Katniss e Peeta - Reaproximação escrita por pce19


Capítulo 18
Capítulo 18




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Descemos alguns andares no elevador, e andamos por um longo corredor. Diferente do meu andar, identifico enfermeiras com uniformes coloridos, com alguns desenhos. Ninguém impede nossa passagem. Johanna me guia através do meu tubo de soro, semelhante à um cachorro na coleira. Um enorme vidro está na lateral esquerda mais a frente, ela chega primeiro e olha através da enorme janela. Me aproximo e os vejo. Deve ter no mínimo 20 deles, chorando, alguns bebendo mamadeiras dadas por enfermeiras com roupas rosa, outros apenas dormem. Bebês, de cores e sexos diferentes deitados em caminhas próprias para seu tamanho, coberta com um vidro, tendo apenas buracos nas laterais para que respirem.

– O segundo na terceira fileira – ela fala, sorrindo

Então encontro uma criança gordinha, que chupa o polegar, e possui os olhos verdes-mar. Os olhos de Finnick. Ele usa apenas uma fralda, e se debate na cama. Fica olhando as luzes e brincando com seus dedos. Lindo. Mesmo tão pequeno tem a beleza natural, que pertenceu a seu pai. Johanna não precisa me dizer que este é o bebê de Annie e Finnick. Lágrimas se formam em meus olhos, e por um instante vejo que nos de Johanna também. Ela as seca bruscamente, mantendo a pose de durona.

– Finnick mataria pelo prazer de segurá-lo no colo por apenas um segundo – ela coloca as mãos no vidro

– Ele é lindo.

– Sabe o mais estranho disso tudo? Annie está feliz, tragicamente feliz. Depois da descoberta da gravidez, nunca mais teve surtos ou algo do tipo, claro que toma remédios mas ….

– Mesmo tão indefeso ele já salvou ela – olho para o bebê

– Exatamente como o pai faria.

– Os bebês tem esse poder, trazer esperança, conforto e até alegria.

Voltamos para o meu quarto, e depois nos despedimos. Sento-me na cama, e como meu almoço quando o Dr. Aurelius entra no quarto.

– Como vai minha paciente favorita? - segura uma prancheta na mão, seguido de uma enfermeira que possui o rosto inchado. Foi nela que bati

– Oi Dr Aurelius – evito olhar para a mulher com ele

– Comendo muito?

– O suficiente.

Ele se senta na minha cama.

– Como se sente?

– Bem

– Katniss você se lembra do que aconteceu? - ele pergunta enquanto a mulher com ele prepara medicações.

– Eu me lembro da floresta – a imagem aparece em minha mente – eu fui caçar

– Isso mesmo, e depois disso?

– Eu atirei – minha respiração acelera – atirei minha flecha e – meu coração bate como tambores dentro do meu peito, as lágrimas querem descer – eu matei … matei ela, eu

– Katniss – ele coloca a mão em meu ombro – puxe em sua memória, você atirou em que?

– Prim! - eu grito e bato minhas pernas – eu .. eu...

– Não! - sua voz é firme – pensa Katniss, você atirou em que?

– Eu … eu … - não consigo pensar não consigo

– Respira, me acompanhe – ele usa suas mãos fazendo gestos, como que dizendo “inspire e respire” e eu o imito – você atirou em que?

– Pato, em um pato – vou me acalmando, e meu coração desacelerando

– Isso, querida – ele sorri – foi um pato, nada além disso.

– Me desculpa – eu olho para a enfermeira que segura meu braço aplicando algo – seu rosto – ela apenas sorri e baixa os olhos.

– Katniss, depois disso – volto minha atenção para o Dr – você se lembra de algo.

Faço que não, com a cabeça. Minha última memória, foi me deitar com o pato.

– Você ficou na floresta, por dois dias. Exposta ao sol, a chuva, vento e picadas de mosquitos. Haymitch a encontrou, mas seu estado de desidratação e inconsciência era muito critico, e não havia condições médicas suficientes no 12 para cuidar de você. Assim Haymitch conseguiu uma autorização com Plutarch, para permitir sua saída ate o 4, para cuidados médicos. Durante 7 dias. Você sabe há quantos dias esta aqui?

– Hã ... 2? - me sinto confusa com tanta informação.

