APOCALIPSE escrita por Thaís Carolayne


Capítulo 11
Glohan




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Kann não suportava a violência do pai, enquanto Hardal parecia não se importar. Hardal adorava o pai e o seguia para todos os lados, enquanto Kann tentava se manter longe. Ele se mantinha lendo junto das empregadas preferidas de sua mãe, Gida e Mura.

Gida era a mais velha, uma senhora branca de cabelo preto, com alguns grisalhos aparecendo, a outra era um pouco mais jovem, também branca de cabelo castanho. Na ausência da mãe, as duas cuidavam de Kann e Hardal, mas Kann era o mais querido por elas. Ele era mais doce e carinhoso.

— Kann. - Dizia Gida. - Cuide da sua mãe. Seu pai é muito cruél.

— Por que papai faz isso?

— Foi ensinado ao seu pai que é assim que se trata as mulheres. Mas isso não é verdade, meu querido. Não se deve tratar mal as pessoas que amamos.

— Quando você for mais velho, Kann, deve ser um lorde melhor do que seu pai foi. - Pediu Mura.

— Eu serei, Mura. Hardal contou ao papai o que a mamãe dizia.

— Hardal é muito jovem ainda e não sabe o que é certo.

Gida e Mura queriam que isso fosse verdade, mas sentiam a maldade do pai em Hardal. Mas não seriam elas a falar ao pobre Kann. Ele perceberia com o tempo.

 

Quando Kimberley finalmente foi libertada ela não voltou a conversar com os filhos sobre o pai, e sua existência que já era triste ficou ainda mais depressiva.

Kimberley agora passava várias horas por dia deitada na cama. Kann se deitava com ela. Ela acariciava os cabelos do filho e ficava repetindo "Meu doce filho, meu doce filho.". Passado seis meses depois de tudo isso Kimberley foi encontrada morta em seu quarto. Ela se enforcou com um lençol amarrado no alto do mosquiteiro da cama.

Quando Kann ficou sabendo ele correu desesperadamente para o quarto, mas Mura o segurou na porta e não deixou que ele visse o corpo, todos chorando amarguradamente.

 

No enterro da mãe Kann e Hardal foram mandados ficar ao lado do pai. Aos cidadãos foi informado que a senhora Kimberley morreu de doença. Mas os boatos dos maus tratos do senhor surgiram rapidamente. Não que alguém fosse fazer algo por isso.

Naquele dia Kann descobriu o sentimento de ódio.

 

— Foi bom sua mãe ter morrido. - Disse Cristiano aos filhos. - Ela não lhes dava a educação necessária.

Kann apertou o punho, mas se manteve calado.

— Kann, você é o mais velho. E apartir de agora será treinado para ser um lorde. Hardal era o mais indicado para me suceder, mas devemos seguir a tradição. Deixará de ser esse marica que a mãe criou.

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— Desde então eu sempre quis deixar meu lar. - Disse Kann para Catelyn.

— Kann, eu sinto muito. - Catelyn havia parado de chorar e prestava atenção na história de Kann.

— Pelo menos agora meu pai pode realizar o sonho dele de colocar Hardal com sucessor.

— Kann, desculpe te incomodar com os meus problemas tão banais.

— Seus problemas não são banais. Eu só te contei porque queria contar.

— Eu vou voltar pro meu quarto. Obrigada por me ouvir.

— Eu que agradeço.

 

Na manhã seguinte Jena preparou roupas novas para seus heróis, que receberam de bom grado. Também lhe deram suprimentos e água para que continuassem a jornada.

Don e Agustina não se comportaram como um casal. Catelyn e Kann não ficaram surpresos por isso.

Partiram sob despedidas calorosas e logo também deixaram a Passagem de Pedra para trás.

 

Se passaram alguns dias de viagem. Os cenários mudavam constantemente. Até que um dia se depararam com uma floresta verde e exuberante.

— Essa floresta será perigosa como a Tsubami? - Perguntou Catelyn receosa.

— Não. - Disse Agustina. - A Floresta da Morte foi a mais perigosa que já atravessei. Há uma cidade depois dessa floresta, e há boatos de um artefato muito poderoso lá. Quero conferir se não é um dos espíritos aprisionados.

