Gordon carregava-me aos prantos até o quarto de Andrea, foi quando me lembrei de que ela havia perdido o bebê fazia algum tempo, naquela noite mesmo. Eu odiava lembrar daquilo, parecia que aquilo nunca ia sair da minha mente. Parecia que mesmo andando pelo corredor, parecia que nunca íamos chegar ao lugar desejado. Paramos na frente do quarto dela que Willian também compartilhara. Foi então que decidi dizer a ele, parei em sua frente, eu não era tão alta, minha cabeça batia em seu peito, me deixando numa altura suficiente para que eu pudesse encostar minha cabeça nele.

            Mais e mais lágrimas caiam de meus olhos, molhando o meu rosto e cada vez mais eu queria que aquilo que estava ocorrendo ali fosse um sonho.

            - O que foi, Elaine? – perguntou ele, colocando as mãos nas maças de meu rosto e direcionando minha cabeça para que eu pudesse olhar em seus olhos.

            - A Rainha perdeu o bebê! – exclamei, soluçando e encostando minha cabeça em seu peito. Eu sabia que ao fazer isso suas vestes ficariam molhadas, mas ele não se importava.

            Gordon ficou em silêncio, ele apenas acariciava meu cabelo e cantava uma canção bem baixinho, eu não conseguia ouvir a letra, mas a melodia era tão bonita que eu fui me acalmando lentamente. Eu realmente o amava, mas o que fazer se ele amava outra?

            Ele colocou a mão em meu rosto novamente, fazendo com que eu olhasse em seus olhos mais uma vez, eu pude ver seus olhos castanhos de encontro aos meus, como eles eram bonitos e cheios de vida.

            - Elaine, minha prima, minha amada, eu tenho algo a lhe dizer – sussurrou ele, e logo após fazendo uma longa pausa.

            - Diga, meu primo!

            - Eu realmente não sei por onde começar, mas... mas o que tenho para te falar é algo que só conseguirei neste momento. – E novamente ele fez uma pausa e completou a frase com: – Eu te amo, Elaine, te amo imensamente!

            Gordon beijou-me, foi um beijo tão profundo e sincero, eu realmente o amava e não havia nada nesse mundo que nos separasse.

            - Casasse comigo Elaine? – perguntou ele me abraçando.

            E eu concordei com a cabeça, sem palavras. Mas antes que pudéssemos ficar felizes com isso, tínhamos que contar a Andrea sobre seu marido, meu Rei, o Rei de toda Bretanha. Foi então que abri a porta e vi Andrea deitada de costas para a porta, entremos sem fazer barulho, Camille e mais duas meninas estavam ajoelhadas em volta do leito da rainha rezando um terço, pude ver que era as mesmas meninas da noite passada e nós não entediamos o que estava ocorrendo ali.

            Camille levantou a cabeça e me viu parada ao centro do quarto, Gordon segurava minha mão e minhas lágrimas haviam se cessado e foi quando ela veio em minha direção e me abraçou, larguei a minha mão da de Gordon e abracei-a, eu realmente estava curiosa para ver o que estava ocorrendo ali, eu esticara o pescoço para ver acima do ombro de Camille, mas ainda não entendia o que ocorria ali.

            Foi então que em prantos Camille me disse:

            - Ela morreu, sangrou até a morte e ela não quis tomara nada para que cessasse o sangramento – ela soluçou e respirou fundo – A ultima coisa que ela disse foi... foi... Que Elaine cuide bem de todas as minhas damas e de meu marido, e diga mais uma coisa a ela: Eu a amo, amo como uma irmã que nunca tive!

            Se Camille não estivesse me segurando em seus braços eu teria desmaiado naquele instante. Lágrimas caiam de meus olhos novamente e desaguavam em minha boca, me larguei dos braços de Camille quando eu estava mais calma e corri ao encontro de Andrea, ela ainda estava com o seu vestido azul e ele permanecia manchado de sangue a palha já fedia, mas eu não me importava, ela era tudo para mim, minha irmã, eu a amava! Beijei seu rosto e sussurrei em seu ouvido:

            - Eu cuidarei muito bem de seu reino!

            As outras damas olharam espantadas para mim, foi então que eu anunciei o que Gordon devia falar para Andrea:

            - Hoje nosso Rei e nossa Rainha partiram e estarão em encontro de Deus. Deus os chamou e temos que atender a vontade dele.                   

             Camille me abraçou novamente, ela chorava cada vez mais, mas minhas lágrimas haviam se cessado eu não via motivo para chorar mais.

            - Chame Meagan e peça para que ela me ajude a vestir a Rainha, pegue o vestido cor de rosa de rendas...

            - E para o Rei a sua roupa de festa – completou Gordon – Eu mesmo o vestirei.

            - Chame o bispo também, para que ele decida o que vai fazer com os corpos.

            O bispo entrou no quarto minutos depois, vestindo sua roupa de celebração.

            - Você me chamou, senhorita Elaine? – perguntou ele, sem fazer nenhuma reverencia, ele nunca gostara de mim.

            - Senhor, como já sabe nosso Rei faleceu, mas tenho uma outra noticia para dar a ti, a Rainha também está junto de Deus agora. E queremos...

            - Sua bruxa! – gritou ele – Você não derrama nenhuma lágrima – completou ele.

            - Eu não deixo você falar assim com minha noiva! – gritou Gordon que agora seria o novo rei da Bretanha. – Vamos enterrá-los em frente do convento de

Glastumbury e partiremos daqui pela manhã. Os bárbaros nos deixaram 10 dias para que tivéssemos tempo de fazer um enterro digno de um Rei. Quando voltarmos, celebraremos meu casamento com Elaine, não será algo grande, apenas pequeno e mande cartas para os reinos amigos para mandarem soldados... Obrigado! – e Gordon completou com uma reverência.