– 5 Katniss, a maior parte dos dias você permaneceu desacordada.

– Eu não deveria ter ido caçar

– Não diga isso, querida. Você fez a coisa certa!

– Não me parece.

– Olha, ao fazer isso, você estava tentando retomar uma atividade normal, do seu antigo dia a dia. E isso vai te fazer muito bem. Mas pra te ajudar mais vou te receitar isso aqui - ele pega um pequeno frasco de remédios de plastico, e os sacodes.

– Vou virar uma Morfenácea?

– Não - ele respondeu mesmo não entendendo minha pergunta - esses comprimidos vão te ajudar a se estabilizar emocionalmente. Você vai toma-los todos os dias, me entendeu? Logo apos o café da manhã. Mesmo que esteja se sentindo bem, tome o remédio.

– São anti-depressivos?

– Sim

– Um médico de passagem pelo 12 uma vez receitou pra minha mãe, logo apos a morte do meu pai. Mas nunca tivemos dinheiro para comprar. No fim das contas, não sou mesmo muito diferente dela.

Ele se cala, colocando os remédios de volta na mesa.

– Agora eu preciso ir. E descanse. Até mais querida.

Acredito que a medicação que estão me dando é realmente muito forte, porque não sonho. Apenas apago. Quando abro meus olhos é para comer e em seguida aprofundo-me na escuridão novamente. Minha mãe aparece de novo, choramos, conversamos e nos abraçamos e ela se vai, toda de branco.

Peço a enfermeira uma caneta e papel. Nele escrevo como que uma lista das minhas perdas: Prim, Rue, pai, Cinna, Madge, Boggs, Mags, Finnick... Sao apenas alguns, conforme vou me recordando acrescento os nomes.

– Por que fez isso? - Dr Aurelius me pergunta quando vem me ver e encontra a lista na minha mesa

– São as pessoas de quem eu devo ter saudade.

– Continue - ele me entrega – acho que trará um bom resultado

Eu corro. Corro pelas ruas da Capital com o bebê do Finnick em meus braços, ele parece tao calmo, ainda chupa o polegar e fita os olhos - olhos verde mar - nos meus , enquanto eu corro das bestantes que mataram seu pai, elas estão quase nos atacando, e eu tropeço. A mutação pula sobre nós, eu grito, tento desvencilhar mas ele arranca a cabeça do pobre bebê como fez com Finnick.

Sento-me na cama do hospital e grito, no mesmo instante braços estão ao redor de mim. Me acalentando. Um ritmo constante me embala, junto com carinhos em meus cabelos

– Foi só um pesadelo, você está segura, está segura - sua voz faz meu coração parar, me agarro a seus braços

– Peeta!

– Shh .. tá tudo bem Katniss - ele se mantem constante.

Não nos vemos há dias e ele aparece aqui, me salvando de mais um pesadelo. Quero agarra-lo, beija-lo, dizer a falta que ele me fez, que só ele sabe cuidar de mim, perguntar como ele esta, mas todas as minhas vontades se transformam em choro. Eu não quero chorar. Mas não consigo parar, Peeta me abraça mais forte, e se deita na cama comigo. E por um momento estamos novamente no trem da turnê.

Quando finalmente me acalmo, consigo sentar, ele bem próximo a mim, acaricia meu rosto.

– Nós vamos pra casa – sorri

– Vamos? Agora?

– Sim. Dr Aurelius foi assinar nossas altas. Eu também estava aqui, só que em outro andar

– Por que você não veio me ver?

– Não tive permissão até agora.

Ele passa as mãos sobre meu rosto e meu pescoço, fecha os olhos encostando a cabeça na minha. Eu faço o mesmo, segurando firmemente seus pulsos. Senti tanta saudade.

– Me perdoe - ele sussurra

– Não precisa pedir perdão - eu balanço a cabeça - vai ficar tudo bem agora. Temos um ao outro.

– Sempre - e beija minha testa

– Katniss, Peeta! Vamos embora? - Dr Aurelius entra no meu quarto sorrindo.

Despeço-me de minha mãe, prometendo que vou ligar mais vezes, e enfim entramos no aerobarco rumo ao 12. No caminho não há conversa, ficamos apenas de mãos dadas.


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