Incomplete escrita por KatCat


Capítulo 12
It's My Fault


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todas que comentaram no cap passado! Leiam as notas finais e aproveitem o cap!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/567743/chapter/12

~Davina~

Eu não queria me lembrar. Não queria mais me lembrar de Devin, e agora, o meu pai também está morto. Eu não tenho pai nem irmã. Minha irmanzinha. Minha gêmea idêntica, só cinco minutos mais nova que eu. Ela morreu por minha culpa, porque eu fui egoísta demais e a deixei sair sem mim, se eu tivesse saído com ela... Talvez ela ainda estivesse aqui comigo. Eu falhei em protege-la e agora eu também perdi meu pai. Eu nunca consigo proteger ninguém...

Dois anos atrás, Nova York, Manhattan

— Eu quero sair, vamos sair, por favor Davina! — Devin pedia, pulando na minha cama. Eu bufei irritada e empurrei ela de lá, fazendo-a cair sentada no chão.

— Eu não estou te impedindo garota, se quiser sair, saia — rosnei, voltando a colocar meus fones e mexer no notebook em cima das minhas pernas.

— Que droga Davina, você é muito chata — reclamou, se levantando do chão com uma cara irritada. Era difícil ver Devin irritada, e ela ficava engraçada quando estava.

— E você é uma garota mimada, e nem por isso estou reclamando – retruquei, sem encarar ela. De repente a tela do notebook foi fechada com força, quase acertando meus dedos — QUE QUE FOI MERDA?!

— Porque você tem que ser tão grossa assim hein?! — perguntou, me fuzilando com os olhos. Joguei o notebook para o lado e arranquei os fones, ficando de pé rapidamente.

— Porque você tem que ser tão criancinha assim? — devolvi a pergunta, encarando-a com os braços cruzados.

— Ah, eu sou a criança aqui não é?! Se olhe no espelho antes de falar de mim garota! — a voz musical de Devin ficava ainda mais fina quando ela gritava.

— Pode deixar, se eu me olhar vou ver você de qualquer jeito — devolvi sarcástica, o que a fez bufar de raiva.

— Eu desisto de você. Nossos pais estão certos, você é diferente de mais de mim — ela disse, se virando e batendo a porta do quarto. Mas eu fui atrás.

— Ah, agora você fala isso, não é? Mas quando você precisou de mim, eu sempre estava lá — ataquei, descendo as escadas atrás dela.

— Quando eu precisei de você? Se toca Davina, a única pessoa de nós duas que precisou de alguém foi você de mim. Ou você se esqueceu de todas as vezes que você fugiu e eu te acobertei? Das vezes que a escola ligava na nossa casa e eu era a primeira a correr para o telefone, porque eu não queria minha irmã com problemas? Acho que você precisa pensar antes de falar, querida irmã — era a primeira vez que eu via Devin ser irônica, mas eu estava nervosa demais para prestar atenção nisso agora.

— Eu nunca pedi para você fazer nada disso! — gritei, acabando de descer as escadas e vendo-a pegar um casaco e sua bolsa na bancada.

— Eu nunca falei que você pediu, eu fiz porque eu quis, não porque queria alguma coisa em troca! — ela retrucou no mesmo tom que eu, jogando a bolsa e o casaco no chão e me encarando com os olhos verdes furiosos.

— Então não venha jogar isso na minha cara, sua idiota! — berrei, fechando minhas mãos em punhos.

— Eu não estou jogando nada na sua cara caramba! É você que é cega demais para perceber que tudo que eu sempre quis foi te ajudar, mas você não dá a mínima! Eu cansei Davina, cansei de te aturar, cansei de você! — foi a última coisa que falou, antes de catar as coisas que tinha jogado no chão e sair do apartamento. Eu soltei um berro e dei um soco no corrimão da escada, caindo sentada no chão sem fôlego. Eu estava tão desconcentrada que nem ouvi meu celular tocando no meu bolso de trás.

DAVINA, ONDE VOCÊ E DEVIN ESTÃO?! — a voz de Steve soou cansada e alta do outro lado da linha, sem contar a barulheira que estava no fundo.

