Magic. escrita por Mira


Capítulo 1
The Black'n Blue Man.


Notas iniciais do capítulo

Olá, sim, fic nova.
Mas essa é especial.
Interessante e tremendamente planejada.
Feliz aniversário Milady.
Mira



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Era a terceira vez naquela semana que eu passava mal, a professora mandara me para casa, alegando que eu tinha uma doença qualquer e que a escola não se responsabilizaria por nada que me acontecesse, então voltei ao orfanato, onde me colocaram para limpar prateleiras, a diretora parecia terrivelmente irritada, nem ao menos tentei argumentar, embora não achasse que conseguiria ficar de pé por muito tempo.

Estava terminando de limpar a primeira prateleira quando me senti nauseada, tropecei e caí, estava prestes a me levantar quando ouvi barulhos de salto, antes que pudesse me levantar a diretora, Matilda, apareceu na porta com o cenho franzido.

Teria me deixado levar pela sua mão suave e agradecido logo depois que ela me ajudaria, mas por orgulho e educação, me levantei sozinha, enquanto sacudia das roupas o pó, e tentava me livrar da ânsia.

- Tens algo a fazer agora. - Ela me olhou com desprezo e vi seus lábios formarem fendas. - Que não o trabaho de empregadas. Venha.

A diretora Matilda tinha passos rápidos, a saia boca de sino mexia-se conforme o ritmo que os pés nos scarpin de salt agulha, nunca me atreveria a ficar perto demais daqueles pés, os saltos eram tão finos que se escapassem, com toda certeza, alguém não sairia dessa.

Afobada atravessou o corredor e esperou, impaciente, que eu atravessasse a passagem da porta, adentrando em sua sala.

Lá dentro estava um homem robusto, de capa, um chapéu na cabeça, seu traje era preto e azul.

-Essa é a garota? - Perguntou num interesse controlado. Sua barba bem aparada, no rosto, os olhos negros encaravam-me a procura de algo que fosse de seu interesse.

A diretora, em sua figura impecável e reta, apenas balançou a cabeça afirmativamente e me empurrou, sem nenhuma delicadeza, para junto do homem.

Este pegou em meu rosto, virou minha cara em ângulos completos, pareceu satisfeito, mas pude dizê-lo apenas pelos olhos, sua boca estava espremida em uma linha reta. A mão esquerda encaixou-se em minha mão, e girou-me, como se estivessemos em um baile de gala, diante de maravilhosos vestidos e luxo, mas era apenas eu, girando abobada diante do olhar crítico do homem vestido de preto e azul.

- Não é de meu agrado o modo em que se encontra. - Disse encarando a diretora Matilda, tenho certeza que a vi engulir seco. - Mas está inteira. E é isso o que importa.

Não sei do que ele falava, talvez a culpa fosse minha, mas ainda sentia como se fosse desmaiar, então não me importei.

- Holly - ela pegou em meus ombros, as mãos tão rijas que eu senti como se tivessem uma dezena de pregos contra minha pele - vá pegar suas coisas, rápido! - Me empurrou porta afora sem delicadeza alguma, tropecei e trombei com a parede, batendo o corpo, por pouco não vomitei no corredor, apenas me apressei para correr ao meu quarto.

Meu quarto não era muito longe dalí, entrei afobada coma idéia de que algo diferente do comum fosse acontecer comigo.

Tinha que ser rápida, aprendera desde então que deixar as pessoas esperando apenas rendia umas palmadas e nada por uma semana.

Não tinha muitas coisas, tinha apenas o uniforme do orfanato, uma saia xadrez, em vermelho e azul e um terno azul, a camisa era branca, a minha, de tão gasta, já não exibia mais o símbolo do local, eu era uma das garotas mais velhas dalí, e ganhavamos uniformes apenas quando chegávemos ou quando já não nos cabiam mais, não crescera muito entõ meu uniforme era diferente das demais garotas. Para os pés tinha pares de tênis all star que comprara depois de passar uma semana levantando caixotes para um senhor que vendia tomates na feira, ele me dera dinheiro e eu comprara os sapatos de segunda mão.

Enfiei, sem paciência, todos os pertences na maleta verde que eu ganhara quando chegara alí, fechei-a sem dificuldade, e corri para fora do quarto, caminhei lentamente pelo corredor, meus ombros doíam e eu tinha vontade de ficar por alí mesmo.

Quando cheguei no portal da sala esperei pacientemente.

- Ela tem desmaiado na escola. - Ouvi a voz da diretora Matilda. - As professoras tem se preocupado e eu não consigo mais acobertar.

- Por isso devia ter me ligado mais cedo, vou levá-la embora. - A voz do homem de preto e azul. - Não há mais porque preocupar os outros.

Ouvi passos, desfiz minha cara confusa e me desencostei da parede, olhando para o chão e fechando mais os dedos em torno da alça da minha maleta, bem na hora certa.

- Obrigado Matilda. - Disse ele em um tom de voz calmo, porém duro, a diretora, no entanto, sorriu descaradamente com as faces coradas. - Vamos Holly.

Segui-o, minha mente confusa, o que estava acontecendo afinal?

Quando entrei junto dele no taxi e coloquei a maleta junto dos meus pés, ele pareceu notar algo.

- Quantos anos você tem? - Perguntou.

- 15 - Respondi sem olhá-lo nos olhos, era receio, claramente, de que algo ruim acontecesse.

Ele fez uma cara pensativa e então sorriu, vi-me contemplando aquele sorriso e então encarando-o nos olhos, o homem de preto e azul era tão bonito, e sua cara me era tão familiar, tinha alguma coisa nele que me fazia confiar plenamente, sem nem mesmo saber seu nome.

- Sou Ivan Gutt. - Disse com uma voz gentil que me fez querer sorrir. - Desculpe a grosseria. Matilda consegue mutilar o meu humor. - Fez questão de olhar-me nos olhos e então perguntou. - Ainda sente dor?

Balancei a cabeça negativamente, emboara o fato de ele ter me lembrado que eu estava doente fazer minha cabeça girar, foi automático, é claro que eu sentia dor, muita dor.

Mas aprendera na marra que demonstrar suas fraquezas na frente de outras pessoas era um defeito.

Ele franziu o cenho e apertou meu braço sem nenhuma delicadeza.

Doeu.

Fechei os punhos e cerrei fortemente os lábios, não soltei nenhum ruído.

O homem de azul e preto parecia surpreso.

Soltou meu braço.

- Não deve mentir. - Sua voz era séria e cautelosa, me causava arrepios. - Eu sei que sente dor, é normal.

- Normal? - Mordi minha língua, mas não consegui deter a pergunta.

- Você é uma menina diferente, Holly, e eu vou te apresentar a lugares e pessoas que são como você. - Ao ver minha careta ele riu. - Mágicos.

Uma incógnita.

Era assim que eu via Ivan, o homem de preto e azul.


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Notas finais do capítulo

Pequeno, explicativo, chato, eu sei.
Mas logo vem mais.
Thanks.
E mais uma vez, feliz aniversário Mila.
Até a próxima.
Mira.



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