Like a Romance escrita por thysss


Capítulo 5
Quarto




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Suas mãos soavam, e as gostas acumulavam cada vez mais em sua testa, em sua nuca, por todo seu corpo. O arrepio que seguiu era inevitável enquanto todo seu corpo se estremecia, mas agora não havia mais o que temer, os olhos abertos podiam comprovar que ninguém estava realmente lhe fazendo mal, que não havia nada de errado no pacifico lugar em que havia ido morar.

         Mas mesmo assim ela preferiu se levantar, aproximando-se da janela que permitia ver, lá fora, toda a imensidão de mata verde, mas que agora lhe parecia apenas preta, sombras, negras como a noite, perdendo-se na noite, e, mais no fundo, lá atrás, podia comprovar que a lua seguia brilhando – como se isso pudesse lhe servir de alivio.

         Virou-se, vagarosamente, dando-se conta de que não havia visto mais nenhum canto do quarto, e suspirou ao deparar-se que seu medo era apenas bobagem, outro dos sonhos estranhos que vinha tendo. Mas não passava disso.

         Sentou-se na cama cobrindo apenas as pernas, a blusa do pijama estava empapada, suspirou, a vantagem de morar com seu pai – que tinha o sono mais pesado de todos – era que ele não iria ouvi-la, ou pelo menos fingia não ouvi-la.

         A água quente caia sobre suas costas como um refresco, na verdade uma massagem, trazendo conforto aos músculos cansados, virou mergulhando o rosto debaixo da água para acordar, para lhe dar certeza de que havia sido mesmo só um sonho, porque, mesmo que involuntariamente, ela estava sempre buscando essa certeza.

         Ela simplesmente precisava dessa certeza.

         Aquele banho na verdade parecia mais um alivio, sentir a água quente tocando sua pele só deixava mais implícito que estava viva, que continuava ali, sentindo, e que seu coração não havia parado. Tornava a realidade mais real, o sonho mais fictício. Um completo alívio para sua alma incomodada.

         Como se a água carregasse o negro, o pesado junto.

         Pelo menos era assim que ela se sentia, mais leve, e ao voltar a se deitar podia dar a certeza de que se sentia melhor mesmo.

         Fechou os olhos, mas agora era a pior parte, a hora em que deveria voltar a dormir, porque sua mente parecia bloquear o sono para bloquear os pesadelos. Sorte que nem todo sonho é ruim, mas alguma coisa em seu interior não absorvia isso.

         Só mais uma prova de que não estava tudo certo...

        

         Sentou mais uma vez, mexendo no cabelo até formar uma trança, isso a fazia lembrar de quando era criança. Quando sua mãe a pegava no colo e a deitava na cama, pondo um bichinho de pelúcia ao seu lado e a cobrindo, para logo trançar seu cabelo e beijar sua testa lhe desejando bons sonhos.

         Podia se lembrar com perfeição da voz suave de sua mãe, e, aos poucos, foi parecendo mais distante.

         Voltar a adormecer não era tão difícil no fim das contas.


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Notas finais do capítulo

n/a: espero que gostem e deixem reviews!