Shimotsuki aguardava impaciente a chegada dos drones e a todo o momento disfarçadamente virava para trás, encarando Ginoza, o estudando e virava apressadamente o rosto para o lado, quando este percebia seu olhar. Ginoza ao perceber o olhar dela, fingia estar pressionando o ferimento enquanto sorria com a cabeça abaixada, para ela não perceber, do que estava acontecendo.

Esperaram longos 20 minutos, antes de avistarem a fila de robôs da SIC e os dois drones enormes com suas mãos em forma de conchas dentadas que seguiam atrás, pareciam com máquinas de escavação, mas no estilo de um tanque de guerra, só que com duas mãos, uma de cada lado e no lugar onde deveria ficar o longo e tenebroso cano de artilharia pesada havia uma longa mão, encolhida.

Com a chegada da ajuda, Togane voltou à realidade, estava ansioso para ouvir a notícia da morte tão esperada, ela já havia lhe dado muito trabalho e estava na hora de descansar em paz, mas se ela não tivesse morrido ele esperava que ao menos seu coeficiente criminal tivesse ficado um pouco turvo, assim ele poderia se divertir mais antes de matá-la, embora ainda esperasse que ela estivesse morta, seu pensamento causou uma felicidade que à anos não sentia, ficou tão surpreso por essa onda de excitação que o inundou, que não se conteve e foi se juntar à inspetora e esperar pela chegada de Kunizuka e Hinakawa, como um cãozinho fiel.

Não demorou muito e Yayoi chegou no carro da SIC, acompanhada de Sho, e encontraram Shimotsuki fazendo curativos em Ginoza ao lado de um drone, enquanto Togane encarava o lugar perdido em pensamentos. Yayoi desceu do carro e foi ao encontro do grupo, enquanto os drones cercavam à área, e antes mesmo de se aproximar deles ela buscou o carrinho das Dominators e o levou junto.

—Inspetora Shimotsuki, nós vamos iniciar a limpeza dos túneis, por favor ajude Ginoza-san ir até a ambulância e depois venha nos auxiliar na busca, também. - anunciou alto pegando uma Dominator, assim que Shimotsuki autorizou a liberação da arma, e saiu caminhando com Sho sem esperar resposta.

Como Yayoi ousa falar assim comigo? Eu sou a inspetora, e não recebo ordens de Justiceiros, pensou Shimotsuki, mas nem teve tempo de reclamar ela já tinha ido mesmo.

—Ok. - respondeu ela seco e mal humorada, virando-se para ajudar Ginoza.

—Desculpe inspetora se quiser pode ir, eu posso caminhar sozinho até lá....- falou Gino enquanto tentava se levantar, ao notar o olhar mortal dela.

—Não seja orgulhoso idiota!! - gritou Shimotsuki pegando o pelo braço e o ajudando a levantar, fazendo a cena ficar hilária.

—Ah...mas...- ele começou a questionar, surpreso pela atitude dela.

—Eu sou a inspetora aqui e digo o que você tem que fazer, embora eu não me importe se você vai viver ou morrer depois de deixá-lo na ambulância. – disse enquanto apontava para o automóvel.

—Mas tenho a obrigação de mantê-lo com o suporte necessário para viver, então não me questione apenas faça! - continuou Shimotsuki tentando parecer durona falando com um tom de superioridade, e uma carranca de mal humor.

E antes que Ginoza pudesse pensar em algo para questioná-la, o arrastou pelo braço até o a ambulância e o deixou sentado, com cara de bobo, enquanto saia pisando duro em direção a Yayoi e Hinakawa que estavam esperando perto dos diggers e observavam tudo.

—Como vão fazer pra localizar a senpai? Ela pode estar em qualquer lugar! - perguntou Shimotsuki assim que se juntou aos dois, ainda falando com um tom de desdém.

—Shion conseguiu rastrear o comunicador dela e está tentando estabelecer contato, mas nós já temos a localização e vamos iniciar a limpeza de alguns túneis à 50 metros daqui. - explicou Yayoi apontando na direção à frente e percebendo o mal humor da inspetora.

—Mas porque à 50 metros? Não podemos começar por aqui mesmo? - questionou Mika fazendo cara de cansada.

—Porque existe uma entrada bem mais perto do lugar onde o sinal do comunicador está sendo rastreado. – explicou ela sem muito interesse e já iniciando a longa caminhada ao lado de Sho, deixando Shimotsuki para trás.

—Ok.- suspirou Mika seguindo os dois, e com sua raiva contida por estar recebendo ordens de Yayoi. Togane também se juntou ao grupo, ele precisava manter o disfarce, se sumisse iriam procurá-lo e talvez notassem seu interesse pela inspetora, além disso, tinha se divertido muito ao ver o momento confraternização da inspetora Shimotsuki com o coator Nobuchika, iria atormentá-la mais tarde, mas naquele instante só queria apreciar o momento do seu encontro com o cadáver de Akane. ------------------------------------/////////////////////////////////////////////////////------------------------------ Assim que a explosão acabou e o lugar parou de tremer, Kogami deitou Akane no chão e avaliou seus ferimentos. O arranhado do ombro tinha parado de sangrar, e o corte na cabeça também, ele percebeu que o ombro direito dela havia sido deslocado quando Shinji a jogou no chão e tinha mais um enorme hematoma, enquanto tocava o ombro deslocado relembrou a cena e sentiu a raiva ressurgir, mas se conteve, pois o homem estava morto mesmo.

