A Origem do Trono - A Seleção escrita por Alice Zahyr


Capítulo 14
Um traidor entre os traidores


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeey! Pessoaaaaaaas! Desculpem a demora, hehe e.e Deu um bloqueio doido aqui, mas hoje sentei pra escrever depois de muita insistência da Gigi Satana U_U Nos vemos nas notas finais!



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Apenas um dia havia se passado desde que Cher fora envenenada e a cura lhe fora dada através de um "ajudador" anônimo, mas o tempo pareceu passar muito mais rápido.

Um barulho no meio da noite fez com que Natalie acordasse. A morena costumava ter um sono leve, qualquer som a despertava facilmente.

Natalie levantou-se sem fazer barulho e abriu uma brecha na persiana prateada da janela, olhando para o lado de fora. O inverno estava no auge depois de algumas semanas iniciado, de forma que seus dedos praticamente congelaram ao tocar no vidro gelado. Ao dar uma olhadela rápida no relógio ao lado da cama, Natalie constatou que ainda era muito cedo. Três e sete da madrugada.

Assim que voltou os olhos para o lado de fora, quase ficou cega. Uma luz extremamente forte bateu bem em sua janela, obrigando-a a abaixar-se.

Au, droga! - ela sussurrou, piscando incessantemente até que não visse mais círculos luminosos atrás das pálpebras.

– Tudo limpo - uma voz disse do lado de fora.

Natalie arquejou e levantou-se novamente apoiada à parede até poder observar pela brecha da janela quem estava passeando perto de sua cabana. Poucas pessoas sabiam onde ela morava - quando não dormia no dormitório - além de Tevon.

A mercenária estava com o sangue fervendo, ansiosa e excitada por investigar de quem se tratava, mas assim que levantou as persianas, tudo o que viu foi um vulto de luz.

Uma lanterna.

Natalie franziu o cenho.

Outro vulto percorreu a calçada, sumindo entre a floresta. Era um homem encapuzado e carregava um pacote nas mãos. Estava envolto em fita crepe e possuía deformidades na superfície.

– Ei - ela disse. - Isso é...

Natalie balançou a cabeça.

Não, não era isso. Bem, não podia ser.

Quem estaria comprando drogas na Cidade Sem Nome?

***

Pelo resto da noite, Natalie não conseguiu fechar os olhos. Toda vez que o fazia, lembrava-se do que acabara de ver e isso acabava acordando memórias dolorosas dentro dela.

Às seis da manhã, quando o primeiro raio de sol surgiu no horizonte, Natalie Parker calçou as botas e vestiu sua jaqueta.

Só havia uma pessoa com quem poderia contar para descobrir o que estava acontecendo.

***

Tevon caiu da cama com o susto que levou ao ouvir a porta de seu quarto ser esmurrada até quase cair.

– Só um segundo - ele murmurou, ainda tonto, ao ver as horas.

Andando em direção a porta, Tevon tropeçou nas roupas que estavam espalhadas pelo chão. No entanto, como estava completamente cego, mal lembrou-se de que deveria, primeiro, pegá-las e vesti-las antes de abrir a porta.

Abriu a porta.

– Hum? - perguntou, bocejando.

Natalie arregalou os olhos e arqueou as sobrancelhas.

– Tevon. Onde estão suas roupas? - perguntou.

Tevon fez uma careta.

– O que? Não estou sem... - ao olhar para baixo algumas vezes, ele enfim se deu conta da realidade.

Sua cabeça latejava tanto agora que recobrara a consciência que ele mal teve tempo de reagir quando viu Natalie adentrar seu quarto de supetão.

– Uau - ela riu, agachando-se e levantando um sutiã do chão. A morena virou-se na direção de Tevon e deu um sorriso. - Que bom que aproveitou sua noite.

Tevon passou as mãos no rosto e gaguejou ao tentar explicar:

– Não foi nada disso que você...

Natalie passou a mão no ar, interrompendo-o.

– Você não me deve nada, Tevon. - Ela disse, calmamente. - Estou indo.

Ele puxou uma calça para cobrir a parte de baixo de seu corpo. Simplesmente não sabia o que dizer enquanto via Natalie deixar seu quarto tão rapidamente quanto havia entrado.

