- Bella – só então Charlie deu-se conta de que a filha preferia mesmo ser chamada assim, pura falta de atenção sua. – Eu tenho algo para você.
Ela se levantou, sem muita emoção, não havia nada que estivesse esperando, desceu as escadas ainda com a roupa de mais cedo, seus dedos enrolando-se na ponta da manga comprida enquanto seguia Charlie, quem parecia realmente excitado com a notícia.
- Eu deveria ter te entregue assim que você chegou, mas houve alguns probleminhas – ele disse coçando a nuca, meio desconcertado, Charlie parecia mesmo querer se desculpar.
Isabella apenas maneou a cabeça dando a entender que o desculpava por qualquer coisa que houvesse acontecido, certamente não seria culpa dele mesmo.
- Acredite, não é a mais atraente mais ela está em bom estado – Charlie sorriu tirando do bolso uma penca de chaves. – O motor é novo e a lataria passou por uma pintura há pouco... E – ele se retraiu não tendo certeza se ela gostaria do presente. – É sua...
Bella pegou a chave e sorriu indo ao lado da viatura e podendo ver a camionete vermelha a sua espera, certamente não era um modelo dos mais recentes e havia um quê de rude em sua lataria, mas estava perfeita. Ela mesma havia planejado juntar mais um dinheiro, que agora faltava pouco, para conseguir um carro e nunca imaginara algo diferente, ou com maiores luxos, do que a camionete parada a sua frente.
Levada pela alegria do momento abraçou com força o pai e se afastou indo provar de seu novo presente.
- Obrigada – agradeceu e Charlie lhe sorriu, então estava liberada para testá-la.

A camionete até fazia um barulhinho, mas nada que incomodasse muito, no mais era perfeita. Pelo menos agora teria como ir para escola mesmo nos dias de neve. Abaixou-se para ligar o som e uma buzina a fez levantar rapidamente.
- Merda – esbravejou pensando ter acertado algum animal.
Em um lugar como Forks não seria de se espantar se animais simplesmente surgissem do nada, não importava o caminho que pegasse nas paralelas a avenida principal, sempre acabaria em um ponto da floresta que cercava Forks.
- Oh – sua respiração parou vendo que era mais do que um animal.
- Não se preocupe... – o garoto logo ficou de pé, não havia sofrido sequer um arranhão e logo sua moto já estava levantada.
Bella encarou o garoto de sorriso incrivelmente branco e também sorriu, ele era alto, forte e tinha o cabelo um pouco abaixo dos ombros, era bonito, mas faltava algo... Talvez o ar de mistério que sempre sonhara encontrar nos olhos do homem perfeito. No mesmo instante maneou a cabeça, havia lido romances demais.
E se há um motivo para que as pessoas comprem livros é para sonhar, porque certos sonhos só se tornam reais mesmo em livros, como aquele, como o homem que Bella esboçara para si.
De qualquer jeito ela havia acabado de chegar, ainda não havia tempo para um relacionamento. Certamente ir atropelando garotos não a faria se introduzir melhor entre os jovens de Forks.
- Culpa minha! – o garoto respondeu coçando a nuca. – Sou Jacob.
Ela sorriu contendo-se para não rir, havia se sentido tão nervosa ao perceber que havia acertado alguém, mas, não havia acontecido nada, a moto só tinha um arranhão na lateral, enquanto sua camionete e o garoto permaneciam intactos.
Menos mal.
- Isabella – ela maneou a cabeça e voltou a sorrir. – Mas pode me chamar de Bella.
O garoto continuava sorrindo, um sorriso perfeito de dentes brancos a contrastar com sua pele morena.
O branco e o preto, tudo se completa de algum jeito.
- Ahm... – ela não sabia bem o que dizer. – Você tem certeza que está bem?
- Sem nenhum machucado – ele sorriu erguendo os braços. – Bom... – ele fez uma careta vendo o espelho da moto despedaçado. – Talvez com algum probleminha...
- Bom, eu posso te dar uma carona – ela disse coçando a nuca de forma embaraçosa.
- Não – ele sorriu. – Eu posso me virar sozinho... De qualquer jeito, te vejo por ai.
Estática em seu canto Isabella não sabia se ria ou se chorava, mal havia saído de casa e já havia acertado um garoto, mal podia esperar pelo que viria a seguir, porque bem conhecia sua maré de azar, e não lhe favorecia em nada.
- Está tudo certo – ela murmurou assim que viu o pai sentado na poltrona vendo qualquer um dos tantos jogos que passava na TV a cabo.
- Então o carro foi aprovado? – ele perguntou com um entusiasmo verdadeiro.
- Com certeza – Charlie sorriu dedicando um sorriso a sua filha para logo voltar-se para a tela da televisão novamente, ela também tinha mais coisas a fazer.

A cama lhe parecia a mais aconchegante possível e seus olhos cansados se fecharam depois da lua já brilhar no céu, mas, no entanto, havia algo, um certo quê de medo que não a deixava dormir. Seus pesadelos continuavam...