tinha chegado, ótimo, mais tempo pra mim ficar com meus melhores amigos, ou seja, meus livros. Peguei Convergente da trilogia Divergente da Veronica Roth para ler,não dava mais para adiar,cada vez que eu pegava ele decidia deixar para depois, já estava no último, o que estava me fazendo sofrer,afinal era o último livro, depois dele já era, acabou,não sei explicar a sensação de terminar uma história,é uma angustia que só.

Olhei para o relógio,marcava 19:00 horas, fui fazer a janta, fiz apenas o básico já que aparentemente meu pai devia estar na Dandara, a sua namorada.

Fui dormir logo após o banho, afinal amanhã as 4 da matina eu já estaria na ativa, não, eu não sou louca, meu pai que é. Treino de manhã estrategicamente para não correr o perigo de encontrar alguém, por isso tinha que passar a tarde toda na escola, o que pra mim era "ótimo". Coloquei Pompeii do Bastille para tocar e adormeci rapidamente.

🌙

Acordei com o alarme do despertador, já marcava 4:00 horas, droga, o alarme não tinha pifado. Me arrumei e desci, meu pai já estava tomando café.

– Bom dia filha, dormiu bem? - me comprimentou.

–Boa noite você quis dizer não é pai? - ironizei, afinal ainda era praticamente noite.

– Acordou afiada foi? Parece que alguém vai ter que fazer mais polichinelos do que o normal. - me devolveu no mesmo tom com um sorriso de canto, ele sabia que eu odiava fazer polichinelo, qualquer coisa menos polichinelo!

– Ah não pai, foi sem querer, juro, mas é que eu queria perguntar uma coisa pro senhor, posso?- perguntei nervosa já, sabia que ele não iria gostar do que iria por vir.

– Se vai pedir para treinar com seus colegas de aula saiba que a resposta continua sendo não. - droga como ele sabia? - E nem adianta me olhar com essa cara de quem comeu e não gostou.

– Mas pai, que mal tem eu treinar com eles? Eu juro que eu me controlo, e além do mais, não tem problema se eu dobrar apen..- Apenas um Karina? Apenas um? Você sabe muito bem que não tem tanto controle, ainda não esta pronta para isso, vai continuar a treinar comigo como sempre foi.Porque esse interesse todo em treinar com eles? - me cortou rapidamente, olhei para o chão triste de novo.

– Olha Karina, você sabe que eu não faço por mal, eu só quero te proteger, você sabe não é?

– Claro, porque vai todo mundo atrás de um Dois.- murmurei baixinho, mas infelizmente ele escutou.

– Você sabe que é diferente, você tem e sempre terá mais que todos, querendo ou não. - disse indo em direção ao quarto.

Meu pai não gostava de falar sobre esse assunto, o deixava abalado, tanto é que foi para o quarto, o que indicava que não iria treinar comigo. Legal, agora ele estava decepcionado comigo, bela filha você é hein Karina?! Decidi treinar apenas 5 horas e faxinar um pouco a casa.

🌙

Segui em direção ao meu destino e ao chegar lá me sento escorada na Pedra do Índio, observando o local a qual havia passado muito tempo da minha vida, a maior parte eu acho. Logo me veio as recordações de mim treinando e brincando sozinha com o meu pai. Pensei em quanto esse lugar era importante pra mim, e logo me lembrei que uma vez quase destruí esse lugar inteirinho, e o pior que quando tentei concertar piorei tudo. Sorte que o meu pai me ajudou a me acalmar já que eu estava em lágrimas de tão desesperada que me encontrava,e junto a mim, conseguimos apagar os estragos,eu só tinha 6 anos, mas me lembro como se fosse ontem.

Acordei ouvindo um barulho na mata,estava tão cansada que deveria ter pego no sono. Logo ouvi vozes, me escondi rapidamente, afinal , conheço esse lugar como a palma da minha mão.

– Acho que é esse lugar galera, tem muito espaço e não tem muitas árvores aqui, o que é bom, já que não queremos que o bombadinho aí incendeie a floresta! - uma voz masculina falou, espera ai, incendeie? Então o tal "bombadinho" dobrava fogo?

– Hahaha! Muito engraçado, quer um troféu? - respondeu outra voz na defensiva.

– Vocês dois podem parar de brigar, acabamos de encontrar um lugar perfeito e vocês não estão nem dando bola! - dessa vez era uma voz feminina, acho que conheço de algum lugar, mas não lembro de onde.

– Eu acho que você poderia ser menos mandona!

– E eu acho que vocês todos deveriam calar a boca e voltar pro apartamento agora ! - outra voz masculina interferiu.

– Concordo, além do mais nossas compras do supermercado já devem estar chegando. - mais uma voz feminina apareceu, afinal, quantas pessoas estavam ali?

– Ok, vamos logo. - o bombadinho respondeu, e logo ouvi eles deixando a floresta.

