Incomplete escrita por KatCat


Capítulo 13
I'm With You


Notas iniciais do capítulo

Olá xD
Obrigado pelos comentários e leiam as notas finais!



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O corredor estava vazio. Só alguns médicos passando uma vez ou outra, nada que eu precisasse me preocupar. Olhei para trás uma última vez. Cameron continuava dormindo igual um anjo, então fechei a porta silenciosamente atrás de mim e cobri minha cabeça com o capuz do casaco, enfiando as mãos no bolso e andando com passos rápidos pelo corredor do hospital. O ar congelante da madrugada acertou em cheio meu rosto assim que saí, então me encolhi mais ainda dentro do casaco e voltei a andar.

Estou parada na ponte

Estou esperando no escuro

Pensei que você estaria aqui agora

Estava nevando um pouco, mas nada que me impedisse de continuar andando. Alguns flocos de neve grudavam nos meus cílios e de cinco em cinco minutos eu tinha que coçar meus olhos, pois eles me impediam de enxergar. Minhas botas afundavam na neve a cada passo que eu dava, mas eu me forçava a continuar e me afastar cada vez mais do hospital.

Não há nada além da chuva

Sem pegadas no chão

Tento ouvir algo mas não há som

Eu não tinha uma direção certa para ir. Eu só andava, e andava, e andava... Não me importava se eles já tinham descoberto que eu havia fugido ou não, se eles estavam me procurando ou não, eu só queria ficar sozinha, e esperava que eles respeitassem isso. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que voltar para casa, ou eu me meteria em sérios problemas, mas agora... eu só queria esquecer de tudo por um tempo.

Não há ninguém tentando me encontrar?

Ninguém virá me levar pra casa?

Depois de um tempo começou a chover. A água gelada batia na minha pele como estacas de gelo, mas eu nem sentia. A dor dentro de mim era muito maior que isso. Era muito mais profunda que simples água. E, doía muito, muito mais. Eu queria que acabar com isso fosse tão fácil quanto sair da chuva, mas não é. E não há nada que eu possa fazer para mudar isso, a não ser esperar que isso um dia passe. Ou pelo menos diminua o suficiente para que eu possa respirar sem que todas as células do meu corpo reclamarem.

É uma maldita noite fria

Tentando entender a vida

Você não vai pegar minha mão

E me levar a algum lugar novo?

Não sei quem você é

Mas eu estou, eu estou com você

Estou com você

Quando eu me dei conta eu estava na ponte perto da minha antiga casa, já havia parado de chover e o sol nascia no horizonte, fazendo meus olhos arderem um pouco. Eu tremia de frio, mal sentia minha mão, e tinha certeza absoluta que meus lábios estavam arroxeados, mas isso era secundário. Eu não me importava com nada disso. Uma bomba podia cair ao meu lado, que eu iria ficar feliz se isso tudo acabasse. Se essa dor acabasse.

Estou procurando por um lugar

Tentando encontrar um rosto

Há alguém aqui

Que conheço?

Porque nada está dando certo

Está tudo uma bagunça

E ninguém gosta de ficar só

Que dia era hoje? Eu não fazia a mínima ideia, mas estava perto do meu aniversário. Eu nasci dois dias antes do Natal. Meus pais sempre faziam festas para Devin e eu, e sempre ganhávamos dois presentes. Agora, eu não tinha pai, não tinha irmã, e não sabia quanto tempo levaria para eu acabar perdendo minha mãe também. Eu não tinha ninguém. Era como estar se afogando lentamente, exceto que você consegue ver todos respirando a sua volta.

Não há ninguém tentando me encontrar?

Ninguém virá me levar pra casa?

Meu aniversário. Eu iria fazer dezenove anos. E três anos que eu perdi Devin. Três anos que a culpa dentro de mim me consome pouco a pouco, e vai continuar fazendo isso até não sobrar nada. Até não sobrar uma única gota de luz nos meus olhos. Uma lágrima gelada desceu pelo meu rosto e caiu no corrimão de madeira da ponte, onde eu estava apoiada. Fechei os olhos e engoli em seco, passando as mãos pelo meu cabelo encharcado e embaraçado. Porque tudo isso estava acontecendo comigo?

É uma maldita noite fria

Tentando entender a vida

Você não vai pegar minha mão

E me levar a algum lugar novo?

