Origem escrita por NewAmy


Capítulo 3
Capítulo 3 - Depois do desgosto.


Notas iniciais do capítulo

Aos que acompanham, mesmo que indiretamente, espero que gostem.
Boa leitura o/



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Diante da indagação, ainda digerindo os fatos e sem conseguir formular uma história convincente com rapidez - sempre fora uma péssima mentirosa -, a princesa buscou na conselheira um auxílio para que não terminasse de colocar tudo o que a mesma batalhou para construir a perder de vez. Por maior que fosse a consideração pela funcionária e sua filha, jamais se sentiu no direito de intrometer-se nos seus assuntos particulares e, por conta disso, a culpa já a martirizava.

— Assuntos confidenciais de trabalho. – Lucy retrucou, fingindo indiferença.

Recebendo uma atenção minuciosa do antigo amigo, supostamente triando sua resposta, incomodou-se, refletindo na vermelhidão do nariz as extremidades das bochechas.

— P-Pare de me olhar assim... – Reclamou, apertando os lábios.

— Luxii ficou envergonhada. – Caçoou o felino, pairando ao redor.

— N-Não fiquei! Cala a boca! – Esbravejou, tentando segurar o exceed.

A jovem rosada acompanhava silenciosa até certo ponto a conversa do trio, perdendo-se no assunto após a estranha postura da mãe. Nunca a vira tão confortável e despreocupada na presença de alguém, mesmo mostrando irritabilidade em dados momentos, lhe parecia... contente. Precisou piscar inúmeras vezes para garantir a realidade da cena e não ser somente o fruto de sua imaginação fértil.

Ficou enciumada. Uma paixonite juvenil de guilda poderia atrapalhar seus planos de unir seus pais.

... ... ...

Fazia-se horas desde que a chuva houvera começado e o barulho dos pingos na janela constantemente ecoavam pelo cômodo semelhantes a batidas desesperadas como as de quem quisesse adentrar. Diferente do clima externo, o enorme quarto estava aconchegante, propício para uma boa noite de sono depois do fatídico dia. Nashi nem se recordava mais do período em que tinha trocado seu quarto rosa felpudo, decorado com diversas pelúcias, pelo antiquado aposento com cheiro de madeira e livros velhos de sua mãe.

— Uhm... Dia cansativo o de hoje, não foi? – Iniciou, jogando-se na cama box king de posse do seu livro favorito. – Achei bem peculiar esse tal de Natsu. – Foi direta na questão, a pequena maga nunca gostou de rodeios.

A loira reteve seus movimentos no fechar das cortinas ao ouvir o nome familiar.

— Com o tempo acaba acostumando-se com o jeito dele. – Comentou, puxando o tecido da longa camisola para sentar-se a beirada do leito. – Lhe incomodou? – Perguntou, praticando seu tom suave que passara toda a tarde treinando, pois cogitava pela chegada desse momento e não poderia demostrar nervosismo em hipótese nenhuma.

— Um pouco... – Torceu a boca, pensativa. A falta de ar dando sinais para Lucy de que o disfarce não perduraria. – Quando se conheceram?

Observou a curiosidade da menina, buscando fragmentos do motivo que a estava levando as interrogações sobre seu passado.

— Quero dizer... Quem é esse Natsu? O que ele significa para a senhora?

O cenho franzido da mulher a sua frente a obrigou esclarecê-la melhor de suas dúvidas ou pelo semblante confuso ficaria sem solução.

— Notei uma afinidade na amizade de vocês que me intrigou, sabe, e... – Pausou, encolhendo os ombros. – Me agradou o cheiro dele. – Finalizou num murmúrio.

Por vezes esquecia dos dons herdados pela filha, sendo pega de surpresa a cada manifestação, mas foi inesperado a conectividade dessa filiação nesse primeiro contato. Deu um longo suspiro na procura por um trajeto de explicação breve.

— Numa outra época fomos companheiros de equipe. – Levantou-se rumando para a varanda. As estrelas começavam a pontilhar o céu noturno depois de passada a tempestade. – Seu nome é Natsu, e será tudo o que saberá.

— O que? Só isso? – Gemeu em protesto, engatinhado nos lençóis.

— Basta, Nashi! – A repreendeu. – Vá ler seu livro ou dormir. – Ordenou num nível de autoridade que a faria recuar depressa com a ameaça do castigo a caminho.

