Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 2
Capítulo 1 x 2




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Gustavo

Gustavo ainda não havia se adaptado a idéia de ser o novo Diretor geral de produção da fábrica FHSM onde trabalhava. Cargo que havia sido de seu pai por 35 anos, à noite em especial era para comemorar o aniversário de 56 anos de seu pai e a sua promoção no trabalho. Por mais que ele acha-se tudo aquilo novo, ainda havia mais coisas para acontecer. Ele viu que sua namorada Sophie estava indo ao seu encontro.

– O que foi anjo meu? – perguntou Sophie fazendo carinho em seu rosto.

Nem ele sabia o que estava acontecendo ao certo, era tudo novo pra ele, fazia apenas seis meses que ele se formara na faculdade de engenharia de produção e agora com 27 anos já era Diretor geral de produção.

– Nada amor, só estava pensando em como será tudo daqui pra frente. – respondeu ele

– Será misterioso Gustavo, o dia após o outro sempre vai ser um mistério. – falou ela.

Gustavo se viu olhando mais uma vez para aquela mulher por quem ele havia se apaixonado há sete anos. Sophie era uma psicóloga respeitada na cidade sem falar de ser uma namorada e amiga fora do comum. Ele a puxou pra si e deu beijo nela, fazendo com que ela se sentisse amada e segura, quando sentiu seu celular tocar. Era uma ligação importante.

– Sophie, tenho que atender. – disse ele saindo para um lugar mais tranquilo para atender a ligação.

Gustavo foi até o escritório de seu pai para atender a ligação. O escritório sempre foi um dos locais mais tranqüilos da casa, até mesmo quando ele queria estudar era ali que ele se sentia a vontade e sossegado para estudar.

– Oi Lívia, está tudo certo pra amanhã? – perguntou ele sem rodeios.

– Sim, me encontre amanhã no mesmo local às 13h30min. – respondeu Lívia.

Gustavo viu que alguém abriu a porta do escritório. Era seu pai quem estava entrando.

– Lívia, falamos amanhã, beijos até – ele desligou o telefone sem se quer querer ouvir a resposta do outro lado.

Seu pai estava com uma bermuda cape e uma camisa social verde limão, ele e seu pai eram parecidos. Os dois tinham olhos castanhos e mantinham o mesmo porte físico atlético.

– Parabéns pai, e obrigado por ter me indicado, para assumir um cargo que foi seu por tantos anos. – disse Gustavo estendendo a mão para o seu pai a fim de cumprimentá-lo.

– Vou aceitar os parabéns pelo aniversário, mas na questão da indicação ao cargo. – falou olhando o filho nos olhos. – Eu não te indiquei Gustavo, houve uma votação e você ganhou.

Gustavo percebeu que o clima no ambiente metaforicamente havia declinado mais do que esperado.

– Posso supor que seu voto não foi ao meu favor, estou certo? – perguntou Gustavo.

– Você não está preparado para assumir um cargo desses. – respondeu Anselmo

Aquilo fez com que Gustavo tivesse vontade de socar o rosto de seu pai naquele instante.

– Não estou? – ele indagou, – pois acho que estou sim e você pai, ta com medo de que eu seja melhor que você. E pode ter certeza que vou.

– Você, Gustavo Melhorance Domingues é um moleque, inconseqüente, irresponsável. – disse Anselmo apontando o dedo no rosto de Gustavo.

– Então pai eu vou lhe provar que sou um homem que na qual o senhor nem sequer sonhou ser um dia. – rebateu Gustavo afastando o dedo de seu pai de seu rosto.

Uma criança que aparentava ter uns 10 anos entrou no escritório correndo indo em direção a Anselmo.

– Tio estão te esperando na sala pra cantar parabéns! – disse a criança abraçando as pernas de Anselmo.

Ele pegou a criança no colo e olhou para filho, dando a entender que aquela conversa estava muito longe de acabar.

Sophie entrou na sala 5 minutos depois e viu Gustavo sentando em uma cadeira olhando algo no celular.