Não sei quem você é

Mas eu estou, eu estou com você

Estou com você, yeah yeah

Oh

Meus joelhos perderam a força e eu caí ajoelhada na madeira, sentindo as lágrimas que queimavam nos meus olhos finalmente saírem e descerem pelo meu rosto. Eu bati as mãos na madeira e gritei. Raiva, magoa, dor, culpa, tudo corria pelo meu corpo em uma velocidade incrível. Eu quase podia ouvir meu corpo bombeando o sangue para os órgãos, quase podia sentir o sangue correndo nas minhas veias.

Por que está tudo tão confuso?

Talvez eu só tenha perdido a cabeça

Yeah, yeah, yeah

Yeah, yeah

Yeah, yeah

Yeah, yeah

Yeah

Eu não sabia quantas horas eram, mas sabia que não se passava de seis da manhã. O sol já brilhava no céu, mas eu ainda tremia de frio. A ponte estava coberta de neve e gelo, tornando-a mais escorregadia que o normal. Eu estava encolhida igual um bebê no meio dela, parecendo uma criancinha. Dane-se. Eu só queria voltar a ser uma criança, nada disso estaria acontecendo! Se eu pudesse voltar no tempo, se eu pudesse mudar alguma coisa na minha vida, eu nunca teria deixado Devin sair aquele dia, e talvez assim, consequentemente meu pai também estaria vivo. Ele sim me amava, apesar de as vezes ser duro comigo, diferente da minha mãe. Ela nunca tinha se importado muito comigo, Devin era sua “filha perfeita”. Eu era o estorvo na vida dela, a filha que sempre dava problemas, que tirava notas ruins, que não fazia nada certo.

É uma maldita noite fria

Tentando entender a vida

Você não vai pegar minha mão

E me levar a algum lugar novo?

Não sei quem você é

Mas eu estou, eu estou com você

Estou com você

Tive que desviar o olhar quando o sol atingiu a água que a luminosidade veio direto no meu rosto. Quando melhorou, eu me virei com as sobrancelhas franzidas para a água, engatinhando lentamente até a borda da ponte, em baixo do corrimão de madeira. A água passava rapidamente debaixo da ponte, consequência da chuva da madrugada, que havia feito o rio subir um pouco e a correnteza aumentar.

Me pegue pela mão

E me leve a algum lugar novo?

Não sei quem você é

Mas eu estou, eu estou com você

Estou com você

Eu olhava fixamente para a água, ideias loucas passeando pela minha cabeça. Porque não? Eu não tinha motivo. Minha irmã estava morta. Meu pai estava morto. Minha mãe não se importava comigo. Cameron sobreviveria normalmente sem mim. Eu era apenas um contratempo na vida de Steve. As únicas pessoas que realmente me amavam estavam mortas. Daqui a alguns anos, tudo que eu seria era uma memória para todos os outros. Uma lembrança apagada, e enterrada no fundo da mente de cada um. Então... Porque não? Porque não acabar com isso de uma vez por todas? Eu sou egoísta. Não vai mudar nada na vida de ninguém. Só uma lembrança apagada, era isso que eu seria. E, bem, que se foda. Eu não estaria aqui para ver isso mesmo.

Me pegue pela mão

E me leve a algum lugar novo?

Não sei quem você é

Mas eu estou, eu estou com você

Estou com você, estou com você

Com um pouco de dificuldade por causa do gelo, eu passei por baixo do corrimão e me segurei nele para não escorregar, já que ele era praticamente a única coisa que me impedia de cair de dez metros de altura. Fechei os olhos e senti o vento frio da manhã no meu rosto. Um sorriso irônico cresceu em meu rosto. E soltei o corrimão.


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Notas finais do capítulo

Já prevejo as ameaças de morte e.e
Então, eu queria pedir uma coisa para vocês. Ontem, eu "comecei" uma fanfic nova original lá no Nyah!, e se vocês quiserem lê-la: http://fanfiction.com.br/historia/573038/Dont_Let_Me_Go/ Já avisando, ela é meio pesada, e um pouco (muito) depressiva ,-, Quem gosta, fique a vontade para dar uma olhadinha.
Bem... Comentários?
Música: I'm With You - Avril Lavigne