Evelynn acordou assustada de uma noite mal dormida. Ela não conseguia tirar da cabeça a imagem do dia anterior e ela tinha quase certeza de que tinha sonhado com ele... Ela sabia de uma coisa: ela precisava ver a Elle.

Mas ela estava acamada com uma gripe forte nos últimos dias, o que a impedia de poder vê-la já que o combo faculdade/trabalho não a deixava ter tempo.

A cerimônia de entrega dos prêmios para filmes mundiais seria no próximo dia, um domingo. Evelynn também tinha aulas aos sábados mas nesse sábado ela decidiu não ir. Ela precisava ver Elle. Elle Mors era a redatora da qual ela era ajudante, tinha 36 anos e era divorciada, o tipo perfeito de mulher redatora que morava com os gatos. Mas Evelyn gostava dela, ela sempre a fazia se sentir bem, além que de longe era a única pessoa que dava atenção à ela no jornal e a única também que acreditava no sonho dela de ser repórter.

– Eu fiquei sabendo do seu ato corajoso ontem. – disse Elle assim que Evy entrou no quarto dela. – Foi muito insano da sua parte.

– Era minha única oportunidade, quem sabe quando eu teria uma entrevista de primeira sem nenhum dos 15 repórteres do NWE encima dela.

Elle balançou a cabeça concordando. Ela parecia mais abatida do que da última vez que Evelynn a tinha visto. Ela estava piorando e disso ela sabia, mas decidiu não comentar nada com Elle. Evelynn se sentou na cadeira ao lado da cama, com a cara de choro que ela fazia quando ficava nervosa.

– Aah não, o que foi Evy? – Elle perguntou carinhosa

Evelynn começou a chorar, baixinho mas tristemente.

– Ele disse pra eu ir direto pra sala dele hoje quando eu chegar. Eu não sei o que ele vai fazer comigo Elle. Ele vai querer me mandar embora? Ou o modo como ele vai agir comigo. Eu não sei o que fazer!

– Ei ei, shhh.... – Elle fez um esforço e sentou na cama para abraçar Evy que estava ao lado dela. – Vai ficar tudo bem ta? Eu vou ligar pra ele, nós vamos conversar, vou dizer pra ele não te mandar embora tudo bem?

– Tudo bem... Mas Elle... se ele for me demitir, só poderá ser depois de domingo.

– O que? Porque?

– Porque Crowley disse diretamente que só dará entrevista para mim.

Os olhos de Elle se arregalaram.

– Ele disse isso? Ele em pessoa?

– Sim. – Evy ficou surpresa com a reação dela. – Isso é ruim?

– Mas é claro, isso é péssimo. Desculpe querida, não querendo te desanimar, mas Crowley é um homem perigoso. Você não deve dar seu nome, numero de telefone nem endereço pra ele. Ele não deve nem saber seu nome direito quanto menos fazer questão que seja você a entrevista-lo.

– Mas isso é uma coisa boa não é mesmo? Afinal terei pelo menos mais dois dias de emprego garantido.

– Por esse lado sim querida, mas entenda, você deve ser apenas mais uma repórter do jornal. Não seja um destaque para ele, não deixe que ele te note de outra forma entendeu?

– Sim, entendi.

Evelynn estava meio confusa mas ela seguiria o que Elle disse já que ela era mais experiente no assunto da reportagem. Elle se deitou novamente e deu um suspiro.

– Bom, a cerimônia de gala é amanhã. Nós precisamos decidir o que você vai vestir não é mesmo? – ela olhou para Evy com um sorriso.

– Aah, tem isso também ne...

Evelynn não estava preocupada com a roupas devido ao nervosismo, mas de uma coisa ela sabia, ela queria se sentir confortável. Nada de vestidos longos e salto alto como Elle iria obriga-la a usar.

Elas ficaram algumas horas decidindo o que ela iria vestir já que Evy rejeitava todos os vestidos que ela oferecia. Acabou que ficou decidido que ela usaria um vestidinho preto que ficava um pouco acima dos joelhos e que tinha um decote que mostrava os ombros e parte do busto. Evelynn levou aquilo para casa decidida a encontrar um roupa mais confortável para usar ao invés daquilo. Mas naquele momento ela não teria tempo. Ela precisava ir trabalhar e enfrentar o Sr. Rudson.

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Evelynn entrou no jornal e imediatamente todos por onde ela passava começaram a olhar pra ela. Isso era totalmente diferente do que acontecia nos últimos 6 meses! Normalmente ninguém percebia quando ela entrava ou saía. Achando tudo isso estranho ela foi até a máquina para pegar seu cappuccino e depois bater o ponto. Enquanto fazia isso ela pôde ouvir cochichos de todos os lados.

“ Eei, essa é a queridinha do demônio não é mesmo?” “ É ela sim! A que vai entrevistar o crowley” “ É a nova vítima dele” E risos e mais risos.

Evelynn ficou completamente envergonhada. Afinal o que ela tinha feito para merecer aquilo? Calma evelynn, ela disse para si mesma, eles apenas estão com inveja de você.

Com esse pensamento ela se dirigiu à sala no centro do jornal, no segundo andar, onde selia na porta.

“ Sr. Rudson”

Ela deu 2 toquinhos na porta e ela já se abriu, com George Rudson por trás dela.

– Está atrasada. – ele disse com a voz chata.

– M... me desculpe. – ela respondeu olhando para o chão.

– Entre.

Ela entrou e ele fechou a porta atrás dela com um estrondo. Ela sentia como se todos ali fossem escutar o que ele tinha a dizer. George ficou quieto por alguns instantes, depois começou.

– Acha que pode passar por cima de mim mocinha?

Evelynn fez cara de desentendida.

– Acha que pode mandar nesse jornal mesmo tendo acabado de chegar? Acha que pode me tirar daqui, eu que já tenho mais de 20 anos de NWE?!

Ela estava assustada.

– Responda!

– N... não, naõ senhor.

– Não! Não pode! EU sou o redator chefe desse lugar! EU decido quem entrevista quem nesse lugar! Agora... se o demônio quer ser entrevistado por você, aah querida... – ele deu uma risada – Isso é apenas problema seu!

Evelynn olhou para ele. Ela estava com raiva. Porque ele a tratava assim? Ela não tinha culpa, ela só tinha agarrado a oportunidade.

– Escute bem mocinha. – ele se aproximou dela pelo outro lado da mesa quase deitando na mesma. – Eu só vou ajudar para que essa seja uma boa entrevista para não manchar a imagem do meu jornal. Mas tenha certeza que isso não vai te levar a lugar algum. Se você fizer uma boa entrevista e a mídia gostar de você, eu darei um jeito de te esquecerem. Evelynn nunca será um nome conhecido no ramo dos repórteres minha querida, disso você pode ter certeza. Pode sair.

Evelynn se levantou, ainda atordoada pelas palavras daquele homem rude.

– Aah, e mais uma coisa Evelynn. Certifique-se de estar aqui após a cerimônia de premiação, para pegar as suas coisas. – ele olhou fundos nos olhos dela. – Amanha à meia noite você estará demitida! – e fechou a cara.

Evelynn queria chorar, gritar, bater nele. Mas ela somente saiu da sala, caminhando devagar. Ignorou os repórteres que estavam na porta do Sr. Rudson espionando e querendo ouvir tudo. Desceu as escadas e foi para sua mesa, começar os trabalhos de finalização da Elle. Ela se sentia perdida, com medo e assustada. Ela não poderia fazer uma boa entrevista nessas condições. E se Crowley achasse ela ruim demais? Duvidas e mais dúvidas. Foi assim que ela terminou o dia.