Pela tarde, tudo que podíamos ouvir eram pedras batendo no portão de entrada. O inimigo atacava com tudo e eu sabia que uma hora ou outra eles estariam dentro das redondezas do castelo. Rei Gordon deu a ordem de levar todas as mulheres e enfermos para dentro do castelo e proteger cada porta e isso foi feito. Novamente, todas as mulheres e crianças estavam reunidas em um dos quartos. Bebês choram e crianças se aconchegavam no colo das mães.

Infelizmente, iríamos visualizar uma cena de guerra e eu rezava por cada alma. Como eu odiava a guerra! Ouvimos algumas pedras caírem e deduzi que era parte de muro que tinha ido abaixo. 

Eu queria sair daquele lugar e entender o que ocorria lá fora. Levantei-me da cadeira onde estava sentada, alisei com as minhas mãos a parte de trás do vestido que amassara e caminhei em direção à porta do quarto. Bati com a mão fechada na madeira e uma guarda abriu a porta.

- Preciso falar com meu marido – disse.

- A ordem do meu senhor, foi que todos ficassem seguros. 

O soldado nunca deixaria eu sair dali. Então, não continuei com o protesto, apenas dei meia volta e sentei na cadeira novamente. 

O pôr do sol chegou, deixando o quarto inteiro da cor laranja. E os barulhos da guerra se cessaram. Levantei da cadeira preocupada. Comecei a andar em círculos pelo quarto e eu sabia que todos me observavam. 

A porta do aposento se abriu e o guarda que anteriormente não havia me deixado sair, disse:

- Seu marido está lhe chamando, minha senhora.

Fiz um aceno de cabeça para Meagan, para que a menina que acompanhasse. Outro guarda nos acompanhou até onde Gordon estava. Ele discutia com os demais nobres um assunto que eu não entendia. Um dos homens o cutucou para que ele se virasse e pudesse ver que eu estava as suas costas. 

Ele veio em minha direção de braços abertos e abraçou-me. Puxou-me pelo braço até um local onde ninguém poderia nos ouvir e explicou o que ocorria:

- O inimigo está negociando um acordo conosco. Se nos rendemos, eles não machucarão nosso povo...

- E o que ocorrerá conosco? – era a única coisa que pensava.

- Iremos com eles...

Eu já sabia a resposta, mas eu precisava ouvi-las. Abracei-o e beijei seus lábios. 

- Se essa for a melhor opção para nosso povo, eu concordo que devemos aceitar.

Gordon beijou minha testa como sempre fazia e eu sabia que aquele era um gesto de confirmação. Meu amado deu as costas a mim e foi se encontrar com os demais. Meagan veio em minha direção e perguntou ao perceber lágrimas em meu rosto:

- O que Gordon lhe disse?

- Disse que ficaremos a salvo com o acordo que o inimigo nos propôs – respondi engolindo o choro. Aliás, rainhas não choram.

Vi meu amado se retirando da presença dos nobres e saindo pelo portão desmoronado em direção ao inimigo. Caminhei até o local que poderia vê-lo. Dois soldados o acompanharam, um de cada lado e ele ao meio montado a cavalo. 

O líder dos bárbaros esperava Gordon na frente do pelotão de batalha. Meu amado se aproximou e desceu de sua montaria, pois o outro também não estava montado. E iniciaram o acordo que não podia ser ouvido por ambas as partes. O acordo foi finalizado com um aperto de mão e a assinatura de ambos em um pergaminho. Os dois montaram e voltaram em direção ao seu povo. 

Quando Gordon chegou perto do portão, ainda sobre o cavalo anunciou:

- Temos até amanhã pela manhã para sairmos do castelo. Juntem suas coisas saiam daqui, o inimigo não vai ter piedade se encontrar uma alma vida dentro da região do castelo.

Fim do capítulo 18