Adentraram a floresta. As cores do lugar eram vivos e brilhantes. Haviam vários sons, principalmente de aves cantando. Passaram por eles um grupo de animais voadores, pareciam peixes coloridos, com longas caldas e barbatanas, eles deslisavam no ar como se estivessem na água.

— Isso é incrível. - Disse Kann.

— Sim. O fim do mundo não trouxe só coisas ruins. - Disse Agustina.

Kann ficou sem entender o que ela quis dizer.

O caminho por dentro da floresta durou três dias. Durante esse período também viram alguns felinos de porte médio, eles tinham antenas perto das orelhas. Genin ficou louco para persegui-los. E também viram um pequeno macaco dourado com asas e um rabo longo. Todos esses animais nunca foram vistos no vale Mallakai.

Quando finalmente atravessaram a floresta avistaram as casas de madeira ao longe.

Ao entrarem na cidade perceberam que as casas tinham aparência muito pobre e os cidadãos pareciam pessoas cansadas e cabisbaixas. Só reagiram quando viram o grande manue caminhando pelas ruas. Alguns saíram correndo assustados, outros que viram o rapaz montado nele observaram com curiosidade.

Um senhor apoiado em uma bengala veio até eles. O senhor andava encurvado, tinha a pele danificada e já não possuia nenhum cabelo.

— Vocês, viajantes, estão de passagem?

— Não senhor. Estamos a procura de um artefato muito importante. - Disse Agustina.

— Lamento dizer, minha jovem, mas todos os artefatos descobertos aqui vão para o castelo do rei Wendell.

— Vocês são escravos?

O senhor não respondeu.

— Somos! - Gritou uma jovem saindo da multidão. - E se vocês não tem mais nada pra fazer aqui, sigam caminho. Ou acabarão nos dando problemas.

— Vocês não querem se libertar da escravidão?

Todos hesitaram.

— Me mostrem onde estão os mais importantes artefatos e nós os libertaremos da escravidão.

— Vocês quatro não são o suficiente para derrotar os guardas de Wendell.

— Se nós os derrotarmos, vocês nos ajudarão?

Ninguém respondeu. Mesmo que a Agustina falasse a verdade, eles sabiam que o exército de Wendell poderia voltar e voltariam a escravisa-los.

— Eu ajudo. - Disse a mesma moça de antes.

Algumas pessoas ajudaram a esconder as montarias deles, caso algum guarda do rei Wendell aparecesse. Nenhum cidadão da cidade tinha uma montaria própria.

— Eu me chamo Nainne. Estou cansada de ser uma escrava de Wendell. Eu os ajudarei, mesmo que custe a minha vida.

— Ficamos gratos Nainne. - Disse Don.

— Venham comigo. Eu os levarei até as ruínas.

Nainne caminhou com o grupo por um tempo dentro da mata os guiando. Para o grupo todo o caminho parecia igual aos seus olhos. A mata era fechava e se perder ali era fácil, mas Nainne caminhava com confiança.

Genin parou de repente, erguendo o focinho e farejando o ar. Em seguida logo começaram a escutar o barulho de algo se movendo na vegetação. Do meio dos arbustos saiu um enorme leão branco, rugindo contra eles.

Genin rosnou pra ele.

— Não, Genin! - Gritou Agustina. - Ele é forte demais, corram!

Nainne correu na frente e o restante a seguiu. O leão saiu em disparada atrás deles. No meio da corrida Agustina se virou e bateu a mão no chão. A terra tremeu e debaixo das patas do enorme leão o chão se abriu numa enorme vala e o animal caiu lá dentro.

— Boa! - Exclamou Don.

— Olhem. A ruína é logo ali na frente. - Disse Nainne apontando.

Do meio da vegetação se erguia uma construção antiga, que na verdade era um laboratório científico. Agustina soube o que tinha sido aquilo no passado, mas para o restante do grupo aquilo não era comum.