Cruzou os braços com a frieza pelo avançar das horas, expelindo fumaça junto a expiração soprada. No parapeito fechou os olhos estabilizando seu estado apreensivo devido ao bombardeio de interesses na sua vida de outrora. Não podia culpá-la, afinal, estava na idade para isso e as lacunas em aberto pela ocultação era seu mar de aventuras. Veja o rumo que escolheu... Sibilou baixinho, dominada pelas memorias dos eventos anteriores: Como chegou a guilda, os serviços, os perigos nas etapas vencidas uma a uma, as amizades, as brigas, os envolvimentos... Ele constava em todos. – Quanta falta. – Lágrimas desencadearam um choro cálido. – Por que teve que ser assim? Dói tanto...

— Me perdoe! Mas, você pode voltar quando quiser Luce.

Gritou com toda força vinda de seu âmago, saltando para o lado oposto ao hálito quente pelas costas.

— Mama?!! – Nashi alarmou-se no interior.

— T-Tá tudo bem querida. – Titubeou, apertando o peito na contenção da pulsação acelerada. – Foi apenas um inseto.

— Eca! – Enojou-se, com espasmos de repugnância. A maga celestial bem sabendo do pavor da jovem com os animais dessa classe, que a faria evitar o lugar.

— Sério? Insetos... – Queixou-se da referência a ele.

— O que faz aqui? – Cochichou, mantendo distância. Seu corpo naturalmente quente sendo uma tentação quase irresistível para o clima frio.

— Meu cômodo fica ao lado, então resolvi averiguar o castelo.

— Mentiroso! – O acusou. – Consegue nos farejar.

Natsu sorriu ao ser desmascarado, coçando a cabeça. – Curiosa a sua filha. – Desconversou apontando com o polegar para trás, e Lucy se perdeu no fato dele estar falando do susto ou da conversa anterior.

Na cama, em meio a leitura romanceada, um cheiro agradável despertou seus sentidos para a movimentação do lado de fora. Ele estava por lá! Concluiu, sem esforço algum para ouvir o diálogo, mesmo o casal tentando minimizar o máximo seu tom de voz. Adorava seus talentos!

— Percebi que não fora surpreendido pelo nosso encontro de cedo. – Remeteu pela naturalidade com a qual vinha tratando a situação.

O Dragneel a fitou por cerca de segundos, como se literalmente assistisse as recordações. – Quando saiu de Magnólia, a procurei nas semanas seguintes pelas redondezas e cidades adjacentes. Poderia tê-la encontrado se desconsiderasse o conselho de Erza e dos outros em cedê-la um espaço para pensar... – Meneou a cabeça, visivelmente lamentando. – Numa missão simples aqui em Crocus, anos depois, a localizei, porém com uma garotinha de colo que constantemente lhe chamava de mãe. Tinham o igual cheiro doce que tanto me atraiu.

A loira corou, evitando o contato com os orbes verdes, enquanto a rosada ouvinte tapava a face com o livro. Está melhor que na ficção. Pontuou.

— Contudo, um rapaz que as acompanhava me fez recuar a contragosto... – Nashi esticou-se com a pronúncia, quase caindo da cama. Papa! Supôs. Já a outra Heartfilia bufava, ciente do engano. – Quis evitar um confronto.

— Então... – Reuniu os cabelos longos no ombro esquerdo, penteando-os com os dedos. – Porque tentou me b-beijar diante de tantas pessoas?

Beijo! Exclamou a expectadora, estagnando sua euforia precipitada ao saber do pai.

— Fiz um teste. – Chocou a nakama, que apertava o punho trêmulo por causa da força empregada. – Por um instante, com todo aquele êxito, pensei que fosse perder pra ele.

— Eu amo o pai da minha filha, Natsu! – Declarou com raiva, afastando a alegria do rosto do Dragon Slayer.

— Isso não é verdade! – Rebateu, inseguro, quase convencido do contrário pela postura firme da amiga.

— Pois acred...

O ambiente caiu num silêncio profundo e angustiante para a rosada até onde se possibilitava ouvir a cidade ativa ao longe. Escorregou lenta e graciosa para fora do leito, equilibrando os passos na ponta dos pés. Prendeu a respiração com a ânsia do que poderia avistar: agressões físicas talvez - baniu de súbito essa chance dada as quietas características -, encaradas mortais - bem tipico de sua mãe - ou basicamente ser descoberta espreitando a conversa alheia. Isso lhe renderia uma punição eterna.