Ele rasgou a manga da jaqueta dela e imobilizou o braço, de modo que se ela acordasse assustada não o batesse em algum lugar, também notou que sua respiração estava melhor e estável, a duas únicas coisas que o preocupava era a temperatura de Akane que estava muito baixa, ela estava ficando cada vez mais gelada, assim como o lugar por causa do frio e o fato de ainda não ter recuperado à consciência totalmente, ela só tinha aberto os olhos duas vezes ou três vezes e já voltava a perder a consciência novamente, ele sabia que se não os resgatassem logo, isso com certeza se tornaria um grande problema. Depois de terminar de limpar o sangue da sobrancelha dela, ele a colocou deitada em um dos bancos do trem, a cobriu com o que restou da jaqueta, na esperança de manter a temperatura corporal dela e se sentou entre os bancos, no chão frio perto dela, e foi neste instante que percebeu que seu comunicador vibrava e reproduzia o já conhecido som de chamada, alguém estava tentando contatá-la, mas ele não atenderia o chamado, pois se descobrissem que Akane estava acompanhada de um ex-inspetor e agora um coator fugitivo, a prioridade da chefe Kansei mudaria de resgatar Akane para prendê-lo, e ele não queria que se preocupassem com ele. Enquanto esperavam pelo resgate, Kogami notou que não sentia mais as mãos, seu corpo tremia e seus lábios estavam azuis, mas não era só ele Akane também estava sucumbindo ao frio. Estavam encrencados. ------------------------------------/////////////////////////////////////////////////////------------------------------ Levou quase 2 horas para que os diggers conseguissem limpar o túnel, mas era o suficiente, pois era o que levava a estação. Com o túnel limpo iniciaram a busca, espalharam os drones da SIC pelo lugar, já que a energia da estação foi corrompida pelos efeitos da explosão.

Após caminharem por 10 minutos pelo túnel chegaram ao trens, Shimotsuki dividiu o grupo em duplas, ela e Yayoi revistariam os 3 trens que ficaram presos no túnel ao sul antes da estação a alguns metros e Sho junto de Togane iriam investigar um trem que ficou preso na entrada e a estação.

E iniciaram, cada um indo em direção ao lugar definido, e tendo como companhia um dos vários drones que iluminavam o caminho. Quando Yayoi e Shimotsuki chegaram até os trens, notaram que os efeitos da explosão conseguiram chegar um pouco ali também, mas eram pequenos se comparados com o estado em que a maioria do lugar se encontrava agora. Yayou seguiu para o último trem com a Dominator em mãos e o drone na sua frente, os últimos vagões deste haviam sido soterrados, mas o restante estava intacto, ela começou a busca pela cabine do condutor, pois ainda tinha mais quatro vagões. Shimotsuki ficou com o trem do meio, ele estava intacto e vazio, era uma velha estação então tudo estava empoeirado e cheirando a mofo, a inspetora se sentiu sozinha, por isso tratou de revistar o trem o mais rápido que podia, já que Shion havia dito que tinha uma pessoa viva naquele lugar além de Akane, e provavelmente era o sequestrador, também passou pela cabecinha dela que todas as pessoas que estavam envolvidas com Kamui tinham o coeficiente criminal limpo, e isso aumentava seu medo, pois as Dominators não ajudariam caso ela encontrasse esse homem.

Foi quando viu o final do último vagão e ficou aliviada, voltaria o mais rápido que pudesse até onde estavam os outros. Yayoi notou que os trens deviam ser algum tipo de transporte de material tóxico, ou algo assim, mas porque uma estação e bancos de passageiros, foi então que notou que alguns dos trens transportava pessoas, provavelmente funcionários do antigo esgoto, e outros foram modificados para transportar o material. Assim que terminou a revista do seu primeiro trem foi para o segundo, mas antes que pudesse chegar nele encontrou-se com Shimotsuki.

—Yayoi-san!!! – exclamou Shimotsuki quase como um grito, com os olhos arregalados.

—Inspetora, tudo bem? – perguntou ela ao perceber a cara de espanto dela.

—Ah...sim! - respondeu parecendo aliviada.

—Encontrou alguma coisa?? – perguntou disfarçando o momento de surpresa e medo que teve.

—Não nada, e você? – respondeu Yayoi e tentou continuar a conversa em quanto caminhava em direção ao último trem.

—Nada também. – respondeu acompanhando Yayoi, e começando a sentir frio.

Enquanto caminhavam até o trem Shimotsuki percebeu que sua respiração estava descompassada e que soltava ondinhas de fumaça pela boca, quando o ar quente de seu hálito entrava em contato com a atmosfera gélida do ambiente, estava frio lá fora do complexo, mas não chegava nem perto do frio que estava naquele lugar.

