Katniss e Peeta - Reaproximação escrita por pce19


Capítulo 37
Capítulo 37




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No caminho encontramos Haymitch – sem sua costumeira bebida – e vamos os três juntos. Peeta ainda segura minha mão.

Várias pessoas estão à frente do Edifício da Justiça, cumprimentam-nos e puxam conversa. Eu retribuo dando atenção a antigos compradores das minhas caças, vejo também Hazelle e as crianças, ela não menciona nada sobre Gale, o que me é um alívio. Logo a cerimônia irá se inciar. Então nos sentamos nas cadeiras.

A decoração chama minha atenção. As faixas permanecem no mesmo lugar, e as luzes também, a diferença são as flores. Delly trocou todas as que colocamos por primroses, o que me faz sorrir e agradecê-la por isso no íntimo. Até minha patinha veio no casamento.

Um juiz da capital se aproxima do palco improvisado, montado com vigas de ferro e uma enorme placa de madeira coberta por um lençol. Ele pigarreia a fim de chamar atenção, e bate os dedos no microfone. A atenção da assistência volta a ele.

– Boa Noite, senhoras e senhores – ele arruma a gravata que usa por debaixo de um velho paletó marrom, deve ter seus 50 anos já – eu me chamo Elliot, sou um juiz formado pela Capital, e fui incumbido deste grande privilégio, que é realizar a cerimônia de casamento de Delly e Henry. Convido-os a entrarem.



Neste momento o público se levanta olhando na direção da porta- eu os imito. E vemos Delly e Henry. Ele usa um terno um pouco justo demais para um homem de seu porte, está completamente barbeado – diferente do dia que o conheci – e seus olhos expressam que ele se sente o homem mais sortudo do mundo. Delly, bem, a única palavra perto de descreve-la é perfeita. Seus cabelos loiros estão presos no alto e soltam-se em longos cachos. Ela usa um vestido branco, que se arrasta um pouco no chão, muito simples, mas a beleza dos traços de Delly realçam qualquer roupa, ela segura um buquê com margaridas, e o que a deixa mais linda é seu semblante, ela está nervosa, mas acima de tudo alegre.

Uma banda – vindo também da Capital - toca uma espécie de marcha nupcial enquanto eles entram. Peeta havia me dito mais cedo, que este fora o presente de Plutarch, que não poderia vir mas era muito grato ao que Delly e Henry haviam feito no Treze, por isso ofereceu música para a festa.

Eles ficam de pé a frente do juiz, que fala algumas palavras – não presto muito atenção – sobre amor e esperança em tempos difíceis. Minha cabeça remete à foto do casamento dos meus pais, a que eu apanhei quando visitei o Doze ainda em ruínas. A expressão nos rostos de Delly e Henry era a mesma que havia no dos meus pais. Os olhos brilhando, os sorrisos largos, porém naturais, e os braços cruzados. Parecia que eles sentiam que não havia mais ninguém no mundo, exceto os dois. E que juntos seriam capazes de enfrentar qualquer barreira. Eles tinham as mãos unidas, como se suas vidas fossem ligadas. Como se um não fosse capaz de viver sem o outro.”Katniss escolherá quem quer que ela pense que não pode sobreviver sem” A voz sonolenta de Gale, naquele porão velho da loja de Tigris na Capital me vem à mente. Eu havia ficado chateada com sua afirmação, e com Peeta por não ter retrucado, ou me defendido. Mas ele estava certo. E hoje eu vejo, que desde a morte de Prim eu já vivo sem Gale, mas sem o Peeta. Não haveria vida. Eu escolho ele.

Henry e Delly apanham o pão e o colocam no forno, conforme a cerimônia de costume do Doze. Assinam os papéis, e são formalmente casados. Finalizam com um beijo, e nós – os convidados – os saudamos com palmas.

As pessoas começam a se mover. Algumas dirigem-se a parte superior do prédio, outras conversam, e outras – como Peeta e eu – vão até Delly e Henry parabenizá-los. Depois nos separamos e eu vou até Greasy Sae e converso um bom tempo, com ela e alguns membros de sua família. Logo depois subo também para a parte de cima do Edifício da Justiça, e sento-me à uma das mesas. Música permeia o ambiente. Peeta conversa animadamente com algumas pessoas, e vez por outra dirige o olhar em minha direção, até me chama com os olhos para participar, mas eu prefiro ficar sentada. O lugar onde antes ficava meu baço dá um pequeno sinal de dor, o que é razoável, devido a todo esforço físico que venho fazendo desde ontem.



– Hey docinho – Haymitch surge do nada em minha frente, e também senta-se a mesa

– Oi Haymitch

– Festa bonita, não?

Assinto, concordando. E passando mais uma vez os olhos pelo ambiente.

– É a primeira que teve no Doze desde que as pessoas voltaram – ele senta de maneira mais largada na cadeira – Acho que tem uma inspiração especial por aqui.

– A maioria das pessoas gostam de comemorações – dou de ombros – e quando há um motivo pra isso, melhor ainda.

– Maioria? Você não? Não gosta de festas? - ele pigarreia

– Não fui em muitas. Nunca houve muito o que comemorar.

– Mas agora é diferente, vivemos em tempos doces e de paz – ele abre um sorriso forçado

– As custas de muita guerra.

– Mas você é chata hein Katniss!


Eu rio.

– Me desculpe – continuo rindo

– Tente aproveitar, curtir – ele se levanta

– Curtir? - interrompo

– Sim, pelo menos você e Peeta podem fazer isso.

– Você não. Porque?

– Não há bebidas por aqui



Eu reviro os olhos rindo e ele se retira.