Seu queixo pendeu e sentiu o chão ceder para uma queda livre, quando os flagrou agarrados num intenso e indecente, na sua opinião, beijo. Trincou os dentes ao elevar da fúria com a mutualidade nas caricias, considerando para si e para o pai uma ofensa, uma traição.

— Parem! – Gritou com rebrilho no olhar e fogo emanando de seu corpo, esvoaçando-lhe os cabelos. – Afastem-se! – Rosnou, emitindo ondas de energia dourada ao redor que lançou o casal ao solo, quebrando vidraças e varrendo até os objetos mais pesados do local.

Droga! Droga... Lucy ficou perplexa com o despertar do poder da sua pequena, entretanto aterrorizada com o perigo da combinação das duas magias, a de Dragon Slayer do fogo com a magia celestial. Probabilidade essa quase nula!

Puxando o ar pelas narinas, estufando o peito, abriu a boca num urro bestial, similar ao de um dragão, soltando uma mistura homogênea de raio e chamas na direção do Dragneel. Ele interceptou o ataque por um curto momento com os antebraços cruzados na altura do rosto, no entanto, uma explosão maior da força o empurrou para fora do parapeito.

Despencaria por mais de dez metros, não fosse a intervenção do amigo alado. – O que aconteceu, Natsu? – Indagou o exceed azul ainda sonolento. – Por que ela está tão brava com você?

— Q-Que poder é esse? – Reconheceu, atônito, mantendo-se calado as perguntas do felino.

O solo estremecia abaixo delas, num risco de quebra de toda a área semicircular, com pedras que se desprendiam e estouravam pelo excesso de poder. A loira engatou cautelosa para próximo da filha, suplicante pela interrupção nas investidas. Na tentativa frustrada de detenção, recolheu a mão ardida após tocar no ombro da garotinha. Quente! Avaliou.

Estendendo a palma da mão para cima, a jovem estreitou os olhos, mirando o “adversário” e sequenciando tiros de esferas brilhantes de energia no sentido de acertá-lo. Os erros abrindo buracos negros entre dimensões.

Magia celestial de alto grau! Assustou-se a maga, o desespero interno se ampliando. Criou então coragem, abraçando-a, cerrando a mandíbula com grunhidos dolorosos pela torturante ardência da pele sendo queimada em intervalos.

— Por favor, Nashi! Por favor... – Clamou diversas vezes antes de se render e confessar, balbuciando a frase “ele é seu pai”, em sua orelha. Foi encarada instantaneamente pelas esmeraldas opacas, acrescidas com espanto, que gradativamente ganharam vida antes de fechados completamente num abrupto desmaio.

NASHI!!!


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Notas finais do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=wijNWLs90dY&list=LLp7D4bApMdWT9SMbKlBxHog&index=4&t=0s

“É o começo de um novo dia

Mas parece que tudo está acabando
Ainda pegando peças
Do amor quebrado que você me deu

Minha terra parece que parou de girar
E meu sol parece que está parando de queimar

Você já viu o sol depois do desgosto?
Congelado em algum lugar no tempo
Você já viu as estrelas depois da palavra adeus?
Depois do desgosto

Passos estão batendo
Como ecos quando você veio me acordar
Suas sombras me cercam
E engole as cores dos meus sonhos

O espaço na minha cama me lembra que você se foi
Sua voz em minha cabeça se repete como uma canção de amor
E os gritos e as mentiras, eles me rasgam por dentro
Eu estou com um céu vazio

Você já viu o sol depois do desgosto?
Congelado em algum lugar no tempo
Você já viu as estrelas depois da palavra adeus?

Estou perdido no escuro
Quero estar onde você está
Tão difícil manter isso juntos
Quando você me separou
Assombrado pelo seu disfarce
Desapareceu com a luz
Dias e noites parecem sempre

Toda a minha inocência morreu, morreu

Você já viu o sol?
Você já viu as estrelas?
Eu já vi antes em seus olhos
Depois do desgosto
Congelado em algum lugar no tempo
Você já viu as estrelas?
Eu já vi antes em seus olhos
(congelado em algum lugar no tempo)

Assombrado pelo seu disfarce
Desapareceu com a luz
Dias e noites parecem sempre
Toda minha inocência morreu”



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