APOCALIPSE escrita por Thaís Carolayne


Capítulo 8
Passagem de Pedra




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Agustina e os outros já estavam do lado de fora do bar em suas montarias esperando por Fiona.

— O que é a Flauta e quem é essa Chama Ardente? Por que quer encontrar ela? - Perguntou Don.

— A flauta deve ser algum artefato mágico que ajuda a proteger essa região, agora a Chama Ardente é um artefato vivo. Ela é um ser humano transformado em um artefato.

Os três a olharam espantados.

— Isso é possível? - Perguntou Kann.

Agustina não disse nada. Uma expressão triste lhe passou pelo rosto e ninguém mais perguntou mais nada. Logo Fiona chegou até eles.

— Vamos pela passagem de pedra. Temos que encontrar a Chama Ardente antes de ela chegar em Wendell. - Disse Fiona.

A passagem de pedra era um caminho estreito entre duas grandes montanhas de pedra. A terra era desértica e com poucos arbustos espalhados aqui e ali. As montanhas eram grandes e levava um dia inteiro para atravessá-la.

A mulher que havia roubado a flauta do vilarejo An estava com um comboio de homens a acompanhando. Não que ela precisasse deles para sua proteção. Eles eram apenas soldados enviados pelo rei Wendell para garantir que a flauta chegaria até ele sem mais complicações ou possíveis traições da parte dela.

Ela se chama Sefiza, conhecida também como Chama Ardente devido aos seus poderes de fogo. Tem um longo cabelo vermelho preso em um rabo de galo, que ficou dessa cor quando recebeu seus poderes. Talvez seus cabelos fossem de outra cor, mas ela já não se lembra mais. Fazia muito tempo que isso havia acontecido. Seus olhos também eram vermelhos.

Estavam pra lá da metade da passagem de pedra. Haviam parado para comer e repor as energias. Era um grupo grande e paradas eram constantes, o que já deixava Sefiza bem irritada. Ela comia sua porção quando escutou galopes vindo da retaguarda. Levantou o olhar, viu que se aproximava um de seus homens que ficava para trás vigiando o caminho.

Ele contornou em meio aos homens sentados no acampamento e foi até Sefiza.

— Senhora, avistei se aproximando de nós um grupo de pessoas.

— Devem ser pessoas da vila. Não se preocupe, mesmo aquela mulher que eles chamam de guerreira não pode nada contra mim. - Disse Sefiza sem tirar a atenção de sua comida.

— Mas senhora. É um grupo diferente. Vi pela luneta que tem um homem montado em um manue.

Sefiza ergueu uma das sobrancelhas.

— Que interessante. Um manue domesticado.

— Também eu vi uma mulher de cabelo laranja. E se for a Bruxa de Pharrel que nosso rei procura. - Sefiza o encarou demonstrando mais interesse. - Dizem que ela foi além da Floresta Morta. E se ela tiver voltado?

— Se tem alguém que tem o poder de atravessar a Floresta Morta é ela. - Sefiza se levantou. - Homens! Se preparem! - Gritou ela. - Vamos receber pessoas importantes.

Genin que era mais rápido que os cavalos ia correndo na frente com Don montado em suas costas, segurando sua espada Ershin nas mãos. Agustina, Kann, Catelyn e Fiona vinham atrás em suas montarias.

De repente Genin parou farejando o ar e rosnando. O grupo parou logo atrás.

— O que foi? - Perguntou Fiona.

— Genin está farejando algo. Talvez hajam pessoas aqui. Kann, proteja a Catelyn.

— Pode deixar. - Kann chegou mais perto de Catelyn.

Sefiza se aproximou de cima de uma pedra no alto da encosta.

— Oras, se não é mesmo Agustina Petters. - Riu ela. - Há quanto tempo. Se cansou da vidinha pacata em Pharrel?

— E você, Sefiza? Desde quando um receptáculo recebe ordens de um homem?

Sefiza franziu as sobrancelhas contrariada.

