Inf3cted escrita por young


Capítulo 5
Capítulo 4: "Lost Boy" - POV LuAnn


Notas iniciais do capítulo

Gente, mil desculpas pela demora! Com o ENEM quase chegando, minha vida tá muito corrida. Eu deveria estar estudando agora, mas resolvi postar o capítulo logo, porque já atrasei demais. Mas saibam que fiz esse capítulo de coração.



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GOLD COAST, AUSTRÁLIA - PRAIA SURFERS PARADISE, SURFERS PARADISE. 18 DE DEZEMBRO DE 3726, 3:45 PM

Agora é uma mistura de areia, mar e roupas pastel.

O calor que o sol emana está suavizado pela brisa boa de meio de tarde, proporcionada pela proximidade do mar. O dia está bonito, calmo. Está perfeito, quase como se a paz corresse junto ao vento. Não está ensolarado demais a chegar ser injusto, mas também não está nublado e triste.

— Sam teria gostado desse dia. — levanto o rosto ao ouvir a voz da mãe de Sam, após um momento de silêncio em que todos estávamos olhando para o corpo esvaído de vida que outrora fora ele. — Posso dizer com toda a certeza que possuo que ele estaria nessa ou em alguma outra praia, se divertindo com seus amigos ou aproveitando as ondas.

Ela se cala por um instante, sem conseguir continuar sua fala. Ela está em cima de um pequeno palco de madeira que a prefeitura instalou há alguns anos para eventos. Seu vestido é de um tom verde bem claro que contrasta com sua pele escura. Ela é jovem - tem somente trinta e nove anos - e bonita, mas sua expressão triste não deixa essas características à mostra. O resto de sua família está um pouco atrás dela, todos com o mesmo semblante saudoso também presente em todos os convidados. A forma como essa família dá suporte uns aos outros é magnífica.

Sua filha caçula, de dez anos, aproxima-se e segura sua mão. Mãe e filha olham para Sam, que está deitado em uma caixa de vidro e outros materiais transparentes, a qual fora colocada na areia, com pouca distância do palco.

A mãe de Sam, Lohanne, respira fundo e olha para os dois bombeiros postados na areia imediatamente após o palco e faz um movimento leve com a cabeça. A dupla se encaminha para a caixa e abrem sua tampa. Um deles pega um isqueiro e queima a ponta da coberta que cobre o corpo de Sam.

É lindo ver o fogo dentro da caixa, que é resistente a esse elemento, e vê-lo subir para o céu azul. Todas as pessoas presentes observam o fogo. Mas, de certa forma, o silêncio fica insuportável e é nesse momento que ouço Peter, postado a meu lado, começar a murmurar ritmicamente. Não desvio os olhos do fogo, mas não consigo esconder minha expressão intrigada enquanto tento identificar a música que ele sussurra.

O restante dos membros da banda de Pet, que estão do outro lado dele, começam a murmurar a mesma música. Pouco a pouco, mais pessoas começam a cantar junto a eles. Reconheço a música no refrão, chama-se Another Direction, de uma banda de rock um pouco antiga chamada "Star Dust".

Junto-me às pessoas no coro. Essa é música é linda; fala sobre vida e morte e em como algumas pessoas marcam nossas vidas. Fala sobre como as pessoas deixam cicatrizes quando morrem, sobre o ardor da perda e a paz depressiva da aceitação. O ritmo é como um fim de tarde chuvoso de domingo. Apesar disso, a música não poderia adequar-se melhor ao momento.

Assim que a música termina, é incrível. Há aquela sensação de que todos estamos conectados, nos expressando sem palavras. O silêncio só não é completo por conta de alguns soluços. Depois de alguns instantes, o irmão mais velho de Sam, Matthew, de dezenove anos, encaminha-se para o a frente do palco. Entretanto, ele demora um pouco para formular as palavras.

— Ahn... oi. — ele começa, e sua voz é transmitida pelos captadores de voz ao redor do palco. — Eu não sou muito bom com discursos, mas... Cara, isso foi lindo. Não sei nem como dizer tudo o que tenho na mente. — ele se cala por um momento, como se estivesse constrangido por suas próximas palavras, como se não quisesse dizê-las. — Infelizmente, chegou a hora de irem... Agora é aquele momento em que o resto da cremação é reservada a nós, os familiares. — ele dá um triste sorriso de canto — Desculpem-me, mas... vocês sabem, é a cerimônia.

Assim que termina de falar, ele olha para baixo e recua; sua irmã mais nova o abraça. Como um último ato, Peter e seus amigos de banda batem palmas e gritam coisas positivas, e algumas pessoas os acompanham. Mesmo que saibamos que Sam já está morto, há gritos para ele também. Alguns saem sem despedir-se e outros, como eu, fazem uma referência para os Whitelock.

E, com calma, todos saem da praia, deixando a família de Sam despedir-se pela última vez de seu menino perdido.

GOLD COAST, AUSTRÁLIA - ORFANATO LEGACY, SOUTHPORT. 18 DE DEZEMBRO DE 3726, 10:02 PM

— Por que eu tenho a impressão de que muita coisa vai acontecer por esses dias?

Olho para o lado, para ver Peter sair pela janela com uma caixa de donuts e sentar-se a meu lado no telhado. Sorrio para ele.

