Isaac era o melhor.

Sem ser presunçoso ele realmente era o melhor guardião que já havia pisado na Academia das Almas. Não havia ninguém em todo o mundo e universo que poderia se colocar a ele. Centrado, sério e poderoso, Isaac Lawless poderia ser a própria reencarnação do primeiro guardião.

Ele era o melhor e todos os seus protegidos sempre viviam suas vidas exatamente como o Livro das Almas previa. Isaac nunca havia falhado, mesmo quando tinha que cuidar de gêmeos ou até famílias inteiras. Droga, ele podia cuidar de uma cidade inteira sem nenhum deles morrer!

E mesmo assim ali estava sua protegida assustada, apavorada e principalmente, morta.

As sobrancelhas de Isaac se contraíram e com grande esforço ele resistiu à vontade de estrangulá-la. Respire, inspire. Respire meu histórico perfeito, rosnado, inspire, mãos se contraem, respire.

–Você está bem? - a voz hesitante de Lilás chegou até Isaac, que abriu os olhos - quando ele tinha fechado? - para olhar a patética garota sentada na cama de enfermaria.

– Perfeito. - rosnando baixo, Isaac desviou os olhos para focá-los na porta rezando para que Lisa chega-se logo da secretaria.

A secretária havia saído assim que trouxeram Lilás para a enfermaria com a desculpa de que precisava pegar os registros do caso e blá blá blá. Realmente Isaac não se preocupou em ouvi-la. Provavelmente tudo que ela desejava era ter um motivo para sair. Ele sairia também se pudesse, mas infelizmente, ainda era o guardião da idiota.

– Então... Por que você está aqui? - perguntou Lilás curiosa, ficando na ponta da cama. Parece que com o passar do tempo ela ficava mais calma ou estava mesmo apenas ignorando tudo que acontecia. Isaac apostava na última.

– Porque sou obrigado.

–E você é obrigado por...?

– Rosnado. Pelos meus chefes.

– E eles fazem isso...?

Isaac suspirou irritado com a garota. Ela não calava a boca. Não importava o quão hostil ele fosse ou quão grande era sua aura de matar, Lilás não se tocava. O guardião nunca havia visto pessoa tão sem noção em todos os seus cinco séculos de trabalho.

– Porque eu sou... - a garganta de Isaac se apertou de repente. Seu guardião. Ele não podia dizer isso. Não podia admitir para aquela estúpida garota que havia sido o seu fracasso que a matara. - Eu sou um guardião capaz. O melhor para este caso.

–Ah. Então tudo bem. Espero que você me ajude. - e então ela sorriu para ele. Brilhante, calorosa e esperançosa. Isaac se mexeu desconfortável e virou o rosto para a porta, longe dos olhos esperançosos e animados da garota.

Alguns minutos se passaram em silêncio entre eles. Lilás com a mente longe, provavelmente nas coisas que deixou no outro mundo e, Isaac em sua culpa e desgosto pelo fracasso em sua missão.

É tudo culpa dela. Eu não podia ter acredito neles. Isto não teria acontecido se eu não tivesse seguido ela...

– Espero que nada de errado tenha acontecido. - a porta da enfermaria se abriu e a cabeleira castanha de Lisa apareceu pela fresta. Ela lançou um olhar cauteloso pela sala quase parecendo que esperava alguém ataca-la. - Tudo bem aí?

–Claro, nada de errado aconteceu. - a voz de Isaac estava rígida, mas sua postura praticamente gritava alívio pela presença da secretária que sorriu levemente para ele e Lilás.

–Ótimo. Então está mais do que nada hora de começar a nossa explicação. - virando-se sorridente para Lilás, a secretária abriu completamente a porta mostrando várias caixas que estavam ao seu lado no chão. - Está preparada para uma aula sobre almas, Senhorita Willcolls?

A boca de Lilás caiu aberta com o volume de caixas e seus olhos se encheram de confusão e um pouco de histeria.

– Aprender sobre o quê...?! - Claramente Lilás ainda não estava acostumada com a ideia de... Bom... Estar morta.

Isaac não pode deixar de suspirar. Tão estúpida.