Inf3cted escrita por young


Capítulo 4
Capítulo 3: "Don't Lie" - Onisciente


Notas iniciais do capítulo

Peguei as informações sobre o Teste do Polígrafo na Wikipedia e no site da Revista Mundo Estranho!
(leiam a mensagem que deixei pra vocês nas notas finais, por favor)



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LOCAL SECRETO - BASE MILITAR. 18 DE DEZEMBRO DE 3726. 3:26 PM

A sala fechada e sem janelas é somente iluminada por uma luz branca no centro do local, acima do meio da mesa de metal e que não ilumina as paredes escuras. Há duas cadeiras de aço, uma de cada lado da mesa. Em uma, Draco Eagle está olhando no fundo dos olhos do militar postado no lado oposto, que retribui o olhar com uma expressão de puro ódio.

Draco sabe exatamente do que fora sendo acusado. Como foi pego? Algumas pessoas na festa lembraram de o terem visto perto de Sam no arbusto e dele saindo da casa pouco antes de a polícia chegar. Entretanto, isso não o fez mais do que um suspeito.

E essa era exatamente a intenção. Ele admitiu o crime, realmente o cometeu. Draco pouco se importa em ir para a prisão, tudo está saindo como planejado. Os policiais, detetives e outros no ramo investigaram sua vida, para procurar tendências e/ou antecedentes. Ao não encontrarem nada, o colocaram nesta sala para interroga-lo. “O que fez Draco Eagle mudar tão drástica e rapidamente?”, essa é a pergunta em questão.

Draco baixa o olhar, balança a cabeça e ri uma risada rouca e amarga. Ao levantar os olhos, sorri para o militar, os olhos com olheiras e uma expressão maníaca.

— Você sabe que não vou lhe dizer nada.

O líder do grupo com o qual Draco vive há dois anos, desde que saiu do orfanato, lhe ordenou exatamente isso: confessar o crime, faze-los investigar, mas não falar nada sobre o Projeto.

— Não se engane, garoto. — o micro-computador do militar brilha em seu pulso. Ele sorri cruelmente — Seus novos amigos estão chegando, ruivo.

O militar apoia os ante-braços na mesa e inclina o tronco, olhando dentro dos olhos do jovem em sua frente, para aquela criança. A investigação agora consiste em saber se o garoto está sendo ameaçado, drogado ou algo do tipo. Sua aparência pálida e desgrenhada mostra uma falta de cuidado, mas isso é contraditório à sua massa muscular e limpeza. Seria como se ele estivesse tendo uma vida saudável, mas tendo fortes crises de insônia.

Ouve-se um bipe e a porta metálica é aberta, revelando dois homens de jaleco, que entram na sala. Eles fazem um sinal com a cabeça para o militar, que levanta da cadeira e faz uma reverência típica do Exército antes de sair do local.

Os homens de jaleco, claramente médicos, fazem Draco levantar-se. Sua postura é curvada, cansada e frágil. Quem o visse de longe, sem dúvida enxergaria um dependente químico ou eletrônico, não um assassino genial. As algemas apertam seus pulsos, mas o órfão faz o possível para manter a expressão fria e entediada. O aperto das mãos dos médicos em seus braços não é forte, mas rígido. Ele nem sequer cogita lutar, isso mudaria completamente o rumo de seus planos.

É desta maneira que o menino é arrastado para uma sala no final do corredor, a qual é aberta pelas digitais dos médicos. As luzes se acendem assim que os três colocam os pés no piso de mármore branco da sala, que possui vários equipamentos eletrônicos. O que mais se destaca é o do centro. Ao encara-lo, uma forte dor de cabeça atinge Draco, e imagens rápidas de algum momento de sua infância lhe vêm à mente, acompanhadas de uma fobia da qual ele não se lembrava.

O aparelho é constituído por uma cadeira de algum material transparente e uma mesa de igual material. Na mesa, há uma filmadora de última geração. Ao redor do equipamento, há espaço suficiente para a utilização de alguns hologramas. Na cadeira, eletrodos, medidores de pressão, receptores de áudio e outros mecanismos para medição de alterações no corpo humano. Um detector de mentiras, o qual o ruivo olha com uma falsa indiferença; esse aparelho, por algum motivo, apareceu em seu surto de lembranças.

O médico mais alto o coloca na cadeira e começa a configurar o detector de acordo com o corpo de Draco, enquanto o outro mexe em um computador. O processo não é dos mais confortáveis. Uma amostra do sangue do garoto é retirada e colocada em um equipamento para análise. O médico alto analisa seus olhos e a dilatação de suas pupilas com uma pequena lanterna.