— Muita coisa já aconteceu, Pet. Esses dois dias passaram muito rápido. Nem parece que tudo isso aconteceu em tão pouco tempo.

— Parece que a festa foi um sonho.

— Ou que aconteceu há muito tempo. Falando nisso, os gêmeos me ligaram enquanto você foi comprar os donuts. Eles não foram fichados.

Peter solta um suspiro aliviado e deita-se nas telhas, colocando a caixa de donuts entre nós. Abraço minhas pernas e encaro a rua abaixo de nós. Fragmentos de ontem à noite me vêm à mente. Draco... O que será que aconteceu com ele? O ruivo que eu conheço nunca teria aquele olhar. Eu lembro dele feliz por ter conseguido um bolsa para fazer faculdade em Sidney... O que foi que aconteceu no caminho?

Esfrego os olhos para desviar esses pensamentos da mente e pego um donut. Vejo Peter com a testa franzida, típica de quando ele está perdido em pensamentos. Mordo o donut e estico as pernas. Céus, eu vou ter que me esforçar bastante na academia por tanta besteira que tenho comido nessa semana.

— Pet? — falo, entre mordidas. Ele olha para mim com um olhar questionador. — Esqueci de te parabenizar pelo show de hoje de manhã. Foi incrível.

Ele sorri e levanta-se, sentando de pernas cruzadas. Ele me olha, ainda com o sorriso nos lábios. Sorrio de canto para ele, com uma expressão de pergunta. Ele balança a cabeça, desfazendo o sorriso ao morder o lábio inferior. Não consigo deixar de rir, sou amiga de um louco.

— Como você consegue, Lu? — pergunta ele. — Tipo, nós acabamos de enterrar o Sam e Draco foi levantado como suspeito, e ele estava com aquele olhar estranho ontem... — ele para, tentando orientar as ideias, e suspira — Mesmo assim, você consegue lembrar de fazer um elogio. — Ele sorri novamente. — Valeu, Lu.

— A gente tem que encontrar nossa luz no fim do túnel, não é?

Peter não fala nada, só me encara por alguns segundos. Então, ele se aproxima e ajeita-se para deixar em meu colo. Olho para ele, que olha para as estrelas no céu. Assim também faço e admiro os distantes pontos luminosos no céu. Aqui ou ali, reconheço a localização de satélites. Depois que a órbita da Terra foi limpa há alguns anos, esses satélites começaram a ser vistos melhor. A essa hora, as luzes das casas e ruas estão com um brilho baixo, para uma melhor visualização do céu. Isso é uma lei antiga, a diminuição das luzes, mas quase não lembro disso porque, de tão comum, já tornou-se um hábito.

Olho para a rua. Ela está calma, com somente uma viatura de polícia, colocada ali por precaução. A única coisa que ouço são as folhas das árvores balançando suavemente. De cima do telhado, consigo ver o delta do velho rio Nerang.

Tiro meu celular do short e sinto Peter ajeitar-se quando o faço. Olho o horário e devolvo o aparelho para onde estava. Encaro a caixa de donuts, ainda com cinco unidades. Pego um deles, mas Pet o rouba. Tento pegá-lo de volta, mas o idiota sai do meu colo e coloca a rosquinha inteira na boca. Encaro-o com minha melhor cara de "terei minha vingança" e ele segura o riso, provavelmente para não engasgar. Dou um soquinho nele e Peter me puxa para um abraço.

Ficamos assim até terminarmos a caixa de rosquinhas, nos controlando para não rirmos muito alto ou fazermos muito barulho. Às uma da manhã, entramos no orfanato pela janela e vamos silenciosamente para o nosso corredor. Assim que entramos no quarto, jogo a caixa vazia na lixeira.

Vejo Peter ir para perto de seu beliche e eu me encaminho para o meu, com o maior cuidado possível para não acordar ninguém. Mesmo com as luzes apagadas, consigo completar a trajetória sem bater em nada. Murmuro um "boa noite" para Peter, que murmura de volta.

Abro meu baú, que fica ao lado do beliche, pego meu pijama e me direciono ao banheiro. Pelo canto de olho, consigo ver a silhueta de Peter trocando a blusa. No banheiro, começo a trocar minha roupa, mas um barulho metálico chama minha atenção quando meu short cai no chão.

Não... Puts. Esqueci completamente que meu celular estava no bolos do short. Suspiro e termino de me vestir. Então, abaixo e pego o aparelho. Olho para o scanner, que funciona e analisa minha retina.

O brilho da tela inicial quase me cega. Pisco e coloco meu dedo sobre ela. A análise é instantânea e a tela desbloqueia. Solto o ar que não sabia que estava prendendo, aliviada. Esse celular não foi tão barato. Balanço a cabeça e, quando estou prestes a bloquear a tela, vejo que tenho uma mensagem de Gwen Stone.

"Lu, preciso falar com você. 8 da manhã, na lanchonete de sempre, com o resto da equipe. É sobre o cara que matou o Sam"


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Notas finais do capítulo

Detalhes sobre a cidade de Gold Coast no Google Maps! (mas calma, vou descrever as partes da cidade que aparecerem nos capítulos)
Não sou de fazer isso, mas estou pedindo para vocês deixarem a opinião de vocês, que é muito importante! Pode ser só um ":)", se vocês quiserem.
Já estou escrevendo o próximo capítulo e espero postá-lo logo.



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