Katniss e Peeta - Reaproximação escrita por pce19
Ele está molhado de suor, seus cabelos caem em sua testa e seus olhos estão vermelhos. Ele respira ofegante, cansado. Trêmulo.
– Katni...
Antes que ele termine de dizer meu nome, me jogo em seus braços e o abraço o mais forte que posso, para sentir que ele está aqui. Não consigo segurar e me permito chorar, sentindo seus braços envolverem minha cintura.
– Você estava - eu soluço – estava...
– Shh - sua mão acaricia meus cabelos - eu estou bem, acabou, ok?
– Mas ...
– Já passou, já passou
Me afasto me sentindo envergonhada por ter agido de forma tão impulsiva ao abraça-lo. Ele nada diz, apenas passa a mão em meu rosto secando minhas lágrimas que começam a parar.
– Por isso pedi que você fosse embora.
– Minha consciência não ia me deixar em paz, se eu te deixasse aqui desse jeito - repito suas palavras.
Ele sorri
– Bem eu - ele olha para a despensa, que está completamente em desordem - preciso arrumar aqui, se quiser já pode ir indo, eu to legal.
– Vou te ajudar - digo já entrando no pequeno espaço
– Você não precisa fazer isso.
– Mas eu quero - abaixo e começo a colocar no lugar algumas latas de ervilhas que caíram.
Peeta nada diz e apenas começa recolher do chão e por numa sacola os produtos que abriram e caíram.
– São sempre sobre mim? - pergunto enquanto organizo as batatas.
Ele acena que sim com a cabeça, aquilo me incomoda, mas eu já sabia que seria essa a resposta
– Como foi? O de agora? - me interesso
– Katniss, eu não acho que seria bom te dizer...
– Por que não?
– Porque não é nada agradável.
– Peeta - eu paro o que estou fazendo e ele olha pra mim segurando a sacola - eu quero te ajudar também. Como vou fazer isso se você não me deixar entender o que foi que a Capital distorceu?
– Ok - ele respira fundo, e continua seu trabalho desviando o olhar - a Katniss do flashback me atacava, na verdade me empurrava em vários cacos, eram cacos de vasos de porcelana. Que faziam minhas mãos jorrarem sangue, e gritava comigo, mas o que ela dizia eu não me lembro.
– Isso foi real Peeta - eu paro, ainda um pouco chocada.
– O que? Real? - ele vira pra mim
– Bom, não assim mas... - me sinto envergonhada
– Me explica Katniss
– Olha, isso aconteceu depois da nossa primeira entrevista com Caesar Flickerman. Eu fiquei muito zangada com o que você havia dito sobre mim, e então na primeira oportunidade em que te vi, empurrei você no chão e sua mão cortou com um vaso de porcelana. Foi desse incidente que a Capital tirou esse meio de tortura.
– O que eu disse? O que eu disse na entrevista que te irritou tanto assim?
Sinto meu rosto queimar, e me viro para as prateleiras evitando aqueles olhos.
– Ah .. você ainda tem os vídeos? Dos jogos?
– Tenho, mas nunca os vejo. O Dr Aurelius disse que ver o que aconteceu na arena pode não vai me fazer bem, e particularmente, não sinto um pingo de vontade.
– Onde eles ficam?
– Na sala mesmo.
– Deixa-me te mostrar algo.
Saímos da despensa - terminando de organizar o pouco que faltava - e na sala, coloco na tv nossa primeira entrevista, primeiro a minha, depois a dele. Peeta mantem os olhos vidrados, como se estivesse vivendo o momento pela primeira vez. Meus olhos se fixam nele. Acaba a entrevista, e desligo.
– Eu ... eu disse isso para Panem inteira?
– Disse.
– Uau - ele expressa surpresa
– Eu pensei que estivesse zombando de mim, me fazendo parecer fraca para o país inteiro. Mas na verdade você me fazia um favor, um elogio, foi aqui que começou a salvar nossas vidas. A ideia de um casal atrairia muitos patrocinadores, que forneceram recursos básicos pra gente, como remédios e comida. Mas na época eu achei que era uma ofensa, e por isso eu te ataquei.
– Você não sabia da ideia de, como disse ai? "Amantes desafortunados"?
– Acho que a minha cara de surpresa responde sua pergunta.
– Haymitch sabia?
– Eu não sei - a verdade era que até hoje, eu não sabia se a ideia havia partido de Haymitch ou se Peeta estava apenas sendo sincero num momento conveniente
– Bom, eu parecia bem sincero
Seu comentário me faz estremecer, fico sem saber o que responder.
– Sua entrevista também foi muito boa.
– O que? Eu estava patética! - rio
– Não diria isso, estava bonita.
– Obrigada - sinto novamente meu rosto queimar, e um frio inesperado na barriga - acho que .. que agora eu já vou - me levanto do sofá, enquanto Peeta me acompanha até a porta.
– Tchau Peeta, e obrigada por tudo - apertamos as mãos
– Meu Deus Katniss - ele coloca a mão sobre minha testa - sua febre voltou.
– Não é a toa que estou com frio então – culpo a febre por ser responsável por todos calafrios que tive perto dele
– Faz assim: vai indo pra sua casa, faz repouso, e eu já te levo a sopa quente.
– A sopa? - faço cara de nojo
– Sem reclamar.
– Ta legal, ta legal - saio em direção a minha casa escutando seu riso, e mesmo queimando em febre, sinto algo diferente queimando dentro de mim, dentro do meu peito, como uma pequena fagulha.
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