(Por Federico)

Sentamos no banco e ela disse:

– A noite tá tão bonita né.

– É.

Ela apoiou a cabeça no meu ombro e disse:

– Como é que eu tô?

– Bonita.

– Não é isso, na vida real, eu tô bem ou tô mal?

– Você quer saber a verdade?

– Claro.

– Você não tá muito bem.

– Então eu tô bem mal.

– Eu não disse isso.

– Mas é um jeito mais sensível de dizer que eu tô beeem mal.

– Mas não vai acontecer nada.

– Fede, eu não quero acordar.- Ela me abraçou.

– Mas se você não acordar é sinal que você morreu e, por mais que fossemos ficar juntos, eu não quero que você morra, eu quero que você fique bem.

– Você não tem saudades da sua mãe?

– Tenho, muita.

– Imagina como ela ficaria se acontecesse com você, se você tivesse morrido e ela soubesse que era tudo real.

– Por que é tudo tão complicado!

– Não é não. Eu vou continuar com você, mas você não vai me ver.- Ela me olhou e vi que escorreu uma lágrima do olhos dela.

– Não Ludmila, não chora!

Começou a ficar tudo escuro, sim, ela estava acordando e não tinha nada que eu podia fazer.

(Por Ludmila)

Tudo estava escurecendo eu o olhei e comecei a chorar.

– Não Fede, não me deixa.- Ele começou a chorar também.

– Ludmila, eu te amo e você sabe disso. Eu vou ficar com você nunca vou te deixar.

– Eu também te amo.

– Eu vou cuidar de você, não se preocupe, eu vou ficar com você, se lembre isso.

Eu o beijei e do nada estava numa sala branca, com um monte de gente em volta de mim, eu me sentia muito fraca, então escutei a voz da minha mãe gritando meu nome, minha visão estava meia turva, mas logo foi melhorando, vi minha mãe ela me abraçou e disse:

– Que bom que você acordou, eu estava tão preocupada!

Quando ela saiu de perto de mim, eu disse com uma voz meio fraca:

– Cadê ele?

Os médicos se olharam e se perguntaram:

– Ele quem?

– O Federico.

...