– É só que... Isso é no mínimo antiético - explicou, olhando para a cama de Tevon.

Antes que ele visse, Natalie já havia desaparecido.

Tevon sentou no chão e passou as mãos nos cabelos, suspirando, frustrado e com raiva. Droga, Natalie tinha de chegar logo naquele momento!

– Tevon? - uma voz sonolenta o chamou, bocejando logo em seguida. Ele deu um sorriso triste. - O que... aconteceu? Era Natalie?

Ele assentiu com a cabeça.

A garota levantou-se rapidamente, esbarrando na própria farda. Dormir com aquilo fê-la sentir como se a roupa houvesse colado em seu corpo.

– Ah, não, droga, droga, droga - ela praguejou, recolhendo as roupas íntimas do chão. - Ela acha que nós...?

Tevon assentiu novamente.

Ela arregalou os olhos, apavorada.

– E você disse que não?!

Tevon não respondeu.

– Não acredito! Meu Deus - a garota lamuriou, direcionando-se à porta. - Eu vou atrás dela agora.

Tevon levantou-se rapidamente e impediu-a de sair.

– Nem pense nisso! - Ordenou, sério. - Deixe que eu falo com ela. Depois.

A garota adquiriu uma expressão de desespero.

– Kiva - Tevon insistiu - eu posso lidar com isso.

– Mas a culpa não foi sua - ela choramingou, colocando a cabeça entre as mãos.

Tevon suspirou.

– Mesmo assim - ele falou, fechando a porta. - Agora, é melhor você voltar para a sua amiga. Ela precisa de você.

Kiva assentiu, quase azul de vergonha.

– Obrigada - agradeceu, deixando-o.

***

A enfermeira entrou no quarto de Cher cautelosamente, para não acordar a garota. Trazia mais soro nas mãos - era a sexta reposição - assim como água fria e um manto para cobri-la. A madrugada fora tão fria que ainda havia neve depositada nos vértices das janelas, mesmo depois do sol ter nascido.

– Bom dia - Cher sussurrou, olhando para o lado.

A enfermeira lamentou tê-la acordado, fazendo uma expressão triste.

– Não se preocupe - a garota assegurou, sorrindo. - Já dormi mais que o bastante.

Ela trocou seu soro e cobriu-a delicadamente.

– Como está? - perguntou, esperançosa.

Cher esticou os braços e aconchegou-se no cobertor.

– Bem - respondeu. - Obrigada por tudo, senhora.

A enfermeira assentiu com um aceno e deixou-a só, saindo pela porta de seu quarto em silêncio.

Cher olhava pela janela à procura de alguém. Quando sentia-se já extremamente entediada, viu Kiva a pressos rápidos pedir permissão para visitá-la. Depois de alguns minutos de insistência, finalmente fora liberada.

– Cher! - ela correu para abraçá-la. - Como você está?

A loira balançou a cabeça, achando graça.

– Bem - respondeu.

– Pensei que tínhamos perdido você - Kiva disse, suspirando. - Você ficou dois dias aqui, se recuperando. A madrugada de ontem foi a pior da minha vida.

Cher franziu os lábios, lamentando juntamente com Kiva.

– Cher... Como diabos você foi envenenada por uma cobra branca?

– Não é algo comum no Sul? - Cher questionou, fazendo uma careta. A enfermeira lhe dissera na tarde anterior sobre o incidente, mas a loira não se perguntara sobre isso até agora.

Kiva meneou a cabeça.

– Não, Cher. Elas só existem aqui, mas não costumam sair por aí envenenando as pessoas.

Cher ficou pensativa por um tempo antes de finalmente respondê-la.

– Bem, eu... Só me lembro de estar tomando sol, ou pelo menos tentando - ela riu - quando, de repente, uma cobra branca se aproximou de mim e picou meu braço. Eu sequer a vi se aproximar, ela simplesmente apareceu.

Kiva franziu o cenho, confusa.

– Onde você estava? Estava só? - perguntou.

– É... - Cher coçou a nuca. - Eu... Estava...

– Cher - Kiva pressionou-a. - Com quem você estava?!

A loira mordeu o lábio, nervosa.

– Cher!

– Eu estava com Rick! - ela cedeu.

Kiva arregalou os olhos e levantou-se. Estava furiosa.