— Você melhor do que ninguém deveria saber que há pessoas mais fortes do que nós neste mundo. - Ela voltou a sorrir. - O que te fez se arriscar na Floresta Morta, Agustina?

— O mesmo que me fez vir atrás de você. Mas logo você estará morta, não é preciso explicações. - Agustina desceu do cavalo.

Sefiza riu. Dos seus pés saíram labaredas de fogo, ela flutuou no ar e com delicadeza pousou no chão.

— Ela voou! - Disse Catelyn surpresa.

— É magia de fogo! - Disse Kann.

— Chega de conversa. - Disse Sefiza. Nesse instante cerca de 20 homens saíram atrás das pedras armados. - Matem todos.

O homem que havia reportado sobre a presença do grupo a Sefiza usava um colar de pedras pretas, um artefato que lhe permitia dar forma física as sombras e controlá-las. Ele pôs as mãos no chão e da sombra que se formava das paredes dos penhascos contra o sol saíram cerca de mais 5 criaturas de sombra em forma de homens. Eles foram pra cima do grupo. Don passou na frente, com Ershin brilhando cortou todas elas rapidamente.

— Que pena, pra você. - Riu Don. - Minha espada é do elemento luz.

O homem mordeu o lábio contrariado.

Kann, Catelyn e Fiona também desceram dos seus cavalos para lutar. Kann sempre mantinha Catelyn por perto dele.

Sefiza com um sorriso sádico no rosto se aproximou.

— Vou deixar o resto com vocês. Eu cuido da Bruxa.

Alguns homens a responderam afirmativo, enquanto outros já estavam prestando atenção nos inimigos.

Fiona retirou da bainha sua katana. A espada tinha punho vermelho e algumas pequenas escritas na lâmina. Era um artefato que lhe dava muita força física, enquanto que diziam que a lâmina era inquebrável.

— Vocês tentaram envergonhar a vila An, e por isso não os perdoareis.

Alguns dos homens foram pra cima dela, e sem hesitar ela também partiu para o ataque. Não parecia ter mais homens usando artefatos no meio deles. Com rapidez e agilidade Fiona derrotou vários.

Kann lutava com precisão com suas espadas gêmeas e Genin ajudava a proteger Catelyn quando alguém conseguia passar por Kann.

O homem das sombras criou lanças afiadas e arremessou em Don enquanto ele cortava mais figuras negras, antes que o atingisse ele se jogou no chão, rolou e se pôs de pé.

— Seus instintos são bons. - Disse o homem sorrindo. Mais uma vez mandou suas lanças e Don desviou com precisão saltando pra trás. Antes de recuperar o equilíbrio mais lanças negras vieram em sua direção, manejou sua espada de baixo pra cima e fez um corte de luz que desviou as lanças que viam de frente pra ele, outras duas passaram de raspão em seus braços deixando cortes.

Sefiza ergueu os dois braços e um tornado de fogo se formou fechando ela e Agustina. Ela usava o fogo para flutuar no ar.

— Você desperdiçou anos vigiando aquele pobre lugar. Essa é sua recompensa. Nenhuma experiência em luta.

Sefiza jogou nela uma enorme bola de fogo, Agustina formou um escudo na sua frente a tempo, mas a rajada era muito intensa, ela caiu ajoelhada e o fogo pegou uma de suas mãos. Ela gritou de dor, com que Sefiza riu satisfeita.

Antes que o homem da sombra conseguisse formar mais lanças ou soldados, Don se aproximou, desferiu um golpe de espada que ele desviou, e antes de ele reagir Don lhe acertou um chute que o jogou para trás. Imediatamente lanças de sombra vieram mais uma vez em direção a Don. Mais duas rasparam em seu braço direito enquanto outra atravessou seu ombro esquerdo. O homem acreditava que Don cairia no chão, mas se firmando sobre suas pernas Don correu em direção a ele, o homem fez uma parede de sombra. Gritando Don empunhou sua espada que agora brilhava fortemente, a cravou na parede e um raio de luz a atravessou atingindo o homem do outro lado no peito. No mesmo instante a parede de sombra se dissipou.

