Enfim havia chegado o dia. Evelynn estava nervosa, essa seria sua primeira entrevista com uma pessoa importante. Se é que Crowley poderia ser chamado de “pessoa”. Ela se arrumava no banheiro de seu pequeno apartamento. Era na periferia e os vizinhos falavam alto e brigavam bastante. Mas era o que ela conseguia pagar com o salário do jornal.

Evelynn não quis usar o vestido que Elle tinha emprestado à ela, ela tinha certeza que não se sentiria confortável e que passaria mais tempo tentando ajeitar o vestido do que entrevistando Crowley. Só de pensar nesse nome já lhe dava um frio na espinha, ela estava muito nervosa. Porque será que ele tinha se importado com ela? Uma simples universitária? Ela afastou esses pensamentos, olhou para o vestido de Elle e decidiu leva-lo na bolsa também. Mas ela vestiu uma blusa social preta, com um pequeno decote e uma calça. Agora ela precisava ir até a casa de Elle para que ela desse um jeito no emaranhado de fios que ela chamava de cabelo.

Chegando lá, Elle já a esperava na porta. Ela parecia estar um pouco melhor.

– Olá querida. Onde está seu vestido?

– Éh... – ela ficou sem graça de falar que não queria usar. – Eu vou coloca-lo depois da valsa, da cerimônia, não sei. Na verdade preciso que você me explique como é esse evento de premiação dos filmes mundiais.

Elle riu para ela, com ternura.

– Entre, vou te falar tudo.

Elas entraram e Elle começou a preparar o cabelo de Evelynn enquanto lhe explicava tudo.

– O evento é basicamente um baile, acompanhado de um jantar e depois uma espécie de “oscar”.

– Tudo isso? – só de pensar que teria que passar esse tempo todo com Crowley o estômago de Evelynn se revirou.

– Sim, tudo isso. Mas as pessoas já estão acostumadas. Todo ano é assim. Mas ano passado você não estava conosco no jornal então não participou.

Ela riu novamente.

– Escute com atenção...

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Evelynn já estava no evento. Para ajudar uma pequena chuva estava caindo. Nada que molhasse muito se você não ficasse muito tempo. Ela desceu do táxi, pediu para que ele parasse na parte de trás do evento onde ela se encontraria com o pessoal do jornal. Assim que ela entrou em uma pequena sala nos fundos do prédio gigante onde seria o evento, todos olharam pra ela. Evelynn não sabia se estava horrível ou se estava ridícula, ou os dois! Ela só quis enfiar a cara num buraco mas agradeceu por não estar usando o vestido pois se sentiria pior.

– Aah aí está você. Não sei porque as mulheres enrolam tanto para se arrumar. – disse o Sr. Hudson apressado. – Vamos, precisamos que você ensaie algumas perguntas para o sujeito. Entre nessa sala.

Ela a conduziu pelo braço até uma sala no fim do corredor. Estava escura e parecia não ter ninguém dentro. Ele a empurrou para lá e fechou a porta.

– Eei eei! O que tá acontecendo? – Evy perguntou assustada

– Me faça o favor Evelynn. Cale a boca e fique aí até o evento acabar.

– O que? Mas... porque?

Ela pôde ouvir risos dos outros repórteres do outro lado da porta, depois ouviu ele trancando-a.

– Achou mesmo que eu te deixaria fazer uma das entrevistas mais importantes do NWE garota? Isso não é brincadeira. É muito importante pra mim e para os outros repórteres que trabalham de verdade naquele lugar.

– Mas eu fui a única a ter coragem de fazer a entrevista, senhor Rudson por favor, me deixe...

– Cale a boca menina! A sua coragem não me serve de nada. O Jack fará a entrevista no seu lugar.

Jack era um cara ridículo, evy se lembrou. Ele até poderia ser um bom repórter, mas como pessoa era um caso deplorável.

– Crowley não vai falar com ele, você sabe disso! – Ela estava com raiva.

– Isso é o que veremos!

Depois ela pôde ouvir as vozes se afastando, ela tentou abrir a porta algumas vezes, mas a maçaneta saiu na mão dela.

– Aah eu não acredito.

Tudo estava escuro então ela tateou até achar um interruptor. Ela o acendeu. Uma luz fraca piscou algumas vezes e ela pôde ver que naquele quarto tinha algumas vassouras velhas, rodos e recipientes de limpeza vazios. Depois a luz se apagou. Ela apertou o interruptor mais algumas vezes, mas não funcionou ela tinha queimado.

Ela se sentou no escuro, chorando baixinho.

– Porque?

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O primeiro repórter da NWE abria o evento.

– A grande cerimônia já começou!! Os convidados já estão chegando, todos com grande glamour e riqueza, em seus carros importados. Logo traremos a vocês imagens diretas do tapete vermelho! Lembrando que nesta edição teremos a presença de uma pessoa muito... diferente, digamos assim. Fiquem ligados para vê-lo!

– Tudo bem Jack, é agora, o Sr. Crowley e toda a sua gangue de vermes imundos vão chegar e você terá que ser o primeiro a abordá-lo. Nosso jornal vai fazer a entrevista mas aqueles vermes da concorrência podem fazer qualquer pergunta à ele enquanto ele passa pelo tapete vermelho. – o Sr. Rudson tentava explicar para Jack que so estava preocupado em arrumar o topete no espelho de mão. – Jack seu idiota, está me ouvindo?

– To, to sim chefia. Relaxa, eu nasci pra isso lembra? Eu vou me dar bem. – ele due uma piscadela para o chefe que o olhou com cara feia

Mais um vez o repórter anunciante começou a falar.

– E aqui está ele senhoras e senhores! Crowley em pessoa!

Crowley saiu de uma carro preto e importado, pisou no tapete vermelho com um sapato imensamente ilustrado, um terno bem engomado e uma pequena rosa vermelha no bolso. Ele tinha um ar muito superior do que os outros convidados da festa. Os repórteres hesitaram alguns segundos para começar a tirar fotos, pelo medo, mas depois começaram a sufoca-lo de fotos e perguntas como sempre faziam. Jack foi até ele.

– Sr. Crowley, é um prazer conhece-lo. Meu nome é...

– Você por acaso tem cerca de um metro e meio e uma vagina?

– O... o que? – Jack disse confuso

Os convidados e repórteres ao redor, os que puderam ouvir, ficaram pasmos com o que ele disse.

Crowley se aproximou dele segurando pelo colarinho.

– Cade a garota?!

– Éh... ela está la dentro, la dentro. Eu só vou conduzi-lo até sua mesa senhor!

Crowley pensou por uns instantes.

– Vamos, isso pode ser divertido. – e deu um sorriso.