– Não acredito que você está se encontrando com aquele... Cher! Cher - Kiva aproximou-se da amiga e olhou-a nos olhos - você não deveria nem mesmo pensar nele! C-como você pode fazer isso? Não se lembra do que ele fez a você?!

Cher desesperou-se.

– Eu sei, Kiva, eu sei! Mas... Rick me pediu perdão. E eu o perdoei.

Kiva abriu a boca, fazendo seu queixo cair.

– Você vinha se encontrando com ele antes?!

Cher curvou os ombros e fechou os olhos.

– Nós... Havíamos voltado, na verdade.

Kiva ficou paralisada.

– Kiva, me deixe explicar! Sei que o que ele fez foi horrível, mas eu o perdoei e você precisa acreditar em mim. Ele mudou, está em seu rosto! - Cher argumentou.

– Não acredito que você estava... Cher, por favor, me...

Kiva foi interrompida por Hector, que entrou na sala com uma expressão confusa. Ele segurava um papel nas mãos e na outra, um pequeno tubo de vidro com sangue.

– Agora eu sei porque não conseguia obter o veneno através de seu sangue - ele disse, curvando a cabeça em desconfiança. - Seus níveis de HCG estão incrivelmente altos, Cher.

Cher levantou uma sobrancelha, completamente alheia ao que ele dizia.

– Bom dia, Hector, estou muito bem, obrigada por perguntar - ela disse, irônica.

Hector apressou-se:

– Desculpe, é que... Descobri algo muito curioso e estou confuso, Cher.

Kiva cruzou os braços.

– O que diabos é HCG? - perguntou.

Hector arrumou os óculos.

– É... Um hormônio. - Explicou. - Que indica algo chamado gravidez. Conhecem?

Cher e Kiva se entreolharam, arregalando os olhos.

– C-c-como é? - Cher perguntou, boquiaberta.

– Cher, eu acho que você está grávida. - Hector respondeu, franzindo os lábios para baixo.

***

Depois de vestir sua farda, o líder dos mercenários percorreu os corredores em direção à porta de saída do dormitório do Comando Geral. Os dois guardas posicionados do lado de fora tinham, cada um, duas metralhadoras RPD. Eles prestaram continência instantaneamente assim que viram Tevon.

– Preciso de um motorista - ele informou.

Um dos guardas rapidamente alertou o grupo dos motoristas pelo rádio. Em segundos, um carro preto chegou em frente ao dormitório.

Tevon entrou.

– Para o antigo Starine Building - ordenou, com voz dura e firme.

O motorista assentiu, pisando no acelerador com força.

Tevon olhou pela janela da carro, agoniado com a situação com Natalie. Ainda precisaria pensar no que dizer quando a visse novamente, antes que ela cometesse alguma besteira.

Conhecia Natalie Parker; Kiva corria risco à toa.

É claro que, antes de tudo, a morena iria deixar bem claro o amor por si mesma usando de toda sua indiferença para com Tevon. Talvez, depois, decidisse aprontar algo. Algo pequeno. Mas o pequeno de Natalie era a tragédia dos iniciantes.

Tevon observava as ruas da Cidade Sem Nome conforme o carro percorria o caminho até o Starine Building, um antigo prédio no Sul que fora anos antes um importante império de advocacia. Quase na divisa com o México, ganhava muito dinheiro com os mexicanos que procuravam formas de entrar para os Estados Unidos legalmente. Agora, era apenas cinzas de uma guerra civil.

Cinzas que seriam reerguidas em breve.

O carro estacionou em frente ao prédio. Tevon desceu e entrou, certificando-se de estar com as armas nos lugares estratégicas.

Alguns mercenários já haviam chegado mais cedo, e estavam em prédios específicos ao redor, prontos para protegê-lo.

Ele mexeu no ouvido sutilmente. Aprendera a usar de truques discretos com o tempo.

– Podem me ouvir? - perguntou, assobiando enquanto fingia arrumar a gola da farda. O brasão dos Mercenários, caveiras cruzadas, reluzia na cor de prata sob o sol tímido que erguia-se no céu. Os mercenários disseram que sim, dando sinal verde para que Tevon seguisse em frente. - Fiquem atentos.