Corri que nem uma louca ao ponto de ônibus, peguei o primeiro pela frente, só queria chegar em casa e avisar pro meu pai que agora teriamos que dividir o terreno com mais algumas pessoas, o que o deixaria muito irritado.

Cheguei em casa e meu pai não estava, tinha me esquecido que essa hora ele deveria estar na academia treinando seus alunos de Muay Thai. Fiz meu almoço, peguei minha mochila e segui rumo ao ponto de ônibus. Enquanto esperava tirei Convergente de dentro da mochila e comecei a ler, já estava no final, como uma boa leitora que sou quase acabei com ele ontem, mas decidi deixar para terminar no intervalo. Em menos de 10 minutos o ônibus chegou, me sentei na janela e comecei a ler. Até que acontece uma coisa muito inesperada na história.

–Como assim? - perguntei em voz alta assustada - não é possivel, isso aqui ta errado!

Mas não estava, droga.Já estava chorosa, até que leio uma parte de Tobias inerte a toda situação, imaginando seu futuro, ele teve a mesma reação que a minha, e depois caiu a ficha dele, a minha também, caimos no choro juntos.

– Ta tudo bem com você? - me pergunta um menino alto com o cabelo bagunçado e pintinhas no rosto, foi então que eu percebi que chorava compulsivamente no ônibus, o que era ruim, porque já sentia as primeiras reações da falta do autocontrole.

Eu tentava encontrar palavras para responder, mas não saia, logo ele olhou para o meu colo onde estava meu livro,sorriu e se sentou ao meu lado.

– Não precisa nem responder, eu já entendi. Também chorei bastante, mas olha, é segredo viu, não conta pra ninguém! - disse risonho.

Me acalmei um pouco.

– Você já leu? - perguntei surpresa, não era sempre que se achava outro iniciando por aí.

– Já li sim, sei o que está sentindo, é difícil, mas logo você supera. Fico feliz de encontrar uma inicianda por aqui, do jeito que essas meninas são nunca devem ter pego um livro. - me respondeu ainda sorrindo, tinha lindo sorriso.

– Ah devem sim... Para colocar na cabeça e treinar o equilíbrio. - não pude evitar sorrir também.

– E para apoiar o esmalte também.- rimos juntos até que ele corta o silêncio - Você tem um sorriso lindo sabia?

Foi nesse momento que eu percebi que ele era bonito, para falar a verdade o menino era muito lindo, senti meu rosto queimar muito, droga o que eu respondo agora? Se eu dizer que o sorriso dele é lindo também vou parecer desesperada não é? Abaixo um pouco a cabeça procurando uma resposta.

– Foi mal, não sabia que era timida.- se desculpa passando a mão no cabelo envergonhado.

– Tudo bem, você não teria como sab... - olho para a janela e percebo que perdi o ponto - DROGA! SENHOR RODRIGO PARE ESSE ÔNIBUS! - grito e ele se assuta. - Foi mal é que perdi o ponto.

– Putz, eu também!

Corremos e eu agradeço ao senhor Rodrigo por parar, coitado quase teve um ataque do coração. Ele me segue e eu estranho.

– Você ta me seguindo? - pergunto e ele da risada.

– Claro,só vou esperar a gente dobrar aquela esquina e te arrastar para dentro de um beco. - ele responde ainda rindo e eu paro e o olho assustada.

– Calma, eu so tô brincando ok? - me aliviei com a sua resposta, não estou acostumada com essas coisas, sempre fui sozinha, ou melhor sou sozinha.

– Vamos, se não a gente chega atrasado na escola.

– O que? Você frequenta a mesma escola que eu? - como assim ele estudava na mesma escola que eu?

– Aham, eu sou do terceiro ano, e você do segundo certo? - concordei com a cabeça - Você não deve ter me reconhecido porque mudei pra essa escola com meus amigos faz pouco tempo.

– Ah claro, desculpa, é que eu não costumo a me misturar com as pessoas da escola.

– Pois deveria, você é muito legal. - responde e eu me assusto, nunca ninguém disse pra mim que eu era legal, me senti bem na hora.

– Você também é muito legal. - devolvi o elogio, ele sorriu e continuou caminhando.

🌙

Chegamos no portão e entramos, saímos em direção aos degraus, o corredor do ensino médio era no quinto andar. Quando chegamos percebo que é a hora da despedida, me incomoda, mas não consigo entender porque.

– Acho que agora cada um segue o seu caminho. - ele cortou o silêncio.

– Pois é.

– E acho que ainda não sei seu nome.

– Ah claro, prazer Karina Duarte. - estendo minha mão pra ele que pega e me puxa pra perto de si.

– Pedro Ramos. - responde com um beijo na minha bochecha, e sinto um choque que nunca senti, um que sei que não consigo controlar - e o prazer é todo meu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da leitura, e não se esqueçam de prestar atenção no que a K diz, nesse cap tem spoiler escondido, bjoos até a próxima.