Katniss e Peeta - Reaproximação escrita por pce19


Capítulo 3
Capítulo 3




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Entro na cozinha e a fome me atinge, fazendo meu estômago roncar. Encontro os pães e o leite já frio que Grease deixou, não como com muita vontade, deixando mais da metade. Não me agrada desperdiçar comida, então resolvo deixar os pães no forno para comer mais tarde e guardo o resto do leite na geladeira. Volto ao jardim e cuido das minhas plantas por tanto tempo que não vejo a hora passar, entro vez por outra em casa para pegar um pedaço de pão e volto para as primroses, passo o dia assim.

Quando é por volta das 6h da tarde ouço um miado. Buttercup está atrás de mim, faminto. Termino a última poda, na parte traseira da casa, guardo os equipamentos, e ele insiste em miar, cada vez mais alto.

– Calma! Não vai morrer de fome! - eu berro – não mais

Isso o silencia. Entramos e pego o restante do leite na geladeira, derrubo em um prato e lhe dou. Observo-o beber com vontade, e acho até graça em como ele toma tão rápido, como se aquela fosse sua última refeição, como eu comia o maravilhoso carneiro no trem dos Jogos.

Subo para tomar um banho morno, tirando com dificuldade a terra das minhas unhas. O chuveiro daqui não é tão bom como os da Capital, mas para quem usava água fria e uma caneca, assim está ótimo. Deixo a água escorrer por meu corpo, meu rosto e enquanto me esfrego sinto os enxertos de pele – que não são mais rosas – por várias partes. Esses pedaços de gente ainda me incomodam, para estarem aqui tiveram de sair de outra pessoa, e imaginar como isso aconteceu me dá calafrios.

No espelho do guarda-roupa do quarto, me observo apenas de roupa íntima. Não tenho mais os músculos que adquiri nos Jogos ou quando ainda caçava, meu corpo parece uma colcha de retalhos – pele aqui, pele ali, cicatrizes – e magra de uma forma que nunca me vi, os ossos das minhas costelas são visíveis, ao me virar vejo que minhas omoplatas aparecem perfeitamente, como asas – que ironia, o tordo com asas em suas costas e dessa vez não fazem parte da alegoria de Cinna. Visto um pijama leve e desço para esperar o meu jantar. Grease já deixou-o em cima da mesa, ela deve ter vindo enquanto estava no banho. Belisco meu jantar – 2 batatas e um pedaço de frango – guardando o resto na geladeira.

Sento-me no sofá, com as pálpebras pesadas, sentindo meu corpo apelar por descanso, mas me recuso a dormir, o medo de ter novamente pesadelos me atinge. Decido ligar para minha mãe, pra manter-me acordada.

– Oi Katniss - sua voz aveludada atendeu do outro lado da linha

– Como sabia que era eu? - surpreendo-me

– Quem mais me ligaria?

– Hum - o nó em minha garganta ameaça se formar – Então... Oi

– Oi querida...Como se passa seus dias?

– Normais, como todos os outros - sem palavras tínhamos um acordo que incluía não perguntar uma a outra se estávamos bem, a resposta seria obvia - e os seus? Trabalhado muito?

– Oh sem duvida! Peguei um novo plantão que dura das 8 da manhã as 8 da noite, ajudo vários doutores e aprendo muito mais a cada dia que passa.

– Que bom – tento não soar indiferente, mas é inevitável, um silêncio permeia a ligação

– Disseram que logo vai ser aberta uma escola de enfermagem por aqui, talvez eu me inscreva … Não sei …

– Seria ótimo mãe.

– Sim … Acredito que vou fazer mesmo.

Novamente silêncio.

– Você tem comido?

– Grease já foi lhe levar fofocas? - me incomodo

– Não é fofoca Katniss, na última vez que nos falamos ela me disse que a maioria da comida que te leva tem o lixo como destino, porque você nem toca nos pratos.

– Isso é exagero.

– Você sempre mentiu mal, dá pra sentir isso na sua voz.

Suspiro profundamente pra ela notar minha impaciência.

– Ninguém vai te obrigar a reconstruir sua vida, filha. Tá em suas mãos. Vou desligar, tomar um banho e jantar.

– Ok

– Eu amo você.

– Também - respondo segurando o choro - Tchau - desligo

Por mais que eu lute acabo cedendo ao sono e durmo no sofá mesmo, com a televisão ligada em um canal qualquer. Então eles me atingem de novo.


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