Kann já estava cansado. Mais nenhum homem de pé ao seu redor. Catelyn gritou atrás dele e quando Kann se virou levou um soco no rosto. Kann cambaleou para trás e parou.

— Eu vi você lutar. - Disse o homem. - Você tem muita coragem de vir atrás de nós sem um artefato.

O homem tinha um colar no pescoço com uma pedra vermelha. Era um artefato que invocava e manipulava animais mágicos.

Ele colocou uma das mãos no chão e da terra saiu uma enorme serpente com asas. Um basilisco. A cobra abriu a enorme boca mostrando enormes presas, ela atacou Kann, que sem poderes a única coisa que conseguiu fazer foi desviar saltando para o lado. o basilisco usando a lateral do corpo atingiu Kann que foi jogado no chão. Rapidamente a cobra se pôs sob ataque de novo e partiu pra cima de Kann. Antes de ser atingido Genin saltou em seu pescoço mordendo com força. A cobra chiou de dor e se sacudiu. O homem mordeu os lábios com raiva. Enquanto estava com um animal invocado não poderia invocar outro.

Kann se levantou vendo a luta furiosa entre Genin e o basilisco. A cobra tentava se enrolar nele, mas Genin era ágil e fugia com precisão, ao mesmo tempo que sempre que achava uma abertura aproveitava pra morder ferozmente a cobra. Mas no fim ele acabou levando uma mordida da cobra na pata dianteira. Genin ganiu de dor. O veneno do basilisco causava muita dor e matava muito rápido.

— Genin! - Gritou Kann e Catelyn. Kann furioso partiu pra cima do homem. Ele fez o basilisco ignorar o manue e ir atrás de Kann, mas Kann era rápido, antes que a cobra pudesse lhe alcançar Kann saltou e com olhos frios e furiosos atravessou o coração do homem e assim o basilisco sumiu virando poeira.

Catelyn correu até Genin que estava deitado no chão, ganindo de dor. Kann também foi até ele.

— O que vamos fazer, Kann?

— Eu não sei. - Kann se abaixou e acariciou os pelos do animal. - Calma, amigo. Vamos dar um jeito. Aguente firme.

Don se aproximou deles. Sangue escorria de seus braços.

— O que houve com ele?

— Ele foi envenenado. - Disse Kann. - Se sacrificou para me proteger.

— O que faremos? - Perguntou Catelyn com lágrimas nos olhos.

— Se tem alguém que pode curar o Genin é a Agustina. Mas ela está dentro daquele redemoinho de fogo.

Don foi até a borda do redemoinho. Usando o poder de sua espada tentou fazer uma fenda, mas nada pareceu afetar o fogo. Cansado e com os braços feridos se apoiou na espada e torceu por Agustina sair dali logo.

Agustina se pôs de pé com um dos braços queimados.

— Você ficou mais convencida do que eu me lembrava, Sefiza. - Ela ergueu um olhar furioso. - Eu vou te mostrar o que aprendi por todos esses anos.

Agustina levantou os braços e do chão pedras gigantescas se levantaram. Voaram como bombas de canhão em direção a Sefiza, que desviou de quase todas, uma lhe acertou a derrubando no chão. Sefiza se levantou irritada.

— Venha. - Disse Agustina com um sorriso. - Eu só comecei.

Sefiza jogou mais baforadas de fogo em direção a Agustina, que com um gesto de mão, o chão diante dela se ergueu criando uma parede na sua frente, bloqueando o fogo. Mesmo assim, chamas que passaram do lado lhe queimou os braços. Sem tempo para perder, assim que o fogo extinguiu, Agustina saltou sobre seu muro e acertou um murro no estômago de Sefiza e depois outro murro em seu rosto. Ia acertar o terceiro quando Sefiza voou para cima.

— Então você usou magia para ficar mais forte. Não se deixe levar.