— Eu estou na sua casa e Devin... ela saiu. Onde você está? — retruquei, afastando um pouco o aparelho do meu ouvido, antes que ficasse surda.

Você tem que sair daí agora, e ache Devin! Vão para a base da S.H.I.E.L.D. o quanto antes — ele parecia estar fazendo duas coisas ao mesmo, e eu levantei do chão, automaticamente ficando tensa.

— O que está acontecendo, Steve? — perguntei, indo em direção a porta.

Só faça o que eu mandei — falou, enquanto eu saia do apartamento e começava a descer as escadas, em direção à saída.

— Eu não recebo ordens, Rogers. O que está acontecendo? — rosnei, começando a andar mais rápido quando vi alguns prédios destruídos mais à frente. Estava na direção do centro, e era exatamente onde eu sabia que Devin estaria — Steve! O que diabos está acontecendo?

Rápido Davina! — ele gritou, antes da ligação cair. Bufei de raiva e enfiei o celular no bolso de trás, começando a correr. Mesmo ainda estando longe, eu já podia ouvir pessoas gritando e coisas explodindo.

— Droga Devin! — chiei, quando finalmente alcancei toda a bagunça. Coisas estavam destruídas por todo o lugar, e criaturas que eu definitivamente não conseguia reconhecer corriam pelas ruas, atirando nas pessoas. Carros destruídos, prédios caindo aos pedaços, pessoas gritando e correndo, tentando sair de todo aquele caos. Porque Devin tinha que vir logo para cá? Olhei para cima e vi o Homem de Ferro atirar em uma daquelas criaturas, a mandando longe. Se Tony estava aqui, Steve também estava, mas agora eu estava preocupada com Devin.

Enquanto todas as pessoas tentavam correr para longe daquilo tudo, eu corria na direção contrária. Eu não sairia daqui sem Devin, nem que eu tivesse que revirar isso aqui de cabeça para baixo para achar ela. Quando eu estava quase chegando na Torre Stark, que parecia ser o centro daquilo tudo, eu a vi. Ela tinha acabado de deixar uma pessoa ferida longe de um prédio em chamas. E eu realmente comecei a correr quando a vi voltando lá para dentro. O que aquela louca estava pensando?! Ela tinha asma!

Meus pulmões imploravam por ar, mas eu não ia parar de correr, eles que aguentassem. As pessoas me olhavam assustadas quando me viam correr igual louca em direção aquele prédio, mas eu não me importava, eu só queria Devin em segurança. Eu entrei no prédio igual um raio, mas não sem antes dar uns belos socos nos policiais e bombeiros que queriam me impedir. A fumaça do fogo rapidamente se infiltrou nos meus pulmões, e eu comecei a tossir quase que instantaneamente, mas não parei de correr nem por um segundo.

— Devin! — chamei, logo antes de quase cair de cara no chão por ter tropeçado em um pedaço de madeira que tinha caído no chão. Tossindo igual uma louca, me apoiei na parede chamuscada e me levantei, forçando meus olhos – agora ardendo como se fossem eles a pegar fogo – para enxergar mais a frente, mas a única coisa que eu conseguia ver era o fogo queimando tudo que podia naquele lugar. Até que eu ouvi. Um tossido fraco, mas mesmo assim eu reconheceria ele em qualquer lugar, de tantas vezes que já havia ouvido ele — DEVIN!

— Davina? — ouvi a pergunta soar baixa e fraca, mas era o suficiente para mim. Eu segui o som, e quando a vi meu coração falhou uma batida. Ela estava toda suja de cinzas, e sua perna estava presa em baixo de uma barra de metal. Cheguei derrapando ao lado dela — Saia daqui sua louca.

— Não sem você — engasguei no meio da frase, lágrimas queimavam meus olhos por causa da ardência que o fogo causava neles. Eu tentei mover a barra de metal em cima da sua perna provavelmente quebrada, mas ela não se moveu nem dois centímetros, antes de eu ouvir Devin soltar um berro horroroso de dor. Eu não conseguiria fazer isso. Voltei para o lado dela, as lágrimas beirando meus olhos agora por eu não saber o que fazer – O que você está fazendo aqui?