– Você não foi cantar parabéns para o seu pai, por quê? – perguntou Sophie olhando para Gustavo seriamente.

Ele se levantou, guardou o celular no bolso e ajeitou a gola de sua camisa.

– Porque eu cantaria parabéns para uma pessoa que não quer o meu bem? – retrucou Gustavo saindo do escritório.

Ele olhou para o aglomerado de pessoas que estava ao redor de seu pai. Ali estavam familiares e amigos e mal sabiam eles o mostro que eles tinham por perto. As coisas vão mudar a partir de agora papai, disse Gustavo a si mesmo.

– Shophie, vamos embora, estou cansado. – falou Gustavo verificando se as chaves do carro estavam no bolso.

– Ta, mas você não vai se despedir dos seus pais não?

– Haverá um momento certo para me despedir deles. – respondeu ele secamente.

Gustavo nunca fora de demonstrar carinho, mas aquela sua atitude de frieza naquele exato momento fez com que Sophie percebesse que tinha alguma coisa haver com a conversa que ele havia tido com Anselmo.

O caminho pra casa havia sido silencioso ambos não disseram nenhuma palavra. Gustavo parecia estar em uma montanha de pensamentos. Pensamentos esses que ele não queria compartilhar.

Eles chegaram à casa de Sophie. Ela morava com sua madrinha apesar de seus pais estarem vivos. Gustavo, pois o carro na garagem. Assim que entrou em casa, seguiu direto para cozinha. Ele abriu a geladeira e começou a fazer o sanduiche a maneira Gus. Com muita porcaria pra comer do jeito que ele gosta.

– Você vai me dizer o que seu pai lhe disse pra você ter saído de lá daquela maneira? – perguntou Sophie, que estava encostada numa parede da cozinha segurando os sapatos em uma das mãos.

Ele fingiu não ter escutado a sua pergunta. Afinal ele não estava querendo falar sobre aquilo.

– Não tem nada melhor que um bom sanduíche preparado a sua maneira! – falou ele tentando desviar do assunto.

Ela jogou os sapatos no chão e sentou na cadeira de frente pra ele, olhando-o. Gustavo não se deixou intimidar e continuou a comer seu sanduíche.

– O que foi que ele disse? – perguntou ela novamente.

Gustavo pousou o sanduíche sobre o prato e fixou seus olhos nela. Os seus olhos transmitiam uma raiva, um ódio incalculável.

– Meu pai falou que não tenho capacidade, para ser diretor geral de produção; - respondeu ele se levantando da cadeira. – E mais ele me acha um fracassado. Foi isso o que meu pai me falou.

Ele saiu da cozinha e foi para a sala assistir TV, porém ele sabia que aquela conversa com Sophie estava longe de acabar. Ele ligou na Fox estava passando Futurama

– O seu mal Gustavo. É que todo mundo te pisa e fica por isso mesmo, as pessoas fazem de você gato e sapato. – falou Sophie da entrada da sala.

Não havia como contestá-la, por mais que aquelas palavras doessem, ele sabia que ela estava certa. Todos o ignoravam ou duvidavam dele, até mesmo seu pai. Seu pai nunca fez questão de disfarçar a sua desconfiança nele. Isso sempre o deixou com raiva e com uma vontade de mostrar a Anselmo que ele era capaz. No entanto por mais que ele se esforçasse, nunca era o suficiente.

– Então é isso que você acha? – perguntou Gustavo desligando a TV – Que sou aquele que todo mundo pisa, sem perspectiva de crescimento? Acho melhor então você procurar alguém que lhe ofereça algo além daquilo que posso lhe oferecer.

Sophie recebeu aquelas palavras como um soco na boca do estomago, ela sentiu uma imensa vontade de vomitar, mas alguma coisa a fez reprimir aquela vontade. Ela o viu ir a sua direção de um jeito todo imponente. Como se ele fosse o rei de todo o mundo. Isso a deixava feliz, pois ela sentia confiança em seus passos. Ele parou bem a sua frente e cheirou seu cabelo. Sentindo o cheiro do shampoo de uva que ela usava.

