Elementar escrita por Mondler


Capítulo 5
Ar


Notas iniciais do capítulo

Mais um personagem! Apesar de grande, o capítulo não mostra muito de sua vida, mas descobriremos mais sobre ele com os capítulos que virão! Espero que gostem do personagem. Boa leitura! :)



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Antes.

Carl adorava acordar 6h30 da manhã, quando o seu desenho animado favorito estava passando. Morar em um trailer poderia ser bacana em várias situações, mas o garoto realmente odiava quando sua mãe o estacionava em um local onde a TV não funcionava.

— Se fosse para ir para a escola, ninguém acordaria uma hora dessas! — A mulher passou a mão pelos cabelos lisos do filho e ele nem piscou, imobilizado com a história do desenho. Só respondeu minutos depois, com a chegada do comercial.

— Eu só estou tentando curtir as minhas férias! Quero assistir um bocado, quando as aulas voltarem eu não poderei fazer isso, então...

— Garoto esperto. — Ela estava preparando uma vitamina quando alguém bateu na porta.

Carl juntou as sobrancelhas, surpreso com a suposta visita.

— Maldito Smith, não é possível que ele já veio cobrar o chiclete dele! Ainda são 6h40! Esse garoto é desmiolado, só pode. — Ele rolou pelo chão do trailer e se aproximou da porta no momento em que sua mãe a abriu. Porém não havia nenhum amigo querendo receber doce. No lugar disso, uma arma foi apontada para a mulher violentamente. O disparo que se seguiu passou a ser o despertador natural do jovem em todas as manhãs.

Depois.

O canivete rasgou o saco plástico e as mercadorias do homem se espalharam pela movimentada avenida. Carl guardou a lâmina e, discretamente, deslizou a mão para dentro do bolço do rapaz, agarrando sua carteira enquanto ele estava ocupado catando tudo que caiu. Continuou andando, como se nada tivesse acontecido. Como não fora percebido, decidiu que continuaria com o alvo seguinte.

A próxima rua estava abafadíssima, com prédios cercando-a. Uma pequena garoa começou cair e os passos das pessoas tornaram-se mais acelerados. Propositalmente, esbarrou-se com uma loira de paletó, fazendo-a cair.

— Me perdoe, eu realmente estou com muita pressa. — Ele ergueu a mão para ela. Nesse instante, enquanto a puxava, usava a outra mão para capturar algo dentro da bolsa dela. Tocou em algo como um celular, arrancou-lhe e o escondeu em sua mochila. O único problema foi que ela percebeu.

— Socorro! Ladrão! — Ela cambaleou para trás, o rosto completamente assustado. Uma viatura passava na esquina da rua no momento dos gritos.

— Você poderia ter ficado calada! Deu merda. — Carl afastou-se da mulher com rapidez, enquanto sentia-se observado por todos. Ninguém tentou pará-lo, era veloz e sabia que, se desse um tempo para descansar, acabaria sendo pego pelos policiais que procuravam por ele. Mas cedo ou tarde teria que enfrenta-los.

A mente adora pregar peças e criar armadilhas. Em situações como essa, onde o perigo é mais que eminente, Carl sentia-se na obrigação de, além de ficar alerta com o movimento dos policiais, ser inteligente o suficiente para com o seu cérebro. Não podia deixar que ele o enganasse.

— Fique parado ou serei obrigado a atirar! — Um policial surgiu de dentro de uma loja, estava segurando uma arma e ela estava apontada para Carl. O garoto sentiu o corpo fraquejar. Imaginar uma bala dentro do seu corpo era horrível, tinha certeza de que não queria isso. Mas se render não era o que ele faria.

Não olhou para trás, simplesmente correu. O vento em seu rosto jogava os seus cabelos negros para trás e o medo de ser atingido pelo tiro o transformava em um corpo devorado pelo medo. Viu algo esbranquiçado se movendo do seu lado. Uma olhada rápida e tudo que ele conhecia se desmoronou: Algo mais rápido que ele o perseguia, se desfazendo com frequência. Tinha o formato de humano, mas era transparente e tinha uma áurea branca o cercando, como pequenos redemoinhos de vento.