A entrada era antes portas de vidros que agora não existiam mais. As paredes que antes eram brancas tinham agora apenas cor de sujeira e rachaduras. Algumas paredes até destruídas. A vegetação estava tomando conta das paredes e do chão. A primeira sala que entraram era um lugar amplo. Provavelmente o que teria sido a recepção um dia.

— Esta construção apesar de parecer pequena por fora, tem vários corredores e salas por debaixo do chão. É aqui que os soldados de Wendell nos fazem trabalhar. - Disse Nainne.

Entraram em um corredor largo. Haviam salas dos dois lados. No final do corredor havia uma escadaria que descia para o subsolo. Não dava pra ver o que havia a frente devido a escuridão. Don sacou sua espada, Ershin, transferiu sua energia pra ela e uma luz branda erradiou da lâmina. Eles desceram. No andar de baixo haviam mais corredores e salas. Eram muito parecidos com o anterior.

— Quando os soldados informarem que as explorações nessas ruínas acabaram, provavelmente nos levarão para outras ruínas. É assim que tem sido. - Informou Nainne.

De repente o chão rangeu debaixo das patas de Genin. Todos pararam prestando atenção no som, então o chão cedeu e todos caíram.

Don acordou não sabe quanto tempo depois. Estava no escuro. Tateou o chão e sentiu o cabo de sua espada. A pegou e a fez iluminar o local. Viu seus amigos ao redor acordando também.

— Vocês estão bem?

Todos responderam que sim.

— Onde estamos? - Perguntou Catelyn.

— Parece mais um salão. - Disse Kann escutando sua voz ressoando nas paredes ao longe, que não davam para serem vistas pela fraca luz radiando da espada de Don.

— Eu não sabia desse lugar. - Disse Nainne.

— Já que estamos aqui, vamos explorar. - Disse Don tomando a frente. Genin logo do lado dele.

Caminharam por um tempo, até finalmente se depararem com um grande tubo de vidro que ia do chão ao teto. Don emanou mais de sua energia para a espada e a luz aumentou. Viram dentro do tubo uma estátua de um macaco, entalhada em uma pedra de opala azul com cerca de 30 centímetros. Todos se maravilharam com a beleza da peça, apenas Agustina que encarava aquilo estupefada.

— Glohan! - Exclamou Agustina.

— Você sabe o que é isso? - Perguntou Don.

— Nessa pedra está o Vitae da Destruição, Glohan! - Disse Agustina. É um espírito muito violento e perigoso.

Genin ergueu as orelhas atento e gruniu para Don.

— Alguém está vindo. - Disse Don. - Todos correram para trás de uma grande viga de concreto que estava tombada no chão e se esconderam lá atrás. Don extinguiu a luz da espada.

Depois de um tempo avistaram uma tocha ao longe na escuridão e logo o som de passos ficaram audíveis aos ouvidos humanos. Viram que eram dois homens. Um usava roupas largas, parecendo um monge e o outro usava roupas largadas, parecendo um bêbado.

— Você ouviu barulhos por aqui? - Perguntou o parecido com monge.

— Sim.

Logo depois chegou uma mulher com um longo vestido de princesa.

— Quíron, Cripim, alguém machucou Madorn.

— Mima, não há ninguém nessa floresta forte o suficiente para derrotar Madorn. - Disse o monge, que na verdade se chamava Quíron.

— Ele estava desmaiado dentro de um buraco com pedras por cima. E não havia aquele buraco antes. Alguém com um artefato fez aquilo.

— Esses três são os comandantes dos guardas daqui. - Sussurrou Nainne. - São muito cruéis.

— Então temos visitas. - Disse Quíron.

— Vamos nos livrar deles antes que Sefiza ouça falar deles.

Quíron e Cripim concordaram.

— Será que eles já viram o Glohan? - Perguntou Cripim.

— Não sei. - Disse Quíron. - Mesmo assim não me sentirei bem se não mata-los imediatamente.

O grupo partiu sem perceber Don e seus amigos. Quando se distanciaram o suficiente eles saíram do esconderijo.

— Glohan é uma arma muito perigosa. Antes ninguém foi capaz de controla-la, por isso foi guardada nesse vidro. Não podemos deixar que esse espírito caia nas mãos de Wendell.


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Notas finais do capítulo

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