Elementar escrita por Mondler


Capítulo 9
Noites de tortura


Notas iniciais do capítulo

Olááááááá! Antes de lerem, quero que saibam que o "antes" do capítulo se passa antes do prólogo e o "depois", obviamente, se passa depois dos acontecimentos também do prólogo. Boa leitura! :)
Kim is back!



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Kim

Antes.

Todos estavam agitados com a notícia da invasão. Werd levou toda a população para a praça central da vila e os instruiu com tamanha firmeza.

— As Serpentes estão preparadas para a guerra. — Ele gritou. — Os guerreiros já foram selecionados e lutarão bravamente para defender nosso amado reino! — Fez uma pequena pausa quando quatro figuras chegaram flutuando. Os olhos de Kim, no meio dos civis, se encheu de esperança. Nunca vira os espíritos elementares tão de perto. — Aos que são incapacitados de guerrear, peço que me sigam para um castelo subterrâneo que projetei. Estaremos seguros lá.

A mãe de Kim apertou os seus minúsculos dedos.

— O que as Serpentes querem? — Alguém perguntou.

— Acredito que não seja apenas uma questão de domínio territorial. Aposto que querem as joias dos espíritos. — Ele olhou para as áureas brilhantes ao seu lado. — Por isso, para mantê-las em segurança e, consequentemente, para manter o equilíbrio natural, o conselho decidiu que elas devem procurar refúgio no mundo humano. Propriamente em um território mágico lá. Estou me referindo a Vulner.

Houve um pequeno tumulto. Kim foi puxado por sua mãe e todos seguiram uma trilha esburacada na floresta por cerca de uma hora, seguindo o mago até o refúgio. O pequeno panda desceu o primeiro degrau que levava até o castelo com a ajuda do homem-rato. Ele ficou encarando o garoto com seus olhos esbugalhados.

— Você acha que os espíritos estarão seguros lá? — Kim perguntou.

— Claro que não. O poder das Serpentes não pode ser parado. — Ele respondeu enquanto ria. — Você precisa entender uma coisa, Kim... Agora que a noite finalmente caiu, os monstros que se espreitam pela manhã finalmente poderão vagar pelos mundos tomados pelo caos e se banquetear dos fracos e do poder do medo que habita o coração de humanos-animais como você.

A principio, Kim não achou aquelas palavras tão estranhas, mas agora, depois que o homem-rato revelou-se como Serpente e explodiu o refúgio, tudo se encaixou perfeitamente.

Depois.

Kim sempre acordava do meio da noite, aterrorizado com um horrível pesadelo. Não aguentava mais tudo aquilo, as lembranças do rapaz-rato com a dinamite na mão, dizendo que explodiu tudo. Não podia acreditar que todos os humanos-animais estavam soterrados. Sua família estava morta.

As Serpentes, achando que poderia arrancar mais informações dele sobre o plano de proteção dos espíritos da natureza, decidiram não sacrificá-lo e levaram ele para a grande toca que fizeram no centro de Zear. Então, todas as noites, logo após acordar dos seus pesadelos, Kim era arrastado para uma sala, onde a tortura acontecia. Essa noite, porém, havia algo de diferente.

— Infelizmente, você não tem dito nada que realmente tenha um valor significativo para a nossa causa. Isso é muito decepcionante. — Uma Serpente negra, provavelmente a líder daquela toca, sibilou em seus ouvidos.

— Eu realmente não me importo com essa porcaria. Se você espera algo de mim, continuará esperando até apodrecer. — Kim sentiu as amarras apertarem os seus pulsos.

— E eu verdadeiramente não me importo em matá-lo. Temos uma Serpente que conviveu com vocês por um ano, sem ser notada. O rapaz-rato nos deu informações importantíssimas que ele descobriu. Parece que o mago Werd não tomou muito cuidado com a segurança de seus planos, contar para todos os moradores do reino não me pareceu uma ideia muito legal. — A Serpente deslizou até o outro lado da sala, depois ficou cara a cara com o minúsculo corpo do garoto-panda.

Os olhos da Serpente começaram a brilhar intensamente, até que obtiveram um tom avermelhado. Kim sentiu uma pontada em seu estômago, depois essa mesma dor transferiu-se para os braços e por fim para a sua cabeça, como se ela fosse explodir. Seu peito ardia e o nariz sangrava.

