–Moça, queremos um quarto...

–NÃO É ASSIM QUE SE PEDE AS COISAS AHO! –Kagami dá um tapa na orelha de Aomine.

Os dois já haviam chegado no tal hotel, eles estavam em frente ao balcão da recepção e a atendente estava apoiada com os cotovelos observando a cara dos dois com as sobrancelhas erguidas numa certa desconfiança.

Kagami tentava pensar em uma maneira e dar uma explicação plausível para fazer com que a tal atendente deixe eles passarem uma noite no hotel de graça, mas não conseguia pensar em nada e ainda por cima tinha que aguentar Aomine falando aquelas coisas só pra piorar a situação.

–Como é que é garotos? –Falou a moça.

–A gente quer um quart-

–NÃO LIGA PRA ELE, ELE É ESPECIAL! –Disse Kagami tapando a boca do Aomine, ele só estava piorando as coisas. –É um seguinte moça... Eu e ele fugimos de casa, quer dizer, de um orfanato, e agora não temos onde dormir... –Ele dá uma pausa mordendo os lábios, vendo que a moça não estava acreditando neles. –Por favor, deixe a gente passar pelo menos uma noite aqui!

–Cês tem dinheiro pra pagar a estadia?

–...N-não. –Respondeu receoso.

–Me desculpe então.

–Ahhh moça, fala a sério, cê vai deixar mesmo a gente dormir na rua!? –Disse Aomine já se exaltando. –Deus tá vendo, eim.

–AOMINE! –Grita Kagami.

–Me desculpem garotos, eu bem que queria deixá-los dormirem aqui mas não posso, é contra a regra do hotel.

–Mas ninguém vai ficar sabendo que você quebrou a regra. –Disse Kagami.

–Eu sei mas... Só tem um quarto livre.

–A gente fica nele! –Disse Aomine, com uma cara de “Dãhh”.

–É o mais caro...

–E...? –Os dois falaram.

–Tsc, está certo, está certo, mas se durante a noite vier alguém querendo ficar no quarto, querendo ou não, vocês terão de sair dele! Afinal, essas pessoas irão ter dinheiro e pagarão pelo quarto.

–Certo, certo. Cadê a chave? Estou com sono. –Disse Aomine indo pro balcão e esticando a mão.

–Para de ser mal educado imbecil! Desculpe os modos dele moça.

–Aqui está a chave. –A moça entrega para eles. –É o ultimo quarto do ultimo andar. Não façam bagunça por favor. –Disse meio receosa.

–Pode deixar, a gente se comporta, qualquer coisa é só subir lá.

Kagami pega a chave e Aomine vai seguindo ele. O hotel não tinha elevador, então os dois tiveram que subir todas as escadas. O hotel tinha quatro andares, parece não ter muitos mas era escada demais. Os dois chegam na tal porta e abrem, até que o quarto era ajeitadinho.

Tinha apenas uma cama grande de casal no centro do quarto, um pequeno banheiro e alguns móveis de decoração, apenas para não deixar o quarto muito vazio, mero capricho.

–Até que é legal. –Disse Aomine entrando no quarto e jogando a mochila no sofá. –Vou no banheiro.

Kagami faz o mesmo e joga a mochila no sofá. Ele encara a cama de casal, vê que teria de dormir com Aomine na mesma cama que ele. Não sabia por que estava com esses pensamentos, já que sua vida toda passou dormindo com Aomine mas, Momoi sempre estava entre os dois... Dessa vez Momoi não estaria entre eles e estariam dormindo sozinhos em um quarto, o ruivo estava meio nervoso, não sabia porque.

–Estranho... –Kagami aperta o elefante rosa entre os braços.

–KAGAMI!

–O que foi! –Kagami solta o elefante na cama e corre até o banheiro, e chega na porta meio assustado.

–OLHA ISSO AQUI! –Aomine segurava um enxaguante bucal. –É AQUELE BAGULHO DE FAZER ESPUMA NA BOCA!

–... –Kagami não consegue segurar um grande “poker face”.

–CARACA CARA! –Aomine coloca uma grande quantidade de enxaguante na boca e faz bochecha e depois cospe. –TUA BOCA FICA MÓ REFRESCANTE!!! QUER FAZER??? –Aomine estica o enxaguante para Kagami.

–Vai se danar Aomine. –Kagami sai do banheiro.

– QUE QUE FOI? NÃO QUER FAZER NÃO? ENTÃO TÁ, VOU FAZER!

Aomine passou horas dentro daquele banheiro fazendo bochecha com aquele negócio, não era de se duvidar se acaso ele ficasse bêbado só com aquilo.

Kagami já estava deitado na cama, ele olha no relógio do criado mudo e vê que já era quase uma e meia da manhã, e Aomine continuava no banheiro.

–Aomine, para de fazer essa babaquíce e vem logo dormir.

–PERA, SÓ MAIS UM.

E deu-se para escutar mais uma vez, Aomine cuspindo na pia.

Alguns minutos depois ele sai do banheiro todo sorridente, como se quisesse mostrar os seus dentes que haviam ficado branquinhos.

“Mas é um babaca mesmo”, pensou Kagami deitado na cama olhando pro Aomine.

Aomine se deita e fica do lado de Kagami, um estava de frente pro outro e o que lhe separavam era o elefante rosa de Kagami, como se tivesse substituindo uma certa garotinha.

–Boa noite, Kagami.

–Boa noite...

Eles apagam a luz e não fecham os olhos, continuam ali se encarando, como estivessem curiosos tentando achar algo um no rosto do outro. Aomine olhava nos olhos de Kagami e o mesmo fazia igual, eles se encaravam, não sabiam por que, e tentavam piscar o menor possível, como se não quisesse perder um milésimo de segundo daquele momento.

“ultimamente ele está muito bonito” –Pensava Aomine em sua mente, olhando para Kagami que lhe encarava de modo profundo.

Aomine sente as bochechas arderem e vira o corpo, ficando de costas para Kagami. O ruivo então faz o mesmo, não deixando de ficar nervoso.

Demoraram para dormir, mas dormiram.

[...]

–Momoi... Onde está indo?

Uma garota de aparência adolescente, estava deitada em sua cama morrendo de sono, mas fazia o esforço para manter-se acordada e ver a pequena criatura a sua frente preparando uma mochila.

–Eu estou indo... –Disse a pequena rosada.

–Pra onde? –Pergunta de novo.

–... Eu estou... Eu estou fugindo.

–Mas Momoi...

–Estou indo encontrar os garotos.