— Que porcaria é essa? — Os pés estavam cansados e o coração prestes a ter um ataque cardíaco. Começou a sentir falta de ar, o fôlego escorrendo pela sua boca, indo para fora do seu corpo. Um carro da policia o seguia agora, buzinando para que as pessoas saíssem do meio da rua e o que mais incomodava o garoto também continuava ali, encarando-o, sem fazer muitos esforços para correr, como se estivesse flutuando, esperando pelo momento certo para fazer algo. Atacar, talvez.

Chegou a escorregar com a calçada molhada, mas levantou-se quase que na mesma hora. Pulou a cerca de algumas casas, cortando quintais e buscando diferentes alternativas para conseguir escapar. De repente, sentiu algo gelado tocar o seu ombro. Seu corpo se moveu para trás com calma, encarando a forma desforme de uma mulher construída por vento.

— O que é você? — Sua boca estava escancarada, tentou correr, mas seus olhos estavam tão presos aos da criatura que o mundo todo pareceu parar. Na verdade, o mundo realmente estava parado, com a exceção deles dois.

O carro da policia estava ao seu lado, prestes a atropelá-lo. Pessoas que caminhavam estavam imóveis, como se estivessem em um DVD onde o filme fora pausado.

— Seu futuro não seria um dos melhores se eu não estivesse aqui para ajuda-lo. — A figura disse com paciência, as palavras saíram de sua boca e flutuaram pela pequena distância que existia entre eles. — Agora precisamos fazer algo. O tempo não pode ficar assim para sempre, docinho...

Ela fez algo inesperado. Carl não recuou quando os lábios de vento lhe tocaram, foi um beijo frio e o despertou para a realidade, onde não havia tempo paralisado nem a estranha mulher. O carro estava em alta velocidade, pronto para acertá-lo. Seus pés se contraíram e o corpo pareceu flutuar no momento que ele pulou, jogando-se para o alto, acreditando que era capaz de girar por cima do carro. E foi isso que ele fez.

Só tombou no chão novamente quando já havia saltado pelo teto do veículo. O carro freou, Carl ouviu as portas baterem. Havia feito uma cambalhota perfeita, algo inacreditável. Quando o policial saiu do carro, teve quase certeza que estava morto. Se isso acontecesse, quem iria enterrá-lo? Sua família estava toda morta e o seu único amigo era um drogado.

— Chega dessa brincadeirinha! Levante-se com as mãos para cima. — O policial estava acompanhando, os outros dois também tinham as armas apontadas para Carl.

— Tudo bem. — Ele fez exatamente o que eles pediram. Seus braços estavam erguidos no ar e a capacidade de sentir cada rajada de vento o assustava. Demorou um pouco para perceber que os movimentos que estava fazendo eram involuntários, dominado por algo ou alguém. O garoto não tentou lutar contra essa força que o controlava.

— Agora jogue o canivete no chão! — O homem estava dando mais ordens, porém Carl não deixou que ele terminasse e respondeu com um “Não” friamente. O garoto girou os dedos e impulsionou os braços na direção dos policiais. Uma forte rajada varreu todos para longe. Parecendo bonecos, os policiais se impactaram na vidraça de uma loja e o carro foi arremessado para a rua seguinte.

Nesse momento Carl se assustou, o que havia feito com aquelas pessoas? O que estava acontecendo? Como aquilo com o vento funcionava? Um pequeno ruído atrás de si o despertou. Teria o mesmo fim que o de sua mãe? Um novo policial, com uma arma mais potente, não hesitou no momento de atirar. O barulho ensurdecedor ecoou por toda a rua deserta e a bala atingiu o peito do garoto com tamanha violência.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será postado amanhã, yeah *u*
Prontos para o último elemento? Terra is coming!



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