– Eu às vezes sinto uma insegurança em você Gustavo, como se o nosso relacionamento fosse durar só até amanha. – Falou Sophie sentindo cada parte do seu corpo se arrepiar com a respiração dele em seus cabelos.

– Não podemos ficar nos prendendo ao tempo, temos deixá-lo correr, assim como um rio precisa seguir a correnteza. Mas o nosso relacionamento corre contra a correnteza. Vamos nadar contra ela se for isso que quisermos. – sussurrou Gustavo no ouvido de Sophie.

Ela se sentiu desconcertada com aquelas palavras. Afinal Gustavo nunca foi de usar palavras como aquelas. Ela o sentiu pressioná-la contra a parede. Pelo rumo que a conversa havia tomado ambos já sabiam aonde aquela conversa iria terminar. Os dois se deram conta de que estavam na cama sentindo o calor um do outro, como se um dependesse do outro. A janela do quarto de Sophie estava aberta e a lua parecia estar oferecendo seu brilho pálido para iluminar aquele momento de êxtase.

– Promete me amar pra sempre? – perguntou ela com os dentes cerrados de tanto prazer, arranhando as costas de Gustavo.

O rosto dele se afastou do pescoço de Sophie, ele sentiu uma gota de suor escorrer por seu rosto.

– Eu não posso lhe prometer o amanhã. No entanto eu posso fazer com que o hoje, o agora passe a valer a pena. – disse Gustavo olhando bem nos olhos de Sophie, esperando que ela o entendesse.

***

Sophie estava no banho e Gustavo ficou um pouco deitado. Na TV estava passando a reprise de um episódio de The Big Bang Theory, e era um dos episódios que ele mais gostava. Onde um dos personagens ficava em duvida entre beber ou não uma dose de tequila. O episódio terminou então ele foi dar uma olhada em seus e-mails. Assim que abriu sua pasta de e-mails viu que havia cinco novos, três eram de lojas online, onde ele havia se cadastrado para receber e-mails de ofertas que lhe fossem apropriadas e um era de seu amigo matemático Konrad que estava na Inglaterra já fazia dois anos e o outro era de Lívia.

Querido Gustavo,

Gostaria de saber que horas poderíamos nos encontrar na segunda, para resolvermos logo aquela nossa pendência.

Sua mais que amiga,

Lívia Andrade

Gustavo se apressou em responder, pois tinha que excluir aquele e-mail antes que Sophie chegasse ao quarto e o visse nervoso e apressado em responder o e-mail. Ela iria notar o seu nervosismo e iria querer ver a conversa e aquilo geraria uma briga e isso ele não queria agora.

Cara Lívia,

Encontre-me no local de sempre, as 13hrs e 30min, beijos até mais.

Atenciosamente,

Gustavo Domingues

Assim que respondeu a mensagem, Sophie entrou no quarto, embrulhada em seu roupão de banho rosa.

– O que você esta vendo ai a essa hora da noite? – perguntou Sophie como quem não queria nada.

– Peguei o notebook agora para dar uma olhada nos e-mails e por incrível que pareça tem um de Konrad. – respondeu ele.

Amigo Gustavo,

Estou voltando ao Brasil no mês de julho. E gostaria de saber se você poderia me buscar no aeroporto?

Dessa vez é pra ficar!

Um grande abraço,

Konrad Nazário

Gustavo ficou feliz em saber que seu amigo estava voltando ao país, já fazia muito tempo que eles não se viam.

Brother Konrad,

Claro que vou lhe buscar no aeroporto. É bom saber que você esta voltando pra casa.

Abraços,

Gustavo Domingues

Ele desligou o notebook e o colocou do lado da cama no chão e se levantou para ir tomar seu banho daquela vez. Ele pegou a toalha deu um beijo carinhoso em Sophie e seguiu para o banheiro.

– O que Konrad queria? – perguntou Sophie curiosa

– Ele apenas me avisou que está voltando ao Brasil e me perguntou se teria como eu ir buscá-lo no aeroporto. – respondeu Gustavo fechando a porta do banheiro.


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