Respiração, foco, e o mais importante: Nenhum movimento brusco. É assim, na calada noite que Teemo consegue abater sua presa sem nem ao menos a vítima se dar conta de que um dardo venenoso acabara de atingir seu pescoço. O alvo estremecia e urrava, enquanto sentia o veneno percorrendo suas veias, provocando alucinações e uma terrível dor.

O Yordle, ainda com sua zarabatana em mãos, agora saía das sombras com sua expressão inocente enquanto fitava o homem abatido.
– Desculpe, senhor... São apenas trabalhos da Liga. – Ele deu um leve sorriso e prosseguiu com seu caminho, ajeitando seus óculos sujos de sangue. Seu olhar constantemente mudava após conflitos com seus inimigos. Era naquele momento que seu ponto fraco era exposto e ele não desejava que seus adversários o vissem com remorso. Exatamente por isso ele colocava seus óculos, para tampar seus olhos que lacrimejavam em cada confronto. Na realidade, estar em uma batalha, estar em uma guerra e ter que matar tantas pessoas, não era o objetivo de Teemo, era somente um dever a ser cumprido.

Ao atravessar furtivamente uma pilha de vegetações daquela imensa floresta, sentiu um enorme soco que atingiu sua nuca, o fazendo cambalear e ao mesmo tempo olhar para trás.

– Seu idiota!! Da próxima vez eu te fuzilo inteiro! – Uma garota com a mesma estatura de Teemo o olhava furiosa. Suas roupas estavam sujas e seu cabelo curto completamente bagunçado. Ele levou um tempo para se recompor.

– T-Tristana... O que você tá fazendo aqui?! Cadê os outros? Estão todos bem? – Indagou ele com dificuldade, coçando suas orelhas. Ela se aproximou ainda mais, colocando o fuzil em sua barriga.

– Você disse que não iria sozinho!! Estávamos todos preocupados... Mas você... – Ela abaixou a arma devagar e elevou o tom de voz- Sempre pensando somente em si mesmo! – Sua respiração estava mais acelerada e seus olhos começaram a lacrimejar. – O que aconteceu com... C-Com a nossa promessa? – Nesse momento Teemo abaixou a cabeça lembrando-se da promessa que ambos fizeram no momento em que aceitaram entrar para a Liga.

– “Sempre juntos, não importa o que aconteça.” – Disse ele, agora a olhando nos olhos. Essas foram as palavras que os dois disseram no momento em que concordaram em entrar para a guerra. Uma guerra que aparentemente não teria fim. Tristana era sua amiga de infância, não havia ninguém mais em quem ele poderia confiar. Ela esteve presente em todos os momentos felizes que Teemo se recordava, mais especificamente, em todos os momentos antes da Liga.

– Desculpa... Tá? Eu não queria que você corresse perigo, mais do que todos nós já corremos... – Ele murmurou quase num sussurro, e sentiu o forte e caloroso abraço de Tristana que demonstrava estar muito feliz em saber que ele continuava vivo.

– Eu tento não pensar... Tento não imaginar o que aconteceria com todos nós se alguém conseguisse se infiltrar em Bandle... Seria um desastre! Quantas mortes, quantas... – Ela parou, ainda abraçada à ele. Somente os habitantes da cidade de Bandle sabiam o quanto eles eram taxados de fracotes e ao mesmo tempo invejados por possuírem uma tecnologia única, graças à Heimerdinger.

– Isso não importa agora... Vamos sair daqui, já consegui o que queria. – Ele abriu um sorriso e mostrou algo semelhante a um livro, o que gerou surpresa.

– O Códex demoníaco!! Você conseguiu... Como? – Ela parecia fascinada, e um olhar orgulhoso se via na face de Teemo.

– Digamos que foi uma troca de favores... O lado bom é que ninguém me viu.

– O que não é novidade... Suas técnicas de camuflagem são impressionantes, pena que só funcionam quando você tá totalmente imóvel. – Ela deu uma risada tímida e ele pareceu um pouco incomodado com o comentário.

– Cahan... Vamos voltar, eles devem estar nos esperando. – Murmurou, se virando.

– Teemo... Aquilo é uma sentinela detectora? – Tristana apontou para um arbusto próximo, analisando-a com um ar preocupado.

Escuridão

No mesmo instante tudo se apagou, a luz da lua não iluminava mais o local e ambos sentiram um horrível arrepio.

_ Tristana!! Cadê você?! O que tá acontecendo?! – Teemo tentava encostar em sua mão mas não conseguia localizá-la.

– É uma ilusão!! Teemo, corre!! Voc... – Um estrondo a interrompeu fazendo com que ele entrasse em pânico e corresse. O que estava havendo? Ele não era um covarde, salvaria sua amiga. Algo mais forte tomava conta de seu ser e uma gargalhada grave soou em seus ouvidos.

Acordou em uma cama, com algumas ataduras. Uma menina de aparência muito doce se aproximava com uma toalha úmida, chupando um sorvete. Uma pequena criatura voadora pairava sobre ela.

– Lulu? Cadê a Tris?! – Ele se contorceu quando ela colocou a toalha em sua testa. Sentia uma forte dor de cabeça.

– Tem um gosto meio roxo... Não acha? Deve ser de uva ou amora... – Indagou ela, com sua voz de garotinha. Teemo tentou levantar mas não conseguiu.

– Cadê ela?! Eu não me lembro de mais nada, só que tudo se apagou e nós nos separamos. A sentinela detectora... Eles estavam nos vigiando!! Por isso...

– Você não adora sorvete? São como pedaços de gelo com sabor... Eu adoro gelo!! Ela não estava lá, mas tem muito gelo aqui! Deixa eu pegar mais... – Ela abriu um grande sorriso e deu alguns passos até a geladeira para buscar mais sorvete.

– Ela não estava? Então foi pega?! Não acredito... Eu deveria ter percebido logo... – Ele olhou para um pedaço de madeira retorcida que estava em cima da mesa.- Como me achou?

– Ela é minha melhor amiga, eu amo ela e ela me ama... Nós nos completamos!- Ela exclamou e Teemo a olhou confuso.

– Não sabia que você e Tristana eram tão amigas. – De repente o olhar dela mudou muito rapidamente para fúria.

– A Pix!! Ela é minha amiga!! Seu tolinho. – E automaticamente apontou para a criaturinha. Ele entendeu. Pix havia o rastreado e por isso chegaram a tempo de resgatá-lo.

– Calma, Pix! A sombra não vai mais te machucar... Tá tudo bem. – Lulu acariciou a pequena criatura.

– A sombra? O Códex... Era isso que ele queria... – Dessa vez o Yordle se levantou bruscamente, ignorando todas as dores possíveis com somente um objetivo: Trazer Tristana de volta e matar todos que atrapalharem. Que se dane o Códex.