Uma nova Serpente entrou na sala, arrastando seu corpo de pele amarelada pelo corredor até o interior do cubo. Ela sibilou algumas palavras para a outra e depois se virou para Kim, fitando-o com seus terríveis olhos avermelhados.

— Seashisther está certo, não precisamos de você, então é melhor colaborar com alguma coisa, nem que seja limpando as carcaças que deixamos. — O antigo rapaz-rato, conhecido pelas outras Serpentes como Ledber, cuspia as palavras no rosto de Kim. — Eu sei muito bem o paradeiro dos espíritos, só quero que você coloque na cabeça que o Castelo Vulner não será o suficiente para abrigar os humanos nojentos que eles escolheram.

Kim sentiu-se enjoado. Ledber, ou o rapaz-rato, realmente sabia das informações do paradeiro dos espíritos. O plano principal, era levar os espíritos escolhidos para Vulner, um castelo no mundo humano que abriga seres mágicos que se mudaram para lá. Com essa informação, as Serpentes poderiam organizar um ataque ao Castelo.

A Serpente transformou-se em rato novamente, o rosto humano escurecido, com dentes de roedor saindo da boca, as orelhas visíveis acima do cabelo escorrido. A mistura das duas espécies não ficara tão boa quanto a que Kim sofrera. Era um rosto desconfortável de se olhar, com um olho maior que o outro, três grandes fios de cabelo em casa lado da bochecha.

— Prefere assim?

— Claro. — Kim pulou por cima do corpo miúdo do rapaz-rato e prendeu a corda que segurava suas mãos no pescoço do humano-animal, enforcando-o pra valer. Seashisther, a outra Serpente que estava na sala, usou o rabo para afastar Kim do homem, que agora voltava a se transformar em réptil.

***

Como castigo, Kim ficou um dia sem comer. Não havia se arrependido, adorou ter visto a cara do homem-rato sendo enforcado. A porta estava trancada e o pequeno quarto de terra estava muito quente. Acima dele, as ruínas de Zear esquentavam com o calor do sol. Sempre que uma Serpente passava deslizando no corredor, o garoto assustava-se, imaginando que o teto iria cair. Já prestes a adormecer, um risco roxo surgiu ao lado de sua cama, iluminando as raízes das árvores que chegavam até aquela profundidade.

O garoto deu um pulo, agarrou uma pedra pontuda e mirou-a naquela direção. O que era aquilo? A luz roxa cresceu e transformou-se em uma névoa, concentrada verticalmente, com o formato de um corpo. E foi isso que ela formou, um corpo real, de alguém que Kim realmente conhecia.

Werd, o mago que estava liderando os guerreiros no castelo subterrâneo, estava bem ali na sua frente, com seu roupão cinza, uma capa negra cobrindo-o da cabeça aos pés. Ele tinha cabelos negros até o ombro, um nariz torto e olhos castanhos. Estava vivo.

— Eu pensei que você estava soterrado, mortinho.

Kim havia fugido para as ruínas de Zear naquele dia e não estivera no castelo quando Ledber, ou homem-rato, usou os explosivos.

— Os abobados derrubaram um montão de terra em cima de um castelo vazio. — Ele falou ironicamente, puxou um cajado de dentro da capa e riscou um círculo na terra ao seu redor. A forma geométrica ganhou a mesma cor roxa que a névoa que ele tinha usado para chegar aqui. — Você não vem? As Serpentes chegarão em três, dois, um...

Seashisther invadiu o quarto com um sibilo raivoso. Seus olhos se esbugalharam ao ver o mago, ela recuou por alguns segundos, depois mostrou as presas, pronta para atacar. Kim saltou da cama e caiu no círculo com Werd, ele olhou para a Serpente e para a sua boca escancarada, abraçou o corpo do homem e, quando abriu o olho mais uma vez, contemplou um grandioso acampamento, onde humanos-animais passeavam de um lado para o outro.

— Esse é o nosso mais novo refúgio, seja bem-vindo!


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Notas finais do capítulo

Amanhã tem mais um capítulo, dessa vez com o Time Elementar novamente! Até ^-^



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