Ao chegarem na cabine de condução do trem, Yayoi notou novamente que aquele era um trem de passageiros e não de carga como o outro, mas estava igualmente sujo, empoeirado e cheirando a mofo. Ela seguiu em frente adentrando para os vagões e deixou Shimotsuki para trás, esta que parecia ter visto algo de importante escrito em um caderno velho deixado na mesa de controles. Ao passar para o terceiro vagão, pensou ter ouvido algo e parou, foi quando lembrou-se que tinha trazido uma lanterna que Masaoka havia lhe dado de presente no seu aniversário, pegou a, assim poderia iluminar os bancos e as áreas onde o drone não conseguisse iluminar.

Quando Shimotsuki notou que estava sozinha de novo tratou de começar a se mover, foi para o primeiro vagão, depois o segundo e já estava ficando desesperada porque não encontrava Yayoi, quando ouviu esta chamá-la com um grito que veio do quarto e último vagão.

—Inspetora Shimotsuki!! – Yayoi gritou.

Shimotsuki correu imediatamente e ao chegar encontrou Yayoi abaixada com a mão na testa de Akane. Ela está horrível, pensou enquanto analisava o rosto cheio de hematomas, sujo e a jaqueta rasgada servindo como um grotesco cobertor, sua senpai parecia mal. Ela contatou imediatamente Togane e Sho que já tinham terminado a busca pela estação toda, e pediu que fossem buscar uma maca para retirar Akane o mais rápido que podiam, pois ela parecia bem mal. Nesse momento Togane sorriu, uma parte de si estava triste por ela ter ainda não ter morrido, mas a outra não, porque assim, ele ainda tinha mais diversão pela frente.

—Vamos Hinakawa, temos que ajudá-las!! – falou enquanto corria em direção a saída com um sorriso de triunfo.

—Ok. – assentiu Sho o acompanhando. Enquanto esperavam pelos dois, Shimotsuki e Yayoi aplicavam os primeiros socorros em Akane utilizando o drone.

Ela estava muito gelada, então Yayoi a enrolou em um cobertor térmico, foi quando ouviu um gemido no fundo do vagão, e algumas batidas fracas na porta.

—Inspetora fique com a inspetora Tsunemori, vou ver o que é! – disse saindo e deixando Shimotsuki encolhida na escuridão com o drone. Ao chegar no perto do lugar onde tinha ouvido o ruído, viu que havia sangue e a porta estava um pouco aberta, ela se abaixou e passou o dedo no sangue, estava fresco, alguém estava com Akane e ao ouvir a aproximação dela e da inspetora fugiu, ou pelo menos tentou, com esse pensamento, abriu a porta devagar e desceu dois degraus até estar fora e iluminou com a lanterna à escuridão e viu a alguns metros alguém caído, desceu do trem com um salto e caminhou o mais silenciosamente com a Dominator em mãos, quando se aproximou o suficiente para identificar a pessoa, percebeu que a conhecia e ao virá-la de frente para a luz da lanterna, percebeu que era Kogami.

—Kogami?? – balbuciou surpresa. Ele estava mal, seu cabelo e o lado direito do seu rosto estava coberto de sangue, tinha cortes e hematomas, sem falar que também estava gelado como Akane.

Ela contatou Shimotsuki e pediu para que esta avisasse Togane para trazer mais uma maca, pois tinha encontrado outra pessoa. ------------------------------------/////////////////////////////////////////////////////------------------------------ Assim que Kogami ouviu conversas do lado de fora do trem, se escondeu no fundo do último vagão e esperou pela oportunidade de sair, esta que passou e ele não percebeu, e quando resolveu sair teve que pular o restante, sentiu enjoou e sua visão embaçou, quando levou a mão no seu ferimento perto da sobrancelha percebeu que estava sangrando, tentou andar o mais rápido que conseguiu ao ouvir o grito de uma mulher, e a porta que ele deixou aberta rangeu e bateu, e ele desmaiou.

Ao acordar ainda se sentia com zonzo, mas logo notou que estava deitado, seus olhos faiscavam por causa da luz branca que iluminava o lugar. Ele estava em uma sala branca, com aparelhos que apitavam e mediam seus batimentos, reconheceu aquele lugar, era a sala de emergência da SIC, ou pelo menos parecia ser, onde frequentou diversas vezes, principalmente depois que Akane se tornou inspetora, sorriu ao se lembrar desses momentos, e instantaneamente começou a se perguntar onde ela estaria. Depois de resgatados, Akane e Kogami foram levados para SIC.

Ela foi para o hospital e Kogami para uma sala bem equipada só que no andar onde ficavam os prisioneiros para interrogatório. Kansei ao receber a notícia de que o coator fugitivo tinha sido resgatado junto com a inspetora, mandou colocá-los em ambientes separados. Sentia se vencedora, pois agora poderia finalmente dar um fim naquele justiceiro esperto, sorriu, neste instante começou a ter uma ideia sobre como deveria usá-lo, ela sabia que só tinha uma coisa a ser feita que era julgá-lo e mandá-lo, ou para execução ou para a prisão, pois a maioria dos membros de Sibyl decidiriam assim, mas a ideia que teve soou melhor, e ela faria de tudo para convencê-los a aceitá-la.