Fiquei no mínimo uma semana preparando minha one-shot. Desde então minha ideia fora se moldando, mas com o mesmo objetivo final. Pensei na minha personalidade em si, do jeito que eu realmente sou e em como eu poderia me expressar para os outros. Se todos pensassem como eu penso o mundo com certeza seria diferente. Não estou falando que seria melhor, pois todos tem a mesma capacidade, mas é paralelo. Uma situação diferente.

Eu entrava em contato com o Tobias todos os dias. Ás vezes, ele me surpreendia com suas palavras, mas de um jeito bom. De um jeito gostoso e aconchegante. Ontem mesmo, a gente estava conversando na madrugada, perguntei se ele queria dormir, mas ele me disse que preferia conversar comigo. São coisas simples - admito, mas que tocam meu coração de um jeito estranho.

Perdemos algumas noites conversando juntos, fiquei até mesmo dois dias sem sair de casa, prometi à Tobias que trabalharia na fanfic, mas que também tentaria realizar algo que sempre quis fazer - escrever meu livro. Ninguém nunca acreditou em mim quando eu mesma falava isso. Me diziam que eu estava blefando, ou só queria fazê-lo por vontade dos outros. Eles nunca me conheceram, eles nunca souberam quem eu sou realmente. Mas o Tobias sabe. Parece engraçado mais é verdade. Ele me conhece.

Senti alguém balançar meus ombros, acordei assustada, espantei meus devaneios e finalmente abri os olhos.

— Charlie?! — falei sem hesitar — eu não acredito!

Meu amigo estava lá, com toda certeza era ele. Aquele cabelo castanho e a pele alva, era ele sim! Era o Charlie.

— Ags — falou. Somente ele me chamava assim, mas não se pronunciava como ovos em inglês, era realmente, Ags.

— Senti sua falta, maninho — Estendi a mão o cumprimentando.

— Também, maninha — Ele correspondeu o ato. — Quis vir aqui antes, mas sua mãe pediu um tempo, segundo ela, você está estranha — Ele cantarolou a palavra 'estranha'.

Eu conseguia imaginar minha mãe me chamando de estranha, principalmente depois de eu tê-la ignorado por quase uma semana. Falamos apenas o básico. Mas havia dias que nem nos encontrávamos em casa.

— Nossos pais estavam conversando — falou Charlie. Percebi que ele não falou diretamente pra mim, ele fazia isso quando estava prestes a falar algo que não sabia se eu iria ou não gostar.

— Qual é a bomba? — Minha voz pode ter soado rude, mas eu prometi à mim mesma que não faria escândalo ou algo do tipo. Aliás, isso não faz parte da verdadeira Agnes.

— Eles querem que você vá comigo para Europa.

E eu arregalei os olhos.

— Pra onde? — Toquei minhas bochechas e ofeguei. — Eu ouvi Europa?!

— Então — Finalmente Charlie me encarou. — Contando que você não tem escolha a não ser ir — E ele quase hesitou. — Vai ir feliz ou triste?

Eu gargalhei baixinho como se debochasse do semblante que Charlie fazia agora.

— Europa — E foi minha vez que quase hesitar. — Me espere feliz!

Charlie acompanhou o meu sorriso.

— Eu te amo, amiga — As bolsinhas abaixo dos olhos dele se tornavam mais desenhadas.

Nada respondi, apenas um sorriso satisfeito. Isso era o suficiente, pois o importante é que ele saiba o que sinto por ele - amor de amigo. Fico feliz por ele não ter tocado no assunto, mas agora haviam outros que eu tinha que resolver, era sobre o Tobias e de como o Charlie me ajudaria a descobrir o acontecia aqui dentro.

— Bem, acho melhor eu me arrumar — falei — quero te contar algumas coisas.

Selecionei um vestido rosa e me tranquei no banheiro. Tentei não pensar no porquê de eu estar tão feliz assim, mas era praticamente impossível.

...

Charlie me encarava como se quisesse debochar da minha cara. Eu olhava pra minha roupa e via se tinha algo de errado com o cabelo.

— Para com isso — questionei para Charlie.

Ele tentou abafar um sorriso.

— É que eu estou feliz! — Eu o encarei — Vamos pra Europa!

Ele sorriu de canto enquanto olhava pra mala que carregava atrás. Estava feliz de poder ir pra um acampamento de férias lá em Portugal. Sei que no Nyah há escritores que moram lá, eles se dão super bem com os outros usuários, então acho que o convívio não seria tão difícil.

Eu conheceria alguns alunos de Portugal, eles retomavam as aulas logo, talvez no final de janeiro, esse seria o dia em que eu voltaria para casa, junto com Charlie, pelo menos fara isso o combinado.

Eu espero que tudo dê certo pra mim, apesar de ser egoísta o que irei dizer agora... Eu quero ser feliz e não importa os versos, nem os padrões, nem mesmo rótulos. Agora eu sou a verdadeira Agnes, agradeço ao Tobias por acreditar em mim.