Precisou descer quatro lances de escada até o subterrâneo. Seguia as setas, pintadas sob o carpete sujo.

Quando finalmente alcançou a primeira porta existente, foi surpreendido por um saco colocado brutalmente em sua cabeça.

– Droga - sussurrou.

Os outros homens foram mais rápidos. Guiaram-no às cegas mais andares abaixo, até que enfim o jogaram numa cadeira.

– Tire a escuta - mandaram.

Tevon mordeu a bochecha por dentro da boca, irritado. Em seguida, arrancou fora a escuta e jogou-a no chão.

Pronto.

– Não deveria ter-nos negligenciado - uma voz disse.

– Talvez eu tivesse escutado se não me deixasse cego toda as vezes que nos encontramos! - Tevon indignou-se.

Um silêncio perigoso instalou-se na sala por alguns minutos até que alguém disse:

– Tudo bem. Tirem o capuz.

De forma grotesca, arrancaram o capuz de sua cabeça. Tevon abriu os olhos, ansioso para enxergá-los.

– Então... Vocês são os traidores de Illéa? - perguntou, reprimindo um sorriso.

Os quatro homens assentiram. Estavam com capuzes que cobriam seus rostos.

– Somos nós. E seremos breves. Nos responda sem delongas - o mais alto deles disse.

Tevon ergueu as mãos, em sinal de rendição.

– Por que veio atrás de nós? - perguntaram.

– Preciso de reforços para uma missão - respondeu.

Entreolharam-se, desconfiados.

– E como veio atrás de nós?

Tevon respirou fundo. Precisava mentir bem, agora.

– Tenho minhas fontes - provocou.

Um dos homens agarrou a gola de sua farda e o ergueu com brutalidade. Tevon reparou que eram fortes. Mas não tanto para lhe causar medo.

– Quem é sua fonte?

Tevon rolou os olhos.

– Estou com um dos escolhidos - ele explicou, sua expressão facial insinuante.

O homem não gostou nada de sua resposta.

– Quem é? Eu não me lembro de já ter dado uma segunda chance a algum escolhido que não nos escolheu de volta - ele disse.

Tevon sorriu.

– Mas essa é a segunda chance. Estou escolhendo vocês de volta.

O homem franziu o cenho sob o tecido negro que cobria seu rosto.

– Como assim?

– Ora - Tevon disse. - Eu fui escolhido pela máfia de vocês há poucos meses. Não se lembra?

Ninguém disse nada. Estavam receosos.

– Talvez se lembrem se eu disser que... Eu fui aprovado na melhor faculdade de ciências de Illéa - Tevon blefou.

O homem semicerrou os olhos e aproximou-se de Tevon, observando seu rosto por um bom tempo.

– Então é você. Você não tem cara de quinze anos - observou.

– Fiz dezesseis ontem - ele apressou-se, erguendo o queixo.

– É claro... - o homem franziu o nariz, desconfiando. - Tudo bem. Se você o for mesmo, provará para nós.

Tevon deu de ombros.

– Faço o que quiserem.

– Ótimo - ele disse. - Mas por que você voltou? O que está fazendo com os mercenários? Pensei que Tevon jamais o deixaria partir, você deve ser muito útil a ele. Pelo que sei... Tevon o protegeria como uma águia no ninho - ele disse, sarcástico.

– Tevon não é ninguém nos mercenários. - Mentiu. - Natalie Parker é a líder.

– Hum, faz sentido. Porém, não a conheço. Ela é sulista pura ou também é uma traidora de Illéa? - o homem questionou, rondando-o.

– Não faço a mínima ideia. Não a conheço muito. - Tevon explicou.

Os outros dois homens deram um sinal com a cabeça para que fossem embora.

– Hora de ir - avisou. - Certo, garoto. Esteja aqui amanhã quando o sol se por. Vamos ver se você é mesmo quem diz ser.

Tevon assentiu, mantendo os olhos fixos no homem.

– Você vai ver que sou - garantiu.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? PORQUE EU TÔ MOOOORTA COM ESTE CAPÍTULO *0* X_X Espero que vocês tenham curtidos os MILHARES de segredos aqui brotados e.e Gente, Alice né. Encéfalos vão voar depois desse capítulo, KKKKK. COMENTEEEEEEEM!!!!!!!!!!
Alice



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