Peeta volta à mesa acompanhado de dois rapazes que trabalhavam na reforma da padaria, e os convida para que fiquem conosco. Eu falo pouco, eles porém, conversam sobre os mais variados assuntos. Nós comemos uma porção de batatas pequenas, temperadas com um molho meio ácido, e depois jantamos a mesma pasta maravilhosa que Peeta e eu comemos dias atrás – macarrão – dessa vez com um pedaço de carne, acompanhado de suco de laranja. Me levanto para ir ao banheiro, e ao retornar a mesa está novamente vazia. Peeta e os rapazes saíram.

Há uma espécie de varanda no fim do cômodo, ainda não terminada. Apenas no reboco. Eu vou até ela e sinto a brisa da noite avançar sobre meu rosto. Apoio os cotovelos no para-peito rústico, e cruzo meus braços, observando boa parte do Doze. Ainda havia destruição por boa parte da imagem, mas o que se sobressaia eram as construções recentes. Era visível o desejo de persistência nesse local. Apesar da desgraça, as pessoas se reerguiam mais a cada dia, bloco sobre bloco. Essa fome de luta e esperança era a marca registrada de nosso povo. Algumas crianças gritam e correm brincando no chão próximo à entrada do prédio. Há pouco mais de um ano atrás elas estariam fadadas ao tormento da Colheita, mas agora eram livres – não sabe-se por quanto tempo, os Jogos poderiam voltar. Mas elas tinham algo a se agarrar, uma nova chance de vida. Gostaria de ver Prim entre elas.

– Precisando de ar? - uma mão toca minhas costas, e eu me viro

Peeta sorri.

– Só me distraindo um pouco – coloco as mãos atrás do meu corpo, e apoio meu peso no para-peito

– Eu vim te buscar

– Nós já vamos? Nem comi do seu bolo ainda – estranho

– Não – ele balança a cabeça, e estende a mão – vim te buscar pra dançar comigo.

– Dançar? - espanto-me

– Não finja que não sabe – ele cruza os braços – as notícias no Treze corriam muito rápido, e eu sei que você se divertiu muito no casamento do Finnick dançando. E não seria a primeira vez que nós dançaríamos.

– Ah – me lembro da nossa festa de noivado na mansão de Snow – aquilo era diferente.

– Vai me negar uma simples dança, Senhorita Everdeen? - os olhos dele formam um pedido impossível de recusar, e eu sorrio de volta pegando em sua mão

– Não reclame se eu pisar em seu pé.



Ele me leva até o centro do cômodo. Onde outras pessoas fazem o mesmo. Velhos, jovens, crianças, homens e mulheres. Todos sorrindo e se divertindo verdadeiramente. Apoio uma das minhas mãos em seu ombro, e a outra segura sua mão. A mão de Peeta desliza sobre minhas costas, um pouco mais pra baixo do que a última vez que dançamos juntos, e me puxa pra bem perto de seu corpo, lentamente começamos a nos mover ao ritmo de uma música suave e doce.

A cena, tudo o que está a minha volta, me faz pensar como teria sido meu casamento falso com Peeta. Muito mais luxuoso, com certeza, com muitas câmeras e nada discreto. Minha vida e intimidade sempre escancarada para Panem inteira. Mas apesar disso, talvez eu até conseguisse me divertir - mesmo que só por um segundo na festa – ou não, Snow estaria presente com certeza me olhando com seus olhos de cobra pronto para atacar, em qualquer pequeno passo em falso que eu desse. Um arrepio só por pensar nisso, percorre minha espinha.



– Uma fornada de pão de queijo pelo o que você tá pensando – ele fala um pouco perto demais da minha orelha, me fazendo sentir frios na barriga

– Ah .. nada – dou de ombros

– Vai, me conta

– Bom – mordo o lábio – estava pensando como teria sido nosso falso casamento – estamos dando voltas no ambiente, de modo lento.

– Hum …. - ele suspira – provavelmente Effie estaria coordenando, então, seria bem colorido, com certeza – nós rimos, e depois ele fica sério de novo – haveria muitos holofotes

– Câmeras por todos os lados

– Mais e mais entrevistas com Caesar

–Tudo filmado.

– A comida seria boa – ele balança um pouco a cabeça

– É … pelo menos nisso a Capital não falhou.

– Muitos convidados, até pessoas que nunca vimos na vida, os da alta sociedade.

– Snow – eu paro de me mover – Snow estaria lá – Peeta envolve minha cintura mais próxima a ele, ignorando que eu parei de dançar e me puxa mais uma vez

– Mas .. nós não casamos, Snow morreu, e hoje nossa vida é essa.

– É … - eu digo ainda meio atônita e voltando a me movimentar

– Talvez, por uma pequena fração de segundo nós poderíamos até ter nos divertido na nossa festa do falso casamento.

– Desde que o prato principal fosse carneiro com molho de laranja – ele ri, e a música vai lentamente parando.

– Quer saber? - ele se afasta um pouco e dirige seus olhos nos meus – você seria a noiva mais linda do mundo – dá-me um beijo na bochecha.

– Peeta! - um dos rapazes que trabalha na cozinha chama-o, e então ele se vai.



Me deixando extasiada com um momento tão perfeito entre nós.



Eu volto para a mesa, e percebo que ele fora chamado para ajudar a cortar o bolo. Um dos pedaços é colocado na minha mesa, e eu o aprecio. Maravilhoso é a única palavra que consigo pensar. O sabor tem um leve gosto de abacaxi, com um creme que eu nunca havia provado antes e é coberto com glacê. Percebo que muitas pessoas o elogiam por seu trabalho, e fico orgulhosa por Peeta estar finalmente retornando a si mesmo, e sendo reconhecido por sua obra. Penso também em seus quadros, e logo estou devaneando sobre ele, seus dons, suas qualidades, seu jeito, sua aparência, enfim, eu amo tudo nele.


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