O homem coloca um sensor nos braços do garoto, para a medição de pulso e pressão arterial, além de um tubo flexível ajustado ao redor do tórax, para a observação do ritmo respiratório. Dois eletrodos são colocados nas mãos de Draco, para a medição das variações elétricas. Suas pernas são cobertas por sensores de movimento que medem a contração involuntária dos músculos.

O médico alto se afasta e o que estava mexendo no computador liga a câmera, que se ajusta automaticamente à altura dos olhos de Draco. O mais baixo diz um comando e a última coisa que o ruivo vê antes de ser completamente rodeado por holagramas é o mais alto recebendo uma mensagem no computador de pulso. Ele ouve passos e a porta se abrindo. Após alguns instantes, ouve-a abrir novamente, seguida de alguém entrando na sala.

Uma mensagem nos holagramas indica que a máquina já está preparada para o procedimento.

— Boa tarde. — uma voz masculina soa pelo recinto. — Eu sou o doutor Newell. O doutor Hill teve que comparecer a uma reunião de última hora, por isso o doutor Kyle Jordan o está substituindo. Você será subordinado a algumas perguntas. Primeiramente, faremos o pré-teste. Não avisaremos quando o teste real começará. — ele para e respira fundo. — Responda honestamente.

Há uma pausa e Draco sente um leve aperto nos braços, com os sensores sendo devidamente ligados. A câmera se aproxima de seu rosto, os holagramas mostram seus batimentos cardíacos, os gráficos com mais informações sobre as alterações em seu corpo e seu rosto pálido. Por um segundo, o órfão sente-se cansado e fraco, mas logo volta a sentir-se relativamente bem.

Um alarme soa no ambiente e o interrogado respira fundo.

— Qual é seu nome? — pergunta o Dr. Newell.

— Draco Eagle. — a voz do garoto soa rouca e arrastada.

— Quantos anos você tem?

— Vinte.

— Qual é a cor do seu cabelo?

— Ruivo.

— Você foi para o orfanato com sete anos. Correto?

O coração de Draco acelera-se por poucos segundos ao ouvir essa pergunta e seus olhos quase se enchem de água. Ele recorda-se muito bem do dia em que chegou ao orfanato. Do sentimento de desespero, de não saber o que fazer em seguida. Lembra-se bem de como sentiu-se vazio por dentro, de como quase foi tornar-se um depressivo com tão pouca idade. Ele respira fundo e solta o ar, lentamente.

— Correto.

— Você assumiu ter assassinado Sam Whitelock, correto? — a voz de Newell soa desprovida de emoção, mesmo tendo percebido o momento de tristeza de Draco.

— Correto. — diz o órfão, ainda se estabilizando com o susto da pergunta anterior.

— Como posso saber que você não foi ameaçado a assumir o crime?

— Porque eu realmente o matei. E tenho que arcar com as consequências de meus atos.

Há uma pausa. Os hologramas mostram que não há nenhuma alteração em Draco além da normalização devido à sua tristeza sofrida ao lembrar-se de seu primeiro dia no orfanato. Nada que indique que ele mentiu. O garoto quase pode sentir o desapontamento dos homens, que trocam olhares. O doutor Jordan suspira e caminha pela sala, rodeando o menino.

— Draco. — diz Kyle. — Por que você o matou?

O ruivo sorri maliciosamente, sabendo que, mesmo que os hologramas o impeçam de ver os médicos, estes podem vê-lo.

— Porque eu quis. — assim que termina de falar, um choque percorre seu corpo e ele solta um gemido de dor.

— Draco… — diz o Dr. Jordan, soltando um suspiro. — Essa foi a primeira mentira. Meia-mentira, ao que parece. — Kyle franze o cenho. — Conte a verdade.

Eagle fica calado por uns instantes, tentando pensar em algo que não entregue seus chefes. Ele sorri ao ter a ideia.

— Certo. — ele olha diretamente para a câmera. — Eu o matei por algo que eu li em um livro. Vocês devem conhecer, por sinal. É um exemplar muito difícil de ser encontrado em bibliotecas e ainda mais difícil de ser achado na Internet.

Os doutores se entreolham, confusos.

— Seja mais específico, Draco. — diz Newell.

Draco abre o sorriso, se deliciando ao imaginar qual será a reação daqueles homens. Ele relaxa e olha para os hologramas, para os gráficos estáveis, para o número estável de seus batimentos cardíacos. Então, ele volta a olhar para a câmera.

— Heil Hitler.


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Notas finais do capítulo

Gente, desculpa mesmo a demora pra postar! Eu tô no último ano da escola e tenho que focar nos estudos, mas tenho tentado escrever pra vocês. Porém, essa fic requer muita pesquisa, e às vezes fico muito cansada quando termino de estudar... E, se eu escrever quando estiver cansada, o capítulo não fica muito bom, o que não é meu objetivo. Quero que o capítulo fique o melhor possível. Obrigada por ainda acompanharem, amo vocês.