Sefiza apontou o dedo para Agustina e mais um tornado de fogo saiu de suas mãos, acertando Agustina em cheio. Várias partes do seu corpo se queimou junto com suas roupas. Seu cabelo também. Quando o fogo se extinguiu Sefiza apareceu diante dela e desferiu um golpe que Agustina parou com o próprio braço ferido.

— A terra não é a única coisa que eu controlo. - Disse Agustina.

Com um aceno com a mão livre uma lufada de ar atingiu Sefiza a jogando contra a borda do tornado de fogo que as cercava. Porém o vento não tinha muita força dentro de todo aquele calor e o fogo não machucava Sefiza. Ela parou no ar observando a inimiga.

— Devo admitir que te subestimei, Agustina. Ficar de pé com todos esses ferimentos e ainda conseguir manipular vento com todo esse fogo ao redor. Porém não será o suficiente para me derrotar. Vamos lutar a sério agora. - Sefiza abriu os braços e todo o seu corpo foi coberto por fogo. Agustina não conseguiu deixar de ficar impressionada. Não poderia encostar em Sefiza, pois sairia queimada. - Aqui vou eu. - Disse Sefiza voando em direção a Agustina.

Agustina saltou pra trás e Sefiza acertou o chão deixando uma cratera no lugar. Agustina tirou mais um pedaço de pedra do chão com sua magia e jogou em Sefiza, que apenas com o poder das chamas as repeliu. Agustina jogou outra que também foi repelida. Sefiza jogou suas labaredas de fogo em Agustina, que desviou não sem sair ferida.

Agustina se levantou com dificuldade, ofegando. Fitou Sefiza com olhos vidrados.

— Estou cansada de brincar com você Sefiza. - Agustina fechou os olhos e respirou fundo. Uma energia crescente começou a emanar dela. O que restava do seu cabelo esvoaçava ao seu redor. Ela abriu os olhos e com as mãos limpas foi pra cima de Sefiza.

Ela acertou um murro em Sefiza que atravessou sua armadura de fogo, depois acertou outro e mais outro. Sefiza tentou voar para escapar, Agustina segurou em seu tornozelo, mesmo com o fogo lhe machucando as mãos e braços ela a puxou e a derrubou no chão. Depois de uma sequencia de socos e chutes dados finalmente Sefiza perdeu a consciência. O fogo em torno dela e o que as circulavam se foram.

Don que aguardava do outro lado ansioso viu Agustina toda queimada e correu até ela preocupado. Agustina não lhe deu atenção. Cambaleou até Sefiza, se ajoelhou por cima de seu corpo e pôs a mão na testa dela. Agustina fechou os olhos se concentrando.

— Agustina, o que está fazendo? - Perguntava Don, mas Agustina não parecia escutar.

Quando Agustina abriu os olhos ela estava furiosa. Soltou um grito irado e se sentou de lado de Sefiza.

— O que houve? Agustina? - Perguntava Don.

— Nada. - Bufou Agustina. - Sefiza não tem o que eu quero.

Don ficou curioso para saber o que Agustina queria, mas agora não era o momento.

— Agustina, eu sei que você está muito machucada, mas o Genin, foi envenenado.

— Pelo quê?

— Uma cobra com asas.

— A não. É um basilisco. O veneno deles é mortal. Me leve até ele.

Don ajudou Agustina a se levantar e foram até Genin, que gemia baixinho deitado no chão. Catelyn e Kann estavam sentados do lado dele lhes acariciando os pêlos. Ficaram chocados com todas as feridas de Agustina, mas ela não lhes deu atenção. Se ajoelhando na frente de Genin pôs as mãos em seu focinho e um brilho perolado começou a emanar dos dois.

Fiona se aproximou do grupo com sua flauta mágica em mãos.

— Fiona, vá até sua cidade e mande homens virem buscar Genin. Ele precisa ficar em repouso.

— Farei isso. Todos vocês encontrarão comida e abrigo na nossa cidade em forma de agradecimento. - Fiona partiu em seu cavalo rapidamente.

Quando Agustina terminou o tratamento em Genin tentou ficar de pé, mas caiu, antes de atingir o chão Don a segurou.


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