— Eu tinha que ajudar — ela sussurrou, seus olhos verdes iguais aos meus agora sem a luz de sempre. Eles estavam apagados, praticamente sem vida, e isso estava me levando ao desespero — Me desculpa. Por tudo que eu joguei na sua cara, eu não quis dizer nada daquilo.

— Shhh, fica quieta, eu vou te tirar daqui, tudo bem? — a interrompi, olhando em volta, procurando qualquer coisa para nos tirar daqui, mas no fundo eu sabia que não havia nada, mas mesmo assim eu me agarrava a um fiasco de esperança que parecia que eu mesma havia criado.

— Davina... — ela resmungou, e eu olhei para ela com os dentes trincados — Saia daqui enquanto pode, por favor.

— Eu não saio daqui sem você! — gritei, furiosa por não conseguir achar nada que pudesse ajudar, e vi os olhos de Devin se focarem em algo atrás de mim e uma pequena luz de esperança nasceu em seus olhos. Foi quando eu senti um braço rodear a minha cintura, e reconheci quem era imediatamente — NÃO! NÃO, ME LARGA STEVE, ME LARGA!

— Tire ela daqui — ouvi Devin murmurar para o loiro que estava me segurando pela cintura, e ele deu um passo inseguro para trás, e eu comecei a espernear — AGORA STEVE!

Ele me pegou com os dois braços e correu comigo para fora do prédio em chamas, e eu engasguei quando o ar limpo chegou aos meus pulmões, mas mesmo assim não parei de lutar. Juntando toda a força que eu tinha, dei um soco no maxilar de Steve, fazendo ele me soltar momentaneamente, e eu aproveitei para voltar a correr para o prédio, mas ele me segurou e me tirou do chão, prendendo meus braços atrás do meu corpo.

— NÃO! NÃO, ME SOLTA! ELA AINDA ESTÁ LÁ DENTRO, ME SOLTA PORRA! — eu berrava e me contorcia, mas ele continuava me segurando, até que eu vi o prédio explodir.

Fogo e fumaça saiu pelas portas dele e sujaram ainda mais pessoas, enquanto eu só paralisei onde estava, olhando para as portas agora em chama tremendo e com lágrimas saindo descontroladamente dos meus olhos. Ao longe eu ainda pude ouvir um grito estrangulado de algum lugar, e demorei alguns segundos a perceber que tinha saído de mim. Parecia que alguém tinha acabado de arrancar meu coração pelo meu peito e o massacrado bem na minha frente, sem dó nem piedade. Era como... se todos os pedaços do que eu era antes se espalhassem pelo mundo e eu não tinha nem ideia de como cola-los de volta. Steve me largou e eu caí de joelhos no chão, sem força nenhuma. Ele se ajoelhou do meu lado e me abraçou, mas eu o empurrei e forcei meu corpo a levantar, mas mal dei dois passos antes de tudo ficar escuro.

Eu acordei no hospital dois dias depois. Em toda aquela bagunça eu tinha me debatido forte demais, e juntando com a força que ele me segurava, acabou provocando uma hemorragia interna. Eu ainda tenho a cicatriz da cirurgia. Eu entrei em depressão profunda por seis meses depois daquilo. Ninguém conseguia me tirar do quarto, não importava quem fosse. Eu só ficava dia e noite me remoendo de culpa. Se eu não tivesse começado aquela briga... Ela ainda estaria aqui agora. Eu ainda teria minha irmãzinha aqui. Era meu trabalho cuidar dela, e eu não fiz isso. Eu fui egoísta e deixei ela morrer, porque eu era cega demais. Eu deixei a minha irmãzinha morrer, e não há um dia, um único mísero dia, que eu não me culpo por causa disso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou quase chorando aqui ,-,
Esse capitulo realmente mexe comigo gente...
Esse capitulo já está pronto a algum tempo, e eu só modifiquei algumas coisinhas agora, mas a maioria está igual.
Mais tarde respondo os comentários do cap passado e desse.
Bem, comentários? Vamos lá, deixem a Anna feliz o/